Ministério da Fazenda. Economia Brasileira em PERSPECTIVA

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9 Ver em especial o site:

Análise CEPLAN Clique para editar o estilo do título mestre. Recife, 17 de novembro de 2010.

Conjuntura Nacional e Internacional Escola Florestan Fernandes, Guararema, 3 de julho de º. PLENAFUP

Transcrição:

da Fazenda Economia Brasileira em PERSPECTIVA

NOTA O relatório Economia Brasileira em Perspectiva é uma publicação do. O documento consolida e atualiza as principais variáveis macroeconômicas resultantes da condução da política econômica, consequência do trabalho conjunto das seguintes unidades do : Secretaria de Política Econômica (SPE), Secretaria do Tesouro Nacional (STN), Secretaria de Assuntos Internacionais (SAIN), Receita Federal do Brasil (RFB) e Assessoria de Comunicação Social (ACS). As informações relativas ao crescimento da economia em 2010, contidas nas páginas 15 a 21, já incorporam os dados do PIB referentes ao 4º trimestre de 2010, divulgados, pelo IBGE, em 3 de março de 2011. Nos demais casos, os dados apresentados, como proporção do PIB, referem-se aos valores do PIB até o 3º trimestre de 2010, divulgados, pelo IBGE, em 9 de dezembro de 2010.

Índice Sumário Executivo: Um balanço da década de 2000 Atividade Econômica Mercado de Consumo de Massa Inflação Juros e Crédito Panorama Internacional Redução da Vulnerabilidade Externa Política Fiscal Principais Medidas de Política Anticíclica Adotadas pelo Governo Federal (2008 a 2010) Tabelas Glossário 7 13 35 49 63 87 101 121 139 147 160 5

Um balanço da década de 2000 A primeira década deste século foi marcada por transformações profundas na sociedade brasileira. De uma economia pouco dinâmica, com taxas de crescimento abaixo da média mundial, o Brasil passou a integrar o rol dos países emergentes dinâmicos que lideram o crescimento mundial e que continuarão a liderá-lo nos próximos anos. Entre 2010 e 2020, de acordo com analistas internacionais, somente a China e a Índia, entre os países emergentes, superarão o Brasil na contribuição ao crescimento global. Além disso, dessa vez o crescimento econômico brasileiro promoveu a inclusão social e a redução das disparidades sociais e regionais. Ao longo da década de 2000, o crescimento da economia brasileira saltou de uma média anual de 2,5% para cerca de 4,5%, graças a uma nova política econômica, que privilegiou a geração de empregos, os investimentos e o mercado interno. De 2007 a 2010, o crescimento médio anual só não ficou acima de 6% devido aos 0,6% (negativos) registrados em 2009, resultado da crise financeira internacional. A continuidade do crescimento foi garantida pela solidez dos fundamentos fiscais e monetários que foram perseguidos ao longo do período. A economia passou a crescer gerando expressivos superávits primários das contas públicas e com a inflação controlada pelo sistema de metas. Em lugar de endividar-se para crescer, o Brasil passou a expandir-se com redução do endividamento. Após 2005, a taxa de inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), passou a convergir para dentro da banda de tolerância estabelecida pelo regime de metas de inflação, posicionando-se inclusive, em várias ocasiões, abaixo do centro da meta. Na comparação internacional, a taxa brasileira de inflação apresenta uma das menores volatilidades entre os países emergentes. É certo que a crise financeira internacional de 2008 interrompeu temporariamente a trajetória de crescimento econômico. Os impactos foram particularmente severos durante o último trimestre de 2008 e o primeiro trimestre de 2009. À retração das linhas internacionais de crédito, seguiu-se uma queda abrupta nos preços das commodities, resultando na desvalorização do real frente ao dólar dos EUA e na deterioração dos indicadores de atividade econômica e de emprego. 7

Mal deflagrada a turbulência, contudo, o Governo Federal não tardou em agir. A resposta da política econômica foi bastante diversa do receituário tradicional aplicado pelo País em crises anteriores. Desta vez, o Governo implementou uma série de medidas de política fiscal e monetária de caráter anticíclico, com o propósito de estimular a economia, reverter as expectativas do setor privado e garantir o retorno da confiança. No campo fiscal, o Governo determinou uma série de desonerações tributárias para estimular as vendas e a produção, ampliou tanto as transferências para Estados e municípios como os aportes financeiros para os bancos públicos e reduziu temporariamente de 3,3% para 2,5% do PIB a meta de superávit primário. No campo monetário, verificou-se o imediato provimento de liquidez em moeda estrangeira e doméstica, a disponibilização das reservas internacionais para o comércio exterior, a implantação de facilidades de crédito para o setor exportador e a redução dos depósitos compulsórios dos bancos. Mais à frente, o Banco Central iniciou movimento de corte das taxas básicas de juros SELIC, de forma a contribuir para a recuperação da atividade econômica. O Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair dela. A crise surgiu no centro das economias mais avançadas do mundo e sua severidade ainda se faz sentir, em 2010, nos Estados Unidos, na Zona do Euro e no Japão. No Brasil, contudo, após resultado negativo de 0,6%, em 2009, a economia logo reencontrou o rumo do crescimento forte e alcançou crescimento de 7,5% em 2010. É um dos melhores desempenhos das últimas quatro décadas, que deixa definitivamente para trás o espectro da crise financeira internacional e consolida o Brasil como um dos países mais exitosos do mundo. O Brasil sai da crise mais forte e mais dinâmico. Deixamos para trás os modelos de crescimento econômico sem estabilidade de preços e sem a distribuição mais justa da renda nacional. Políticas de aceleração do crescimento e forte geração de empregos, combinadas com a valorização do salário mínimo e com programas de transferências de renda, mudaram o País. A queda da concentração de renda, medida pelo índice de Gini, é digna de registro. O aumento da formalização nas relações de trabalho e a consolidação de uma nova classe média tornaram o mercado doméstico brasileiro atrativo para as grandes empresas nacionais e internacionais. O País passou a ser destino de 8

grandes volumes de investimento estrangeiro direto, recebendo, em 2010, cerca de US$ 48 bilhões, mais de três vezes o que se investia há uma década. Para os próximos anos, estão previstos grandes montantes de investimentos em setores de infraestrutura, construção civil, telecomunicações, saneamento e exploração e refino do petróleo. A expansão do investimento em infraestrutura é, por sinal, condição fundamental para a aceleração do desenvolvimento sustentável brasileiro. Daí o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que mobilizou mais de R$ 500 bilhões, entre 2007 e 2010, nas áreas de transporte, energia, saneamento, habitação e recursos hídricos. Em 2010, o investimento ou formação bruta de capital fixo cresceu 21,8%, quase três vezes o PIB, garantindo um crescimento de qualidade. O PAC 2, a ser iniciado em 2011, continuará a impulsionar o investimento para níveis elevados, de modo a se atingir 24% do PIB até 2014. O papel do Estado foi fundamental para o fortalecimento do País durante o período anterior à crise e na recuperação econômica pós-2008, produzindo os incentivos corretos e estimulando direta ou indiretamente o emprego e a renda. Na crise, o Governo garantiu a ampliação do crédito e o financiamento dos bancos públicos para contrabalançar a retração das linhas dos bancos privados e suprir as necessidades do setor produtivo. Medidas de desoneração tributária de produtos de consumo duráveis e de construção civil, entre outros, estimularam a demanda doméstica, que também respondeu à manutenção da confiança dos consumidores. A expansão do emprego, da renda e, consequentemente, da massa salarial propiciou a preservação do círculo virtuoso do crescimento que tem caracterizado a economia brasileira na última década. Até há pouco tempo, o Brasil se caracterizava pelo débil desenvolvimento do mercado doméstico de crédito. Em 2002, o volume de crédito livre e direcionado representava pouco mais de 24% do PIB; em 2010, o País registra 46,6% de crédito em relação ao PIB, o dobro de seu nível histórico e com grande capacidade de incremento nos próximos anos. 9

A participação das instituições financeiras privadas (nacionais e estrangeiras) era predominante nos anos anteriores a 2008. Com a crise internacional, essas instituições interromperam grande parte de suas linhas de recursos, o que exigiu do Governo esforço adicional para manter o crédito no sistema econômico. Entre setembro de 2008 e setembro de 2009, as operações de créditos dos bancos públicos sustentaram os níveis adequados de financiamento da economia. A partir do final de 2009, com a superação da crise, a importância relativa dos bancos públicos vem caindo em favor do crédito das instituições privadas. A expansão do investimento, sobretudo público, não decorre apenas do aumento do crédito direcionado, ou mesmo da oferta de recursos por parte dos bancos oficiais. A participação relativa do BNDES, por exemplo, tem permanecido dentro de seus patamares históricos. Em 2002, essa participação atingiu 24,4% do total do crédito; inicia-se, então, movimento descendente que perdura até 2007, quando chega a 17,1%. Com a contenção creditícia das instituições privadas, em resposta à crise internacional de 2008, a parcela do BNDES volta a subir, alcançando 20,7% em 2010. Além da expansão sustentada pelo crédito bancário que dobrou, em sete anos, sua participação relativa ao PIB, também se aceleram os financiamentos para as empresas por meio do mercado de capitais brasileiro, que cresceu exponencialmente nesse período. Nos últimos oito anos, o volume negociado na bolsa de valores brasileira cresceu mais de dez vezes. As captações externas das empresas nacionais também foram recordes nos anos 2000. Após sofrerem os impactos da crise, em 2009, voltaram a se recuperar no ano seguinte, indicando perspectivas favoráveis para o crescimento econômico nos próximos anos. Ao longo da década de 2000, persistiu claro movimento de consolidação fiscal. De uma economia marcada por desequilíbrios nas contas públicas e por um default de dívida em 1987, o País ingressa definitivamente na rota da solidez fiscal. Entre 1995 e 2002, o País registrou elevados déficits nominais, que atingiram 10% e 9,6% do PIB, em 1999 e 2002, respectivamente, fruto do elevado endividamento em dólares combinado com forte desvalorização do real. A partir de 2003, esses resultados são declinantes, chegando a apenas 2% do PIB em 2008. Em decorrência das políticas de estímulos fiscais, justificadas pela crise financeira internacional de 2008, o déficit nominal volta a subir em 2009, para 3,2%; porém, já em 2010, é reduzido para 2,6%, com previsão de 1,8% do PIB em 2011. 10

Na comparação internacional, o Brasil é uma das economias que menos ampliou a dívida do setor público como consequência da crise de 2008. Após atingir níveis elevados 60,6% do PIB em 2002, a dívida líquida do setor público diminuiu progressivamente, até alcançar 40,4% do PIB em 2010. A trajetória de queda da relação dívida/pib foi acompanhada da melhoria do perfil do endividamento, em termos de maturidade e indexação. Em 2007, o País obteve o grau de investimento pelas principais agências internacionais de classificação de risco. A partir de 2010, com a recuperação econômica consolidada, o Governo entendeu ser necessário suprimir os estímulos fiscais ainda em vigor e reduzir os gastos do Governo, em linha com a política anticíclica praticada nos últimos anos. No início de 2011, o Governo Federal anunciou programa de consolidação fiscal, com redução de R$ 50 bilhões das despesas do Governo Central para 2011, concentrada nos gastos de custeio e acompanhada da contenção de novos dispêndios e do aumento da eficiência dos gastos. A iniciativa abre espaço para a manutenção dos investimentos, criando as condições para a redução da taxa de juros e para novas desonerações tributárias. O Brasil vive hoje um dos seus melhores momentos, do ponto de vista econômico e social, com grandes desafios pela frente e ampla possibilidade de superá-los. O País está preparado, portanto, para crescimento acima de 5% entre 2011 e 2014, liderado pelos investimentos e com a inflação sob controle; e para a continuidade do processo de redução do déficit nominal e da dívida líquida em relação ao PIB, permitindo, com isso, a convergência das taxas reais de juros para os níveis internacionais. Em 2011, a nova política econômica implantada a partir de 2003 vai continuar ajustada à realidade do País. Novos desafios deverão ser enfrentados para garantir o crescimento sustentável. A forte expansão do emprego dos últimos anos absorveu boa parte da mão-de-obra disponível, levando-nos a uma situação próxima ao pleno emprego. Nessas circunstâncias, será implementado forte programa de qualificação profissional, que, em conjunto com a política educacional, procurará elevar rapidamente a oferta de mão-de-obra qualificada. 11

A retração do comércio internacional e o aumento de concorrência, em função da crise, exigem amplo programa de estímulo às exportações de manufaturados e de defesa comercial. O setor manufatureiro, particularmente o de bens de capital mais atingido pela crise e pela concorrência, será objeto de fortes estímulos, redução de tributos e impulso a novas tecnologias. Para fomentar o crescimento e a competitividade do parque produtivo, a política industrial estará coordenada com a política de comércio exterior, combinação fundamental para aumentar o potencial exportador da indústria. A nova política econômica pressupõe tanto a queda dos juros, no momento adequado, para estimular os investimentos produtivos como a qualidade do gasto público, com redução do custeio e racionalização das despesas. Haverá, portanto, a continuação do amadurecimento das políticas monetária e fiscal, em direção a uma nova etapa. O Brasil abandona o imediatismo e passa a pensar no longo prazo e a projetar o futuro, utilizando-se de fontes seguras e permanentes de investimentos, tais como a poupança interna e o mercado de capitais. O desafio é desenvolver, em conjunto com o setor privado, formas sólidas de financiamento de longo prazo que permitam a atratividade dos instrumentos financeiros. A construção de uma nova arquitetura financeira é essencial, ademais, para viabilizar os grandes projetos, em especial a exploração do pré-sal e a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Todas essas transformações são o resultado do dinamismo de nossa sociedade e de um conjunto bem sucedido de políticas macroeconômicas, que, a partir de uma visão desenvolvimentista e inclusiva, transferiram renda para os mais pobres, alongaram o horizonte de investimento e permitiram enfrentar as vicissitudes da economia internacional. Criamos as condições para, com democracia e inclusão social, acelerar o crescimento econômico e acabar com a miséria no País. 12

Economia Brasileira em PERSPECTIVA Atividade Econômica

Dinamismo econômico e investimentos O Brasil foi uma das economias do G20 que mais cresceram em 2010, caminhando para ultrapassar as potências do passado. De um crescimento médio anual de 1,7%, entre 1998 e 2002, a economia brasileira passou a crescer cerca de 4% ao ano de 2003 a 2010 e reuniu as condições para atingir crescimento médio superior a 5% entre 2011 e 2014. Fomentar o investimento é fundamental para manter o crescimento econômico sustentável com estabilidade de preços. Deixamos para trás um longo período de baixos níveis de investimentos quando a formação bruta de capital fixo (FBKF) situava-se no patamar de 15% do PIB, para alcançar, em 2011, investimentos próximos aos 20% do PIB. Até 2014, 24% do PIB, suficientes para sustentar taxas anuais de crescimento acima de 5,5%, sem pressões inflacionárias. 14

PIB 2010: o maior crescimento dos últimos 24 anos Em 2010, o PIB brasileiro cresceu 7,5%, o melhor desempenho desde o ano de 1986. A trajetória recente demonstra que o nível de atividade encontra-se em patamar sustentável. As medidas macroprudenciais, em conjunto com a consolidação fiscal, devem possibilitar que a economia siga em crescimento sem descompasso entre oferta e demanda. Para o período 2011-2014, estima-se que a economia volte a crescer no patamar entre 5% e 6,5%. Atividade Econômica Crescimento do PIB (% a.a.) 0,0 0,3 1998 1999 4,3 2,7 1,3 Média 1,7% 2000 2001 2002 1,1 2003 5,7 2004 3,2 2005 4,0 PAC 1 7,5 PAC 2 6,1 5,2 Média 4,0% -0,6 6,5 6,5 5,5 5,0 Média 5,9% 2006 2007 2008 2009 2010 2011*2012*2013*2014* Média (1998-2002) Média (2003-2010) Média (2011-2014) Dados em: % anual * Estimativas O PAC é um programa estratégico de investimentos que combina medidas de gestão e obras de infraestrutura Fonte: IBGE Elaboração: 15 15

A partir de 2006, a demanda doméstica passou a crescer acima do PIB Responsável pelo expressivo crescimento da demanda interna nos últimos anos, o PAC será o carro chefe da expansão econômica do País no período 2011-2014. Os resultados negativos da demanda externa líquida (exportações menos importações), embora reduzam o crescimento do PIB, contribuem para a ampliação da capacidade instalada do País, visto que 22,6% do valor das importações são de bens de capital, com expansão de 38,0% entre 2009 e 2010. Decomposição do Crescimento do PIB (% a.a.) Atividade Econômica 7,5 5,7 6,1 5,2 5,0 0,7 4,0 3,2 2,7 1,7 0,5 2,5 1,1 0,2 0,2 5,0 2,7 5,3 7,5 6,9 10,3 6,4-0,5-1,4-1,4-0,6-1,7-0,8-1,4-2,8 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011* Demanda Interna Demanda Externa Líquida PIB Dados em: % anual * Estimativas Fonte: IBGE Elaboração: 16 16

Investimentos crescem em ritmo três vezes superior ao do PIB em 2010 Os investimentos expandiram-se muito mais rapidamente que o PIB em 2010. Em relação ao ano anterior, a rubrica atingiu crescimento de 21,8%. Na mesma base de comparação, o consumo das famílias expandiu-se 7,0%, influenciado pelo aumento da massa salarial real e do crédito para as pessoas físicas. Pelo lado do setor externo, as exportações e as importações de bens e serviços apresentaram crescimento de 11,5% e 36,2%, respectivamente. Composição da Expansão do PIB - 2010 (% a.a.) Atividade Econômica 7,5 21,8 7,0 3,3 11,5 36,2 PIB Formação Bruta de Capital Fixo Consumo das Famílias Consumo do Governo Exportações Importações Dados em: % anual Fonte: IBGE Elaboração: 17 17

Consumo das famílias aceleram-se no 4º trimestre Dos componentes da demanda, o principal responsável pelo crescimento em 2010 foi a Formação Bruta de Capital Fixo. Entretanto, no 4º trimestre de 2010, o consumo das famílias voltou a se acelerar, superando o crescimento dos investimentos. Pelo lado da oferta, os serviços mantiveram seu patamar de crescimento no 4º trimestre, ao passo que a indústria desacelera-se rapidamente no final do ano, devido principalmente ao ajuste de estoques. Composição da Oferta e da Demanda (% trim. contra trim. imediatamente anterior, com ajuste sazonal) Atividade Econômica 2,6 1,4 1,7 3,6 1,4 1,1 0,9 1,0 1,8 1,1 1,8 2,5 1,8 4,0 3,9 3,1 0,7 3,4 1,2 4,2 3,6 8,1 5,7 7,1 3,9-1,6-0,8-0,6-0,3-0,2-0,1-0,3 5,6 OFERTA DEMANDA Agropecuária Indústria Serviços Consumo Consumo Formação Bruta Exportações Importações das Famílias do Governo de Capital Fixo 1ºT 2010 2ºT 2010 3ºT 2010 4ºT 2010 Dados em: % trimestral, com ajuste sazonal Fonte: IBGE Elaboração: 18 18

Recuperação do investimento e da poupança Em 2010, a taxa de investimento, responsável pela ampliação da oferta de bens e serviços, foi de 18,4% do PIB, superior à taxa do ano anterior (16,9%). Para os próximos anos, espera-se também crescimento substancial da taxa de poupança doméstica brasileira, que registrou 16,5% do PIB em 2010. Atividade Econômica Taxa de Investimento e de Poupança Bruta (% do PIB) 20 18 16 14 12 16,8 14,0 2000 17,0 13,5 2001 16,4 14,7 2002 16,0 15,3 2003 18,5 17,3 16,1 15,9 2004 2005 17,6 16,4 2006 18,1 17,4 2007 18,8 19,1 2008 16,9 14,7 2009 18,4 16,5 2010 Taxa de poupança bruta Taxa de investimento Dados em: % do PIB Fonte: IBGE Elaboração: 19 19

Efetividade da política anticíclica As medidas anticíclicas adotadas pelo Governo após a crise internacional de 2008 permitiram a manutenção da trajetória ascendente do consumo das famílias, além de possibilitar a rápida recuperação dos investimentos, que já superam os níveis pré-crise. Atividade Econômica Consumo e Investimento (número-índice, com ajuste sazonal) (média 2006 = 100) 160 140 120 100 80 Mar 05 Jun 05 Set 05 Dez 05 Mar 06 Jun 06 Set 06 Dez 06 Mar 07 Jun 07 Set 07 Dez 07 Mar 08 Jun 08 Set 08 Dez 08 Mar 09 Jun 09 Set 09 Dez 09 Mar 10 Jun 10 Set 10 Dez 10 145,5 128,8 Formação Bruta de Capital Fixo Consumo das Famílias Dados em: número-índice, com ajuste sazonal (média 2006 =100) Fonte: IBGE Elaboração: 20 20

Investimentos devem alcançar 24% do PIB em 2014 Com as medidas de incentivo ao financiamento de longo prazo, o setor privado deverá exercer papel fundamental nesse segmento. A rápida atuação do Governo possibilitou o retorno dos investimentos aos níveis pré-crise, tendo-se atingido 18,4% em 2010. Para o período 2010-2014, espera-se incremento de pelo menos 1% do PIB ao ano no total dos investimentos. Atividade Econômica Formação Bruta de Capital Fixo - Público e Privado (% do PIB) 25 20 15 10 5 0 16,4 15,3 3,4 2,7 13,0 12,6 3.4 2.7 2002 2003 16,1 15,9 16,4 2,6 2,7 3,0 13,5 13,2 13,4 2.6 2.7 3.0 2004 2005 2006 17,4 2,9 14,5 2.9 2007 19,1 3,6 15,5 3.6 2008 16,9 4,3 12,6 4.1 2009 18,4 5.1 2010 20,4 2011* 21,6 2012* 23,0 2013* 24,1 2014* Total FBKF público FBKF privado Dados em: % do PIB * Estimativas Fonte: Elaboração: 21 21

Evolução do investimento industrial brasileiro O valor médio investido em 2010 foi estimado em R$ 6,34 milhões, o que representa expansão real de 70% na comparação com o estimado para 2009 (R$ 3,73 milhões, a preços de 2010). Com base em pesquisa da CNI, o setor industrial brasileiro pretende, em 2011, acelerar o ritmo de investimentos na expansão da capacidade produtiva para atender à forte demanda do mercado interno. O valor médio do investimento industrial alcançará R$ 6,8 milhões, 7% acima de 2010. Atividade Econômica Investimento Industrial Brasileiro, por Empresa - Indústria de Transformação (R$ milhões, a preços de 2010) 8 Aumento Superior a 200% 7 6 5 4 3 2 1 0 2,2 2,4 2,3 2,7 3,1 3,7 6,3 6,8 2004 2005 2006 2007 2008 2009* 2010** 2011** Dados em: milhões de reais, a preços de 2010 (IPCA) * Estimativa ** Estimativa do investimento planejado Fonte: CNI Elaboração: 22 22

Expansão da produção industrial liderada pelos bens de capital Com o PAC e os incentivos à compra de máquinas e equipamentos a partir de 2007, a produção de bens de capital no Brasil passou a crescer em ritmo acelerado, com taxas superiores a 14% a.a., e apresentou o melhor desempenho desde 1986. No ano da crise (2009), o setor de bens de capital foi fortemente atingido, dado seu caráter altamente procíclico, estima-se que, nos próximos anos, as taxas de crescimento de bens de capital atinjam cerca de 20% a.a.. Atividade Econômica Taxa de Crescimento de Produção Industrial e de Bens de Capital (% a.a., acum. no ano) 25 20 15 10 5 0-5 -10-15 -20 3,1 3,6 2,8 5,7 6,0 19,5 3,1 14,3 2005 2006 2007 2008-7,4-17,4 2009 10,4 2010 20,8 Bens de Capital Indústria Geral Dados em: % anual, acumulada no ano Fonte: IBGE e Elaboração: 23 23

Indústria mantém ajuste de estoques, com queda das exportações A produção industrial de manufaturados cresceu 10,5% em 2010 em relação ao ano anterior, em virtude do bom desempenho no primeiro trimestre, resultante dos incentivos do Governo. Após este período, ajustes de estoques e baixa demanda externa reduziram a produção de bens industriais. Outro fator de grande impacto na contração da indústria no 3º trimestre foi o aumento das importações. O aumento do consumo de bens industriais importados deveu-se principalmente à valorização da moeda brasileira e ao forte desempenho da economia brasileira em 2010. Atividade Econômica Índice de Produção Industrial (número-índice, com ajuste sazonal) (média 2002 = 100) 135 130 130,8 131,1 125 120 127,7 115 110 105 100 95 90 Jun 07 Ago 07 Out 07 Dez 07 Fev 08 Abr 08 Jun 08 Ago 08 Out 08 Dez 08 Fev 09 103,8 Abr 09 Jun 09 Ago 09 Out 09 Dez 09 Fev 10 Abr 10 Jun 10 Ago 10 Out 10 Dez 10 Dados em: número-índice, com ajuste sazonal (média 2002 = 100) Fonte: IBGE Elaboração: 24 24

Indústria cresceu 28,5% desde 2003 O Índice de Produção Industrial baseia-se na Pesquisa Industrial Anual de Empresa, que cobre 63% do valor das atividades extrativas e de transformação industrial. O Índice indica expansão de 28,5% desde 2003, com recuperação de 10,5% entre 2009 e 2010. Atividade Econômica Índice de Produção Industrial (médias anuais - número-índice, com ajuste sazonal) (média 2002 = 100) 135 130 125 120 115 110 105 100 95 90 100,0 100,0 108,1 111,8 115,0 121,8 125,3 116,2 128,5 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Dados em: médias anuais - número-índice, com ajuste sazonal (média 2002 = 100) Fonte: IBGE Elaboração: 25 25

Confiança da indústria volta a subir em dezembro O Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pela Fundação Getúlio Vargas, registrou alta de 1,6% em dezembro em relação ao mês anterior. No ano, a expectativa dos agentes econômicos da indústria equivaleu à média de 114,5 pontos, mesmo nível do final do ano anterior. Atividade Econômica Índice de Confiança da Indústria (pontos, com ajuste sazonal) Otimista Pessimista 75,7 75,1 76,2 78,0 82,6 87,0 90,6 95,7 100,2 103,6 107,0 109,6 113,4 113,6 115,8 116,5 115,3 116,1 115,3 113,6 112,9 113,4 114,0 112,7 114,5 Dez 08 Jan 09 Fev 09 Mar 09 Abr 09 Mai 09 Jun 09 Jul 09 Ago 09 Set 09 Out 09 Nov 09 Dez 09 Jan 10 Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Out 10 Nov 10 Dez 10 Dados em: pontos, com ajuste sazonal Fonte: FGV Elaboração: 26 26

Utilização da capacidade instalada segue estável na média dos setores O nível de utilização de capacidade instalada da indústria com ajuste sazonal apresentou expansão de pelo menos 5,4% em todas as bases de comparação (CNI, FGV e FIESP) entre 2002 e 2010, sinalizando redução da capacidade ociosa para atender a demanda. Alguns setores seguem com nível de utilização próximo a 90% da capacidade instalada (automotores, couro, celulose/papel e equipamentos de transporte). Atividade Econômica Nível de Utilização da Capacidade Instalada na Indústria (%, com ajuste sazonal) 88 86 84,5 84 83,5 82 80 78 76 74 Jun 06 Set 06 Dez 06 Mar 07 Jun 07 Set 07 Dez 07 Mar 08 Jun 08 Set 08 Dez 08 Mar 09 Jun 09 Set 09 Dez 09 Mar 10 Jun 10 Set 10 Nov 10 Dez 10 82,6 NUCI - FGV NUCI - FIESP NUCI - CNI Dados em: % utilização da capacidade instalada na indústria, com ajuste sazonal Fonte: CNI, FIESP e FGV Elaboração: 27 27

Vendas de veículos apresentam novo recorde O licenciamento de automóveis continua se expandindo, com 381,6 mil unidades licenciadas no ano, superando o período da desoneração do IPI. Em 2010, a venda de veículos seguiu em patamar elevado mesmo após o fim das desonerações do IPI, demonstrando a força do mercado doméstico. Em geral, as vendas foram favorecidas pelo volume de crédito disponível, pela redução da inadimplência e pelos menores juros de financiamento. Atividade Econômica Licenciamento de Autoveículos (milhares de unidades) Redução do IPI, com vigor entre Jan a Mar 09 Prorrogação do IPI reduzido até Jun 09 Prorrogação do IPI reduzido até Set 09 Governo estende IPI reduzido até Mar 10 353,7 381,6 199,4 271,4 234,4 Fev 09 Mar 09 Abr 09 Mai 09 300,2 258,1 308,7 Jun 09 Jul 09 Ago 09 Set 09 Out 09 Nov 09 Dez 09 Jan 10 251,7 293,0 213,3 Fim do período de desoneração do IPI Fev 10 Mar 10 Abr 10 277,8 251,1 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Out 10 Nov 10 Dez 10 Dados em: milhares de unidades Fonte: Anfavea Elaboração: 28 28

Vendas de veículos duplicam desde 2005 O Brasil é o quarto maior mercado de veículos do mundo, além de ser grande produtor. Entre 2005 e 2010, mais de 15 milhões de veículos foram licenciados no mercado brasileiro, com crescimento geral equivalente a 105%. A forte demanda interna, aliada ao câmbio apreciado, possibilitaram maior penetraçao de diferente marcas importadas no País. Mesmo com o aumento da participação nas vendas dos importados, o nível de estoques continua reduzido. Atividade Econômica Produção de Autoveículos (média anual - milhares de unidades) 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 2.612 1.928 142 2006 3.216 2.980 2.820 2.463 277 375 2007 2008 3.644 3.183 3.453 3.141 489 561 2009 2010 Produção anual Vendas anuais Vendas de Importados Dados em: média anual - milhares de unidades Fonte: Anfavea Elaboração: 29 29

Confiança das empresas no setor de serviços mantém-se elevada O Índice de Confiança de Serviços (ICS), que mede a confiança das empresas no desempenho do setor, registrou, depois de três quedas seguidas, alta de 0,4 pontos percentuais em dezembro de 2010, na comparação com o mês anterior, passando de 131,8 para 132,2 pontos. A média do ano foi de 132,5 pontos. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), repercutiram para este resultado a forte demanda em contrapartida à percepção do empresariado de possível desaceleraçao do ritmo de atividade do setor nos próximos três meses. Atividade Econômica Indice de Confiança de Serviços (pontos) 150 140 130 120 110 100 90 80 Otimista Pessimista 132,5 133,4 138,4 129,4 121,7 105,5 102,2 98,0 101,0 101,6 104,6 109,0 109,2 115,1 119,3 126,8 126,0 128,3 130,0 129,9 132,1 135,5 134,0 133,4 131,5 129,5 134,8 133,3 132,2 131,8 132,2 Jun 08 Jul 08 Ago 08 Set 08 Out 08 Nov 08 Dez 08 Jan 09 Fev 09 Mar 09 Abr 09 Mai 09 Jun 09 Jul 09 Ago 09 Set 09 Out 09 Nov 09 Dez 09 Jan 10 Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Out 10 Nov 10 Dez 10 Dados em: pontos Fonte: FGV Elaboração: 30 30

Confiança do consumidor bate recorde Os níveis recordes atingidos pela confiança dos consumidores ao longo de 2010 ilustram a força do mercado doméstico. Mesmo com redução de dois pontos percentuais entre novembro e dezembro de 2010, ao passar de 126,2 para 124,2 pontos, a média no ano atingiu a marca inédita de 118,2 pontos. Os consumidores avaliaram de forma muito favorável a situação econômica geral. Para a queda do ICC em dezembro, contribuíram as expectativas em relação ao ambiente econômico nos seis meses seguintes. Atividade Econômica Índice de Confiança do Consumidor (pontos, com ajuste sazonal) 120,4 122,5 123,1 126,2 124,2 96,9 97,4 100,3 96,3 99,2 97,6 102,1 Nov 08 Dez 08 Jan 09 Fev 09 Mar 09 Abr 09 106,4 108,4 110,3 111,5 Mai 09 Jun 09 Jul 09 114,5 115,5 114,1 116,4 111,0 112,3 113,0 115,3 117,0 117,4 Ago 09 Set 09 Out 09 Nov 09 Dez 09 Jan 10 Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Otimista Pessimista Ago 10 Set 10 Out 10 Nov 10 Dez 10 Dados em: pontos, com ajuste sazonal Fonte: FGV Elaboração: 31 31

Vendas no varejo acomodam-se no 4º trimestre Como resposta às políticas anticíclicas, as vendas no varejo apresentaram forte recuperação a partir de setembro de 2009. Retirados os estímulos, as vendas passam por um processo de desaceleração, sem comprometer o crescimento da economia brasileira em 2010. Atividade Econômica Volume de Vendas do Comércio Varejista (% a.a., acum.12m.) 15 12 9 6 3 Jan 08 Fev 08 Mar 08 Abr 08 Mai 08 Jun 08 Jul 08 Ago 08 Set 08 Out 08 Nov 08 Dez 08 Jan 09 Fev 09 Mar 09 Abr 09 Mai 09 Jun 09 Jul 09 Ago 09 Set 09 Out 09 Nov 09 Dez 09 Jan 10 Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Out 10 Nov 10 Dez 10 12,2 10,9 Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) PMC Ampliada* Dados em: % anual, acumulada em 12 meses * Inclui veículos, motos, partes e peças, e material de construção Fonte: IBGE Elaboração: 32 32

Acomodação do comércio varejista ao final de 2010 Em 2010, em termos dessazonalizados, os setores mais dinâmicos foram o de Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação (22,1%), Móveis e Eletrodomésticos (16,5%) e Material de Construção (14,6%), impulsionados pelas desonerações nos respectivos setores de produção. Em contrapartida, os setores de Combustíveis e Lubrificantes (6,2%) e Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (8,0%) registraram, em relação ao ano anterior, as menores taxas de expansão no grupo do Comércio Varejista. Atividade Econômica Vendas Reais no Varejo (% a.a., ajuste sazonal) Atividade 2010/2009 Comércio varejista ampliado 10,9 Comércio varejista 10,2 Combustíveis e lubrificantes 6,2 Outros artigos de uso pessoal e doméstico 8,0 Livros, jornais, revistas e papelaria 8,4 Hiper e supermercados, prod. alimentícios, bebidas e fumo 8,8 Tecidos, vestuário e calçados 10,4 Art.farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perf. e cosméticos 10,8 Veículos, motocicletas, partes e peças 11,2 Material de construção 14,6 Móveis e eletrodomésticos 16,5 Equip. e materiais p/ escritório, informática e comunicação 22,1 Dados em: % anual, com ajuste sazonal Fonte: IBGE Elaboração: 33 33

Economia Brasileira em PERSPECTIVA Mercado de Consumo de Massa

Nova classe média e redução da pobreza O modelo de crescimento adotado pelo Governo na última década estimulou os setores geradores de emprego, tais como serviços, agricultura, construção civil e as pequenas e médias empresas. O resultado foi, em 2010, a geração de mais de 2,5 milhões de novos postos de trabalho formais. A economia brasileira passou a ser uma das que mais geram empregos no mundo, num momento em que vários países enfrentam sérios problemas de desocupação. A taxa de desemprego atingiu os menores patamares da série histórica. Em todas as regiões do País, verificou-se o aumento do número de empregos formais, notadamente nas indústrias da construção civil e de transformação. Em paralelo à ampliação dos empregos, registraram-se ganhos reais nos rendimentos dos trabalhadores. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida foram fundamentais para essa forte expansão, calcando o desenvolvimento econômico nos pilares da sustentabilidade, da responsabilidade e da inclusão social. O maior crescimento, com forte geração de empregos, associado à inclusão e os programas sociais, tem permitido a diminuição da pobreza, a criação de uma nova classe média e os estímulos aos investimentos. Desde 2002, cerca de 25 milhões de brasileiros puderam ascender para os estratos médios da pirâmide social. Em 2010, em que pese a crise internacional, a classe C abrigou 103 milhões de brasileiros e deverá continuar a expandir-se nos próximos anos, com persistente redução das classes D e E. A desigualdade da renda continua a diminuir como atesta a queda progressiva do coeficiente de Gini, em resposta às políticas de valorização do salário mínimo e de transferência de renda, financiadas pelo Governo Federal. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009 confirmam a trajetória de redução da pobreza no Brasil e indicam a consolidação do crescimento sustentável e inclusivo. 36

Classe média é a maioria da população brasileira Desde 2002, cerca de 25 milhões de brasileiros ascenderam para o meio da pirâmide social. Em 2010, a classe C já responde por 103 milhões de brasileiros e deverá continuar a expandir-se nos próximos anos. Entre 2009 e 2014, o montante populacional na classe C crescerá 19%. Evolução das Classes Sociais (% da população e milhões de indivíduos) Mercado de Consumo de Massa 8% 13 11% 20 16% 31 37% 27% 28% 66 47 49 2003 50% 24% 15% 95 44 29 2009 56% 20% 8% 113 40 16 2014* Classes A / B Classe C Classe D Classe E Dados em: milhões de indivíduos e % da população * Estimativa Fonte: FGV, IBGE e LCA Elaboração: 37

Desigualdade da renda continua em queda O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade da renda pessoal, vem caindo progressivamente nos últimos anos, tanto pela redução da desigualdade nas rendas do trabalho como pelo fortalecimento do salário mínimo e pelos programas de transferência de renda. Os dados mais recentes da PNAD de 2009, por exemplo, indicam que a política de valorização do salário mínimo e as transferências focalizadas (como Programa Bolsa-Família e benefícios de prestação continuada), financiadas pelo Governo Federal, contribuem para reduzir a desigualdade. Coeficiente de Gini (indicador) Mercado de Consumo de Massa 0,61 Redução de 8,5% 0,59 0,60 0,60 0,60 0,60 0,59 0,59 0,59 0,59 0,58 0,57 0,55 0,53 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 0,57 2004 0,57 2005 0,56 2006 0,55 2007 0,54 0,54 2008 2009* Dados em: índice * Último dado disponível Fonte: IPEA Elaboração: 38

Crescimento sustentável e inclusivo Os dados da PNAD de 2009 indicam que, mesmo em momento de crise, houve continuidade na trajetória de redução da pobreza no Brasil. Segundo os cálculos da FGV, a classe pobre declinou para 15,3% da população total. Evolução da Pobreza (% do total de indivíduos) 30 Queda de 45,6% Mercado de Consumo de Massa 25 20 15 10 5 0 27,5 26,7 28,1 25,4 22,8 19,3 18,3 16,0 15,3 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009** Indicador de Pobreza* Dados em: % do total de indivíduos * Indivíduos na pobreza são os pertencentes à Classe E, ou seja, cuja renda familiar total mensal corresponde a menos de R$ 705, a preços de 2009, segundo os microdados da PNAD ** Último dado disponível Fonte: FGV Elaboração: 39

Política de valorização do salário mínimo A aceleração do crescimento nos últimos anos provocou expansão significativa da renda per capita da população brasileira. O valor real do salário mínimo conheceu, desde 2003, expansão ainda superior à da renda per capita, graças as politicas do Governo Federal, que contribuiram para o crescimento econômico com inclusão social. No ano da crise (2009), o valor do salário mínimo apresentou crescimento real de 7,2%. Evolução do Salário Mínimo (R$, média anual, a preços de dezembro de 2010) Mercado de Consumo de Massa Aumento de 57,3% 277,3 263,0 284,2 1990 1991 1992 1993 1994 313,5 230,5 256,8 267,9 274,7 285,7 1995 1996 1997 1998 1999 2000 288,4 298,2 325,3 333,6 336,0 348,5 372,7 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 425,1 450,8 464,7 498,2 524,7 Dados em: R$, média anual, a preços de dezembro de 2010 Fonte: IPEA Elaboração: 40

Expansão do emprego supera 15 milhões entre 2003 e 2010 A aceleração do crescimento nos últimos anos e os programas PAC e Minha Casa Minha Vida foram fundamentais para a forte expansão do emprego nos últimos anos. Em 2010, merece destaque o crescimento do emprego formal de 15% na construção civil e 8,7% na indústria de transformação. Geração Líquida de Empregos (milhares de postos de trabalho) Mercado de Consumo de Massa 3.000 15 milhões de empregos 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 88 1995 75 1996 274 1997 387 1998 502 1999 1.235 2000 961 2001 1.494 2002 861 2003 1.863 2004 1.831 2005 1.917 2006 2.452 2007 1.834 2008 1.766 2009 2.525 2010 Dados em: milhares de postos de trabalho acumulados no ano, saldos do CAGED e RAIS Fonte: do Trabalho e Emprego Elaboração: 41

Crescimento econômico com expansão de empregos formais O crescimento expressivo dos empregos formais é verificado em todas as regiões do País. O emprego expandiu de forma consistente e permitiu melhor qualidade de vida às famílias em suas próprias localidades. Crescimento do Emprego Formal por Macrorregião Geográfica - 2009 (% acum. ano) Mercado de Consumo de Massa 7,7 7,5 7,3 7,1 6,9 6,7 6,8 6,9 7,3 7,3 7,3 7,5 7,5 6,5 Regiões Centro-Oeste Sul Sudeste Total Nordeste Norte Metropolitanas * Dados em: % acumulada no ano * Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre Fonte: do Trabalho e Emprego Elaboração: 42

Forte criação de empregos eleva número de contribuintes da Previdência A forte expansão econômica, calcada nos pilares da sustentabilidade, responsabilidade social e fiscal e inclusão social, permite a ampliação dos segurados e contribuintes da Previdência Social. Contribuintes da Previdência (% da população ocupada) Mercado de Consumo de Massa 56 Aumento de 16,8% 54 52 50 48 46 44 42 40 43,6 1992 43,1 1993 1994* 43,2 1995 43,8 1996 43,8 1997 44,3 1998 43,5 1999 2000* 45,7 2001 45,1 2002 46,3 2003 47,4 2004 47,9 2005 49,2 2006 51,8 2007 52,6 54,1 2008 2009** Dados em: % de contribuintes de instituto de previdência em qualquer trabalho na população ocupada por semana de referência * Não houve levantamento ** Último dado disponível Fonte: IBGE Elaboração: 43

Mais empregos com carteira assinada Além da ampliação da quantidade de empregos, melhorou a qualidade dos postos de trabalho criados, com consequente expansão da taxa de formalização. A média de 2010 equivale a 51,0%. Taxa de Formalização (% empregados com carteira de trabalho sobre total de ocupados) Mercado de Consumo de Massa 51,5 51,0 50,5 50,0 49,5 49,0 48,5 48,0 47,5 47,0 46,5 46,0 45,5 Jan 50,3 50,7 Fev 50,9 Mar 51,1 Abr 51,1 Mai Jun 51,0 Jul 50,8 50,8 Ago Set 51,1 50,9 Out 51,3 Nov 51,6 Dez 2008 2009 2010 Dados em: % empregados com carteira de trabalho sobre total de ocupados Fonte: IBGE Elaboração: 44

Taxa de desemprego é a menor da série histórica A taxa de desemprego atingiu os menores patamares da série histórica, reforçando o mercado de consumo doméstico. Na região metropolitana de Porto Alegre, por exemplo, o desemprego atingiu a menor taxa já registrada no País. Segundo o levantamento do IBGE, a região registrou, em dezembro, 3,0% de desemprego da população economicamente ativa. Evolução da Taxa de Desemprego (% PEA)* Mercado de Consumo de Massa 11 10,1 10 9 8 7 6 5 Jan Fev 9,0 7,6 Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 7,4 6,8 6,8 5,3 2010 2009 2008 2007 Dados em: % PEA * Referente às regiões metropolitanas de Belo Horionte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo Fonte: IBGE Elaboração: 45

Ganhos reais dos rendimentos dos trabalhadores Em paralelo à ampliação dos empregos, houve ganhos reais nos rendimentos dos trabalhadores, que estão contribuindo para a expansão de mais de 10% da massa salarial no quarto trimestre de 2010, o que possibilita a maior sustentabilidade do ciclo atual de crescimento econômico. Crescimento da Massa de Rendimento Real (% a.a., a preços de dezembro de 2010) Mercado de Consumo de Massa 10 8 6 4 2 0 8,5 8.5 9.1 9,1 7,1 7.1 6,6 6.6 6.8 6,8 10,0 10.0 5,0 4,0 2,7 5,6 3,8 3.8 5,1 3.4 3.2 3,2 3,4 2,6 2.6 0,7 3,1 2,5 2,0 3,3 3,0 1,4 0,1 0,8 0,6 3,1 4,0 3,3 3,5 3T08 4T08 1T09 2T09 3T09 4T09 1T10 2T10 3T10 4T10 6,3 Massa de rendimentos reais Rendimento real de todos os trabalhos População ocupada Dados em: % anual, a preços de dezembro de 2010 Fonte: IBGE Elaboração: 46

Participação de todos no crescimento do País Todos os setores econômicos apresentaram crescimento da massa de rendimentos reais em 2010. O maior crescimento da massa salarial foi verificado nos serviços domésticos e na construção civil, refletindo as políticas adotadas pelo Governo, como a valorização do salário mínimo e o programa habitacional Minha Casa Minha Vida. Massa de Rendimentos Reais - 2010 (%) Mercado de Consumo de Massa 20 15 10 5 0 17,2 8,9 7,2 6,8 6,3 4,9 3,4 Construção Outros serviços Serviços a empresas Administração Pública Comércio Indústria de Transformação Serviços domésticos Dados em: %, anual Fonte: IBGE Elaboração: 47

Economia Brasileira em PERSPECTIVA Inflação

Inflação sob controle O mundo vive um momento de instabilidade monetária, impulsionado pela inflação dos preços dos produtos básicos e pela crise do Norte da Africa e Oriente Médio. O preço das commodities têm-se acelerado, sobretudo devido aos problemas climáticos, aos aumentos nos custos de produção e à maior demanda mundial. O aumento da liquidez internacional e poucas alternativas de aplicações financeiras também contribuíram para esse fenômeno. Em setembro de 2010, o índice CRB (Commodity Research Bureau) superou os valores pré-crise internacional. Ainda assim, a inflação subiu proporcionalmente menos no Brasil do que na maioria dos outros países, mantendo-se dentro dos limites das metas estabelecidas para 2010 e 2011. Após forte elevação no último trimestre de 2010 e janeiro e fevereiro de 2011, o IPCA caminha para desaceleração em março e abril, em função da redução dos preços de vários alimentos e do término do efeito das tarifas de ônibus e das mensalidades escolares. Permanece alguma pressão no setor de serviços, mas que deverá reagir à desaceleração da economia e à redução dos gastos do Governo. Em 2010, o IPCA fechou em 5,91%, valor superior aos 4,5% do centro da meta, mas dentro da banda de tolerância de ±2 pontos percentuais. 50

Inflação sob controle na recuperação econômica Desde 2005, a inflação, medida pelo IPCA, mantêm-se dentro das bandas do regime de metas da inflação. A forte recuperação econômica de 2010, na qual a demanda interna cresceu 10,3%, foi compatível com o cumprimento do regime. Inflação Inflação IPCA (% a.a.) Queda de 53% 8,9 1999 6,0 2000 7,7 2001 12,5 2002 9,3 2003 7,6 2004 5,7 2005 3,1 2006 4,5 2007 5,9 2008 4,3 2009 5,9 2010 5,0 2011* 4,5 2012* Inflação IPCA Meta de Inflação Limites superior e inferior Dados em: % anual * Estimativas Fonte: IBGE e Banco Central Elaboração: 51

Commodities provoca elevação do IPCA no segundo semestre 2010 foi marcado por grande volatilidade de preços no setor de alimentos e bebidas. No início do ano, o elevado nível de chuvas provocou forte aumento nos preços dos alimentos, principalmente tubérculos. Os aumentos dos preços do álcool, açúcar, transportes e educação tiveram impacto significativo no IPCA do primeiro semestre de 2010. Após três meses de inflação mensal próxima a zero, os alimentos voltaram a pressionar o índice, a partir de setembro, motivados pelos aumentos internacionais nos preços das commodities. Inflação Evolução da Inflação IPCA (% a.m.) 1,0 0,8 0,63% 0,6 0,4 0,2 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov 0,37% 0,28% Dez 2008 2009 2010 Dados em: % mensal Fonte: IBGE Elaboração: 52

Vilões da inflação Em 2010, o IPCA ficou em 5,9%. Despesas Pessoais, gastos com Educação e Vestuário, bem como a alta de Alimentos no início do ano, foram os itens de maior pressão inflacionária. Inflação Inflação IPCA - 2010 (% a.a., acum. 12 m.) 12 10 8 6 4 2 0 10,4 7,5 7,4 6,2 5,9 5,1 5,0 3,5 2,4 0,9 Alimentação e bebidas Vestuário Despesas pessoais Educação IPCA Saúde e cuidados pessoais Habitação Artigos de residência Transportes Comunicação Dados em: % anual, acumulada em 12 meses Fonte: IBGE Elaboração: 53

Crescimento da massa salarial eleva o item Alimentação Fora do Domicílio A crise agrícola na Rússia e o aumento da liquidez internacional elevaram os preços dos alimentos a partir de setembro. O aumento em Alimentos no Domicílio tem comportamento sazonal (commodities e entressafra) e não reflete necessariamente pressões de demanda. A variação em Alimentos Fora do Domicílio, por sua vez, reflete principalmente o crescimento da massa salarial. Inflação IPCA e IPCA-15 (% a.m.) 5 4 3 0,6 0,6 0,6 0,8 1,0 1,0 1,2 1,6 1,9 2 1 0-1 -2 15-Dez 1,0 0,9 Dez 15-Jan Jan 15-Fev Fev 15-Mar Mar 15-Abr Abr 15-Mai Mai 15-Jun Jun 1,1 19,3 0,4 0,5 19,3 19,3 1,0 1,0 0,6 1,2 19,3 19,3 1,6 1,7 19,3 1,1 1,0 0,8 19,3 0,9 0,8 0,7 0,6 19,3 0,2 19,3 0,2 0,3 0,4 0,5 19,3 0,7 1,3 1,3 1,2 1,5 2,1 2,3 1,9 1,1 0,2-0,3-0,2-0,1-1,7-1,6-1,3-1,2 1,5 19,3 0,8 1,0 19,3-0,4 19,3 19,3-0,2-0,9 19,3-0,8 19,3-0,8 19,3-0,7 19,3-0,6-1,1 15-Jul Jul 15-Ago Ago 15-Set 0,5 0,2 0,3 19,3 Set 0,5 1,1 19,3 1,7 19,3 1,9 19,3 2,1 19,3 2,2 19,3 1,8 19,3 1,3 19,3 1,4 2,2 2,4 2,7 2,8 2,0 1,0 15-Out Out 15-Nov Nov 15-Dez Dez Alimentação fora do domicílio Alimentação no domicílio Alimentação e Bebidas Dados em: % mensal Fonte: IBGE Elaboração: 54

Excluídos alimentos, IPCA ficaria em 4,4% em 2010 Após 3 meses de contribuição negativa, o comportamento dos alimentos voltou a pressionar a inflação a partir de setembro de 2010. Os demais itens continuam a apresentar comportamento compatível com o ritmo de crescimento da economia, sem pressões de demanda. Inflação Decomposição da Inflação IPCA (% a.a.) 7 6 5 4 3 2 1 0-1 Jan 09 Fev 09 Mar 09 Abr 09 Mai 09 Jun 09 Jul 09 Ago 09 Set 09 Out 09 Nov 09 Dez 09 Jan 10 Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Out 10 Nov 10 Dez 10 5,9 3,8 1,5 0,4 0,1 IPCA Transporte Público Alimentos no Domicílio Combustíveis Veículos Demais Categorias Dados em: % anual, complementares entre si Fonte: IBGE Elaboração: 55

Preços monitorados continuam trajetória de queda A desagregação do IPCA entre os grupos de preços livres e os monitorados ou administrados (como energia elétrica, combustíveis, telefonia, remédios e transporte) revela que os últimos continuam sua trajetória de desaceleração, iniciada fevereiro de 2010. Os preços livres, no entanto, influenciados pelos alimentos, continuaram crescendo em outubro e novembro. Inflação Decomposição da Inflação IPCA (% a.a., acum. 12 m.) 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Out 07 Nov 07 Dez 07 Jan 08 Fev 08 Mar 08 Abr 08 Mai 08 Jun 08 Jul 08 Ago 08 Set 08 Out 08 Nov 08 Dez 08 Jan 09 Fev 09 Mar 09 Abr 09 Mai 09 Jun 09 Jul 09 Ago 09 Set 09 Out 09 Nov 09 Dez 09 Jan 10 Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Out 10 Nov 10 Dez 10 7,1 5,9 3,1 Monitorados Livres IPCA Dados em: % anual, acumulada em 12 meses Fonte: Banco Central Elaboração: 56

Inflação de bens não-comercializáveis No conjunto, os bens não-comercializáveis, não sujeitos à concorrência internacional (tais como serviços), mantiveram tendência de alta, com variação anual de 7,3%. Os bens que podem ser importados e exportados a custos reduzidos (comercializáveis) mostraram aceleração, com evolução da taxa para 6,9%. Inflação Decomposição da Inflação IPCA (% a.a., acum. 12 m.) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Out 07 Nov 07 Dez 07 Jan 08 Fev 08 Mar 08 Abr 08 Mai 08 Jun 08 Jul 08 Ago 08 Set 08 Out 08 Nov 08 Dez 08 Jan 09 Fev 09 Mar 09 Abr 09 Mai 09 Jun 09 Jul 09 Ago 09 Set 09 Out 09 Nov 09 Dez 09 Jan 10 Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Out 10 Nov 10 Dez 10 7,3 6,9 5,9 Bens comercializáveis Bens não-comercializáveis IPCA Dados em: % anual, acumulada em 12 meses Fonte: Banco Central Elaboração: 57

Bens não duráveis em alta e duráveis em baixa Quanto à desagregação do IPCA por tipo de bens, os não duráveis foram os que mais pressionaram a inflação (8,9%). Em contrapartida, os bens duráveis apresentaram inflação bem mais suave (0,9%). Inflação Decomposição da Inflação IPCA (% a.a., acum.12 m.) 15 11 7 3-1 -5 Out 07 Nov 07 Dez 07 Jan 08 Fev 08 Mar 08 Abr 08 Mai 08 Jun 08 Jul 08 Ago 08 Set 08 Out 08 Nov 08 Dez 08 Jan 09 Fev 09 Mar 09 Abr 09 Mai 09 Jun 09 Jul 09 Ago 09 Set 09 Out 09 Nov 09 Dez 09 Jan 10 Fev 10 Mar 10 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Out 10 Nov 10 Dez 10 8,9 7,6 5,1 0,9 Serviços Bens não duráveis Bens semi-duráveis Bens duráveis Dados em: % anual, acumulada em 12 meses Fonte: Banco Central Elaboração: 58