Prospero s Books: uma leitura intersemiótica de Shakespeare na contemporaneidade



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Transcrição:

1 Prospero s Books: uma leitura intersemiótica de Shakespeare na contemporaneidade Atik, Maria Luiza Guarnieri, Doutora 1, mlatik@mackenzie.br Helene, Célia Guimarães, Mestre 2, celiahelene@mackenzie.br A literatura sobre a teoria do cinema é, hoje, bastante vasta e, geralmente, está vinculada a uma mescla de crítica liter ria, coment rio social e especulação filosófica, nas palavras de Robert Stam (2003, p.19). Os primeiros escritos sobre o cinema foram, em sua maioria, produzidos por escritores. Posteriormente, teóricos e críticos procuram demonstrar as potencialidades artísticas do cinema, a sua relação com as demais artes e em que medida a arte cinematográfica se consolida como um artefato estético diferenciado dos demais. Os estudos recentes, sobre as relações entre literatura e o cinema ou sobre a arte da adaptação colocam em pauta novas questões: quais convenções do gênero romanesco são transponíveis para o discurso cinematográfico? Quais convenções devem ser descartadas, transmutadas, suplementadas ou substituídas? Quais são as relações entre o texto-fonte e o texto-alvo ou entre as artes e as mídias? Se, em seus primeiros passos, o cinema preferiu seguir o modelo convencional dos romances do século XIX, contando uma estória com começo, meio e fim, ao longo do século XX até os dias atuais, o discurso cinematográfico criou e consolidou uma linguagem própria, graças às novas tecnologias midiáticas, as quais lhe possibilitaram dinamizar o próprio texto literário em suas releituras ou em diferentes adaptações de um mesmo texto-fonte. Entretanto, nas palavras de Peter Greenaway, em sua palestra sobre o futuro do cinema, ministrada em Utrecht, na Holanda, em 2003, o cinema depois de 112 anos de atividade não apresenta nada de novo, we have a cinema that is dull, familiar, predictable, hopelessly weighed down by old conventions and out worn verities [...], and out-of-date and cumbersome technology 3 (GREENAWAY, 2003, p. 99). Para o cineasta, o cinema narrativo, de enredo cronológico, configurado por linguagens tradicionais se exauriu, embora se possa constatar que 1 Universidade Presbiteriana Mackenzie 2 Universidade Presbiteriana Mackenzie 3 é chato, previsível, e inapelavelmente carregado de velhas convenções e verdades gastas [...] e com uma tecnologia obsoleta e desajeitada (GREENAWAY. Caderno Videobrasil, 03, p.89).

2 na Inglaterra e nos Estados Unidos ainda exista um grande apoio para produções cinematográficas baseadas em textos literários. Posicionando-se contra essa vertente, Greenaway (2003, p. 102) ressalta que We do not need or want or desire a writer s cinema. We need a cinema-maker s cinema. The cinema should no be an adjunct to the bookshop, servicing, illustrating literature 4. Para quem assiste ao filme Prospero s books (1991), recriação cinematográfica da peça A tempestade (1611) de William Shakespeare, sem prévio conhecimento de outros trabalhos do diretor inglês Peter Greenaway nos domínios do cinema, da ópera, da literatura, das artes plásticas e das mídias digitais tem dificuldade de apreender de imediato este produto tecnoestético em toda a sua complexidade. Distanciando-se do viés utilizado por muitos diretores no processo de adaptação de textos clássicos da literatura, Peter Greenaway não reconstitui pela imagem o fio narrativo da matriz shakespeariana, mas transfigura-o, criando um mosaico de imagens, vozes e textos. Demonstrar as imbricações desse mosaico, enriquecido com elementos de outras semioses, mídias ou hipermídias, em seu diálogo com o texto shakespeariano, é, pois, o desafio a que nos lançamos neste breve estudo. A Tempestade, última peça escrita por Shakespeare antes de aceitar a colaboração de John Fletcher, foi apresentada à corte de Jaime I no palácio de Whitehall e, provavelmente por seu grande sucesso na época, o seu texto inicia o First Folio (Primeiro Fólio), como a primeira das comédias shakespearianas. Publicado após a morte do escritor, em 1623, graças aos esforços dos atores John Heminges e Henry Condell, o First Folio é a primeira coletânea da obra teatral de Shakespeare. Do total de trinta e seis textos no Fólio, dezoito nunca haviam sido publicados. O enredo da peça The Tempest é uma história de vingança, amor e conspirações oportunistas que acompanha o destino de Próspero, duque de Milão. Por dedicar a maior parte de seu tempo aos livros, especialmente aos de magia, ele afasta-se dos assuntos de Estado, e tem o seu ducado usurpado pelo próprio irmão, Antônio, que em sua busca de poder passa a persegui-lo com o intuito de aniquilá-lo. Com a ajuda de Gonzalo, conselheiro do rei de Nápoles, Próspero foge com a filha Miranda para uma ilha, no meio do Mediterrâneo. Gonzalo supre a embarcação com as provisões necessárias, roupas e livros. Na ilha mágica, Próspero tem a seu serviço o escravo 4 Nós não precisamos e nem queremos um cinema baseado no texto. Precisamos de um cinema de cineasta. O cinema não deve ser um anexo da livraria, servindo, ilustrando a literatura (Caderno Videobrasil, 03, p.96).

3 Caliban, criatura metade humana e metade monstro e Ariel, um espírito servil, que pode se metamorfosear em água, ar e fogo. O grande objetivo de Próspero é vingar-se de seus traidores. Doze anos depois, Alonso, rei de Nápoles e sua comitiva viajam para o casamento de sua filha Claribel. Ao retornarem de Tunís, na África, uma grande tempestade coloca a embarcação de Alonso à deriva, obrigando a todos os tripulantes a abandonarem o barco. Os náufragos sobrevivem e vão se aportar na ilha de Próspero. Não sabem, contudo, que a tempestade, provocada por magia com a ajuda de Ariel, e a dispersão dos tripulantes estavam nos planos de vingança de Próspero. Entretanto, em vez de subjugar seus inimigos, Próspero acaba por perdoá-los, reconquistando ao mesmo tempo o seu ducado. O filme Prospero s Books de Greenaway é considerado por muitos críticos como uma adaptação excêntrica de The Tempest de Shakespeare. E embora o artefato estético de Greenaway aproxime-se do texto clássico de Shakespeare com toda a reverência necessária, as imagens que surgem na tela não têm a função de reproduzir fielmente o eixo da sucessão dos fatos do texto dramático. Em outras palavras, o cineasta transforma visualmente certas passagens do texto-fonte, articulando as imagens sobrepostas com a leitura, em voz alta, que o ator John Gielgud empreende da versão original da peça. Assim, os cinco atos que compõem o texto de Shakespeare se fazem ouvir literalmente. Se os filmes anteriores de Greenaway eram uma reflexão sobre uma forma artística, Prospero s Books é o primeiro filme em que o cineasta leva as telas do cinema um argumento alheio. A própria escolha do título do filme nos indica o procedimento adotado por Greenaway na sua releitura texto shakespeariano, ou seja, a peça é recriada a partir dos livros de Próspero. Todos eles têm um car ter infinito ou monstruoso e reunidos compõem uma espécie de biblioteca fant stica, uma versão resumida da Biblioteca de Babel (MACIEL, 2002). Assim, é a partir da descrição dos vinte quatro livros fantásticos da biblioteca do protagonista que o discurso cinematográfico se constrói, transfigurando visualmente passagens do texto-fonte. Os artifícios de animação cinemática e de manipulação das imagens possibilitam que os livros ganhem vida na ilha mágica de Próspero. Às reproduções visuais derivadas do próprio texto de Shakespeare, somam-se as imagens extraídas do repertório canônico da história da arte ocidental, compondo um todo dinâmico que abarca e amplia os vários elementos amalgamados no texto-fonte: espíritos, fantasmas, bruxas, monstros, símbolos mágicos, elementos próprios do universo medieval que se entrelaçam com

4 os valores humanistas e a mentalidade renascentista de Próspero e com o sonho utópico de Gonzalo, o da criação de uma comunidade ideal. Os livros dessa grande biblioteca fantástica têm uma dupla função como instrumento de isolamento e de interação de Próspero com o mundo exterior, em seu duplo papel: o de criador e o de criatura. Nas palavras de Herbert Klein (1996), Prospero's Books is an ideal portrayal of cognitive and pragmatic change. The crucial precondition for this process is Prospero's dual role as writer and protagonist. Whilst the writer can only move within the world of the imagination, the protagonist can change the world by his imagination. Writing [ ] is the "conditio sine qua non" for the existence of this world and the audience is constantly reminded of the fact that the production of a literary work is taking place by the image of a pen or by its scratching noise on paper. The activities of writing and imagining are located in Prospero's writing cell: a transportable box located within the library, his retreat where he can shut out the external world. In his writing cell there are also his books, which form his most important link to the external world and are also his instrument to control it. [ ]. Although Prospero rules over the island inhabitants with the aid of his books, he still withdraws to his writing cell and continues to write more books which fill up his library. Thus the books have a dual role as the instrument of isolation and of interaction, of total unrelatedness and at the same time, of connectedness (KLEIN, 1996) 5. Os vinte e quarto livros visualizados ao longo da projeção fílmica, são descritos por Peter Greenaway em sua obra Prospero's books - a film of Shakespeare's The Tempest, que se configura como um compósito de diferentes modalidades textuais. Além do roteiro do filme Prospero s Books, há a publicação de um ensaio do cineasta a respeito do processo de criação do filme, micronarrativas ficcionais construídas a partir de alguns temas extraídos da peça The Tempest e reproduções do próprio texto de Shakespeare. 5 Prospero's Books é um retrato ideal de mudança cognitiva e pragmática. A condição essencial para este processo é duplo papel de Próspero, como escritor e protagonista. Embora o escritor só pode se mover dentro do mundo da imaginação, o protagonista pode mudar o mundo pela sua imaginação. A escrita [...] é a "conditio sine qua non" para a existência deste mundo e o público é constantemente alertado para o fato de que a produção de uma obra literária está ocorrendo com a imagem de uma caneta ou pelo seu ruído de riscar no papel. As atividades de escrita e de imaginação estão situadas na cela-escritura de Próspero: uma caixa transportável situada dentro da biblioteca, local onde ele pode se fechar para o mundo externo. Em sua cela-escritura h também os seus livros, que estabelecem o seu elo mais importante com o mundo externo e que é também o seu instrumento de controle. [...] Embora Próspero domine os habitantes da ilha com a ajuda de seus livros, ele ainda retira-se para sua cela-escritura e continua a escrever mais livros que enchem a sua biblioteca. Assim, os livros têm um duplo papel como instrumento de isolamento e de interação, de total falta de conexão e, ao mesmo tempo, de conexão (Tradução nossa).

5 A estrutura do filme Prospero s Books é definida pela apresentação sucessiva e cronológica dos vinte e quatro livros que pertencem à biblioteca de Próspero. Greenaway criou os livros utilizando-se da televisão de alta definição, o que tornou possível, segundo Jorge Gorostiza (1995, p. 177-178), superponer tres imagenes al mismo tiempo o los textos que se estan diciendo sobre cada uno de los personajes, de forma que la metáfora y la realidad se puedan ver al mismo tiempo. El director relaciona este procedimiento narrativo, que ya habia empleado em Death in the Seine, com el cubismo donde se representan al mismo tiempo varios aspectos diferentes de um mismo objeto 6. Os livros, apresentados por meio de um jogo de imagens sobrepostas e pela voz over de um narrador, durante as pausas narrativas, revelam-se como uma vasta compilação dos saberes do Renascimento, que vão desde a astrologia, passando pela geometria, pela arquitetura, pela cosmografia, etc. The Book of the Earth, o primeiro dos três livros de ciências naturais, é descrito da seguinte forma: its pages are impregnated with the minerals, acids, alkalis, elements, gums, poisons, balms and aphrodisiacs of the earth (GREENAWAY, 1991, p. 20-21) 7. A Harsh Book of Geometry é o número seis. É um livro encapado em couro, com números gravados em dourado e que quando opened, complex three-dimensional geometrical diagrams rise up out of the pages like models in a pop up book. [...]. Angles are measured by needle-thin metal pendulums that swing freely, activated by magnets concealed in the thick paper (GREENAWAY, 1991, p.20) 8. Planos e diagramas saltam também das páginas do Book of Architecture and Other Music. There are definitive models of buildings constantly shaded by moving cloud-shadow. Noontime piazzas fill and empty with noisy crowds, [ ] and music is played in the halls and towers. With this book, Prospero rebuilt the island into a palace of libraries that recapitulate all the architectural ideas of the Renaissance (GREENAWAY, 1991, p. 21) 9. O mundo é, pois, percebido e reconstruído por meio de uma rede de referências. 6 sobrepor três imagens ao mesmo tempo ou textos que aparecem sobre cada um dos personagens, de modo que a metáfora e a realidade pudessem ser vistas ao mesmo tempo. O diretor relaciona esse procedimento narrativo, que havia sido utilizado em Morte no Sena, ao cubismo, que representa diferentes aspectos de um mesmo objeto (Tradução nossa). 7 suas páginas são impregnadas de minerais, ácidos, alcalinos, substâncias, gomas, venenos, bálsamos e afrodisíacos da terra (Tradução de Maria Esther Maciel - dez. 2006/jan. 2007). 8 aberto, complexos diagramas geométricos em três dimensões saltam das páginas, como em um livro pop-up. [...]. Os ângulos são medidos por finíssimos pêndulos de metal que balançam livremente, ativados por ímãs ocultos no papel espesso (Tradução de Maria Esther Maciel - dez. 2006/jan. 2007). 9 Há modelos definitivos de prédios constantemente escurecidos por uma nuvem de sombras móveis. Praças de mercado se enchem e se esvaziam de multidões ruidosas [...], ouve-se música nos salões e nas torres. Com este livro, Próspero reconstruiu a ilha, convertendo-a em um palácio cheio de bibliotecas que recapitulam todas as idéias arquitetônicas da Renascença (Tradução de Maria Esther Maciel - dez. 2006/jan. 2007).

6 As imagens especulares, recorrentes nas obras do cineasta, ampliam essa rede de referências. Em Prospero s Books, Greenaway utiliza-se dos espelhos para revelar o que ocorre por detrás das câmeras, rompendo, deste modo, com os esquemas narrativos do cinema tradicional. As imagens especulares instauram um jogo instigante entre o leitor e seu duplo, entre o real e o imaginário, entre estável e o transitório, como podemos constatar no Book of Mirrors. Some mirrors simply reflect the reader, some reflect the reader as he was three minutes previously, some reflect the reader as he will be in a year's time, as he would be if he were a child, a woman, a monster, an idea, a text or an angel. [ ] One mirror simply reflects another mirror across a page. There are ten mirrors whose purpose Prospero has yet to define (GREENAWAY, 1991, p. 17) 10. A imagem do primeiro espelho que o espectador vê, surge na mesma água em que se encontrava Próspero na sequência de abertura do filme. Nessa sequência, uma gota d gua, filmada em primeiro plano e em câmera lenta, cai em uma piscina escura. Outras gotas caem, consecutivamente, alternando-se com os primeiros créditos, apresentados sobre um fundo negro. Surge, então, o primeiro livro, A Book of Water, repleto de drawings of every conceivable watery association - seas, tempests, rain, snow, clouds, lakes, waterfalls, streams, canals, watermills, shipwrecks, floods and tears. As the pages are turned, the watery elements are often animated. There are rippling waves and slanting storms (GREENAWAY, 1991, p. 17) 11. Concomitantemente as imagens do Book of Water, as associações, que o filme estabelece com a água, com o roman-bath de Próspero, com a urina de Ariel e com o barco de brinquedo enfrentando uma tempestade, remetem-nos à cena inicial do texto shakespeariano, quando se ouve ruído de tempestade, trovões e raios e entram em cena o Mestre e o Contra-Mestre, ordenando aos marinheiros que se mexam, pois o naufrágio parece ser iminente (Ato I, Cena i, I.4). As imagens verbais sugeridas no texto de Shakespeare, na tradução intersemiótica de Greenaway ora evocam a tempestade e o desejo de vingança de Próspero, ora simbolizam o perdão de Próspero, como o bom soberano da ilha mágica. O percurso vai desde as imagens 10 Alguns espelhos simplesmente refletem o leitor, alguns refletem o leitor tal como ele era há três minutos, alguns refletem o leitor tal como ele será em um ano [...]. Outro simplesmente reflete um outro espelho através da página. Há dez espelhos cujos propósitos Próspero ainda precisa definir (Tradução de Maria Esther Maciel - dez. 2006/jan. 2007). 11 desenhos de todas as associações aquáticas concebíveis: mares, tempestades, chuvas, neve, nuvens, lagos, cachoeiras, córregos, canais, moinhos d'água, naufrágios, enchentes e lágrimas. À medida que as páginas são viradas, os elementos aquáticos se animam continuamente. Há ondas turbulentas e tempestades oblíquas (Tradução de Maria Esther Maciel - dez. 2006/jan. 2007).

7 avassaladoras, do turbilhão de sobreposições na tela, até outras imagens mais amenas, que se aproximam da narratividade convencional o cinema (VIEIRA; DINIZ. 2000, p.78). No filme de Greenaway, o último livro, Thirty-Six Plays, é entregue a Prospero pelas mãos de Ariel. Thirty-Six Plays é assim descrito: This is a thick, printed volume of plays dated 1623. All thirty-six plays are there save one - the first. Nineteen pages are left blank for its inclusion. It is called The Tempest. The folio collection is modestly bound in dull green linen with cardboard covers and the author's initials are embossed in gold on the cover - W.S (GREENAWAY, 1991, p. 25) 12.. Na cena final do filme temos a seguinte sequência: lê-se, primeiramente, na tela a dedicatória: To the reader. Logo em seguida, surgem as inicias WS sobre a capa da encadernação de couro e em uma folha de papel, a palavra boatswain. Ouvimos uma voz que enuncia a palavra boatswain. Uma voz off nos remete a fala inicial: E esta é a trigésima sexta peça, The tempest. Solenemente, despido de suas veste de Duque, Próspero atira o volume no mar. Caliban resgata o livro. E Próspero liberta Ariel. Todos os livros são fechados e lançados, um por um, à água. As explosões ácidas e os fogos que artifícios que compõem visualmente a cena, representam a destruição e a dispersão dos saberes. Entretanto, dois livros são salvos, o das peças de Shakespeare e um livro fino, que estava sendo escrito por Próspero. Próspero de Shakespeare renega a arte da magia, quebra a sua vara e enfia-a muitas braças dentro à terra (Ato V, Cena i, II) e ainda mais profundo que a mais funda sonda enterra o seu livro (Ato V, Cena i, II). Nas palavras de Harold Bloom, o gesto de Próspero significa lançar ao mar a obra de toda a vida, pois o livro era fruto de trabalho rduo, envolvendo leitura, reflexão e pr tica, no que concerne ao controle de espíritos (2000, p. 811). Próspero de Greenaway, por sua vez, configura-se como um compósito de suas leituras, seu corpo aparece, em diferentes cenas, coberto por palavras, graças ao efeito visual de sobreposição de telas. A palavra escrita simboliza a sua cultura superior, bem como um instrumento de poder que Próspero possui contra seus inimigos e contra o seu selvagem e iletrado escravo Caliban. 12 É um grosso volume impresso de peças teatrais datadas de 1623. Todas as trinta seis peças estão lá, menos uma: a primeira. Dezenove páginas foram deixadas em branco para a sua inclusão. Ela é chamada "A Tempestade". O fólio é modestamente encadernado em linho verde-escuro, com uma capa de papelão onde se destacam as iniciais do autor, gravadas em ouro: W.S (Tradução de Maria Esther Maciel - dez. 2006/jan. 2007).

8 A materialização da palavra escrita pode ser apreendida desde a primeira cena. O diretor apresenta os créditos em duas etapas. Na cena inicial, quando Prospero veste seu casaco mágico, os nomes dos atores e da equipe técnica se sobrepõem à imagem. Um close-up sobre o tecido bordado do casaco em tom de azul serve de transição para a inserção dos outros créditos. A seguir, num lento travelling lateral, a câmera segue os passos de Prospero que atravessa uma longa galeria ornada por arcos, acompanhado de seus súditos. O titulo do filme aparece em primeiro lugar, seguido pelos créditos finais. Um novo close-up sobre o tecido do casaco indica o termino dos créditos. Mas desta vez, a cor azul se transforma gradualmente, e o casaco ganha a coloração vermelha. Ao final do filme figuram apenas as palavras The End, no centro da imagem e a menção aos direitos do autor aparece em pequenos caracteres, na parte inferior da tela (BOUCHY, 2008). O manto azul e o manto vermelho servem, por sua vez, para diferenciar, ao longo do filme, o protagonista em seu duplo papel: Próspero-dramaturgo, que age como o escritor da peça encenada ao longo do filme e Próspero-ator, que atua como as outras personagens sob o julgo da pena e do comando do dramaturgo. Próspero-escritor (ou dramaturgo) estabelece uma relação entre a imagem construída por Próspero e o processo de criação da Shakespeare. Utilizando-se da palavra manuscrita materializada na tela e de sua relação com próprio processo de escrita, o cineasta mostra em close-up objetos como a tinta, a pena e o tinteiro (VIEIRA; DINIZ. 2000, p.77). Tais objetos sugerem que os textos pertencem ao passado e evocam visualmente o processo de transmissão cultural do passado para o presente. Além disso, para Peter Greenaway, a escrita, ou melhor, a caligrafia propriamente dita, deveria ter no processo fílmico uma dimensão maior. Segundo Karine Bouchy (Janv. 2008) Greenaway avait une idée précise du rôle qu'il voulait donner à la lettre manuscrite en movement. C'est pourquoi il lui fallait un collaborateur. O encontro de Greenaway com Brody Neuenschwand possibilitou, pois, a exploração de novas possibilidades fílmicas. O cineasta desejava inscrever no espaço diegético uma escrita semelhante a de Shakespeare. A formação em história da arte de Neuenschwand e seus estudos de manuscritos na universidade permitiram-lhe analisar e reproduzir a mão de Shakespeare. Entretanto, como assinala Karine Bouchy (2008), les seuls documents sur lesquels le calligraphe pouvait se baser se limitent à quelques signatures, ce qui est loin d'être suffisant pour établir un style et un alphabet entier. Mais pour Peter Greenaway, le cinéma n'est pas affaire de reproduction, de réalisme ou d'authenticité. L'écriture de Shakespeare n'était qu'un point de départ pour déterminer un rythme graphique. Il était plus important encore que cette écriture soit lisible, car l'intention

9 première de Greenaway était d'explorer les interactions entre le mouvement du tracé, le mot lu, le même mot prononcé en voix- off et l'image 13. Assim, sob uma alegórica tempestade de palavras, imagens e vozes, Greenaway propõe-nos um jogo interminável de enigmas, um labirinto de signos em movimento que nos obriga à descoberta ou à identificação de alusões, de citações, de deslocamentos, de palavras sob palavras, de um texto sob outro texto, de imagens sob outras imagens. Nesse labirinto, contudo, nada é aleatório, todos os elementos têm a sua funcionalidade. Um olhar atento sobre a obra Prospero s Books, como um todo, nos convida, ainda, a uma outra leitura relacional. Sob a profusão de enquadramentos, de molduras dentro de molduras, de multiplicidade de formas de representação, há a recriação do universo pictórico barroco em diálogo com inscrições imagéticas renascentistas. Analisando alguns frames do filme, Denise Guimarães destaca que embora os elementos escultóricos e arquitetônicos, como o cen rio, com seus arcos, colunas e abóbadas, remeta-nos {s construções da Renascença, o filme explora este ambiente na semi-obscuridade, recriando o chiaroscuro barroco (2008, p.65). Trata-se, pois, como assinala Guimarães, de um procedimento típico das propostas estéticas pós-modernas, em sua predileção por formas ecléticas, disjuntivas e paródicas. A ligação entre as duas épocas torna-se irrefutável, diante da ambivalência cultivada pelo cineasta, tanto na ruptura técnica com os modos contemporâneos de fazer cinema, quanto na composição deliberadamente intertextual, que vai redimensionar a semiose fílmica, impondo-lhe um diálogo constante com as demais artes (2008, p.58). Na caracterização de Próspero de Greenaway, pode-se também apreender o jogo entre essas duas linguagens estéticas. A face de Próspero apresenta traços análogos ao de Santo Jerônimo pintado por de Georges de La Tour, utilizando-se da técnica do chiaroscuro barroco, enquanto sua vestimenta assemelha-se a de um doge veneziano, ou seja, a do Doge Loredan do pintor renascentista Giovanni Bellini. No processo compositivo de cenas e cenários, telas de Botticelli, de Rubens e de Rafael Sanzio são transcritas pelo cineasta, com impressionante semelhança, dentre outras apropriações ou 13 os únicos documentos com os quais o calígrafo poderia contar limitavam-se a algumas assinaturas, o que estava bem longe de ser suficiente para estabelecer um estilo e um alfabeto inteiro. Mas para Peter Greenaway, o cinema não é um processo de reprodução, de realismo ou autenticidade. A escritura de Shakespeare era um ponto de partida para determinar um ritmo gráfico. Era mais importante ainda que esta escritura fosse legível, pois a intenção primeira de Greenaway era explorar as interações entre o movimento do traço, da palavra lida, e a mesma palavra pronunciada em voz-off e a imagem (Tradução nossa).

10 citações visuais. Nas palavras de Florence Besson, the tempest in Prospero s library is blown by the Boticelli winds (from The Birth of Venus), the library itself pays homage to Michelangelo s Laurenziana Library, and Prospero s writing room comes from St Jerome s by Da Messina (BESSON, 2006). Por sua vez, as telas barrocas, ornamentadas com figures, flores e frutos, como los del Louvre de Rubens sobre la vida de María de Medicis, sirven, segundo Gorostiza, para ambientar los interiores (1995, p. 167). Outras influências imagéticas contribuíram para construir o universo visual de Prospero s Books. O próprio Greenaway confessa ter se inspirado en la magia do cineasta Georges Méliès, tanto como no filme Star Wars de George Lucas e sobre todo en las im genes que ideó Cocteau para La bella y la bestia y El testamento de Orfeo (Gorostiza,, 1995, p. 167). Em Prospero s Books, Peter Greenaway propõe a valorização da adaptação cinematográfica como uma construção híbrida, que propicia a dissolução das fronteiras entre linguagens de diferentes sistemas sígnicos e suportes, estabelecendo uma rede de relações intertextuais e intersemióticas. Assim, é nesse lugar limítrofe, que o teatro, o cinema, as artes plásticas, a tecnologia eletrônica, a computação gráfica e a mídia digital confluem, para refazerem juntas o drama de Próspero. REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS BESSON, Florence. Prospero s Books by Peter Greenaway (1991): reflections of/on Shakespeare s The Tempest. International conference : «Re-writing/ Reprising in lit. and the arts» Lyon2, oct. 06. Disponível em: conferences.univlyon2.fr/index.php/reprise/reprise/paper/view/34/64; acesso em 29/05/2011. BLOOM, Harold. Shakespeare : a invenção do humano. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. BOUCHY, Karine. Generique et Calligraphie. Le cas Greenaway/Neuenschwander. Université de Montréal / Université Paris 7 Denis Diderot Texte inédit publié sur Générique & Cinéma, Janv.2008. Disponível em: www.generique-cinema.net/.../greenaway.html. Acesso em 29/05/2011 COHEN, Rosa. Motivações pictóricas e multimediais na obra de Peter Greenaway. São Paulo: Ferrari, 2008. GOROSTIZA, Jorge. Peter Greenaway. Madrid: Cátedra, 1995. GREENAWAY, Peter. Prospero's Books: A Film of Shakespeare's The Tempest. London: Chatto & Windus,, 1991. GREENAWAY, Peter. Cinema is dead, long live cinema?, Disponível em: www.sescsp.org.br/.../20080326_202040_ensaio_pgreenaway_cadvb3_p. pdf. Esta é uma

11 versão reduzida da palestra sobre o futuro do cinema ministrada em Utrecht, na Holanda, em 2003, que foi resumida pelo autor especialmente para o Caderno Videobrasil, 03. Acesso em29/05/2011 GUIMARÃES. Denise A. Duarte. Inscrições renascentistas sob a pele barroca: uma leitura de Prospero s Books, de Greenaway. In: Imagíbrida: comunicação, imagem e hibridização. ARAÚJO, Denize Correa. BARBOSA, Marialva Carlos (orgs.) Porto Alegre: editorialplus.org., 2008. KLEIN, Herbert. The far side of de mirror : Peter Greenaway s Prosperos s Books. EESE, 12/ 1996. Disponível em: webdoc.gwdg.de/edoc/ia/eese/cont96.html. MACIEL, Maria Esther. Exercícios de ficção: Peter Greenaway { luz de Jorge Luis Borges. Revista de Cultura # 23 - Fortaleza, São Paulo - abril de 2002. MOURTHÉ, Claude. Shakespeare. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2007. SHAKESPEARE, William. A tempestade. Tradução de Barbara Heliodora. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 1999. STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. Tradução de Fernando Mascarello. Campinas, São Paulo: Papirus, 2003. VIEIRA, Erika V. C.; DINIZ, Thaís F. N. A Última Tempestade, uma tradução intersemiótica inserida na contemporaneidade, Cadernos de Tradução. vol.1, n. 5, 2000. Disponível em www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/issue/.../428. Acesso em 29/05/2011.