Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Acórdão 118/97 - Plenário - Ata 22/97 Processo nº TC 279.257/93-7 Anexo TC - 250.596/92-0 (Relatório de Inspeção Ordinária) Responsáveis: José Joaquim de Almeida Netto (Presidente), Joaquim Augusto Bandeira Júnior (Diretor-Geral), André Luiz Borges Gomes, Maria de Fátima Berenguer Chaves, Maria Angela Gomes Armede de Almeida, Hilderico Trigueiros Caldas, Sheyla Teresinha Machado de Oliveira Regis, Carlos Alberto Leite Regis, Leda Maria Carvalho da Nova, Alânia Vianna dos Santos, Adinalva Costa de Campos, Doriane Maria Barbuda dos Santos, Carla Silva Mangiéri, Nelson Dias Carregosa e Nilson Santana da Silva Órgão:Tribunal Regional do Trabalho - 5ª Região/BA Relator: Ministro PAULO AFFONSO MARTINS DE OLIVEIRA Representante do Ministério Público: Procurador Ubaldo Alves Caldas Unidade Técnica: SECEX/BA Especificação do "quorum": Ministros presentes: Fernando Gonçalves (na Presidência), Paulo Affonso Martins de Oliveira (Relator), Adhemar Paladini Ghisi, Carlos Átila Álvares da Silva, Iram Saraiva e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha. Assunto: Tomada de Contas - Exercício de 1992 Acórdão: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas anual do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região - TRT/BA, exercício de 1992. Considerando que a auditoria interna daquele Tribunal emitiu certificado de regularidade das contas, exceto quanto a algumas impropriedades apontadas; Considerando que os pareceres da Unidade Técnica e do Ministério Público junto ao TCU são no sentido de irregularidade das contas com aplicação da sanção prevista no inciso III do art. 58 da Lei 8.443/92; Considerando, todavia, que as irregularidades apontadas caracterizaram fatos isolados, parcialmente justificados pelo responsável;
Considerando que não ficou caracterizado locupletamento ou má-fé; Considerando, ainda, a necessidade de endereçar determinações ao Órgão para que sejam adotadas providências de forma a prevenir as falhas identificadas nestes autos, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, todos da Lei nº 8.443/92, em: 1. julgar as presentes contas regulares com ressalva e dar quitação aos responsáveis arrolados no item 3 supra; 2 determinar ao Tribunal Regional do Trabalho - 5ª Região/BA que: 2.1 abstenha-se de realizar despesas que não tenham relação com as atividades do Judiciário; e 2.2 cumpra os preceitos estabelecidos na Lei nº 8.666/93, especialmente o disposto nos arts. 43, incisos IV e V, 44, "caput" e 1º e 45, "caput." Ementa: Tomada de Contas. TRT Região 05. Realização de despesa não relacionada à atividade do órgão. Julgamento e classificação das propostas sem observância ao disposto no Edital de Licitação. Ausência de locupletamento ou má fé. Contas regulares com ressalva. Quitação. Determinação. Data DOU: 26/06/1997 Página DOU: 13430 Data da Sessão: 11/06/1997 Relatório do Ministro Relator: Grupo II - Classe IV - Plenário TC 279.257/93-7 Anexo: TC - 250.596/92-0 Natureza: Tomada de Contas - Exercício de 1992 Órgão: Tribunal Regional do Trabalho na Bahia - 5ª Região
Responsáveis: Joaquim Augusto Bandeira Júnior e demais agentes arrolados às fls. 10/23 Ementa: Tomada de Contas. Impropriedades isoladas: despesas não relacionadas à atividade do Órgão e falta de critérios objetivos para seleção de propostas em uma licitação na modalidade convite. Regularidade das contas com ressalva e quitação. Determinações. Cuidam os autos de Tomada de Contas do Tribunal Regional do Trabalho - 5ª Região relativa ao exercício de 1992, sob a responsabilidade do Sr. Joaquim Augusto Bandeira Júnior, Diretor - Geral e demais responsáveis arrolados às fls.10/23. 2. O processo anexo (TC - 250.596/92-0) trata de Relatório de Inspeção Ordinária Setorial, na área de pessoal e contratos, realizada no período de 21 a 30.10.92 por equipe de inspeção da IRCE/BA. Esse processo foi julgado em Sessão de 08.07.93 da 2ª Câmara, Ata nº 23/93. Através de comunicação ao Órgão (Ofício nº 1.169/93, de 22.07.93) foram feitas as seguintes recomendações: "a) ser observado o disposto no art. 7º e respectivos parágrafos da Lei nº 8.027/90, a fim de evitar a ocorrência de acumulação de cargo em desacordo com a Constituição Federal, b) serem evitadas as aquisições de materiais sem a realização prévia de licitação nos casos em que couber a aplicação deste procedimento, c) serem revistos os cálculos da remuneração dos ocupantes de cargos DAS, não optantes na forma prescrita no art. 3º, parágrafo 2º, do D.L. 1.445/76, mediante a inclusão do abono de que trata a Lei nº 7.706/88, em sintonia com as decisões da E. Corte antes indicadas." 3. Com relação ao processo principal de tomada de contas, o Relatório de Auditoria do Tribunal Superior do Trabalho (fls. 76/87) identifica algumas impropriedades, em sua maioria formais, e o Certificado de Auditoria (fl. 88) conclui pela regularidade das contas dos responsáveis, exceto quanto às falhas, omissões e impropriedades apontadas. 4. Ante a ausência de manifestação do Órgão sobre os fatos inquinados, a SECEX/BA realizou diligência e, após a análise das alegações do responsável (fls. 97/128), restaram injustificadas quatro impropriedades que foram objeto de audiência prévia do Diretor-Geral do TRT - 5ª Região (Ofício nº 802/95 de 30.06.95 da SECEX/BA), tratando das seguintes irregularidades/impropriedades: a) aluguel de escuna de passeio para o encontro dos
Presidentes e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho; b) contratação de restaurantes/confeitarias de alto luxo na cidade de Salvador, para fornecimento de alimentação a servidores em hora extra; c) não pagamento de remuneração de serviço extraordinário, ferindo o inciso XVI do art. 7º da Constituição Federal; d) desclassificação da proposta de menor preço no convite 25/92, sem a apresentação de critérios objetivos no instrumento convocatório que ensejassem tal ato, o que feriu o art. 3º do Decreto-Lei nº 2.300/86. 5. O Sr. Joaquim Augusto Bandeira Júnior compareceu aos autos (fls. 135/138), alegando, sobre cada um dos itens inquinados, especialmente, o seguinte: a) o aluguel da escuna teve por objetivo avaliar a possibilidade de criação de uma Junta de Conciliação e Julgamento itinerante para atendimento aos moradores da ilha de Itaparica e demais ilhas vizinhas; na ausência de outros meios de transporte além do marítimo, foi alugada a escuna e, após a visita, concluiu-se pela inviabilidade da pretendida criação. b) foi realizada a licitação para o fornecimento das refeições, adjudicando-se à empresa que forneceu o menor preço; na época, não havia o programa de Vale-Alimentação e as refeições destinavam-se a responsáveis pela segurança e vigilância; c) no entendimento daquela Administração, as horas extras são devidamente pagas já que, com o apoio dos servidores, foi estabelecido um sistema de revezamento com folgas posteriores à data trabalhada, solucionando as necessidades de algumas áreas do Órgão que, durante o recesso forense, não poderiam interromper completamente suas atividades; d) o responsável concorda que a comissão de licitação deveria ter definido critérios objetivos para a avaliação das propostas, não obstante defende, transcrevendo comentários de Hely Lopes Meirelles, que, na apreciação da finalidade, o julgador pode utilizar-se de todos os métodos para a sua verificação. 6. Analisando as justificativas apresentadas, o informante considera aceitável o pagamento de horas extras com folgas previamente acordadas, por não violar dispositivos legais e, sobre os demais itens, considera que as alegações não elidem as falhas apontadas. 7. De fato, sobre o aluguel da escuna, o Analista argumenta
que não ficou comprovada a necessidade dessa iniciativa, já que as ilhas visitadas são pouco habitadas e conhecidas como lugares de grande beleza natural, largamente explorados por empresas turísticas, entre as quais se inclui a "LR Turismo", que alugou a referida embarcação. Ademais, em consulta realizada no SIAFI, em 07.08.95, verificou-se que o empenho dessa despesa foi especificado como de "aluguel de escuna para passeio de confraternização referente a encontro de presidente e corregedores deste TRT" e não há menção à "Junta de Conciliação e Julgamento itinerante". 8. Sobre o fornecimento de alimentação a servidores, consulta ao SIAFI revelou que os empenhos correspondentes foram registrados com dispensa de licitação e através de suprimento de fundos, o que comprova que não houve licitação e, em se tratando de restaurantes caros, não foi observado o princípio da economicidade. 9. Finalmente, a justificativa apresentada para a desclassificação da proposta de menor preço, questionada no item "d" da audiência, também não foi aceita. Os dizeres de Hely Lopes Meirelles, citados pelo responsável, não justificam qualquer violação ao princípio do julgamento objetivo e da vinculação ao instrumento convocatório. Permanece, assim, o entendimento de que o procedimento adotado pelo Órgão feriu o art. 3º do Decreto-Lei nº 2.300/86. 10. Diante dos fatos expostos, a Unidade Técnica, em pareceres uniformes, considera que houve prática de atos de gestão ilegítimos e antieconômicos além de descumprimento do art. 3º do Decreto-Lei nº 2.300/86 e propõe que as contas sejam julgadas irregulares com aplicação, ao responsável, da multa prevista no inciso III do art. 58 da Lei nº 8.443/92, determinando-se, outrossim, que o Tribunal Regional do Trabalho na Bahia adote providências com vistas ao ressarcimento das quantias dispendidas no aluguel da escuna (incluído no processo 80/92) e na compra de alimentos preparados (processos 163/92, 192/92, 531/92, 379/92 e 52/92). 11. O Ministério Público (fl. 145) aquiesce à proposta da Unidade Técnica, entendendo que se possa, ainda, autorizar a medida prevista no inciso II do art. 28 da Lei Orgânica deste Tribunal, no caso de não atendida a notificação e determinar ao TRT/BA que informe a este Tribunal sobre as providências a que se refere a Unidade Técnica na conclusão de fl. 143. É o Relatório.
Voto do Ministro Relator: De acordo com as informações consubstanciadas no Relatório supra, verifica-se que as falhas apontadas nesta tomada de contas, que ensejaram a proposta da Unidade Técnica pela irregularidade, restringem-se às despesas com o aluguel de escuna e fornecimento de alimentação a servidores, além de descumprimento ao art. 3º do Decreto-Lei nº 2.300/86 em um único processo de licitação na modalidade convite. 13. O aluguel da escuna, embora impróprio, foi uma ocorrência isolada, relacionada ao encontro de Presidentes e Corregedores do TRT. Não houve locupletamento e, nos autos, não restam consignadas outras despesas semelhantes que pudessem ser inquinadas como não condizentes com as funções do Órgão. 14. Quanto ao fornecimento de alimentação a servidores, a impropriedade apontada pela análise da Unidade Técnica circunscreve-se à inobservância do princípio da economicidade, constante no art. 1º da Lei nº 8.443/92. Contrariando o declarado pelo responsável, não restou comprovado que tenha havido licitação para a seleção da proposta de melhor preço e, de fato, a consulta ao SIAFI, realizada pelo informante, indica que a aludida compra se deu por dispensa de licitação, através de suprimento de fundos. Por outro lado, não há, nos autos, informação de quantidades ou cotejo de preços que permitam, efetivamente, constatar a falta de economicidade, que é apontada com base na informação de que os mencionados restaurantes são considerados de luxo na cidade de Salvador. Ademais, pelas informações disponíveis, o fornecimento dessas refeições ficou restrito às ocorrências apontadas, anteriores à implantação do Programa de Vale-Alimentação, após o qual não teria havido mais gastos dessa natureza. 15. Finalmente, a irregularidade relativa à desclassificação da proposta de menor preço no convite 25/92 requer determinação ao Órgão para que observe os dispositivos da Lei nº 8.666/93 alusivos ao julgamento das propostas nos processos de licitação, especialmente no que tange à estrita conformidade com os critérios previamente estabelecidos no edital (arts. 43, incisos IV e V, 44, "caput" e 1º e art. 45, "caput" da Lei de Licitações). 16. Dessa forma, tendo em vista a posição adotada por este Tribunal no julgamento de falhas de natureza análoga (Acórdão 249/96-1ª Câmara, Acórdão 101/94 - Plenário, Acórdão 641/94-2ª Câmara) e, considerando que as impropriedades detectadas já foram
sanadas ou corresponderam a ocorrências isoladas, entendo que as presentes contas devam ser julgadas regulares com ressalva, sem prejuízo de que sejam feitas ao Órgão as determinações pertinentes. Pelo exposto, Voto no sentido de que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a este Colendo Plenário. Indexação: Tomada de Contas; TRT Região 05; Despesa; Licitação; Julgamento das Propostas; Edital; Preço; Cotação de Preços; Aquisição; Alimentação; Suprimento de Fundos; Hora Extra; Aluguel; Festividade; Festividade; Convite; Dispensa de Licitação;