A PRODUÇÃO AUTOBIOGRÁFICA EM ARTES VISUAIS: UMA REFLEXÃO SOBRE VIDA E ARTE DO AUTOR
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- Micaela Miranda Caires
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1 7º Seminário de Pesquisa em Artes da Faculdade de Artes do Paraná Anais Eletrônicos A PRODUÇÃO AUTOBIOGRÁFICA EM ARTES VISUAIS: UMA REFLEXÃO SOBRE VIDA E ARTE DO AUTOR Letícia Tadra do Carmo 105 Universidade Estadual de Ponta Grossa RESUMO Este trabalho visa o encontro de uma identidade na produção da autora/artista, que se utiliza da linguagem da fotografia e da poética autobiográfica para a construção de suas obras durante o ano de É realizado um estudo sobre artistas contemporâneos que também trabalham a poética autobiográfica com fotografia, são estes: Eleanor Antin e Larry Clark. Além de também serem trabalhados conceitos como identidade, poética autobiográfica, fotografia e pós-modernidade. Palavras-chave: identidade; poética autobiográfica; pós-modernidade; fotografia. 105 Letícia Tadra do Carmo, acadêmica do 4 ano do curso de Licenciatura em Artes Visuais na UEPG. Anais do 7º Seminário de Pesq. em Artes da Faculdade de Artes do Paraná, Curitiba, p , jun.,
2 INTRODUÇÃO A necessidade deste trabalho se desenvolve em torno da construção de uma identidade como artista, por meio da pesquisa sobre a poética autobiográfica em artes visuais, onde o artista é autor e objeto de seu próprio trabalho. Levando em conta o panorama da Arte Contemporânea, é difícil para um artista novo, criar um estilo próprio e único considerando a quantidade de informação que se encontra à disponibilidade de todos, servindo como grande fonte de influência de ideias e inspirações. O que encontramos atualmente no domínio da arte seria muito mais uma mistura de diversos elementos; os valores da arte moderna e os da arte que nós chamamos de contemporânea, sem estarem em conflito aberto, estão lado a lado, trocam suas fórmulas, constituindo então dispositivos complexos, instáveis, maleáveis, sempre em transformação. (CAUQUELIN, 2005, p. 127.) O interesse por uma poética autobiográfica parte justamente do fato de que cada pessoa é diferente e vive situações singulares, portanto um trabalho decorrente da experiência pessoal, é único e extremamente significativo. Em busca de atingir estes objetivos na produção visual (ser única e significativa) é necessário pesquisa e investigação sobre a arte e o próprio ser artista. Considerando que a sociedade mudou com o passar do tempo, o sujeito também sofreu modificações; ele modificou a sociedade e vice-versa. Durante o século XX, graças, principalmente, à globalização, o mundo passou a ter acesso, participar e discutir de forma ativa sobre movimentos sociais e questões identitárias de seu tempo, influenciando a descentralização e a crise que vive o sujeito pós-moderno - mais especificamente ocidental. O sujeito pode ser visto como uno e dividido ao mesmo tempo, porque a ideia de unicidade é mais confortável, então ele vivencia sua identidade como se esta já estivesse resolvida, mas a identidade não é algo inato, ela está sempre em processo, sendo construída com base na dualidade presente no ser humano, em sentimentos e emoções contraditórias e não resolvidas. Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, [...] mais as identidades se tornam desvinculadas desalojadas de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem "flutuar livremente". Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades (cada qual nos fazendo apelos, ou melhor, fazendo apelos a diferentes partes de nós), dentre as quais parece possível fazer uma escolha. Foi a difusão do consumismo, seja como realidade, seja como sonho, que contribuiu para esse efeito de "supermercado cultural". No interior do discurso do consumismo global, as diferenças e as distinções culturais, que até então definiam a identidade, ficam reduzidas a uma espécie de língua franca internacional ou de moeda global, em termos das quais todas as tradições específicas e todas as diferentes identidades podem ser traduzidas. Este fenômeno é conhecido como "homogeneização cultural". (HALL, 2007, p. 75) 178
3 Este trabalho relaciona artistas que utilizam da poética autobiográfica em suas produções artísticas na pós-modernidade, que aproximam seu trabalho das pessoas por trazerem situações cotidianas com as quais elas podem se identificar. Foram escolhidos os artistas: Eleanor Antin e Larry Clark como fonte de pesquisa, embasamento e interpretação. Foram escolhidos por trabalharem com a poética autobiográfica em suas produções e também por se utilizarem da fotografia. Utilizei-me deste trabalho para a construção e reconhecimento de minha identidade como artista, investigando e aprofundando meus conhecimentos não apenas sobre a poética autobiográfica, mas também sobre mim mesma, tendo como foco principal do trabalho as obras construídas durante o ano de 2012, em especial o material fotográfico. Emprego a poética autobiográfica para relatar este ano de 2012, um ano de mudanças, o último de minha fase como acadêmica de Artes Visuais. Por meio de minhas produções, retrato todos os sentimentos que fazem parte da minha realidade. Mais do que uma imposição acadêmica, este trabalho significa para mim, minha definição como artista. OBJETIVO GERAL Proporcionar, a partir de uma poética autobiográfica, uma reflexão sobre a identidade expressa na produção fotográfica do autor, tendo como referência os artistas Eleanor Antin e Larry Clark. OBJETIVOS ESPECÍCOS Produzir durante o ano de 2012, por meio da poética autobiográfica, obras que proporcionem à artista o reconhecimento de uma identidade em sua produção. Estimular o debate com relação à identidade e a própria experiência de vida. MÉTODOS E RESULTADOS Os métodos empregados na construção deste trabalho consistem na análise da vida e obra dos artistas estudados como base para a construção de uma poética autobiográfica, também é analisada durante o processo, a vida da própria autora/artista. A pesquisa também se faz necessária em torno da própria poética autobiográfica, da identidade e da linguagem fotográfica. Durante o processo de construção do trabalho, nota-se que a identidade da artista não está sendo construída, mas sim reconhecida em suas obras. Assim, em vez de falar da identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de identificação, e vê-la como um processo em andamento. A identidade surge não tanto da plenitude da identidade que já está dentro de nós como indivíduos, mas de uma falta de inteireza que é preenchida a partir de nosso exterior, pelas formas através das quais nós imaginamos ser 179
4 vistos por outros. Psicanaliticamente, nós continuamos buscando a "identidade" e construindo biografias que tecem as diferentes partes de nossos eus divididos numa unidade porque procuramos recapturar esse prazer fantasiado da plenitude. (HALL, 2007, p. 39) CONCLUSÃO Este trabalho ainda está em processo de construção, mas durante a análise das obras produzidas pela autora/artista é possível notar que a identidade já estava presente, porém se fazia necessário um olhar mais reflexivo para o reconhecimento de certos aspectos em comum entre as obras como a preferência por autorretratos, cores fortes, temas que retratam liberdade e efemeridade. 180
5 REFERÊNCIAS CAUQUELIN, Anne. Arte Contemporânea: uma introdução. Trad. Rejane Janowitzer. São Paulo: Ed. Martins Fontes, CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. Trad. Rejane Janowitzer. São Paulo: Ed. Martins Fontes, HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 7ª ed. Rio de Janeiro: Ed. DP &A JEUDY, Henri-Pierre. O corpo como objeto da arte. São Paulo: Ed. Estação da Liberdade, KANDINSKY, Wassily. Do espiritual na arte e na pintura em particular. Trad. Álvaro Cabral. 2ª ed. São Paulo: Ed. Martins Fontes, ROVINA, Márcia Regina Porto. A Poética Autobiográfica na Arte Contemporânea. São Paulo, Disponível em : Acesso em 87 de março de SONTAG, Susan. Sobre fotografia. Trad. Rubens Figueiredo. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, Anais do 7º Seminário de Pesq. em Artes da Faculdade de Artes do Paraná, Curitiba, p , jun.,
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