maiores empresas 146 MIL MILHÕES de euros é o valor do volume de negócios das 1.000 maiores empresas nacionais.



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Transcrição:

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 6064 DE 03 DE DEZEMBRO DE 2014 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE PUB 1000 maiores empresas 146 MIL MILHÕES de euros é o valor do volume de negócios das 1.000 maiores empresas nacionais. ENTREVISTA Pedro Ferraz dacosta: Ganharíamos se houvesse uma visão focada no IDE. PETROGAL domina ranking e é líder incontestada no sector das petrolíferas e combustíveis. A OPINIÃO de especialistas sobre empresas, emprego, internacionalização, sustentabilidade e fiscalidade. EDP E PINGO DOCE na segunda e na terceira posição de um ranking dominado pela energia e retalho. QUAIS SÃO OS MAIORES sectores e as cinco empresas que os lideram.

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II Diário Económico Quarta-feira 3 Dezembro 2014 1000 MAIORES EMPRESAS Facturação cai, mas lucros sobem em 2013 Petrogal continua a ser a maior empresa portuguesa, logo seguida pela EDP Serviço Universal e pelo Pingo Doce. RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt Em 2013, as 1.000 maiores empresas nacionais facturaram um total de 146 mil milhões de euros, menos dois mil milhões do que em 2012. Porém, apesar da quebra na facturação, lucraram 4,6 mil milhões, contra os 3,9 mil milhões obtidos em 2012. A soma dos valores é feita com base nos dados da IGNIOS, que todos os anos elabora o ranking das 1.000 maiores empresas nacionais para o Diário Económico. Mais uma vez, a Petrogal lidera o ranking, tendo o seu volume de negócios aumentado 4,3% face ao ano anterior. Mas se a facturação atingiu no ano passado os 10,8 mil milhões de euros, os resultados líquidos caíram 457%, ficando nos 70,2 milhões de euros. Quem também mantém o segundo lugar há já alguns anos, e registou igualmente uma quebra de lucros, foi a EDP Serviço Universal. A empresa lucrou menos 105,8% em 2013, do que em 2012, com lucros de 1,4 milhões de euros. A eléctrica facturou em 2013, 4,4 mil milhões de euros, menos 10,3% do que em 2012, muito por culpa da mudança de clientes para outra empresa do grupo, a EDP Comercial, devido à liberalização do mercado de electricidade. Esta é, aliás, a única empresa estreante no top 10 das 1.000 maiores e aquela que registou o melhor desempenho, subindo 11 posições. Em 2012 ocupava o 21º lugar e em 2013, conquistou a décima posição devido à subida em 72% da facturação, agora nos 1,9 mil milhões de euros. Em contrapartida os resultados líquidos caíram 26,6%, para dez milhões de euros. Importante referir que nos primeiros dez lugares está ainda outra empresa do grupo EDP, a EDP Distribuição, que em 2013 ocupava a sexta posição, tendo caído um lugar face a 2012. Apesar da queda na posição do ranking, a empresa viu quer a sua facturação quer os resultados líquidos aumentarem para 2,6 mil milhões de euros e 252 mil euros, respectivamente (subidas de 1,4% e 18,6%). Voltando aos primeiros lugares do ranking, o Pingo Doce manteve a terceira posição, registando um crescimento de 4,2% no volume de É o sector da electricidade, água e gás que tem maior peso no volume de negócios total. negócios, que atingiu os 3,4 mil milhões de euros. No entanto, em termos de resultados líquidos, estes caíram 111,9%, para 1,2 milhões de euros. Também a Modelo Continente hipermercados manteve o lugar ocupado no ano anterior. A quarta posição deve-se a um volume de negócios de 3,3 mil milhões de euros, mais 7,5% do que em 2012. Já os lucros dispararam 88% para os 68 milhões de euros. A completar o top cinco está a Galp Gás Natural, que subiu uma posição, com a facturação a crescer 10,2%, para os 2,6 mil milhões de euros. De frisar que a TAP, que se encontrava na sétima posição em 2012, desceu um posto para o oitavo lugar e a Repsol mantém-se em nono. Quem saiu do top 10 foi a Autoeuropa, que em 2012 ocupava a décima posição e em 2013 caiu para o 13º lugar, por culpa de uma descida de 17,2% da facturação de 1,6 mil milhões de euros. Os resultados líquidos também caíram 37%, atingindo os 33 milhões de euros. Foram 25 os sectores analisados no ranking das 1.000 maiores empresas, dos quais se conclui ser o sector da electricidade, água e gás o que tem maior peso no volume de negócios total. As 56 empresas deste sector facturaram quase 21 mil milhões de euros. Logo a seguir vem o sector petrolífero e combustíveis, com uma soma total de facturação das 25 empresas que o compõem de 18,7 mil milhões de euros. É destes dois sectores que sai a esmagadora maioria das maiores empresas. Além da Petrogal, no nono lugar está a Repsol, sendo que a BP e a CEPSA constam nos primeiros 20 e a PRIO Energy e a Alcapetra, nos 50 primeiros do ranking. Do sector electricidade, água e gás, são seis as empresas que estão no top 10. E, se tivermos em conta os 50 primeiros lugares, estão mais cinco. De sublinhar que o ranking é ainda dominado pelo sector do retalho, composto por 43 empresas, duas das quais no top 10 e mais cinco nos primeiros 50, como a Auchan, o Dia Portugal,oRecheioeaMakro. A empresa que ocupa a posição 1.000 Qualidade, liderança e serviço são os três conceitos chave que hoje em dia fazem sentido e que a Centrauto elegeu para si, como forma de servir o automóvel, os clientes e o país. A afirmação é de João Pedro Rocha, sócio gerente da Centrauto, empresa que tem honras de fechar o ranking da 1.000 maiores empresas nacionais. Especialista há 26 anos em distribuição de componentes automóveis, a Centrauto, sedeada em Oliveira do Bairro, Aveiro, tem uma rede de 64 lojas em todo o país, dos quais seis na ilha da Madeira. Em 2013 facturou 31,7 milhões de euros, prevendo para este ano um volume de negócios de 34 milhões. Para 2015 a previsão é de manter-se o nível de facturação, podendo haver um crescimento de 7%, confessa. Para isso, muito poderá contribuir a ampliação previstas das lojas já existentes e a construção de novas instalações. João Pedro Rocha frisa ainda que o lema da empresa é Prioridade à Rentabilidade e os valores, a precisão, integridade e inovação. De frisar que a Centrauto conta hoje com uma Plataforma de Distribuição Nacional na zona centro, e vende uma gama muito vasta de produtos, empregando 420 colaboradores.

Quarta-feira 3 Dezembro 2014 Diário Económico III Factos sobre as 1000 MAIORES Grupo PT tem oito empresas no ranking. A TAP continua a ser a empresa que mais gasta com pessoal. E o sector do retalho tem cinco empresas no top 50. GRUPO PT E GRUPO PORTUCELSOPORCEL DOMINAM NO RANKING O Grupo PT é o que tem mais empresas no ranking das 1000 maiores. No total são oito: PT Portugal, PT Comunicações, PT Cloud e Data Center, PT Contact, PT Inovação, PT Centro Corporativo, PT Pro e PT Sales. Logo a seguir vem o grupo PortucelSoporcel, com seis empresas no ranking : Portucel Papel Setúbal, PortucelSoporcel Florestal, PortucelSoporcel Fine paper, Soporcel Sociedade Portuguesa de papel e Soporcel Pulp. CUSTOSCOMOPESSOAL ATAPéaempresadotop 10 que mais gastou em 2013 com pessoal: 457 milhões de euros. Já a Galp Gás Natural foi a que menos gastou. Cerca de 919 mil. RENTABILIDADE Quanto à rentabilidade, a empresa que ganha nesta matéria é a EDP Energias de Portugal, com 31,9%. Na produtividade é também a Galp Gás Natural que ganha, atingindo os 210,87 euros. MAIOR NÚMERO DE TRABALHADORES O sector dos serviços é o que emprega maior número de trabalhadores, por incluir as empresas de trabalho temporário e também todo o sector hospitalar. E sobre isto, é importante referir o peso crescente das empresas de trabalho temporário. Em 2013, constavam seis, com a entrada da Manpower, e com a Adecco e a Tempo Team a serem as únicas a descer de posição. A Randstat subiu 63 lugares para a 180º posição. A Multipessoal subiu 142 lugares para a 761ª posição e a Kelly Services a subir 54 lugares, para o 463º posto. Num sector que facturou um total de 9,4 mil milhões de euros, as seis empresas em conjunto facturaram 416 milhões euros. RENTABILIDADE O tecido empresarial das maiores empresas portuguesas tem uma grande componente exportadora. Mais de 75% das empresas exportam os seus produtos. RETALHO COM GRANDE PESO NO RANKING No sector do retalho, composto por 43 empresas, duas estão no top 10 e mais cinco nos primeiros 50, como a Auchan, o Dia Portugal, o Recheio e a Makro. TELECOMUNICAÇÕES FORTES Também os gigantes das telecomunicações estão em alta, com a PT em 11º, a MEO em 21º, a Vodafone em 22º eanos em 29º. E.P.E. FACTURAM 2,2MILMILHÕESDEEUROS São 16 as entidades públicas empresariais que constam no ranking. Em conjunto, facturaram, em 2013, 2,2 mil milhões de euros, com o Centro Hospitalar de Coimbra a liderar, atingindo os 363,4 milhões de euros de facturação, mais 1,8% do que em 2012, e apresentando mais 9,3% de lucros. No segundo lugar, a CP atingiu um volume de negócios de 229,6 milhões de euros, menos 2,8%, tendo diminuído em 1,3% os lucros. O Centro Hospitalar de Lisboa ficou no terceiro posto com 200,3 milhões, mais 2,2%, e uma subida de 111% nos lucros. R.C. Bruno Barbosa

IV Diário Económico Quarta-feira 3 Dezembro 2014 1000 MAIORES EMPRESAS Manuel Ferreira de Oliveira é presidente executivo da Galp Energia desde Janeiro de 2007. O grupo Galp tem quatro empresas no ranking das 1.000 maiores. Paulo Alexandre Coelho Petrogal lidera com volume de negócios destacado A empresa do grupo Galp Energia facturou mais seis mil milhões de euros que a EDP SU, que está em segundo. RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt A diferença de seis mil milhões de euros a mais na facturação comparativamente à empresa que ocupa o segundo lugar, mostra a liderança incontestável da Petrogal no ranking das 1.000 maiores empresas nacionais. Não só é a maior empresa nacional, como também a maior exportadora, uma vez que a esmagadora maioria da facturação provém dos negócios internacionais. Em 2013, a petrolífera alcançou um recorde de 4,15 mil milhões de euros de vendas para fora de Portugal e este ano prevê atingir um número semelhante. A Petrogal - Petróleos de Portugal é uma das empresas subsidiárias do grupo Galp Energia, constituído ainda pela GDP, Galp Power e a Galp Energia, todas constantes no ranking. Moçambique, Brasil e Angola são mercados estratégicos e os pilares do plano de crescimento da Galp nos próximos anos. O aumento de 4,3% no volume de negócios conseguido em 2013, que totalizou os 10,8 mil milhões de euros, contrasta com a queda vertiginosa de 457% nos resultados líquidos do grupo em 2013, que atingiram 70,2 milhões de euros. O grupo Galp Energia está presente em dez países, num total de 60 projectos petrolíferos. O objectivo é atingir uma produção de 300 milhares de barris de petróleo a partir de 2020. Porém, já este ano, os números - não constantes neste ranking - mostram tendência contrária. A Galp (grupo) atingiu resultados líquidos na ordem dos 93 milhões de euros até Setembro, sendo que para esta performance foi determinante o reforço em 50% da produção de petróleo no Brasil. A empresa prevê iniciar brevemente a operação de uma nova plataforma petrolífera na Bacia de Santos, onde possui as suas maiores reservas de crude e para onde canalizará a esmagadora maioria dos 1,5 mil milhões a 1,7 mil milhões de euros do seu programa de investimentos anuais até 2018. Naquele país será canalizado 90% do pacote de investimento de 8,3 mil milhões de euros previstos. Importante será frisar que a actividade de exploração e produção de petróleo e gás natural assume um peso cada vez mais expressivo nas contas da Galp, tendo absorvido 88% dos 776 milhões de euros investidos pelo grupo nos primeiros nove meses do ano. Dos 915 milhões de euros de resultado bruto de exploração gerados pela Galp no final de Setembro, 342 milhões de euros (mais 19% do que em igual período de 2013), são relativos à exploração e produção de petróleo. Um negócio repartido por nove países, sendo Moçambique o país onde se concentram as grandes expectativas futuras da empresa. A Galp espera já no segundo trimestre de 2015 ter dados que lhe permitam clarificar o investimento necessário para avançar com a produção de gás natural, a partir de 2019-2020. O grupo está presente em dez países, num total de mais de 60 projectos, com perspectivas de atingir uma produção de 300 milhares de barris de petróleo a partir de 2020. Em Portugal a empresa está a apostar no Alentejo, onde detém três blocos de exploração e produção de petróleo. Steven Santos, gestor da corretora XTB, diz que Galp Energia fecha o ano em terreno negativo, penalizada pela desvalorização acentuada do petróleo Brent. Para 2015, acredita que a acção do grupo deverá continuar a ser condicionada pela cotação do petróleo.

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VI Diário Económico Quarta-feira 3 Dezembro 2014 1000 MAIORES EMPRESAS Quatro empresas do universo EDP no top 10 das mil maiores empresas Mercado liberalizado faz EDP Comercial entrar para as dez primeiras. EDP SU ocupa o segundo lugar. OgrupoEDPestáemaltanotop10das maiores empresas nacionais. São quatro as empresas presentes nos lugares cimeiros. A EDP Serviço Universal manteve o segundo lugar, com uma facturação em 2013, de 4,4 mil milhões de euros. Porém, devido ao processo de liberalização do mercado de electricidade, a empresa tem sentido uma natural redução de contratos, como confessa fonte do grupo ao Diário Económico. A empresa registou no ano passado uma queda de 10,3% nos resultados líquidos. Mas permanece forte no mercado ao manter uma significativa base de clientes (actualmente, mais de dois milhões de clientes), como frisa a mesma fonte, que destaca o facto da EDP SU ter sido designada pelo regulador como o comercializador de último recurso, tendo a responsabilidade de fornecer energia a todos os consumidores que, por diversas razões, não possam ser servidos pelos restantes comercializadores. Quanto à EDP Distribuição, esta desceu um lugar, passando de quinto para o sexto posto. Já a EDP Energias de Portugal recuperou um lugar, tendo, em 2013, ocupado a sétima posição. É, porém, a EDP Comercial a empresa do grupo em destaque, visto ter subido onze posições, entrando assim para o grupo das dez maiores empresas de Portugal, ocupando o último lugar do top 10. A boa performance deve-se à liberalização do mercado de electricidade, que, segundo o grupo, tem sido acompanhado por uma crescente intensidade competitiva no segmento residencial, onde mais de três milhões de consumidores já optaram pela mudança para o mercado livre. Destes, mais de 85%, ou seja, mais de 2,7 milhões de clientes, escolheram a EDP como fornecedor, o que compara com os cerca de 270 mil clientes que tinha no final de 2011, frisa o grupo liderado por António Mexia. O sucesso face à concorrência está relacionado com a actuação seguida no mercado livre e que, diz o grupo, passa por desenvolver uma oferta de produtos e serviços inovadores que vão de encontro às necessidades dos clientes. O grupo destaca a o serviço de electricidade e gás numa só oferta, e a disponibilização de serviços de conforto como o Funciona e a Factura Segura. António Mexia comanda o grupo EDP desde 2005. Já foi considerado várias vezes um dos melhores gestores portugueses. O plano de negócios 2015- -2017 tem, como linhas estratégicas, a redução do nível de endividamento e um reforço da disciplina do investimento. Plano de negócios 2015-2017 De salientar que a empresa aprovou em Maio o seu plano de negócios para 2015-2017 e que tem como linhas estratégicas a redução do nível de endividamento e um reforço da disciplina do investimento. Com este plano, o grupo quer procurar o equilíbrio entre o crescimento e a desalavancagem. Quer manter um perfil de baixo risco dos seus activos, protegidos por contratos de longo prazo de fornecimento de energia e enquadramentos regulatórios favoráveis e pretende reduzir os custos operacionais. Como metas estão a redução do investimento em novos projectos e o corte da dívida. Assim, do programa de quatro mil milhões de euros que serão gastos até 2017, cerca de 1.950 milhões destinam-se à manutenção de activos, o equivalente a 650 milhões de euros anuais. Articulado com o seu parceiro estratégico e principal accionista - a China Three Gorges - este plano tem ainda como missão preparar a eléctrica para oportunidades de crescimento em novas geografias. Se no último programa de investimentos apresentado ao mercado em 2012, previa-se um esforço financeiro em expansão e manutenção do negócio de dois mil milhões de euros anuais, esse número desceu para 1.700 milhões de euros em 2014 e será de 1.500 milhões em 2015. Um corte que se fará sentir sobretudo na área das renováveis na Europa. Em contrapartida, o grosso dos seus esforços irão para os EUA e para o reforço da produção hidroeléctrica no Brasil. Após essa data, o grupo já fez saber que estará de olhos postos na América Latina e no sul de África, com destaque para Moçambique, alvos que assentam em duas tecnologias (hídrica e eólica) De frisar o facto de, em 2014, e pelo segundo ano consecutivo, a EDP ter sido considerada líder mundial do sector de Electricidade, Água, Gás) do Índice Dow Jones de Sustentabilidade. Sobre o comportamento da EDP em bolsa, Steven Santos, gestor da XTB, realça que o grupo teve um ano muito favorável, beneficiada pelo aumento da procura e pelo esforço de redução do endividamento. No início de 2015, o responsável prevê uma correcção ligeira, em linha com as quedas no PSI 20. R.C. Paulo Alexandre Coelho

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VIII Diário Económico Quarta-feira 3 Dezembro 2014 1000 MAIORES EMPRESAS As 10 primeiras do ranking Paula Nunes PedroSoaresdosSantosacumula o cargo de administrador-delegado com o de presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins, desde da saída do pai, Alexandre Soares dos Santos. Vendas cresceram e reforçam terceiro lugar do Pingo Doce Até Setembro, as vendas líquidas do Pingo Doce cresceram menos de 2%. Já os lucros da Jerónimo Martins registam queda de 15,5%. Grupo vai entrar no agroalimentar. O Pingo Doce manteve, em 2013, a terceira posição no ranking das 1.000 maiores empresas nacionais, ao atingir perto de 3,4 mil milhões de euros de facturação, mais 4,2% do que em 2012. Porém, os resultados líquidos caíram, nesse ano, quase 112%, para 1,2 milhões de euros, uma tendência que, de acordo com os números divulgados pela Jerónimo Martins em Outubro, se mantém. É que além das vendas líquidas do Pingo Doce terem crescido menos de 2% nos primeiros nove meses de 2014, no mesmo período os lucros da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, caíram 15,5% entre Janeiro e Setembro face a igual período de 2013, para 237 milhões de euros. Uma situação que Pedro Soares dos Santos, CEO, disse em entrevista ao Expresso esta semana, que se deve à deflação nos produtos alimentares tanto em Portugal, como na Polónia, e que tirou ao grupo quase 800 milhões de euros este ano. A solução, referiu, passa por ganhar eficiência nas cadeias de abastecimento e na logística. A nova estratégia apresentada em Novembro prevê mais agressividade comercial nos dois países com o objectivo de pôr as lojas a produzir mais, torná-las mais atraentes, avançar com mais promoções, baixar os preços e racionalizar melhor os investimentos. Na mesma entrevista ao jornal Expresso, Pedro Soares dos Santos admitiu estar descartada a intenção de entrar na Ucrânia e garantiu que até final do ano, o grupo terá perto de 80 lojas na Colômbia, mais do que as 54 planeadas inicialmente. Outra novidade é a entrada na produção agroalimentar, uma área que será liderada por António Serrano, ministro da Agricultura entre 2009 e 2011. Para tal, foi já criada a Jerónimo Martins Agroalimentar. O objectivo passa por proteger a cadeias de abastecimento e dar garantias na segurança alimentar. A entrada nesta área dará acesso a produtos que podem depois ser exportados para a Polónia e para a Colômbia. O investimento rondará os 50 milhões de euros, dos quais 33 milhões serão para construir uma fábrica de leite que deverá estar em funcionamento até final do primeiro semestre de 2017. Além do leite, mais duas áreas prioritárias de actuação: peixe em aquacultura e carne de bovino. De frisar ainda o investimento em novas linhas de produção e a abertura de centros de distribuição em Valongo e em Lisboa. Na opinião de Steven Santos, gestor da corretora XTB, a Jerónimo Martins viveu um dos seus piores anos de sempre em bolsa, perdendo quase metade da sua capitalização bolsista. O responsável garante que o grupo está a acompanhar a forte tendência pessimista das retalhistas europeias, informando não haver ainda sinais de inversão. Steven Santos diz que o investimento no aumento da área de venda com a abertura de novas lojas Pingo Doce põe a Jerónimo Martins bem posicionada para aproveitar uma fase de maior crescimento em Portugal. R.C. 1 Petrogal É líder em vendas e em exportações. 2 EDP SU Empresa do grupo EDP, liderada por António Mexia, mantém aposição. 3 Pingo Doce Há dois anos subiu para o terceiro lugar e tem conseguido manter lugar no pódio. 4 Modelo Continente Insígnia da Sonae MC, empresa do grupo Sonae, responsável pela área de retalho, dona também da Continente Hipermercados, que ocupa o 41º lugar do ranking, e da marca Zippy, 213ª. 5 Galp Gás Natural Faz parte do grupo Galp Energia e subiu uma posição. 6 EDP Distribuição Empresa do grupo responsável pela distribuição de energia eléctrica em todo o território. Caiu uma posição. 7 EDP Energias de Portugal Empresa cresceu em 13,15 a facturação atingida em 2013, atingindo os 2,5 mil milhões de euros. 8 TAP 2014 foi para a TAP marcado pelo crescimento e consolidação do seu posicionamento em mercados prioritários. 9 Repsol Portugal Manteve a mesma posição de 2012. O nono lugar. No 30º lugar do ranking consta outra empresa do grupo, a Repsol Polímeros, líder do sector químico. 10 EDP Comercial Estreante no ranking, depois de subir 11 posições, a EDP Comercial é a empresa do Grupo EDP que actua no mercado livre de energia.

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X Diário Económico Quarta-feira 3 Dezembro 2014 1000 MAIORES EMPRESAS Orçamento de Estado foi entregue pela ministra das Finanças na Assembleia da República no final de Novembro. OPINIÃO MARIA JOÃO ROCHA DE MATOS DIRECTORA GERAL AIP FEIRAS, CONGRESSOS E EVENTOS Criamos oportunidades de negócio Paulo Figueiredo PERGUNTAS & RESPOSTAS OE 2015: o que vai mudar para as empresas A redução da taxa de IRC para 21% tem sido uma das medidas mais polémicas e mais contestadas pelo Partido Socialista. PAULA CRAVINA DE SOUSA paula.cravina@economico.pt Empresas com volume de negócios superior a 100 mil euros terão de comunicar os inventários pela Internet. O Orçamento do próximo ano não traz muitas alterações para as empresas em termos fiscais. A maior parte das mudanças foi introduzida já este ano, quando a reforma do IRC entrou em vigor. No entanto, apesar de não haver muitas novidades, há algumas significativas. 1 Descida da taxa de IRC A redução da taxa de IRC tem sido um dos temas mais importantes e sensíveis em termos políticos. O Orçamento do Estado para 2015 (OE/15) prevê a redução da taxa de IRC de 23% para 21%, mas esta medida tem sido abertamente contestada pelo PS. Noanopassadofoifeitoumacordoentreo Governo e o PS ainda com António José Seguro à frente do partido que previa a ponderação da redução da taxa de IRC. Ora, o Governo tem acusado o PS de romper o acordo conseguido para a reforma do IRC, que previa não só a ponderação da redução gradual da taxa de IRC, mas também a análise de uma descidadoirsedoiva.noentanto,opsrejeita estas acusações e considera que quem não cumpriu o acordo foi o Executivo, apresentando uma redução unilateral da taxa de IRC sem qualquer alívio sobre as famílias. Os socialistas chegaram mesmo a apresentar uma proposta de alteração ao orçamento para anular aquela descida, mas na semana passada o OE/15 foi aprovado pela maioria eoimposto pago pelas empresas vai mesmo descer no próximo ano. 2 Comunicação electrónica de inventários Outra das alterações introduzidas tem a ver com a comunicação electrónica de inventários que passou a ser obrigatória para as empresas com um volume de negócios superior a 100 mil euros. Assim, as empresas ou contribuintes com contabilidade organizada e com sede em território nacional e que estejam já obrigados a fazer um inventário terão de comunicar à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) até 31 de Janeiro. A comunicação deve ser feita por transmissão electrónica de dados e deve referir-se ao inventário respeitante ao último dia do exercício anterior. 3 Alterações no regime de bens em circulação São também introduzidas algumas mudanças no regime de bens em circulação. Excluem-se da obrigação de comunicação o transporte de bens registados como activo fixo tangível. Ou seja, só se comunicam ao Fisco quando pertencem a terceiro. Clarifica-se ainda a definição de remetente e inclui-se outras empresas que façam prestação de serviços com o transporte dos bens. As feiras de negócios são uma ferramenta de marketing extremamente importante e podem mesmo ser decisivas para o sucesso no mercado. São, desde tempo imemoriais, o ponto de encontro entre a oferta e a procura. Actualmente, com o desenvolvimento de novos modelos de aproximação ao mercado, as feiras actuam como um facilitador de negócios. Tendo como principal missão a promoção, o desenvolvimento económico e social nacional, a AIP Feiras, Congressos e Eventos, sob a égide da Fundação AIP, apoia as empresas e entidades participantes na promoção e desenvolvimento dos seus negócios e actividades, ao proporcionar um encontro com a sua procura efectiva, mas também potencial. Apesar de se viver uma época em que a globalização digital assumiu um papel muito importante, este encontro continua a ser uma etapa fundamental no meio empresarial. Os seres humanos são pessoas sociais e a construção da confiança passa pelo conhecimento e a relação pessoal. É por isso que trabalhamos lado-a-lado com os expositores, desenvolvendo programas para que as feiras ou eventos se construam à medida das necessidades dos sectores presentes. Esta preparação é feita em colaboração com especialistas, parceiros e com os próprios players. Temos, por exemplo, um programa de visitantes estrangeiros às feiras que inclui igualmente um plano de visitas às instalações de empresas nacionais, para que vejam in loco as suas competências e capacidades. Procuramos proporcionar assim à nossa comunidade empresarial condições para o seu crescimento, para o aumento da sua produtividade e capacidade competitiva, tanto no mercado nacional como internacional, fomentando a inovação, a qualidade e a exportação. E é por isso que, com uma área global de 100.000 m2, a FIL, no Parque das Nações, oferece um plano de feiras focado nos principais sectores de actividade da nossa economia, complementado por um plano de actividades em mercados internacionais, onde temos o mesmo cuidado de assegurar contactos empresariais locais. Venha descobrir-nos em: www.fil.pt

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XII Diário Económico Quarta-feira 3 Dezembro 2014 1000 MAIORES EMPRESAS ENTREVISTA PEDRO FERRAZ DA COSTA PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO DO FORUM PARA A COMPETITIVIDADE Ganharíamos se houvesse uma visão mais focada no IDE Dirigente do Forum para a Competitividade defende atracção de investimento. IRINA MARCELINO irina.marcelino@economico.pt O presidente do Conselho Directivo do Forum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa, considera que as empresas portuguesas precisam de olhar mais para fora e esquecer o mercado interno. O que tem feito o Forum para promover a competitividade das empresas? O Forum tentou defender que os sucessivos governos usassem políticas públicas que facilitasse a evolução positiva das empresas e no sentido de assumir que Portugal, com um mercado interno diminuto, terá de ter um padrão de desenvolvimento semelhante ao de outros países pequenos como a Bélgica, a Holanda, a Dinamarca ou a Suécia. O sector do calçado já está nessa situação, porque o mercado interno representa apenas 5%. De 2000 a 2010 a concentrámo-nos numa crítica à política macroeconómica que estava a ser seguida e que, tínhamos a certeza, nos iria levar a uma situação de bancarrota financeira e de anulação do crescimento. Temos nessa preocupação de análise tentado identificar as linhas de orientação. Uma das conclusões a que chegámos recentemente foi que os esforços de Portugal no comércio externo estão a ser feitos em mercados que não têm crescido. Mas o ministério da Economia não está a reorientar essa estratégia? O ministério da Economia tem uma atitude simpática com as empresas, mas ganharíamos se houvesse uma visão mais focada no Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e nos sectores mais promissores. Como deveria funcionar a visão mais focada? A selecção feita de 20 sectores onde podemos ter mais sucesso é bullshit porque talvez não sejam mais de dois ou três. Se virmos o IDE na maior parte dos países europeus, ele centra- -se em três ou quatro áreas. Em que áreas se devia concentrar Portugal? Temos nas TIC (tecnologias de informação e Há neste momento, a nível europeu, uma grande oportunidade, com as empresas apassarem do offshore para o nearshore. Eeste nearshoring parece ser feito de propósito para nós. Emprego qualificado Para Pedro Ferraz da Costa, adestruiçãodepostosde trabalho que se deu durante a crise dá-se todos os anos e é normal, incidindo principalmente sobre quem é menos qualificado. Mesmo no alto da crise, aumentou-se postos de trabalho nas pessoas mais qualificadas, considera. A selecção feita de 20 sectores onde podemos ter mais sucesso é bullshit porque talvez não sejam mais de dois ou três, diz. comunicação) indiscutivelmente grandes vantagens. Ao nível de serviços e da ligação entre as tecnologias de informação e as finanças, temos muita gente formada e competitiva. Nos serviços com valor acrescentado já há alguns com alguma dimensão e outros poderão vir a ter. Mas mesmo quem já está instalado tem problemas específicos como rendimentos em parte do ano, expatriações difíceis de ser consideradas fiscalmente, etc.. Se queremos atrair gente, temos de aceitar a mobilidade. Na agricultura era importante concentrar actividades de forma a libertar margem para esforço de marketing. Temos qualidade muito superior à imagem e isso é dramático porque são recursos que se perdem. É só um problema de imagem? O que é que o sector do calçado fez para se destacar? Foram 25 anos. Essas coisas demoram muito tempo. Há esforços grandes que são feitos e é como se andassem debaixo de água: quando vêm à tona os seus resultados é que nos apercebemos do esforço. Quando três vinhos portugueses estão entre os cinco melhores do mundo, isso significa que se conseguiu fazer uma mudança brutal nesse sector. E ainda não estamos a colher todos os frutos. Agora, isso implica promoção externa centralizada em determinadas áreas e implica dizer quais são as áreas prioritárias e quais não são. Para si, o que é prioritário e o que pode esperar? Não quero estar a ter ideias pré concebidas. Há que estudar, há que prever, há que associar os responsáveis porque quem arrisca são as empresas, e não quem faz o estudo de mercado. As associações sectoriais deviam ocupar-se muito dessa tarefa, da interacção com a AICEP, com o governo, com think tanks. Há sectores onde já se sente isso. O sector do outsourcing de tecnologias de informação é um deles. Há neste momento, a nível europeu, uma grande oportunidade, com as empresas a passarem do offshore para o nearshore. E este nearshoring parece ser feito de propósito para nós. Paula Nunes

Quarta-feira 3 Dezembro 2014 Diário Económico XIII Estão a acontecer coisas muito boas nas quais não se ouve falar Portugal tem a dimensão ideal para ser um mercado de teste antes da internacionalização. Ferraz da Costa defende que atrair o IDE será a única forma de resolver o problema do desemprego, o mais complicado de resolver. O que tem piorado para a competitividade das empresas? Temos uma grande carga burocrática associada aos licenciamentos e o facto de não se dar valor ao desenvolvimento empresarial é frustrante. Os ministros dizem sempre que fazem imenso esforço para reduzir o tempo de licenciamento, mas o que é certo é que o ministro do Ambiente não quer, por uma questão de poder, e o primeiro-ministro não arbitra a favor do desenvolvimento industrial. Nós não somos um país especialmente poluente, mas houve várias directivas europeias que foram transpostas para Portugal por um bando de teóricos dessas coisas que não têm muita noção da medida, do que aplicam, e causam imensos inconvenientes. Mesmo nos casos em que estamos todos de acordo no que é necessário cumprir, o tempo que demora a legalizar, a legislação contraditória quando vem uma equipa fazer o licenciamento de instalações já são dez ou 11 departamentos que se fazem representar. Só para conciliar datas é uma loucura. É essa a razão para tão pouca indústria? É essa uma das razões que nos cria dificuldades para atrair IDE nessa área. Nos inquéritos aos investidores do Banco Mundial, da OCDE, estão sempre à cabeça quatro ou cinco dificuldades: o licenciamento, o contencioso fiscal, a morosidade da justiça e dificuldade em cobrar créditos e a flexibilidade laboral. Era preciso um simplex do licenciamento? Há muito coisa possível de fazer. É preciso o país perceber que apoiar o IDE e o investimento das empresas é a única hipótese de resolvermos o problema do desemprego, que é o problema mais complicado. O do desequilíbrio externo já está relativamente resolvido. Mas há muitas coisas que já estão a acontecer e que ainda não se estão a ver os resultados. Em que áreas? Em várias, nos vinhos, na saúde, onde as dezenas de start ups são uma coisa impressionante. Muitas delas chegarão ao mercado. Portugal é um país com dimensão ideal para ser um mercado de teste antes da exportação e da internacionalização. A maior parte das coisas que nos interessam não dependem do mercado interno. Nem vão depender. E se dependerem do mercado interno é melhor nem arrancarem porque isso é desperdiçar recursos. Mas a maioria das empresas ainda depende do mercado interno As coisas não mudam de um momento para o outro. As pessoas não mudam de repente, não se tornam todos internacionais de repente. Isso não é possível. Agora, a mudança que houve, por exemplo na entrada em mercados onde não estávamos, tem sido notável. Estão a acontecer muitas coisas boas das quais quase não se ouve falar. Orientação económica influencia ranking Sobre o ranking das 1.000 maiores empresas, dominado desde sempre pela Petrogal e por empresas como a EDP Universal, EDP Distribuição, TAP, mas também por retalhistascomoopingo Doce ou o Continente, Pedro Ferraz da Costa é peremptório: Reflecte o que foi a orientação económica nos últimos 20 anos. Têm quase todas a mesma origem, com ligações fortíssimas ao poder político e de sectores muito regulados. PUB

XIV Diário Económico Quarta-feira 3 Dezembro 2014?1000 MAIORES EMPRESAS LIBERALIZAÇÃO Oretrato das empresas portuguesas temvindoamudar consideravelmente nos últimos anos, com a liberalização de sectores como a energia ou a privatização de empresas de sectores estratégicos. Que consequências estão a ter e vão ter estas mudanças na economia portuguesa? SOFIA SANTOS Economista, Doutorada pela Middlesex University Co-Fundadora da SystemicSphere Maximizar o potencial desenvolvimento de Portugal A privatização de grandes empresas, outrora monopólios naturais como a energia, telecomunicações, gás, águas constitui uma fase normal no contexto do tipo de economia de mercado que se foi construindo nos anos 80 e 90. Com a mudança de propriedade surgem naturalmente várias questões fundamentais ao nível estratégico: o objectivo dessas empresas passa a ser a maximização dos dividendos dos accionistas? Os serviços prestados deixam de ser serviços de utilidade pública? Quem é o publico alvo dos serviços? Teoricamente, a liberalização dos mercados tinha subjacente a ideia de que, ao existirem vários players no mercado, a competitividade iria aumentar e, como tal, a qualidade do serviço iria melhorar e o preço baixar. E isto seriam boas notícias para o cidadão. No entanto, a realidade tornou-se bem diferente devido à forma como o mercado de capitais evoluiu, onde a pressão com os resultados trimestrais (e portanto de curto-prazo) se tornaram no único ponto da agenda da grande maioria dos chamados investidores. Neste contexto, pode ser questionável se o sector privado, tal como o sector público, tem um conjunto de ineficiências que limitam o seu potencial valor económico para a sociedade, o que significa que novas análises de custo/benefício deveriam ser realizadas para se compreender qual é o valor económico potencial gerado dessa privatização. Para Adam Smith, o fundador da economia de mercado, o Homem, independentemente do egoísmo que possa ter, tem evidentemente, alguns princípios na sua natureza que fazem com que ele se interesse pela fortuna dos outros, ficando feliz pela felicidade de outrem, não ganhando nada com isso, a não ser o prazer de ver essa mesma felicidade. E é neste pressuposto que Adam Smith errou: de uma forma geral, o Homem não se interessa pela felicidade dos outros, a não ser que tenha incentivos para isso. Numa economia onde o incentivo é a maximização dos lucros no curto prazo, então as privatizações podem constituir problemas futuros estruturais para os países. É o caso de Portugal. O que se tem passado com a PT, EDP e REN, com a entrada de capitais estrangeiros por parte de países que têm (esses sim) um interesse estratégico de longo prazo em Portugal devido ao acesso que este país lhes dá à Europa e aos Estados Unidos da América (EUA), irá ter consequências negativas a longo prazo na economia nacional. A negociação das privatizações em Portugal dá-se a níveis diferentes: para Portugal trata-se de um encaixe de curto-prazo com mais valias para o Estado e para os envolvidos nesses processos; para os investidores internacionais trata-se de um aposta num posicionamento geoestratégico que esses investidores querem ter no longo prazo. Este contexto não significa que as privatizações devam acabar. Significa sim que as privatizações devem também ser feitas de forma a maximizar o potencial desenvolvimento de Portugal a longo prazo. Isso sim, é a função de qualquer Estado. SANDRO MENDONÇA Professor de Economia da ISCTE Business School Grandes empresas num pequeno país: que lições? Um país com um pequeno mercado interno e limitados recursos será tão desenvolvido cá dentro quanto melhor se realizar lá fora. O crescimento da economia portuguesa tem de ser jogado no tabuleiro das exportações e da projecção de valor nos mercados externos. Para isso é necessária uma estrutura produtiva baseada em bens e serviços transaccionáveis de alto valor acrescentado. O retrato das 1000 maiores empresas de base nacional a que agora temos acesso permite desenvolver intuições sobre os caminhos que está a percorrer a economia portuguesa. Uma palavra metodológica. Uma análise económica séria da realidade produtiva deve estudar instituições concretas em tempo real. Este olhar estrutural e aplicado sobre a economia é muito diferente daquele que caracteriza o discurso dominante (o acompanhamento febril dos agregados que tantas vezes escondem aquilo que os compõem) assim como várias das retóricasdamoda(aeternaênfasenaspmese,mais recentemente, no empreendorismo). Em Portugal o Instituto Nacional de Estatística divulga regularmente indicadores censitários sobe o aparelho empresarial português e, hoje em dia também, o Banco de Portugal estuda empiricamente a dinâmica do sector produtivo nacional. Isso mostra que esta abordagem é mais que uma curiosidade; é fonte de informação útil para a tomada de decisões de política pública. O que aprendemos, então, com os novos dados? Em primeiro lugar notamos que existe resiliência. Apesar da crise a maioria das grandes empresas continua em actividade. Quer isto dizer que as grandes empresas, mesmo sem serem eternas (BES, PT, etc.), se constituem como activos de estabilidade do sistema económico como um todo e devem, por isso, ser alvo de atenção e exigência por parte da regulação. Em segundo lugar, apesar das vagas da alegada liberalização, as empresas de topo mostram ainda uma grande apetência pela extracção de valor num mercado interno protegido. Por exemplo, entre as cem maiores o comércio por grosso e a retalho é talvez demasiado expressivo (37 empresas!) bem como o peso da distribuição de energia (seis) e da construção (sete). Com estes temos exactamente 50% das maiores entre as maiores (top 100). Em terceiro lugar, continua a haver uma muito baixa densidade inovadora. Não mais de 50 empresas em 1000 podem ser consideradas como de alta-tecnologia (classificação OCDE). Certamente muitas das empresas portuguesas adoptam as tecnologias de último grito, mas quantas delas produzem patentes e exportam conhecimento para os mercados mais dinâmicos da globalização contemporânea? Assim, e em síntese, os padrões exibidos pelas populações de empresas permitem observações interessantes e úteis. Os dados mostram que as grandes empresas são, no seu conjunto, capazes de enfrentarem ciclos recessivos mas, também, que ainda existem demasiadas empresas especializadas em grandes importações e, em contrapartida, a economia continua muito pouco vocacionada para a geração e exportação de inovação.

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XVI Diário Económico Quarta-feira 3 Dezembro 2014 1000 MAIORES EMPRESAS? INTERNACIONALIZAÇÃO A estratégia das grandes empresas tem passado muito pela internacionalização. O que têm elas feitoeoque devem fazer para se equipararem às grandes empresas internacionais? NUNO DE SOUSA PEREIRA Dean da Porto Business School Valorizar e apoiar a inovação Quando se analisam as listas das maiores empresas na generalidade dos países desenvolvidos, Portugal incluído, encontra-se grande semelhança nos sectores representados: energia e combustíveis, indústria automóvel, retalho alimentar e serviços financeiros. Todos são sectores em que a escala tem importância. Em Portugal, a reduzida dimensão do mercado interno faz com que a liderança interna não se materialize em competitividade externa. Essa lacuna é agravada pelo modo como várias dessas empresas assumiram a liderança do mercado interno: ou resultando de monopólios estatais ou de protecção regulatória excessiva. Perante a crise económica e o impacto profundo sobre o consumo interno, a alternativa foi viragem para o exterior, por vezes de forma apressada, tentando apostar nos mercados emergentes, em particular de língua oficial portuguesa. Por estes motivos, dificilmente Portugal terá marcas globais ou empresas de dimensão para figurarem entre as maiores mundiais. A excepção poderá acontecer em domínios em que Portugal tem condições naturais excepcionais (turismo, indústria vinícola) e em que associa recursos a um know-how acumulado com vantagens competitivas (cortiça, calçado). Tal não significa que as empresas portuguesas não possam ser competitivas no processo de internacionalização, desde que procurem a excelência em domínios críticos. Primeiro, que optimizem toda a sua cadeia logística e de abastecimento e os seus processos internos para maximizarem a eficiência produtiva. Este será um elemento de sobrevivência. Segundo, que apresentem balanços sólidos que suportem elevados investimentos e o tempo necessário para que a internacionalização proporcione retorno. Terceiro, que se reforce a qualificação de quadros superiores e intermédios das organizações. Ter colaboradores preparados em todos os níveis das organizações para responder às mudanças permanentes nos mercados em que competem e para fomentar a inovação é um factor crítico de sucesso. Quarto, e o mais relevante, que se desenvolva uma cultura de inovação permanente, ao nível de produtos, tecnologias, processos, e modelos de negócios. Se a dimensão do país não permite ambicionar competitividade pela escala, a capacidade de inovar não está associada à dimensão das organizações e é isso o que diferencia quando o grau de incorporação tecnológica é elevado. Portugal tem hoje universidades com investigação de excelência e empresas que souberam criar condições para incorporar ou desenvolver essas inovações autonomamente. Mas a afirmação internacional só ocorrerá quando estas empresas forem capazes de competir com os melhores e nos mercados mais sofisticados, respondendo aos maiores níveis de exigência. Criar um enquadramento institucional que valorize e apoie a inovação é, por isso, o maior e o mais necessário desafio que teremos de saber ultrapassar.?retenção DE TALENTOS Numa altura marcada por uma elevada taxa de desemprego e emigração jovem, o que estão as empresas afazerparareter os seus talentos ou contratarem mais jovens? PEDRO ROCHA E SILVA Principal da Heidrick & Struggles O longo caminho entre ooitoeo80 Os tempos que vivemos são tempos difíceis e exigem respostas a medida dessas dificuldades. As decisões tomadas por quem gere empresas, mais do que difíceis, incorporam um nível de complexidade e um nível de risco elevado, muito similar a um trapezista, que não pode em situação alguma falhar uma decisão. Habituámo-nos a ouvir nos últimos anos lamentos pela fuga dos jovens do nosso país, como se fosse uma catástrofe. Mas não me parece que essa saída de jovens signifique que exista internamente escassez de talento. Temos é abundância, o que nos permite ter capacidade exportadora. A nossa emigração evoluiu na relevância das funções assumidas no estrangeiro e isso é bom! Importa agora olhar para as empresas e perceber o que têm feito no sentido de assegurar a retenção do talento jovem. E a conclusão é que têm feito muito pouco. A crise obviamente não tem ajudado, sendo a norma a aposta em optimizações, reestruturações, emagrecimentos. Existem no entanto alguns bons exemplos de organizações que, mesmo em fase de optimização, não deixam de apostar nos jovens, no rejuvenescimento dos seus quadros. Não o fazer e apostar cegamente em processos de redução significa em muitos casos prolongar uma agonia, sem perspectivas de futuro. Esses bons exemplos, nomeadamente nas maiores organizações, consistem na aposta em programas de trainees e de Jovens Quadros. Recrutam-se umas dezenas de quadros escolhidos nas melhores universidades, e proporciona-se-lhes um ciclo formativo e de integração na vida profissional que faz todo o sentido, um investimento sério e com fortíssimo potencial. No entanto, o que acontece é que passado esse primeiro ou segundo ano de encantamento, os jovens pura e simplesmente deixam de ser acompanhados. Mais do que serem largados às feras, o que se passa é que muitas vezes as funções exercidas e os desafios assumidos não são minimamente estimulantes para jovens quadros com elevado potencial e que hoje em dia saem das universidades com a expectativa de mudar o mundo. Falta nas nossas organizações um trabalho estruturado de acompanhamento dos quadros, nomeadamente dos mais críticos, o que se justifica por não existir a priori um trabalho de segmentação do talento. No fundo, à semelhança do que fazem as empresas com os seus clientes, também em relação aos recursos humanos deve haver uma abordagem segmentada, principalmente em momentos de contenção económica, em que os recursos financeiros são escassos. Os jovens do nosso tempo cresceram num mundo global, não querem funções de âmbito limitado, querem exposição global, vivências internacionais, formação contínua. A internacionalização, mais que um imperativo de negócio, é hoje determinante na gestão do talento, nomeadamente dos jovens que querem mudar o mundo. E não tem de passar obrigatoriamente por ter de se ir trabalhar lá para fora. Há muito caminho entre o oito e o 80.

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XVIII Diário Económico Quarta-feira 3 Dezembro 2014 1000 MAIORES EMPRESAS? SUSTENTABILIDADE O que precisam as empresas de fazer para tornar Portugal num país sustentável? FERNANDA PARGANA Secretária geral do BCSD Portugal - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável A importância de pensar em grande O mundo mudou. Os desequilíbrios e as tensões aumentam na sociedade. A grande maioria dos cidadãos, e não apenas os mais informados, já perceberam que o nosso estilo de vida não é sustentável no tempo. E as empresas? As empresas não sobrevivem numa sociedade que não tem condições para progredir. Assim, sobre a pergunta o que podem as empresas portuguesas fazer para tornar Portugal num país mais sustentável, importa começar por dizer que as empresas têm todo o interesse em fazê-lo. As empresas são organismos vivos com um grande instinto de sobrevivência. E dispõem de um conjunto de recursos para conseguir os seus objectivos, como a tecnologia, a capacidade de inovar, as competências e, o mais importante de tudo, a motivação para continuar sempre à procura de melhores soluções. Desenvolvimento sustentável não é um intangível ou algo que não afecta o meu ramo de negócio. É uma visão dos negócios que incorpora o reconhecimento de que as empresas não terão futuro se não se preocuparem com o que as rodeia, porque é o que as rodeia que condiciona as suas opções futuras. Hoje, as empresas que antecipam esta visão são as que estão mais à frente. E não são apenas as grandes, são sobretudo as que pensam em grande. São as que entendem a vantagem de capacitar e trabalhar de forma próxima com os seus fornecedores e de repartir ganhos com eles, porque são também os bons fornecedores que alimentam a inovação e a construção de novas formas de desenvolver o negócio. São aquelas empresas que olham de forma integrada para os recursos que consomem e procuram as formas mais eficazes de os utilizar, sabendo que consumimos muitos mais recursos do que aqueles que conseguimos repor e que isso é uma limitação séria para o futuro do negócio. São também estas as empresas que entendem que respeitar os seus clientes é uma forma de os valorizar e sabem que, hoje, um presidente de uma empresa tem a mesma legitimidade que um cidadão anónimo nas redes sociais. Não está tudo feito, é bem certo. Mas certo é que este é um caminho, diria mesmo que é o caminho. Com frequência, as empresas entendem estes objectivos, mas não encontram forma de os concretizar. Por outro lado, são problemas e oportunidades que obrigam a uma abordagem conjunta, por sector de actividade, por áreas de interesse transversal. Precisam, frequentemente, de ser soluções construídas com outros interessados, como os decisores públicos. É o que fazemos no BCSD, em áreas com o capital humano, a eficiência energética, a promoção externa de Portugal, entre outros. Somos um agregador que vê no Desenvolvimento Sustentável o elo comum para potenciar Portugal como um país mais sustentável.?fiscalidade A fiscalidade é apontada pelas empresas como uma desvantagem que Portugal tem na atracção e retenção de empresas. O que podia ou devia mudar? JOÃO ESPANHA Fiscalista A diferença entre a teoria eaprática Sem prejuízo de a afirmação ser verdadeira, importa desde logo ter presentes dois factos. Em primeiro lugar, a fiscalidade não é a principal desvantagem apontada a Portugal como destino de investimento a burocracia e o conjunto dos custos de contexto são, de longe, o maior obstáculo ao investimento em Portugal. Em segundo lugar, desde a alteração introduzida no Código do IRC em Janeiro, o nosso imposto sobre o rendimento das sociedades está mais amigo do investimento e das empresas, designadamente no que respeita a relações internacionais. Em teoria, o nosso IRC está ao nível do que melhor se faz para a fixação de empresas internacionais e a nossa rede de acordos de dupla tributação vai crescendo. O que podia e devia mudar? Aresposta é: nada e não sei. Nada, porque o pior inimigo das empresas e do investimento é a instabilidade legislativa. E, nesse ponto, este Orçamento de Estado é exemplar: só uma mudança introduzida no CIRC, a redução da taxa de imposto de 23% para 21%. Inaudito! Não sei, porque uma coisa é a lei escrita e outra a prática. Aguardo com alguma ansiedade a forma como a Administração Tributária interpretará e aplicará as novas normas do CIRC. Ora, sendo que o que invejo a outras jurisdições é, justamente, a estabilidade legislativa e um fisco amigo das empresas, neste particular temo o pior. Enquanto aguardamos ansiosamente pelo encerramento etratamentodoprimeiroexercíciocomo novo IRC, não podemos esquecer algumas coisas óbvias que poderiam e deveriam ser melhoradas, sendo esta a minha segunda resposta. Para começar, o fim das derramas, tributações autónomas e outras excrescências que o nosso IRC contém e que não apenas o complexificam mas, sobretudo, o descaracterizam e aqui refiro-me às tributações autónomas, que as mais das vezes não passam de formas de obter a tributação de realidades que pouco ou nada têm que vercom a tributação do rendimento das empresas. São, desde a sua génese, fenómenos extra-imposto, que só são IRC de nome. Poroutro lado, há que combatera nova tendência para a criação e imposição de taxas, taxinhas e impostos especiais sobre algumas indústrias, justificadas pelo combate ao défice público (sempre pelo lado da receita ) mas que mais não fazem do que complicaraquilo que se anuncia simplificar. De facto, quando nos pedem uma descrição do IRC, hoje anunciamos um imposto mais simples e enxuto para os investidores. Mas quando descemos ao particular, a confusão instala-se, e as excepções são, cada vez mais, a regra. Veja-se, a título de recente exemplo, o que se passa com a fiscalidade verde (que pouco mais faz do que criar e aumentartributos sobre aquilo que, para as empresas, são factores de produção e que, assim, vão encarecer), bem assim os aumentos de impostos indirectos que o Orçamento nos traz. Não que este ponto seja inesperado. Depois dos enormes aumentos de impostos específicos que tivemos no passado recente, já não há receitas fáceis e há que apostar na anestesia fiscal. Mas um doente anestesiado não deixa de ser um doente.

Quarta-feira 3 Dezembro 2014 Diário Económico XIX PUB OPINIÃO O desenvolvimento da economia portuguesa O desafio qualitativo que se coloca às empresas. O grande desafio que se coloca há muito tempo à economia portuguesa não é meramente quantitativo, de crescimento cíclico, efémero, não sustentado, como temos observado década após década, mas sim fundamentalmente qualitativo, o desenvolvimento indelével. Numa perspectiva microeconómica é o mesmo que transcendero mero crescimento do volume de negócios vulnerável à conjuntura económica e sem a valorização, a produtividade, a rendibilidade/risco favoráveis, porum desenvolvimento estratégico das carteiras de negócios com mercados e produtos/serviços diferenciados, sustentados em factores de competitividade indeléveis, nomeadamente porvia da inovação. E é isso que as empresas portuguesas têm procurado desenvolvercom assinaláveis sucessos estratégicos de inserção nas cadeias de valor internacionais de forma a transcenderas fortes limitações do mercado interno e que se manifestam no contínuo crescimento das exportações (directas e indirectas) e da internacionalização. Aequação macroeconómica Produto Interno Bruto = Procura Interna + Exportações Importações omite que o recente crescimento de consumo e investimento em bens duradouros e automóveis, que a crise adiou os seus ciclos de renovação, tem componentes importadas muito superiores às das exportações, e que as empresas ligadas ao crescimento da procura externa são os vectores competitivos com contributo favorável à Balança Comercial, nas seguintes actividades (3.º trimestre de 2014), e em exemplos de maiordimensão (2013): Turismo (+12%, TAP), fileira alimentar (+5,1%, Sugal, Unicer), fileira da Moda (Vestuário +11,2%, Petratex, Calçado +8,7%, ), Mobiliário (+12,1%, Aquinos), Plásticos (+8,8%, Intraplás), Cerâmica, Vidro e Pedra (+4,8%, BAVidro, Vista AlegreAtlantis), Madeira e Cortiça (+4,2%, Amorim&Irmãos), Papel (+2,6%, PortucelSoporcel, Renova), Química Farmacêutica (+20,8%, Hovione) e Equipamentos mecânicos e automóveis (+4%, Volkswagen Autoeuropa, Continental Mabor). Mas para o desenvolvimento de Portugal é necessária uma reorientação profunda do Estado e dos serviços de utilidade pública, com posições dominantes, da predominante absorção para a criação de valor, nos seus contributos para a melhoria do meio ambiente económico das empresas, através da regulação, eficiência, eficácia, maximização de sinergias e minimização de custos de oportunidade e de riscos, com as actividades estratégicas de cultura, educação, formação, investigação, qualidade alimentar, saúde, logística e transportes, telecomunicações, energia, água, ambiente, segurança e financiamento. PAULO DEUS Analista Económico-Financeiro IGNIOS Gestão Integrada de Risco S.A. www.ignios.pt Ocrescimento de consumo e investimento em bens duradouros e automóveis tem componentes importadas muito superiores às das exportações.