CRISE FINANCEIRA AMERICANA E OS SEUS IMPACTOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES DE ROCHAS ORNAMENTAIS CAPIXABAS



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Transcrição:

CRISE FINANCEIRA AMERICANA E OS SEUS IMPACTOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES DE ROCHAS ORNAMENTAIS CAPIXABAS Autor: Jonair Pereira da Costa RESUMO O objetivo desse estudo é verificar a relação existente entre a crise financeira americana e as exportações de rochas ornamentais no Estado do Espírito Santo. Trata-se de um estudo empírico que utiliza os dados referentes ao período de 2000 a 2010. As variáveis utilizadas para os testes estatísticos foram extraídos de fontes secundárias. Utilizou-se a análise estatística através de regressão linear múltipla para verificar a relação entre as variáveis. Observaram-se os conceitos estatísticos e foi possível verificar a forte relação entre as variáveis. O estudo considerou construção de casas no EUA como independente; e exportação de mármores e exportação de granitos no ES como variáveis dependentes. O resultado demonstrou uma forte dependência das exportações de mármores e granitos no Estado do ES com a construção de novas casas nos EUA. PALAVRAS-CHAVE: Crise financeira americana. Exportação de rochas no Estado do ES. 1. INTRODUÇÃO As crises financeiras fazem parte da história do capitalismo e são fartos os episódios relatando crises. Nos últimos dois séculos chegaram ao patamar das centenas conforme relata Kindleberg (1978). São crises que se apresentam nas mais diversas formas, podem ser crises financeiras, crises cambiais ou até mesmo crises relacionadas às estruturas de balanço de pagamento. Seus efeitos são devastadores afetando a demanda efetiva bem como as transações comerciais entre os países. Num cenário de estabilidade na economia mundial o comércio internacional segue seu fluxo normal sem maiores rupturas conjuntural, o mesmo não acontece em períodos de crise. O fenômeno mundial que ficou conhecido como a Crise Financeira Americana que atinge seu pico máximo em 2008, altera todo o processo das transações comerciais afetando fortemente diversos setores da economia brasileira e em especial as exportações de rochas ornamentais no Estado do Espírito Santo para os Estados Unidos da América. Neste artigo tratamos especificamente dos efeitos da Crise Financeira Americana de 2008 sobre as exportações de rochas ornamentais capixaba. A opção pelo setor de rochas ornamentais justifica-se por ser uma atividade que tem no setor imobiliário daquele país forte dependência, pois um volume considerável da produção de rochas ornamentais no Estado do Espírito Santo é destinado ao mercado americano. Assim, parte-se do princípio que o mercado imobiliário americano é um dos grandes demandantes dos produtos derivados do setor de rochas ornamentais. 1

A Crise Financeira Americana que teve origem no setor imobiliário provocou uma redução na construção cível e comprometeu drasticamente o quantitativo das exportações de rochas ornamentais. Portanto, o comportamento do mercado imobiliário americano torna-se um condicionante direto e importante para as exportações de rochas ornamentais capixaba. Tendo como referência a idéia acima evidenciada, busca-se quantificar o comportamento das exportações de rochas ornamentais capixabas frente a uma crise que afeta consideravelmente o setor da construção cível americana e, dessa forma, demonstrar a correlação que existe entre as amostras das variáveis pesquisadas. O período selecionado para pesquisa delimita-se aos anos de 2000 a 2010, tendo como base os dados disponibilizados de fontes secundárias. As discussões deste artigo estão pautadas e delimitadas por elementos da economia capixaba e dos Estados Unidos da América, por elementos e por aplicações estatísticas e econômicas. O objetivo principal desse estudo é analisar e mensurar os efeitos das variáveis em questão, tendo como espaço amostral as informações disponibilizadas no período de 2000 a 2010. O conjunto desse trabalho tem como base as exportações de rochas ornamentais e a crise imobiliária americana. O artigo pauta-se por uma breve introdução e conclusão, além de mais três seções. Na parte inicial, apresenta-se de forma breve o contexto que antecede a Crise Financeira Americana, assim como suas peculiaridades. Na segunda parte, propõem-se apresentar o setor de rochas ornamentais capixabas com seus aspectos mais relevantes. Nessa parte em particular, buscase verificar os efeitos da crise sobre o montante das exportações de rochas ornamentais capixabas no período entendido entre os anos de 2000 até 2010. Na parte final, seção três do trabalho, faz-se um teste de regressão estatística para comprovar a relação existente entre as variáveis em questão, assim como observações finais avaliando os resultados obtidos. 2. CRISE FINANCEIRA AMERICANA O desencadeamento da Crise Financeira Americana de 2008 está atrelada ao processo sistêmico de globalização das economias e principalmente do capital financeiro. Seus tentáculos atingiram diversos setores e em especial o produtivo. Uma crise que se apresenta nos chamados subprimes cujo constructo da expressão foi definido como: empréstimos concedidos às pessoas com algum histórico de inadimplência ou sem histórico de crédito, ou ainda, um crédito à habitação de alto risco destinado a população de baixa renda e com histórico de inadimplência em que a única garantia exigida nestes empréstimos é o imóvel. Segundo Carvalho (2008), o subprime deriva de uma parcela da população sem renda, sem emprego fixo, sem ativos para dar como garantia e sem histórico de crédito para provar confiabilidade. De acordo com Kregel (2008), a crise tem raízes nessa nova estrutura de financiamento habitacional estadunidense, baseada na evolução de um sistema desregulado e no desenvolvimento de novos instrumentos de financiamento. O surgimento dos subprimes está relacionado ao comportamento da economia americana que se caracterizava na década de 1990 por dois cenários. Primeiro, inflação baixa que acarretou na redução das taxas de juros por parte do Federal Reserve (Banco Central Americano). Segundo, o acirramento competitivo entre os bancos e as demais instituições financeiras que passam a atuar em mercados que eram exclusivos dos bancos. 2

Com a redução da taxa de juros anuais por parte do Federal Reserve (gráfico1), as instituições financeiras passam a conceder empréstimos com juros menores para que os consumidores e as empresas voltassem a gastar, e aproveitando a redução dos juros, os bancos conseguiram atrair os consumidores aos empréstimos. Gráfico 1 Queda nos juros EUA Segundo Carvalho (2008), com a redução dos juros foi desenvolvido um crédito de financiamento habitacional, denominado hipoteca, em que o comprador financia uma residência em longos anos, mas não tem propriedade do imóvel até que todas as parcelas sejam quitadas, pois a garantia de pagamento é o próprio imóvel. Com a diminuição dos juros, a demanda por imóveis cresceu e as vendas no setor imobiliário aumentaram. As instituições financeiras desenvolveram créditos específicos para os empréstimos direcionados à compra de imóveis. Comprar imóveis tornou-se um bom negócio, não apenas para as pessoas que queriam adquirir moradia, mas também para investidores que enxergavam no setor imobiliário uma excelente oportunidade de investimento. Assim, os últimos anos, isto é, os anos antes da crise, o mercado imobiliário norte-americano experimenta algo espetacular no que tange a questão de valorização. Num curto espaço de tempo (gráfico 2), mais precisamente entre os anos de 2000 a 2006, o preço dos imóveis americanos tem uma espantosa valorização, porém, este quadro se altera no final dos anos de 2006, quando os preços começam a cair dando sinal de crise no setor. Gráfico 2 Oscilação percentual nos preços das casas nos EUA O processo de valorização, mesmo que infundado se transformou em bolha gerando a crise, crise esta impulsionada pelo aumento do crédito imobiliário americano, que esteve apoiado em taxas de juros relativamente baixas. Segundo Filho (2008) os preços dos imóveis se 3

elevaram de forma contínua, chagando mesmo a triplicar de valor. Esse processo foi, em boa medida, impulsionado pelo aumento do crédito imobiliário americano. Assim, criou-se uma bolha que culminou com a grande crise, afetando não só a economia americana mais direta ou indiretamente toda a economia mundial. 2.1 Bolhas Especulativas A forte valorização imobiliária americana proporcionada pela queda dos juros criou uma bolha imobiliária que se transformou na crise financeira de 2008. Ao longo da história surgiram várias bolhas e, a bolha do setor imobiliário americano provavelmente não será a última. Como pode ser observado na tabela a seguir, as bolhas surgem nos mais variados setores da economia, ou seja, a bolha pode surgir de tulipas holandesas ao mercado de ações. Tabela 1 Bolhas especulativas Bolha Mecanismo de Especulação Base de Sustentação da Bolha Estouro da Bolha Bolha das Tulipas Holandesas (1630) Bolha da South Sea Company no que ficou conhecido como a Bolha dos Mares do Sul (1710-1720) A onda especulativa começou com o surgimento de um vírus que atacava o bulbo, modificando a cor e a variedade Lucros provenientes da conversão de dívida governo; South Sea Company recebeu o monopólio da exploração do comércio com as colônias espanholas, além de ser protegida de concorrência por meio de tarifas de importação. Crescimento de forma muito rápida do comércio com o novo mundo; Sucesso de Law como Bolha da Mississipi Company (1717-1720) organizador financeiro. Bolha mercado de ações dos EUA (1920) Fusões nos EUA de conglomerados (1960) Fonte: Kindleberg, 1992 (adaptado) Fim do medo da inflação depois da primeira guerra, Década em que investir em ações de crescimento foi lucrativo (crash) Surgiu um mercado futuro de tulipas, chamado de windhandel ou comércio de vento, no qual os 1637 vendedores prometiam entregar um bulbo de certo tipo e peso na primavera seguinte. A empresa distribuía vultosos dividendos de tempos em tempos e manipulava os registros contábeis, além de também falsificar a existência de algumas ações. O 1720 objetivo disso não era uma boa gestão financeira, e sim inflar o preço das ações. Apoio por parte do governo, aumento de crédito para banco de 1720 Law para financiar novas aquisições Crescimento de contas margem e empréstimos de corretores 1929 Trocar as ações para mascarar e criar um suposto crescimento dos lucros 1970/1971 No que tange as bolhas é possível observar características bem peculiares, isto é, todas apresentam certos elementos em comum. Podemos mencioná-las da seguinte forma: em primeiro lugar, oportunidade imperdível proporcionado por um novo ativo, um novo mercado; em segundo lugar, a bolha é inflada pela irracionalidade eufórica dos agentes econômicos diante de uma suposta e imperdível oportunidade provocando assim a elevação dos preços; em terceiro lugar, as bolhas se sustentam e inflam com o respaldo ou conivência das instituições e dos governos; em quarto e último lugar, os preços param de subir e de acordo com Kindleberger (1978) o pânico toma conta de todos gerando o efeito manada, assim os agentes econômicos posicionam como desesperados vendedores de seus ativos, mesmo tendo grandes prejuízos. De acordo com Belluzzo (2009), numa situação de stress e de estreitamento da liquidez, os mercados desconfiam que a gororoba é de segunda. A 4

desconfiança é suficiente para lembrar aos administradores de carteira (fundos de pensão, fundos de investimento e hedge funds) que é perigoso descarregar a mercadoria sob suspeita e, assim, realizar perdas elevadas. No caso da crise financeira americana não foi diferente, depois de inflar a bolha imobiliária todos buscaram desfazer de seus ativos vendendo os imóveis. Como a oferta era muito grande e o número de vendedores era infinitamente maior que de compradores, os preços desabaram e houve um estouro da bolha. O crash da bolha imobiliária culmina com uma crise imensurável no qual só pode ser comparada com a grande Crise de 1929. 2.2 O início da grande crise A crise financeira americana acontece num ambiente bastante promissor no qual havia uma grande liquidez global. Antes de 2008 o mercado financeiro internacional passava por forte liquidez com um volume significante de recursos disponíveis. Com tanto recursos financeiros fluindo entre os agentes econômicos, houve um relaxamento das instituições no que tange a recursos emprestáveis, provocando um aumento na concessão de crédito com baixo rigor. A forte expansão de crédito, devido à grande liquidez global de recursos financeiros emprestáveis, propiciou um ambiente favorável que acabou se transformando em uma crise que atinge fortemente o mercado imobiliário americano, mercado este, composto por bancos e instituições que direta ou indiretamente tinha ativos atrelados a hipotecas. Com problemas no setor imobiliário dos Estados Unidos da América, a crise se espalha e tem reflexo no resto do mundo, afetando diretamente o setor bancário americano que a partir da crise instalada passam a ficar expostos, gerando restrição de crédito. Com um mercado financeiro avesso aos riscos e uma escassez de crédito, os bancos passam a rejeitar e negam novos empréstimos. A figura (figura 1) a seguir ilustra como tudo teve início. I. Imóveis Valorizados II. Altos Juros e Queda nos Preços Como Tudo Começou II. Títulos Lastreados IV.Prejuízo s dos Bancos V. Crise de Confiança Figura 1 O início da crise Antes da crise, quando os juros ainda estavam baixos e o crédito era facilitado sem muitos critérios de concessão, os preços dos imóveis americanos sofreram uma forte valorização 5

devido à alta na demanda. Esse processo desencadeia em um encorajamento dos mutuários a fazer uma espécie de refinanciamento de suas hipotecas junto aos bancos, ou seja, refinanciavam suas dívidas, agora num imóvel bem mais valorizado do que era no início do contrato, isto é, no contrato original. Assim, os bancos refaziam esta espécie de refinanciamento e emprestavam aos mutuários uma diferença em dinheiro, com esse dinheiro emprestado pelos bancos os mutuários utilizavam para os mais diversos tipos de consumo. O artifício financeiro utilizado pelos bancos a princípio parece ser um tanto quanto interessante e não se pode negar que foi muito criativo. Para refinanciar as dívidas dos mutuários e ainda dar as diferenças em dinheiro, os bancos criavam toda uma engenharia financeira e colocavam no mercado ativos com lastro em títulos do setor imobiliário. Para captar recursos financeiros, os bancos criaram o que ficou conhecido como títulos lastreados em hipotecas. Essa modalidade de título tem similaridade com uma nota promissória cuja garantia era a própria hipoteca dos imóveis. Então, os bancos passam a vender para investidores esses títulos lastreados em hipotecas, que por sua vez emitiam seus próprios títulos lastreados nos títulos anteriores, ou seja, nos títulos lastreados. Assim a corrente seguia contaminando todo o sistema bancário americano e também bancos de outros países que tinham ativos vinculados aos bancos dos Estados Unidos da América. Porém, a partir de 2004 o Federal Reserve passa a elevar a taxa de juros, que salta de 1,25% em junho de 2004 para 5,25% em junho de 2006, permanecendo neste e patamar até agosto de 2007 (gráfico 3). A elevação nas taxas de juros tinha como objetivo o combate a inflação que começava a subir. Gráfico 3 Aumento dos juros EUA Com a elevação dos juros os preços dos então valorizados imóveis começam cair, com juros mais altos as mensalidades dos imóveis financiados passam a ficar mais caros e a inadimplência começa a subir de forma assustadora. Assim, os títulos dos bancos que tinham como lastro as hipotecas passam a perder valor de forma acentuada. Com a forte desvalorização dos títulos atrelados as hipotecas e com grandes prejuízos causados pela inadimplência, os bancos passam a ter enormes perdas. Parte deles com grandes problemas financeiros chegam à falência e os que sobreviveram foram resgatado pelo governo americano, ou seja, o governo atua comprando esses bancos ou concedendo empréstimos para evitar a falência. No auge da crise, como em qualquer processo de crise e desta vez de tamanho imensurável, além de problemas financeiros, o sistema bancário passa também pela crise de desconfiança e as instituições financeira retém seus recursos financeiros gerando uma crise de crédito, isto é, os bancos passam a não mais conceder empréstimos como medo de novos calotes. 6

No período mais agudo da crise, mais pontualmente, no segundo semestre de 2008 quando vários e importantes bancos americanos faliram, houve uma resposta articulada dos governos através do G-20 (grupo dos 20 países mais ricos do mundo), para tentar conter a crise. Os mecanismos encontrados pelos países mais afetados, Estados Unidos da América e os principais países europeus foram recuperar empresas e instituições financeiras que naquele momento passavam por dificuldades financeiras. Essa recuperação se processou através de aporte de recursos financeiros públicos e oferta de crédito. A tabela 2 mostra como foi robusta e expressiva a intervenção dos governos para conter a crise. Tabela 2- Pacote de ajuda Mesmo com a forte intervenção estatal, por meio de intervenção financeira, a crise já estava instalada afetando toda a economia mundial. Uma crise que surge no setor imobiliário afeta todo sistema financeiro americano e gera conseqüências para toda a economia mundial. Essa crise não se restringiu ao mercado financeiro, toda a economia real efetiva sofreu as conseqüências e, de forma mais aguda as transações comerciais entre países, principalmente aqueles que dependem ou dependiam da economia americana. Esse foi o caso das exportações brasileiras, e em especial o setor de rochas ornamentais capixabas. O Estado do Espírito Santo é um dos maiores exportadores de rochas, com destaque para a produção de mármores e granitos. O Estado tinha e ainda tem como destino o mercado americano, e de forma peculiar o setor imobiliário, pois são os mármores e granitos capixabas que em grande parte vão fazer parte dos acabamentos finais dos imóveis americanos. 2. O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO ESPÍRITO SANTO Historicamente registra-se que as primeiras unidades produtivas do setor rochas ornamentais no Espírito Santo tiveram início na década de 1930. No início das atividades deste setor a região de Cachoeiro de Itapemirim, concentrava toda produção, porém, com o passar do tempo a produção de rochas espalhou-se por quase todo o Estado. O Espírito Santo atualmente é o principal produtor e o maior processador e exportador de rochas ornamentais do Brasil. Conforme Filho (2009), o Estado obtém setenta por cento da capacidade nacional de beneficiamento primário de blocos e chapas, e cinqüenta por cento da produção brasileira de rochas. Para efeito de entendimento geral se faz necessário definir o conceito básico de rochas ornamentais, utilizando como referência a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral SGM, do Ministério de Minas e Energia MME. Conforme o SGM rochas ornamentais também designadas pedras naturais, rochas lapídeas, rochas dimensionais e materiais de cantaria, compreendem os materiais geológicos naturais que 7

podem ser extraídos em blocos ou placas, cortados em formas variadas e beneficiados por meio de esquadrejamento, polimento, lustro. Os primeiros registros de exploração rochas ornamentais foi no município de Cachoeiro de Itapemirim de forma bem rudimentar, pois somente por volta das décadas de 1960 e 1970 há uma exploração comercial significativa. De acordo com Vilaschi (2000), devemos lembrar que o início da produção do mármore em Cachoeiro não se deu pela extração de blocos, pois as marmorarias foram instaladas na região a partir de 1930 e as serrarias somente apareceram no município a partir de 1966. O setor de rochas capixaba encontra-se dividido em particular em dois pólos centrais onde se localizam as grandes e também o maior número de empresas. O mais importante pólo é o que fica localizado no sul do Estado, mais precisamente no município de Cachoeiro de Itapemirim, e outro novo e também importante pólo, localiza-se no norte do Estado, com maior destaque para o município de Nova Venécia. Atualmente o pólo de Cachoeiro é o maior do Estado do Espírito Santo e também o maior do Brasil, com grande capacidade instalada assim como maior produção e produtividade. Essa produtividade resulta do grande número de jazidas existentes na região, assim como o know how adquirido ao longo das últimas décadas. No segundo pólo, o de Nova Venécia, estimase que 30% da área geográfica do município seja composto por rochas de granitos. A figura a seguir (figura 2) mostra a localização detalhada dos pólos Sul e do pólo Norte. Figura 2 Pólos norte e sul Atualmente a atividade envolvendo rochas ornamentais atinge a expressiva marca de 66 dos 78 municípios, ou seja, nestes 66 municípios capixabas há algum tipo de atividade econômica ligada ao setor de rochas ornamentais, contribuindo de forma efetiva para o desempenho econômico da região onde estão inseridos. Assim, pode-se constatar que o setor de rochas não se restringe apenas aos municípios de Cachoeiro de Itapemirim no sul e Nova Venécia no norte do Estado. 8

A exploração de rochas ornamentais tornou-se o terceiro maior gerador de receitas e representa aproximadamente 10% do produto interno (PIB) capixaba. Especificamente o setor de rochas e seus derivados no caso, mármore e granito são fundamentais para a economia no Espírito Santo, pois sua exploração gera um efeito multiplicador com reflexos na indústria mecânica e no comércio exterior no Estado. As atividades tais como extração de blocos e beneficiamentos, representam toda cadeia produtiva do setor de rochas ornamentais, e vinculado a ele há o envolvimento da indústria de bens de capitais e seus fornecedores, assim como serviços e insumos. Mesmo com a redução nas exportações devido à crise financeira americana, nos últimos anos o setor de rochas capixaba teve a capacidade de se reinventar e superar os efeitos da recente crise que afetou fortemente o setor. Com significativa capacidade de crescimento, o setor de rochas prevê investimento na ordem de US$ 1 bilhão para o ano de 2013, mostrando assim a pujança deste setor. 2.1 Os Efeitos da Crise Americana sobre o setor de rochas Segundo Filho (2009), mesmo com a crise o setor de rochas no Espírito Santo ainda é bem representativo. O Estado representa setenta por cento da capacidade nacional de beneficiamento primário de blocos e chapas, e também por cinqüenta por cento da produção brasileira de rochas. Grande parte da produção é destinada ao mercado externo. A tabela 3 mostra o quanto às exportações capixabas são representativas, quando comparado aos demais estados produtores. Estado Tabela 3 Exportação por Estado EXPORTAÇÕES PRINCIPAIS ESTADOS (US$/ FOB) Jan a Dez. 2007 X 2008 (Participação e Variação %) Mármores e Granitos Outras Total Ardósias Rochas Bloco Manufaturad Ardósias Outras Total US$ Participação Variação o US$ 2008 US$ 2008 US$ 2008 US$ 2008 2008 % % ES 88.235.120 536.804.235 142.139 4.641.307 629.912.801 66,54-13,24 MG 53.500.358 5.140.145 96.175.139 48.849.430 203.365.072 21,48-3,74 RJ 579.853 21.176.235 15.647 359.520 22.131.255 2,34-36,58 SC 121.940 14.416.541 1.909.167 692.093 17.139.741 1,81 8,31 SP 2.092.571 12.257.672 1.848.937 129.086 16.328.266 1,72-36,76 BA 11.664.059 638.588 10.970 1.284.583 13.598.200 1,44-28,36 CE 5.187.923 6.324.798 46.316 41.308 11.600.345 1,23 3,46 PE 2.579.936 4.689.921 657.943 0 7.927.800 0,84 10,24 PB 3.758.232 3.427.671 0 0 7.186.903 0,76-27,45 PR 131.741 6.911.361 15 38.051 7.081.168 0,75-47,67 RN 3.409.083 0 0 114.889 3.523.972 0,37-35,78 Outros 2.505.416 2.161.028 285.014 1.917.421 6.868.879 0,73-46,62 Brasil 173.856.232 613.948.195 101.091.287 57.767.688 946.663.402 100,00-13,43 Fonte: Abirochas 9

Seguido do Espírito Santo vem Minas Gerais e Rio de Janeiro e, em quinto lugar São Paulo. O destaque da região sudeste não se limita apenas a produção, mas também na exportação deste importante produto que contribui direta e indiretamente para o crescimento econômico do país. É possível observar (gráfico 4) o quanto é significativa a influência da região sudeste no que tange a produção das rochas ornamentais brasileiras. Produção Total (em milhares de ton.) 5 4,39 4 3 Sudeste Nordeste Sul 2 1 0 0,9 0,54 0,15 0,02 Centro-Oeste Norte Gráfico 4 Produção por região O predomínio da região sudeste na produção de rochas é explicado por algumas condicionantes bem específicas. Segundo Calaes (2008), a partir de 2002 alguns fatores ajudam a esclarecer a exuberância do crescimento do setor de rocha no sudeste e em especial no Estado do Espírito Santo. Primeiro, houve mudanças nas tecnologias empregadas, isto é, avanço das técnicas e equipamentos de extração, desdobramento, corte e polimento gerando maior produtividade, redução de custos, melhorias na competitividade do setor. Segundo, medidas de fomento por parte dos órgãos do governo em especial no que tange investimento por parte dos bancos de investimentos e desenvolvimento regionais. Terceira maior abertura de mercado que proporcionou queda de impostos de importação sobre máquinas e equipamentos. De acordo com MME (ministério de Minas e Energia) a utilização de rochas ornamentais e respectivamente seus derivados possuem um vasto mercado, pois seus principais campos de aplicação são tanto peças isoladas, assim como esculturas, tampos e pés de mesa, balcões, lápides. No entanto, vale destacar à imensa utilização em edificações, com grande aplicabilidade em revestimentos internos e externos de paredes, pisos, pilares, colunas, soleiras, dentre outros. Partido do ponto de vista comercial, o setor de rochas ornamentais apresenta basicamente duas subdivisões, sões, isto é, dividem-se em granitos e mármores. No caso dos granitos classificam-se se de forma genérica como rochas silicáticas, (granitos, quartzitos e basaltos). No caso dos mármores incluem as rochas carbonáticas (mármores, travertinos e serpentinitos). Outros tipos litológicos, como ardósias, possuem certa relevância, porém, o grande destaque no Estado do Espírito Santo são os mármores e granitos, as ardósias possuem uma importância secundária. 10

Mesmo com a exuberância apresentada a partir de 2002, o setor de rochas sofre uma expressiva retração ao longo de 2007 e 2008, devido à crise mundial vivenciada pelos Estados Unidos. Na tabela abaixo é possível visualizar como a crise americana afetou as exportações capixabas de granitos e mármores, cortados em blocos e chapas. Tabela 4 - Balanço das exportações capixabas 2000-2010 ANO 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 Fonte: mdic GRANITOS CORTADOS (em blocos ou placas) VALORES EM US$ 75.553.659 51.408.253 59.265.728 88.384.259 87.122.984 63.400.577 45.621.273 28.429.038 12.537.265 12.871.567 9.961.254 MÁRMORES CORTADOS (em blocos ou placas) VALORES EM US$ 1.111.866 206.046 913.060 663.393 1.128.961 1.045.022 289.938 349.643 212.190 48.114 136.030 Com a crise americana, houve uma estagnação na construção de novas casas, afetando fortemente o setor de rochas ornamentais, devido à dependência de venda dos materiais para os EUA. De acordo com Filho (2009), o impacto da crise nas exportações brasileiras foi grande e levou a falência de muitas empresas. O consumo americano de rochas processadas está diretamente ligado ao setor da construção civil, que por sua vez, influenciou na demanda da produção brasileira de rochas manufaturadas. É possível perceber os impactos da crise financeira americana nas exportações capixabas de mármores e granitos. Pode-se visualizar que, de 2007 para 2008, as exportações de granitos cortados em blocos ou placas caíram em torno de trinta por cento. Já as exportações de mármores cortados em blocos ou chapas tiveram queda de quase trinta e cinco por cento, de 2006 para 2007. Seguindo as evidências de Barradas (2012), o mercado de rochas ornamentais no Espírito Santo é tradicionalmente exportador e foi muito afetado com a crise econômica americana, pois os Estados Unidos da América são os maiores compradores das chapas polidas brasileiras. 3. RESULTADOS 3.1 Resultados empíricos das variáveis Nesta seção busca-se mensurar os efeitos da crise financeira americana sobre as exportações de rochas ornamentais no Estado do Espírito Santo. Partindo sempre da premissa que a crise surgiu no setor imobiliário, logo, houve uma redução na construção de novas casas e considerando que estas casas utilizavam o mármore e o granito com materiais de acabamento nas suas edificações. Como já foi mencionado o mármore e o granito possui uma imensa capacidade de utilização em edificações, com grande destaque para os revestimentos internos 11

e externos de paredes, pisos, pilares, colunas, soleiras das construções em geral e, de forma peculiar as construções americanas. Com base no gráfico a seguir, quando é feito um comparativo entre a construção de casas nos Estados Unidos da América (em milhões de unidades), com o valor em dólares (em milhões de US$) das exportações de granitos no ES no período de 2000 a 2010, pode-se constatar que as linhas do gráfico caminham na mesma direção, isto é, o aumento ou redução da construção de casas no EUA aumenta ou reduz a exportação de granitos no Estado do ES. Assim, pode-se afirmar que a crise financeira que teve início no setor imobiliário, afetou as exportações de rochas ornamentais no Espírito Santo. 100 80 60 40 20 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Construção de Casas EUA (em milhões de unid.) Exportação de Granitos ES (em milhões de US$) Gráfico 5 - Construção de casas Versus Exportações de Granitos ES Quando se faz o mesmo comparativo, desta vez utilizando (gráfico 6) os dados referentes à construção de casas nos Estados Unidos da América (em milhões de unidades), com o valor em dólares (em milhões de US$) das exportações de mármores ES, também no período de 2000 a 2010, percebe-se que há correlação, ou seja, o desempenho do setor imobiliário está estritamente correlacionado com o as exportações de mármores. 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Construção de Casas EUA (em mil de unid.) Exportação de Mármores ES (em mil de US$) Gráfico 6 - Construção de casas Versus Exportações de Mármores ES Assim tanto a exportação de granitos como de mármores no Estado no Espírito Santo estão atrelados a construção de novas casas nos EUA, ou seja, atrelados ao mercado imobiliário americano. 3.1.1 Regressão Linear Múltipla Neste tipo de regressão é possível verificar a associação entre as séries de dados, plotar a linha e 12

a equação da reta das variáveis, (X) independente e (Yi) dependente. Regressão Linear é descrita da seguinte forma: Y i = β 0 + β 1 X i +ε Onde: Yi = Variável Dependente; β 0 = Intercepto populacional; β 1= Inclinação populacional; X i = Variável independente; ε = Erro Aleatório. Com base nos dados apresentados na tabela abaixo, rodou-se uma regressão múltipla com os dados: construção casas EUA versus total de exportação de granitos ES (em milhões de US$) e exportação de mármores ES (em mil de US$). Como variável independente utilizou os dados disponíveis sobre a construção de casas nos Estados Unidos da América e como variáveis dependentes as exportações de mármores e granitos no ES. Tabela 5 Construção EUA, e Exportações Mármores e Granitos Construção de Casas Exportação de Exportação de Granitos Ano EUA Mármores ES ES (em mil de unid.) (em mil de US$) (em milhões de US$) 2000 1600 136,03 99,61 2001 1750 48,11 128,70 2002 1850 212,19 125,40 2003 2100 349,64 284,30 2004 2000 289,93 456,20 2005 2400 1045,02 634,00 2006 2500 1128,96 871,20 2007 1250 663,39 883,80 2008 850 913,06 592,70 2009 450 206,04 514,10 2010 500 1111,86 755,00 Fonte: Bloomberg e Abirochas A regressão linear múltipla apresentou para construção de novas casas nos EUA (X) e exportação de mármores e granitos (Yi) os seguintes resultados: RESUMO DOS RESULTADOS Estatística de regressão R múltiplo 0,76177266 R-Quadrado 0,58029758 R-quadrado ajustado 0,48029758 Erro padrão 835,79393 Observações 11 13

O resumo dos resultados da regressão apresenta os seguintes dados: o R-Multiplo é de 0,76177266, ou seja, 76,17% das variações do total de exportação de granitos ES (em milhões de US$) e exportação de mármores ES (em mil de US$) (Y) é explicado pela construção de casas nos EUA (X). Somente 23,83,% da variabilidade da amostra podem ser explicadas por fatores diferentes das variáveis utilizadas no modelo de regressão. Como o R-Quadrado pode ser no máximo igual a 1, e o R-Quadrado da regressão é igual a 0,58029758, ou seja, a reta da regressão da amostra se ajusta bem aos dados. O R-Quadrado ajustado é igual 0,48029758 está muito próximo do R-Quadrado, refletindo assim tanto o número de variáveis explicativas no modelo quanto o tamanho da amostras. O erro padrão da estimativa mensura a variabilidade em torno da linha ajustada da regressão, pode ser entendido como o desvio padrão dos valores estimados. 3.1.2. ANOVA ANOVA gl SQ MQ F F de significação Regressão 1 9658456 9658456 13,82641 0,004782533 Resíduo 10 6985515 698551,5 Total 11 16643971 Com base na ANOVA, o F de significação (valor p) é igual 0,004782533 < 0,05, portanto pode-se rejeitar H 0 e concluir que a variável independente (construção de casas nos EUA) está relacionada as exportações de mármores e granitos do Estado do ES. Assim, pode-se perceber que os resultados testados empiricamente demonstram que a crise americana gerou redução das exportações de mármores e granitos no Estado do Espírito Santo. CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta desse estudo foi verificar empiricamente as relações existentes entre as variáveis construções de novas casas nos Estados Unidos da América e exportação de mármores e granitos capixabas no período de 2000 a 2010, pois grande parte dos derivados das rochas ornamentais no Estado do Espírito Santo é destinada aquele país. Foram consideradas as exportações de rochas ornamentais, porém, com foco nas exportações de mármores e granitos por se tratar de produtos predominantes no setor de rochas no Estado do Espírito Santo. Quanto às construções de novas casas nos Estados Unidos da América, considerou-se a importância daquele mercado, ou seja, o setor imobiliário americano como destino final dos mármores e granitos produzidos em terras capixabas, assim como os efeitos da crise no setor imobiliário americano. Ao utilizar o teste estatístico, regressão linear múltipla, os resultados também foram satisfatórios no que tange a relação entre as variáveis. Considerou-se construção de novas casas nos EUA como variável independente; exportações de mármores e granitos como variáveis dependentes. Quando realizado o teste verificou-se que 76,27% das variações das 14

exportações de mármores e granitos são determinadas pelas construções de novas casas nos EUA, restando apenas 23,83% para outras causas aleatórias. Portanto, pode-se concluir que as construções de novas casas americanas no período de 2000 a 2010 são responsáveis pelo desempenho das exportações de mármores e granitos capixabas. REFERÊNCIAS ABIROCHAS. Rochas Ornamentais no Século XXI: Bases para uma política de Desenvolvimento Sustentado das exportações Brasileiras. Rio de Janeiro, 2001. BARRADAS, Mario. Entrevista. Revista Rochas. São Paulo. Edição 225. P. 208-210. BELLUZZO, Luiz Gonzaga. A crise financeira e o papel do estado. Brasília, 2009. CALAES, Gilberto Dias. O setor de rochas ornamentais diante do novo cenário econômico nacional. Minas Gerais: 2008. CARVALHO, Fernando Cardim de. Dossiê da Crise. Parte II: Entendendo a Recente Crise Financeira Global. UFRGS, Rio Grande do Sul, 2008 CASTRO, Emanuel Mateus de. O mercado está mudando. Revista Rochas. São Paulo. Edição 223. 13p.-14p., março/abril-2012. DÂMASO, Sérgio. Entrevista. Revista Rochas. São Paulo. Edição 223. 140p.-142p., março/abril-2012. FILHO, Ernani Teixeira Torres. Analisando a Crise do Subprime. Revista do BNDES. Rio de Janeiro. Vol.15. 129p-152p. 2008. FOLHA DE SÃO PAULO. Entenda a evolução da crise que atinge a economia dos EUA. São Paulo, 2008. S/P. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha /dinheiro/ult91u479070.shtml> Acessado em 10 jun.. 2013. JUNIOR, Gilberto Rodrigues Boça; FILHO, Ernani Teixeira Torres. Analisando a Crise do Subprime. Revista do BNDES. Rio de Janeiro. Versão 15, número 30. P129-159, dez. 2008. KINDLEBERGER, C. P. Manias, pânico e crashes. New York. Basic Books. 1978. MACHADO, Geraldo. Entrevista. Revista Rochas. São Paulo. Edição 219. P. 157, julho/agosto-2011. KREGEL, J. A. Riscos e implicações da globalização financeira para autonomia de políticas nacionais. In: FERRARI FILHO, F. ; PAULA, L. F. (Org.). Globalização financeira: ensaios de macroeconomia aberta. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 31-58. PAULA, Teófilo Henrique Pereira de. Arranjo Produtivo Local de Rochas Ornamentais do Estado do Espírito Santo: delimitação e análise dos níveis de desenvolvimento dos municípios constituintes. Revista econômica do Nordeste. Versão 39 nº 1. P 67-83, 2008. VILASCHI, A F.; SABADINI,M. S. Arranjo produtivo de rochas ornamentais (mármore e granito) no Estado do Espírito Santo. Rio de Janeiro: BNDES, 2000. 15