CAPÍTULO 03: Introdução ao Método dos Estados Limites

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Transcrição:

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 1 CAPÍTULO 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 3.1 Introdução Neste capítulo, ue abre as discussões voltadas à elaboração de projetos estruturais de aço e de madeira, serão apresentadas algumas definições relacionadas aos fundamentos do método dos estados limites. Tal método foi desenvolvimento na Rússia entre 1947 e 1949, sendo aprovado em 1955 e introduzido na engenharia civil em 1958. No Brasil, especificamente nas estruturas de aço e de madeira, começou a ser empregado em 1986 e 1997, respectivamente. Também são objetos de estudos as discussões referentes as ações estabelecidas pelas normas brasileiras NBR 8800/1986 - "Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios" e NBR 7190/1997 - "Projeto de estruturas de madeira" para a elaboração de projetos, as combinações recomendadas na avaliação dos estados limites últimos e de utilização, bem como os respectivos valores de cálculo das ações. As ações relatadas nestes documentos normativos seguem as recomendações prescritas nas normas brasileiras designadas por NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. - Procedimento, NBR 6123 - Forças devidas ao vento em edificações - Procedimento e NBR 8681 - Ações e segurança nas estruturas. O objetivo principal deste método é disciplinar as especificações das ações e promover a análise da segurança, atendendo os critérios de ruína e às condições de utilização. Para facilitar a compreensão da terminologia atualmente utilizada na elaboração de projetos estruturais, é necessário registrar algumas definições básicas, entre elas, os estados limites de uma estrutura (último e de utilização), bem como as ações atuantes.

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 2 Os estados limites de uma estrutura são estados ou circunstâncias a partir dos uais a estrutura passa a apresentar desempenho incompatível com as finalidades de projeto e construção. Os estados limites a considerar nos projetos estruturais dependem dos materiais empregados e devem ser especificados pelas normas correspondentes. Na elaboração dos projetos são feitas as verificações referentes aos chamados estados limites últimos e aos estados limites de utilização, conforme apresentado a seguir: a)estados limites últimos: são estados ue, pela sua ocorrência, definem o limite acima do ual a paralisação total ou parcial do uso da construção seja necessária. Nos projetos estruturais devem ser considerados os estados limites últimos caracterizados por: perda de euilíbrio, parcial ou global, da estrutura, admitida como um corpo rígido (tombamento e deslizamento); instabilidade, parcial ou global, da estrutura; ruptura ou deformação plástica excessiva dos materiais; transformação da estrutura, no todo ou em parte, em um sistema hipostático; instabilidade por deformação; instabilidade dinâmica (ressonância); fadiga, entre outros. b)estados limites de utilização: são estados ou circunstâncias ue pela sua ocorrência, repetição ou duração, provocam efeitos estruturais ue extrapolam as condições estabelecidas para o uso normal da construção, ou ue são indícios claros de comprometimento da sua durabilidade, funcionalidade e estética. No período de vida útil das estruturas devem ser considerados os estados limites de utilização caracterizados por: danos ligeiros ou localizados ue comprometam o aspecto estético da construção; danos ligeiros ou localizados ue comprometam a durabilidade da estrutura (corrosão do aço, ataues por organismos xilófagos à madeira); deformações excessivas ue afetem a utilização normal da construção ou sua estética, prejudiuem o funcionamento de euipamentos, danifiuem instalações ou materiais de acabamento ou partes não estruturais da construção; vibrações de amplitude excessiva ue causem desconforto ao usuário ou danos à construção ou a seu conteúdo As ações podem ser entendidas como causas ue provocam a ocorrência de esforços ou deformações nas estruturas. Do ponto de vista prático, as forças e as deformações impostas pelas ações são consideradas como se fossem as próprias ações. As forças são chamadas de ações diretas, enuanto as deformações impostas são designadas por ações indiretas.

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 3 3.2 Verificações de Projeto O assunto tratado neste capítulo está baseado nas recomendações contidas na NBR 7190/1997. Na respectiva elaboração, de acordo com os conceitos do método dos estados limites, além do estabelecimento dos valores de projeto para as solicitações (S d ), a partir dos respectivos valores das ações consideradas, é necessário determinar os valores de projeto para as propriedades da madeira (R d ), especialmente as referentes à resistência e à rigidez, uma vez ue as condições gerais a serem obedecidas no dimensionamento dos elementos estruturais são dadas pela expressão, S d R...(1.1) Em outras palavras, o intuito principal é verificar se as solicitações (S d ) não ultrapassam as resistências (R d ) dos materiais estruturais. As solicitações (S d ) de projeto são obtidas a partir da expressão abaixo, S d S...(1.2) d f k Sendo, *S k : solicitação característica; * f : fator de majoração das ações. Este fator é uantificado a partir da combinação dos seguintes coeficientes: - f1 :considera a variabilidade das ações; - f2 ( o ): fator de combinação (considera a probabilidade de ocorrência simultânea das ações); - f3 : considera os possíveis erros da avaliação dos efeitos das ações, devido à problemas construtivos ou deficiência do método. A resistência de cálculo (R d ) é determinada pela expressão (1.3), Para, *R k : resistência característica; *K mod : coeficiente de modificação; * m : fator de ponderação das resistências. R d Rk K mod...(1.3) m

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 4 3.3 Solicitações de projeto De maneira geral, as solicitações de projeto são obtidas a partir das seguintes ações: permanentes(diretas e indiretas), variáveis(normais e especiais) e excepcionais. 3.3.1 Classificação das ações As ações permanentes são auelas ue ocorrem com magnitude constante ou de peuena variação ao redor da média, durante praticamente toda a vida útil da construção. Consideram-se ações permanentes diretas os pesos próprios dos elementos da estrutura e de todos os elementos construtivos permanentes, os pesos dos euipamentos fixos e os empuxos devidos ao peso próprio de terras não removíveis e, em situações específicas, os empuxos hidrostáticos. As ações permanentes indiretas são a protensão, os recalues de apoio e a retração dos materiais com ue as estruturas são construídas. Como ações variáveis definem-se as ue ocorrem com magnitude significativamente variável ao redor da média, durante a vida útil da construção. São consideradas ações variáveis as cargas acidentais, ue atuam nas construções em função de seu uso. Alguns exemplos: sobrecarga de utilização, força de frenagem, de impacto, força centrífuga, efeitos do vento, da variação de temperatura, do atrito nos aparelhos de apoio, pressões hidrostáticas e pressões hidrodinâmicas. Recebem designação de ações variáveis normais auelas cuja probabilidade de ocorrência seja suficientemente elevada, de modo a tornar-se obrigatória sua consideração no projeto de um determinado tipo de estrutura. Ações decorrentes de sismos ou cargas de natureza ou intensidade não usuais são chamadas de ações variáveis especiais. As ações excepcionais têm baixíssima probabilidade de ocorrência e duração muito curta. Considera-se como tais auelas oriundas de explosões, choues de veículos ou embarcações, enchentes, incêndios, entre outras. 3.3.2 Valores representativos da ações As ações são uantificadas numericamente por seus valores representativos, ue podem ser os valores característicos, os valores característicos nominais, os valores reduzidos de combinação, os valores convencionais excepcionais, os valores reduzidos de utilização e os valores raros de utilização.

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 5 3.3.2.1 Valores representativos: estados limites últimos a)valores característicos São denotados por F k e definidos em função da variabilidade de suas intensidades. De acordo com a NBR 8681/1984, para uantificar as ações variáveis admite-se um período convencional de referência, em geral de cinüenta anos, ajustando o valor característico da ação em função desse período. Os F k, estabelecidos consensualmente, são valores com 25 a 35% de probabilidade de serem ultrapassados no período de referência considerado. Os valores característicos das ações permanentes correspondem à variabilidade constatada num conjunto de estruturas semelhantes. Quando as ações permanente produzem efeitos desfavoráveis na estrutura, o valor característico se refere ao uantil de 95% da respectiva distribuição de probabilidade (valor característico superior). Para as ações permanentes ue produzem efeitos desfavoráveis, o valor característico corresponde ao uantil de 5% de suas distribuições (valor característico inferior). As ações variáveis ue produzem efeitos favoráveis não devem ser consideradas atuando sobre a estrutura. b)valores característicos nominais No caso de ações cuja variabilidade não é expressa convenientemente por distribuições de probabilidade, F k são substituídos por valores nominais escolhidos consensualmente. Para as ações com pouca diferença entre os valores característicos inferior e superior, adotam-se para F k os valores médios das respectivas distribuições. c)valores reduzidos de combinação São denotados por 0 F k e empregados nas condições de segurança relativas a estados limites últimos uando existem ações variáveis de diferentes naturezas. Os valores de 0 F k consideram a baixa probabilidade de ocorrência simultânea dos valores característicos de duas ou mais ações variáveis de naturezas diversas. Simplificando a abordagem, admite-se um único 0 para cada ação considerada no projeto, conforme registrado nas tabelas 1.1 e 1.2.

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 6 d)valores convencionais excepcionais São valores arbitrados para as ações excepcionais, em comum acordo entre o proprietário da construção, os engenheiros por elas responsáveis e as autoridades governamentais ue nela tenham interesse. 3.3.3.2 Valores representativos: estados limites de utilização a)valores reduzidos de utilização Em casos de ações freüentes ou de média duração, a verificação da segurança em relação a estados limites de utilização é expressa por 1 F k. Os valores freüentes caracterizam-se por inúmeras repetições ou por atuarem em mais de 5% da vida útil da estrutura. Para ações de longa duração ou uase-permanente, emprega-se a expressão 2 F k. Tais ações caracterizam-se por atuar em um período de aproximadamente 50% da vida útil da estrutura. Os valores de 1 e 2 estão registrados nas tabelas 1.1 e 1.2. b)valores raros de utilização Quantificam as ações ue podem levar a estados limites de utilização, mesmo ue atuem sobre a estrutura num intervalo de tempo de duração muito curta. 3.3.3.3 Fatores de combinação e de utilização ( i ) Os valores estabelecidos pela NBR 7190/1997 referentes aos fatores de combinação e de utilização i estão apresentados nas tabelas 1.1 e 1.2. Tabela 1.1 - Coeficientes para ações em estruturas de madeira. i Ações em estruturas de correntes 0 1 2 Variações uniformes de temperatura em relação à média anual 0,6 0,5 0,3 Pressão dinâmica do vento 0,5 0,2 0 Cargas acidentais em edifícios 0 1 2 Locais em ue não haja predominância pesos de euipamentos fixos ou de elevadas concentrações de pessoas 0,4 0,3 0,2 Locais onde há predominância de pesos de euipamentos fixos ou de elevadas concentrações de pessoas 0,7 0,6 0,4 Bibliotecas, aruivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6 Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos 0 1 2 Passarelas para pedestres 0,4 0,3 0,2 Pontes rodoviárias 0,6 0,4 0,2 Pontes ferroviárias (ferrovias não especializadas) 0,8 0,6 0,4 Fonte: NBR 7190/1997

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 7 Os valores dos coeficientes estabelecidos pela NBR 8800/1986, voltados às estruturas de aço, estão apresentados na tabela 1.2. situações: Tabela 1.2 - Coeficientes para ações em estruturas de aço. Fatores de combinação Variações uniformes de temperatura em relação à média anual 0,6 Pressão dinâmica do vento 0,6 Sobrecarga em pisos de bibliotecas, aruivos, oficinas e garagens; Conteúdo de Silos e reservatórios Cargas de euipamentos, incluindo pontes rolantes e sobrecargas em pisos diferentes dos anteriores Fonte: NBR 8800/1986 Os coeficientes devem ser tomados iguais a 1,0 (um) nas seguintes *para as ações variáveis não citadas na tabela 1.2; *para as ações variáveis citadas na tabela 1.2, uando forem de mesma natureza da ação variável principal. 3.3.4 Combinações de ações. Carregamentos Um carregamento é especificado pelo conjunto das ações com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea. Em cada tipo de carregamento as ações devem ser combinadas de modo a serem obtidos os efeitos mais desfavoráveis para cada elemento constituinte da estrutura. Neste procedimento, as ações incluídas em cada carregamento são combinadas considerando-se seus valores representativos, multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação das ações (ver mais detalhes sobre este assunto no item 1.3.6), bem como pelos fatores de combinação ou utilização. Um carregamento engloba, na grande maioria dos casos, pelo menos ações permanentes e ações variáveis. As ações permanentes devem figurar em todas as combinações e são consideradas em sua totalidade. Das ações variáveis, como já foi mencionado, são consideradas apenas as parcelas ue produzem efeitos desfavoráveis para a segurança estrutural. As ações variáveis devem, sempre, ser consideradas atuando nas posições ue produzam as condições mais desfavoráveis para a segurança. A aplicação de ações variáveis sobre uma estrutura pode ser feita seguindo-se eventuais regras simplificadoras, estabelecidas em documentos normativos ue levem consideração particularidades de determinados tipos de construção. Em cada combinação relativa a um estado limite último, uma das ações 0,75 0,65

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 8 variáveis é considerada como a principal, admitindo-se ue ela atue com seu valor característico F k ; as demais ações variáveis são designadas secundárias, atuando, por hipótese, com seus valores reduzidos de combinação 0 F k. Quando ocorrer um ação variável especial, esta deve ser considerada com seu valor representativo e as demais ações variáveis com valores correspondentes a uma probabilidade não desprezível de atuação simultânea com a ação variável especial. No caso de uma ação variável excepcional, esta deve ser considerada com seu valor representativo e as demais ações variáveis com valores correspondentes a uma grande probabilidade de atuação simultânea com a ação variável excepcional. Na avaliação dos estados limites últimos serão consideradas as seguintes combinações de ações: últimas normais, últimas especiais, últimas excepcionais e últimas de construção; para os estados limites de utilização, as combinações: de longa duração, de média duração, de curta duração e de duração instantânea. No item 3.7 são encontrados outros detalhes referentes às combinações de ações. 3.3.4.1 Classes de carregamento A NBR 7190/1997, item 5.1.4, define a classe de carregamento de ualuer combinação de ações pela duração acumulada prevista para a ação tomada como a variável principal na combinação considerada. As classes de carregamento estão especificadas na tabela 1.3, transcrita do citado documento. Nesta tabela a coluna A representa a duração acumulada da variável principal da combinação e a coluna B representa a ordem de grandeza da duração acumulada da ação. Tabela 1.3 Classes de carregamento. Fonte: NBR 7190/1997 [7]. Classe de carregamento A B Permanente Permanente Vida útil da construção Longa duração Longa duração Mais de seis meses Média duração Média duração De uma semana a seis meses Curta duração Curta duração Menos de uma semana Duração instantânea Instantânea Muito curta Fonte: NBR 7190/1997 3.3.4.2 Tipos de carregamento Os carregamentos também podem ser classificados de acordo com as ações às uais a estrutura estará sujeita durante seu período de vida em serviço.

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 9 a)carregamento normal Abrange apenas as ações decorrentes do uso previsto para a construção. Admite-se ue um carregamento normal corresponda à classe de carregamento de longa duração, euivalente ao período de referência da estrutura. Será sempre considerado na verificação da segurança, uer em relação aos estados limites últimos uer aos estados limites de utilização. Um recomendação importante da NBR7190/1997 diz respeito ao fato ue, em um carregamento normal, se estiverem incluídas ações de curta ou média duração, seus valores atuantes serão reduzidos para ue a resistência da madeira possa ser considerada como correspondente apenas às ações de longa duração. Isto é explicado pelo desempenho mais satisfatório da madeira uando solicitada a ações de peuena duração, aspecto ue será discutido mais detalhadamente nos próximos capítulos. b)carregamento especial Inclui ações variáveis de natureza ou intensidade especiais, cujos efeitos superam em magnitude os produzidos pelas ações consideradas em carregamentos normais. Os carregamentos especiais são transitórios, com duração muito peuena em relação ao período de referência da estrutura. São considerados apenas na verificação da segurança em relação aos estados limites últimos. A cada carregamento especial corresponde uma única combinação especial de ações. Nos projetos, admite-se ue um carregamento especial corresponda à classe definida pela duração acumulada estimada para a ação variável especial considerada (ver tabela 1.3). c)carregamento excepcional Inclui ações excepcionais ue podem provocar danos catastróficos. Devem ser considerados apenas em determinados tipos de construção, para os uais a ocorrência de ações excepcionais não possa ser evitada ou desprezada, bem como na concepção estrutural, não seja possível tomar medidas ue anulem ou atenuem a gravidade dos efeitos danosos dessas ações. Nos projetos, admite-se ue um carregamento excepcional corresponda à classe de duração instantânea. d)carregamento de construção Trata-se de uma circunstância de caráter transitório, necessitando ser avaliada em cada caso específico onde haja risco de ocorrência de estados limites últimos já durante o período de construção ou içamento da estrutura. Podem ser

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 10 considerados na verificação da segurança os estados limites últimos e os estados limites de utilização. Nos projetos, admite-se ue um carregamento de construção corresponda à classe definida pela duração acumulada da situação de risco. 3.3.5 Coeficientes de ponderação das ações ( f ) Os valores de cálculo das ações F d a serem utilizados na elaboração de projetos de estruturas de madeira são obtidos a partir dos valores representativos das ações, multiplicando-os, nas diferentes combinações, pelos respectivos coeficientes de ponderação, denotados genericamente por f. Para situações onde ocorra mais ue duas ações variáveis, deve-se considerar os fatores de combinação ou de utilização. Quando são analisados os estados limites últimos, os coeficientes de ponderação f levam em consideração a variabilidade das ações e os possíveis erros de avaliação dos efeitos das ações, em decorrência de problemas construtivos ou por deficiência do método de cálculo adotado. Na análise dos estados limites de utilização, adota-se f =1, a menos ue exista alguma recomendação em contrário, expressa em normas especiais. 3.3.5.1 Coef. de ponderação das ações permanentes: estados limites últimos Os coeficientes de ponderação das ações permanentes, designados por g, majoram os valores representativos das ações permanentes ue provocam efeitos desfavoráveis e minoram os valores representativos ue provocam efeitos favoráveis para a segurança da estrutura. Para uma dada ação permanente, todas as parcelas ue a compõem são ponderadas pelo mesmo coeficiente g, não sendo admitido ue algumas de suas componentes sejam majoradas e outras minoradas. Os coeficientes de ponderação g para as ações permanentes ue figuram nas combinações referentes aos estados limites últimos, salvo indicação ao contrário expressa em norma relativa ao tipo de construção ou ao material considerado, devem ter seus valores tomados conforme as indicações a seguir. a)ações permanentes de grande variabilidade São definidas como de grande variabilidade as ações constituídas pelo peso próprio do conjunto estrutural, dos elementos construtivos permanentes não estruturais e dos euipamentos fixos (todos considerados globalmente), nas uais o peso próprio da estrutura não supera 75% da totalidade dos pesos permanentes

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 11 citados. Os valores dos coeficientes g empregados nas estruturas de aço e de madeira são apresentados na abaixo. Tabela 1.4 - Coeficientes g - ações permanentes de grande variabilidade Combinações Efeitos desfavoráveis Efeitos favoráveis Normais 1,4 0,9 Especiais e de construção 1,3 0,9 Excepcionais 1,2 0,9 Fonte:NBR 7190/1997 b)ações permanentes de peuena variabilidade São definidas como de peuena variabilidade as ações permanentes na situação onde o peso próprio da estrutura supera 75% da totalidade dos pesos permanentes. Os valores dos coeficientes g empregados nas estruturas de aço e de madeira são apresentados abaixo. Tabela 1.5 - Coeficientes g - ações permanentes de peuena variabilidade Combinações Efeitos desfavoráveis Efeitos favoráveis Normais 1,3 1,0 Especiais e de construção 1,2 1,0 Excepcionais 1,1 1,0 Fonte:NBR 7190/1997 c)ações permanentes indiretas Para as ações permanentes indiretas, como os efeitos de recalue de apoio e de retração dos materiais em estruturas de aço e de madeira, adotam-se os coeficientes de ponderação, designados por, dados na tabela abaixo. Tabela 1.6 - Coeficientes - ações permanentes indiretas Combinações Efeitos desfavoráveis Efeitos favoráveis Normais 1,2 0 Especiais e de construção 1,2 0 Excepcionais 0 0 Fonte: NBR 7190/1997 3.3.6.2 Coef. de ponderação das ações variáveis: estados limites últimos Os coeficientes de ponderação das ações variáveis, denotados por, majoram os valores representativos das ações variáveis ue provocam efeitos desfavoráveis para a segurança estrutural. As ações variáveis ue provocam efeitos favoráveis não são consideradas nas combinações de ações, admitindo-se ue sobre a estrutura atuam somente as parcelas ue produzam efeitos desfavoráveis. Os coeficientes de ponderação para as ações variáveis ue figuram nas combinações referentes aos estados limites últimos, salvo indicação ao contrário, devem ter seus valores tomados conforme as indicações das tabelas a seguir.

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 12 Tabela 1.7 - Coeficientes - ações variáveis (estruturas de madeira) Combinações Ações variáveis incluindo as Efeitos da cargas acidentais móveis temperatura Normais 1,4 1,2 Especiais e de construção 1,2 1,0 Excepcionais 1,0 0 Fonte: NBR 7190/1997 As ações decorrentes do uso incluem as sobrecargas em pisos e coberturas, cargas de pontes rolantes, cargas de outros euipamentos, entre outras. 3.3.6 Valores de cálculo (ou de projeto) das ações em estruturas de madeira Na elaboração dos projetos de estruturas de madeira, os valores de cálculo das ações F d devem ser obtidos para cada combinação de ações referentes aos estados limites últimos e aos estados limites de utilização. As combinações recomendadas pela NBR 7190/1997 estão citadas no item 1.3.4, e as expressões para a determinação dos respectivos valores de F d são registradas a seguir. 3.3.6.1 Combinações de ações: estados limites últimos a)combinações últimas normais m n Fd g Fg F F i 1 0 1 j2 i i, k, k j j, k...(1.4) onde F gi, k representa o valor característico das ações permanentes, F 1,k o valor característico da ação variável considerada principal para a combinação em uestão e 0j F,k os valores reduzidos de combinação das demais ações variáveis, j conforme tabelas 1.1 e 1.2. Em alguns casos especiais, é necessário ue sejam consideradas duas combinações: numa delas admite-se ue as ações permanentes sejam desfavoráveis e, na outra, ue sejam favoráveis à segurança. b)combinações últimas especiais e de construção m n Fd g Fg F F i 1 0 1 j2 i i,k,k j, ef j,k...(1.5) onde F gi, k representa o valor característico das ações permanentes, F 1,k o valor característico da ação variável considerada principal para a situação transitória, 0 j, ef é igual ao fator 0 j adotado nas combinações normais, exceto uando a

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 13 ação principal F 1,k tiver um tempo de atuação muito curto, situação em ue 0 j, ef pode ser tomado com valor euivalente ao 2j dado nas tabelas 1.1 e 1.2. c)combinações últimas excepcionais m F F F F d g g i1 n j1 i i, k exc j, ef j, k 0...(1.6) onde F exc é o valor da ação transitória excepcional e os demais termos representam valores efetivos já definidos anteriormente. 3.3.6.2 Combinações de ações: estados limites de utilização Nas combinações de utilização consideram-se todas as ações permanentes, incluindo as deformações impostas e as ações variáveis correspondentes a cada um dos tipos de combinações, conforme as indicações a seguir. a)combinações de longa duração Estas combinações, também denominadas uase-permanentes, são consideradas no controle usual das deformações das estruturas e dos elementos ue a integram. Nas combinações de longa duração, todas as ações variáveis atuam com os valores correspondentes à classe de longa duração. F F F...(1.7) d m i1 g n j1 2 i,k j j,k onde os coeficientes 2j estão especificados nas tabelas 1.1 e 1.2. b)combinações de média duração F F F F...(1.8) d m i1 g n 1 2 j2 i,k j,k j j,k As combinações de média duração, também denominadas freüentes, são consideradas uando o controle das deformações é especialmente importante, por exemplo, no caso de existirem materiais frágeis não estruturais ligados à estrutura. Nestas condições, a ação variável principal F 1,k atua com o valor correspondente à classe de média duração e as demais ações variáveis atuam com os valores correspondentes à classe de longa duração. Os coeficientes 1 e 2 estão especificados nas tabelas 1.1 e 1.2.

Capítulo 03: Introdução ao Método dos Estados Limites 14 c)combinações de curta duração As combinações de curta duração, também designadas por combinações raras, devem ser consideradas uando, para a construção da estrutura, for especialmente importante impedir defeitos decorrentes das deformações. Nestas combinações, a ação variável principal F 1,k atua com o valor característico e as demais ações variáveis atuam com seus valores correspondentes à classe de média duração. F F F F...(1.9) d m i1 g i,k j,k j j,k onde os coeficientes 1 estão especificados nas tabelas 1.1 e 1.2. d)combinações de duração instantânea As combinações de duração instantânea consideram a ocorrência de uma ação variável especial F ESPECIAL de duração instantânea. As outras ações variáveis são consideradas com os valores ue, na realidade, possam existir simultaneamente com a carga especial definida para esta combinação. Não havendo outro critério, podem ser admitidas com seus valores de longa duração. n j2 1 F F F F...(1.10) d m i1 g i,k, ESPECIAL j j,k n j1 2