EMENTA: EMBARGOS DE DEVEDOR - NOTA PROMISSÓRIA - IMPENHORABILIDADE BEM DE FAMÍLIA - ÔNUS SUCUMBENCIAIS.

Transcrição

1 EMENTA: EMBARGOS DE DEVEDOR - NOTA PROMISSÓRIA - IMPENHORABILIDADE BEM DE FAMÍLIA - ÔNUS SUCUMBENCIAIS. - Nos termos da Lei 8.009/90, é impenhorável o bem imóvel residencial do casal, podendo a penhora ser desconstituída por meio de embargos de devedor, mediante o contraditório, sendo que, em conformidade com o princípio da sucumbência, em seu artigo 20, deve o vencido responsabilizar-se pelo pagamento das custas processuais e da verba honorária. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº , da Comarca de ELÓI MENDES, sendo Apelante (s): JOAQUIM REIS PEREIRA DA SILVA e Apelado (a) (os) (as): JOSÉ PAULINO NETO, ACORDA, em Turma, a Sexta Câmara Civil do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais NEGAR PROVIMENTO. Presidiu o julgamento o Juiz MACIEL PEREIRA (Relator) e dele participaram os Juízes BELIZÁRIO DE LACERDA (Revisor) e DÁRCIO LOPARDI MENDES (Vogal).

2 -2- O voto proferido pelo Juiz Relator foi acompanhado na íntegra pelos demais componentes da Turma Julgadora. Belo Horizonte, 03 de maio de JUIZ MACIEL PEREIRA Relator V O T O

3 -3- O SR. JUIZ MACIEL PEREIRA: Verificados os pressupostos de admissibilidade do recurso, dele conheço. Trata-se de embargos de devedor, com fundamento em nota promissória, julgados parcialmente procedentes, para reconhecer a impenhorabilidade do imóvel rural penhorado e desconstituir a referida penhora. Em recurso, sustenta o apelante a ilegitimidade do apelado para combater a impenhorabilidade e a subsistência da penhora com o argumento de que o bem alienado em fraude contra credores não pode ser mantido sob o manto da impenhorabilidade, sob pena de prestígio à má-fé, e insurge-se, também, quanto à condenação nos honorários advocatícios e custas processuais, razão pela qual requer o provimento do recurso. Em contra-razões, propugna o apelado pela confirmação da sentença. Na verdade, o que o apelante pretende, com o presente recurso, é a subsistência da penhora. Realizada a penhora, o executado interpôs os embargos, argüindo a impenhorabilidade do bem, nos termos da Lei 8.009/90 pedido esse acolhido em primeira instância, onde o Juiz houve por bem desconstituir a penhora realizada. Com efeito, a Lei 8.009/90, além de decretar a impenhorabilidade do imóvel residencial do casal ou da entidade familiar, acrescenta não responder o bem por

4 -4- qualquer dívida. Em conseqüência, o bem não pode ser expropriado para satisfação do credor. Dessa forma, deve-se salientar que o bem de família legal, instituído pela Lei 8.009/90, veio em defesa da moradia e não do patrimônio. O fato de ter o embargante requerido a impenhorabilidade por meio de embargos, em nada descaracteriza a medida. Quanto à ilegitimidade do apelado para combater a impenhorabilidade, entendo que não tem razão o apelante. Pelo que vejo dos autos, referida questão foi bem examinada na decisão de embargos de declaração. Sendo a escritura de compra e venda anulada através de ação pauliana, obviamente o bem volta a ser propriedade do devedor e este, com certeza, pode ser parte ativa dos embargos de devedor para defender seu bem da constrição. Por outro lado, a anulação da venda do imóvel por meio de ação pauliana não impede o reconhecimento da impenhorabilidade. Finalmente, quanto à fixação dos honorários advocatícios, bem como a condenação do apelante no pagamento das custas processuais, considero-a irretocável, pois o Código de Processo Civil, no art. 20, abrigou o princípio da sucumbência, pelo qual o vencido responsabiliza-se pelo pagamento daquelas verbas. Assim, com essas considerações, nega-se provimento ao recurso. Sem custas, diante da gratuidade de justiça.

5 -5- JUIZ MACIEL PEREIRA Ac/