APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA. REQUISITOS. A eventual ausência de um dos requisitos elencados pelo art. 75, do Decreto nº 57.663/66, não tem o condão de tornar nula a nota promissória, notadamente quando o campo em branco versa sobre encargos legalmente previstos. Precedente deste Tribunal de Justiça. CORREÇÃO. Tratando-se de nota promissória oriunda de contrato de promessa de compra e venda de bem imóvel, mostra-se aceitável a adoção do CUB como índice para a correção monetária. Jurisprudência desta Corte. IMPENHORABILIDADE. Conforme o disposto pelo art. 333, I, do Código de Processo Civil, incumbe ao embargante provar que o imóvel que é objeto de constrição constitui-se em bem de família. No caso, nada sobreveio aos autos no sentido de comprovar a suposta impenhorabilidade. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME. APELAÇÃO CÍVEL VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE CAPÃO DA CANOA MIGUEL JORDÃO MILANI LIPEMAR CONSTRUTORA E INCOPORADORA LTDA APELANTE APELADO A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Vigésima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao recurso. Custas na forma da lei. 1
Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores DES. RUBEM DUARTE (PRESIDENTE E REVISOR) E DES. CARLOS CINI MARCHIONATTI. Porto Alegre, 30 de junho de 2010. DESA. WALDA MARIA MELO PIERRO, Relatora. R E L A T Ó R I O DESA. WALDA MARIA MELO PIERRO (RELATORA) Trata-se de apelação interposta por MIGUEL JORDÃO MILANI contra a sentença de fls. 44-48 que, nos autos dos embargos à execução opostos em desfavor de LIPEMAR CONTRUTORA E INCORPORADORA LTDA., julgou-os improcedentes. As custas foram atribuídas ao embargante, sendo os honorários fixados em R$ 800,00. Em suas razões, o embargante sustenta que as notas promissórias não preenchem os requisitos básicos, visto que ausente a indicação da multa e dos juros. Sustenta, também, a ocorrência de excesso na execução, pois o CUB não pode ser utilizado como índice para a correção monetária, além de declarar que a penhora recairá sobre bem de família. Por fim, requer a modificação dos ônus sucumbenciais. (fls. 51-59) Contrarrazões às fls. 62-67. É o relatório. V O T O S DESA. WALDA MARIA MELO PIERRO (RELATORA) recurso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do 2
De pronto, impõe-se a manutenção da sentença atacada. Isso porque embora o art. 75, do Decreto nº 57.663/66 disponha acerca dos requisitos formais da nota promissória, a eventual ausência de preenchimento de alguns do referidos requisitos não tem o condão de tornar nula a nota, notadamente porque, emitida a nota promissória em branco (...), tem-se que o emitente da nota promissória outorgou mandato tácito ao credor para preencher posteriormente os requisitos faltantes, conforme bem declarou o Des. Paulo Sérgio Scarparo, quando do julgamento da apelação nº 70033285222. No caso em exame, não foram preenchidos os campos relativos aos juros e à multa, o que se apresenta absolutamente desnecessário, porque tais incidências decorrem de expressa previsão legal, devendo-se cuidar para não confundir os juros moratórios com os juros remuneratórios. Quanto à correção monetária, igual sorte não assiste ao embargante, visto que a correção consiste em mera recomposição do valor da moeda, não tendo o condão de aumentar o valor do principal, sendo aceitável a adoção do CUB (Custo Unitário Básico) como índice de reajuste, nos contratos de compra e venda de bens imóveis, sem que se apresente indevido ou abusivo. Com efeito, o CUB é formado pela pesquisa sobre os preços praticados no mercado da construção civil, a fim de que se constitua uma média do custo do metro quadrado básico de uma obra. No caso, verifica-se que as próprias notas promissórias fazem menção ao CUB, visto que emitidas de acordo com o referido índice, que se mostra perfeitamente aceitável e lícito, sendo descabido falar em excesso de execução. Nesse sentido: 3
APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. PRETENSÃO MERAMENTE REVISIONAL DO CONTRATO. INDEMONSTRADOS QUAISQUER VÍCIOS INVALIDANTES DO TÍTULO OU QUE RETIREM A SUA EXECUTORIEDADE OU LHE REDUZAM O VALOR. JULGAMENTO DE IMPROCEDÊNCIA. ÔNUS DA PROVA DE QUE NÃO SE DESINCUMBIU A PARTE. SENTENÇA MANTIDA. (...) A correção pelo CUB, em contratos desta espécie, não apresenta qualquer abusividade e, no caso concreto, a diferença entre o saldo devedor original e o valor de distribuição da execução é decorrente da atualização do referido índice, com destaque para o fato de que as parcelas em atraso compreendem jan/1999 a dez/2002. (...) APELAÇÃO IMPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70029478781, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mylene Maria Michel, Julgado em 16/03/2010) APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS Á EXECUÇÃO. ESCRITÚRA PÚBLICA E NOTA PROMISSÓRIA. PREVISÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA PELO CUB E DE INCIDÊNCIA DE JUROS MORA NO CASO DE ADIMPLEMENTO. POSSIBILIDADE. EXCESSO DE EXECUÇÃO NÃO CONFIGURADO. RECURSO IMPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70021289038, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Maria Nedel Scalzilli, Julgado em 14/11/2007) Por fim, não há falar na impossibilidade da penhora, visto que o embargante não logrou comprovar que se trata de bem de família, ônus este que era seu, conforme o disposto pelo art. 333, I, do Código de Processo Civil. No ponto, afigura-se ilustrativa a transcrição de parte da decisão exarada pela Drª. Amita Antonia Leão Barcellos: Quanto à impenhorabilidade em razão do imóvel penhorado ser bem de família, tenho que não assiste razão ao embargante, porquanto não sobreveio aos autos qualquer indício de prova neste sentido, a fim de consubstanciar o alegado na exordial. 4
Sucumbente na lide, mantenho a condenação do embargante ao pagamento dos ônus sucumbenciais nos parâmetros fixados, porquanto adequadamente dimensionados. ao recurso. Ante o exposto, o voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO DES. RUBEM DUARTE (PRESIDENTE E REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. CARLOS CINI MARCHIONATTI - De acordo com o(a) Relator(a). DES. RUBEM DUARTE - Presidente - Apelação Cível nº 70036409662, Comarca de Capão da Canoa: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: AMITA ANTONIA LEAO BARCELLOS MILLETO 5