EMENTA: CONSÓRCIO DESISTÊNCIA COBRANÇA. - Para manejar cobrança de consórcio, quando da desistência, não é necessário o término do grupo.

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1 EMENTA: CONSÓRCIO DESISTÊNCIA COBRANÇA. - Para manejar cobrança de consórcio, quando da desistência, não é necessário o término do grupo. V.v. - Na ação de devolução das parcelas pagas pelo consorciado desistente ou excluído de participar do grupo, é necessário esperar o encerramento do grupo para seu ajuizamento, sob pena de extinção do processo por impossibilidade jurídica do pedido. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº , da Comarca de UBERLÂNDIA, sendo Apelante (s): CONSÓRCIO NACIONAL ABC S/C LTDA. e Apelado (a) (os) (as): SIRLEI DE LOURDES BRASILEIRO SILVA, ACORDA, em Turma, a Sexta Câmara Civil do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais, REJEITAR PRELIMINAR, VENCIDO O JUIZ RELATOR, E, NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO, VENCIDO PARCIALMENTE O JUIZ RELATOR. Presidiu o julgamento o Juiz BELIZÁRIO DE LACERDA (Relator, vencido parcialmente) e dele

2 -2- participaram os Juízes DÁRCIO LOPARDI MENDES (Revisor e Relator para o acórdão) e VALDEZ LEITE MACHADO (Vogal). Belo Horizonte, 14 de março de JUIZ BELIZÁRIO DE LACERDA Relator, vencido parcialmente JUIZ DÁRCIO LOPARDI MENDES Revisor e Relator para o acórdão V O T O S

3 -3- SESSÃO DO DIA O SR. JUIZ BELIZÁRIO DE LACERDA: Trata-se de ação anulatória de cláusula contratual com restituição de parcelas pagas interposta por Sirlei de Lourdes Brasileiro Silva em face de Consórcio Nacional ABC S/C Ltda. e que, ao final, foi julgada procedente pelo MM. Juiz da causa. Inconformado com a decisão o réu apela pedindo, em preliminar, a carência da ação por impossibilidade jurídica do pedido e, no mérito, pela improcedência do pedido inicial porque em total desconformidade com o contrato firmado entre as partes. Contra-razões na forma da lei. No tocante à preliminar de falta de interesse de agir carência de ação -, a meu ver a razão assiste ao apelante. Entendo que no presente caso a devolução das parcelas pagas pelos consorciados desistentes ou excluídos de participar do grupo somente poderá ser efetivada pela administradora de consórcio após o prazo de 30 (trinta) dias após o encerramento do grupo para efetuar a restituição e que o interesse somente decorreria da negativa do consórcio em efetivar o pagamento.

4 -4- Assim, adotando o entendimento de que a administradora do consórcio dispõe do prazo de 30 (trinta) dias após o encerramento do grupo para efetuar a restituição, vejo que falece à apelada interesse de agir, ao menos por enquanto. Sobre a questão do prazo para devolução das quantias, trago farta jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: RESP /RS ( ) - RECURSO ESPECIAL - DECISÃO: POR UNANIMIDADE, CONHECER EM PARTE DO RECURSO E, NESSA PARTE, DAR-LHE PROVIMENTO. DATA DA DECISÃO: ÓRGÃO JULGADOR: - QUARTA TURMA. EMENTA: CIVIL. CONSÓRCIO. DESISTÊNCIA OU EXCLUSÃO. DEVOLUÇÃO DE PARCELAS PAGAS. ENCERRAMENTO DO GRUPO. MATÉRIA PACÍFICA. - A ADMINISTRADORA DO CONSÓRCIO DISPÕE DO PRAZO DE TRINTA DIAS APÓS O ENCERRAMENTO DO GRUPO PARA A DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS PELO CONSORCIADO DESISTENTE OU EXCLUÍDO, O QUE NÃO RETIRA DESTE A POSSIBILIDADE DE AJUIZAR A DEMANDA ANTES DO CITADO PRAZO. - RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, PROVIDO." RELATOR: MINISTRO CESAR ASFOR ROCHA.

5 -5- RESP 77041/RS ( ) - RECURSO ESPECIAL - DECISÃO: POR UNANIMIDADE, CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO. DATA DA DECISÃO: ÓRGÃO JULGADOR: - QUARTA TURMA. EMENTA: CONSÓRCIO. DESISTENTE. SUBSTITUIÇÃO. DEVOLUÇÃO APÓS ENCERRAMENTO. JUROS. O CONSORCIADO DESISTENTE TEM O DIREITO DE OBTER A DEVOLUÇÃO DO QUE PAGOU, DEVIDAMENTE CORRIGIDO, NO PRAZO DE TRINTA DIAS APÓS O ENCERRAMENTO DO PLANO. O FATO DE TER HAVIDO A SUBSTITUIÇÃO NA TITULARIDADE DA QUOTA NÃO ALTERA ESSE PRINCÍPIO. OS JUROS SOMENTE SERÃO DEVIDOS DEPOIS DE ESGOTADO O PRAZO PARA A DEVOLUÇÃO." (RELATOR: MINISTRO RUY ROSADO DE AGUIAR). RESP 55203/MG ( ) - RECURSO ESPECIAL - DECISÃO: POR UNANIMIDADE, NÃO CONHECER DO RECURSO. DATA DA DECISÃO: ÓRGÃO JULGADOR: - QUARTA TURMA. EMENTA: PROCESSO CIVIL. CONDIÇÕES DA AÇÃO. CONSÓRCIO. RETIRADA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DAS PRESTAÇÕES PAGAS. AJUIZAMENTO ANTERIOR AO ENCERRAMENTO DO GRUPO. CARÊNCIA. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. RECURSO NÃO CONHECIDO.

6 -6- CONSOANTE ENTENDIMENTO DA CORTE, A ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO DISPÕE DE PRAZO 30 DIAS APOS O ENCERRAMENTO DO GRUPO PARA EFETUAR A RESTITUIÇÃO DAS PRESTAÇÕES PAGAS POR CONSORCIADO DESISTENTE OU EXCLUÍDO. (...)." RELATOR: MINISTRO SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA. Também este Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais já teve, por diversas vezes, a oportunidade de se manifestar acerca do tema, assim dispondo: "Tribunal de Alçada de Minas Gerais Acórdão : Apelação (Cv) Cível Ano: Comarca: Belo Horizonte - Órgão Julg.: Terceira Câmara Cível - Relator: Juiz Duarte de Paula - Data Julg.: Dados Publ.: Não Publicado - Ramo de Dir.: Cível - Decisão: Unânime. EMENTA: COBRANÇA - CONSORCIADO EXCLUÍDO DO GRUPO - RESTITUIÇÃO DE PARCELAS PAGAS - NULIDADE DE CLÁUSULA LEONINA - TERMO A QUO DE INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA. Ao consorciado excluído do grupo de consórcio por inadimplência é assegurado o direito à restituição das prestações pagas, devidamente corrigidas, acrescidas de juros de mora. Incidem juros de mora a partir do 30º dia do encerramento das atividades do grupo de consórcio, se outro fato jurídico a ele anterior não vier caracterizar objetivamente a devedora em mora."

7 -7- Assim, por verificar pela prova documentação acostada aos autos que o grupo ainda não se findou, acolho a preliminar e julgo extinto o processo sem julgamento do mérito por falta de interesse de agir. Inverto o ônus sucumbencial na mesma proporção fixada no juízo a quo e suspendo sua execução por força do art. 12 da Lei 1.060/50. Custas, pelo apelado. O SR. JUIZ DÁRCIO LOPARDI MENDES: Cuidam os autos de recurso de apelação em pleito anulatório de cláusula contratual, cumulado com devolução de numerário, interposto por Consórcio Nacional ABC S/C Ltda., em face de Sirlei de Lourdes Brasileiro Silva, diante de decisão do MM. Juiz da 6ª Vara Cível da Comarca de Uberlândia, que o acolheu, aduzindo, em seu prol, preliminarmente, carência de ação, por impossibilidade jurídica, e, no mérito, pelo provimento do apelo, em face das disposições contidas na avença contratual. decisum. Em contra-razões, bate-se pela confirmação do Conheço do recurso, presentes os requisitos de sua admissibilidade. Em que pese o entendimento do em. relator, estou a dissentir.

8 -8- Na verdade, o pedido não é juridicamente impossível, pois encontra amparo no direito positivo pátrio, que tem a previsão para tal desiderato. Na verdade, o que quis dizer o apelante é que, como o grupo não terminou, ainda não ocorreu condição ou pressuposto para o desenvolvimento válido e regular da demanda. Mas, mesmo nesse diapasão, estou a dissentir de S. Exa., pois estou a entender que não é necessário que o Grupo do consórcio tenha chegado ao final, para que parte possa requerer nulidade de cláusula contratual, ou mesmo, na qualidade de desistente, requerer a devolução de parcelas pagas, que é o objeto principal da lide. Nesse sentido, meto ao rol: ACÓRDÃO: REsp /RS ( ) RECURSO ESPECIAL. DECISÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso. Votaram, com o Relator os Srs. Ministros Aldir Passarinho Júnior, Barros Monteiro e César Asfor Rocha. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira. ÓRGÃO JULGADOR: - QUARTA TURMA

9 -9- EMENTA: Consórcio. Desistência. Propositura imediata da ação. O consorciado pode desde logo promover a ação de cobrança, alegando que a administradora se recusa à devolução. Recurso não conhecido. RELATOR: MINISTRO RUY ROSADO DE AGUIAR ( JUIS n. 24). Ainda: ACÓRDÃO: REsp 73274/SP ( ) RECURSO ESPECIAL DECISÃO, POR UNANIMIDADE, NÃO CONHECER DO RECURSO. ORGÃO JULGADOR - QUARTA TURMA EMENTA: DIREITOS PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR. CONSÓRCIO. ADMINISTRADORA. LEGITIMIDADE. INTERESSE DE AGIR. ENCERRAMENTO DO GRUPO. PRESTAÇÕES. DEVOLUÇÃO. CONSORCIADO DESISTENTE OU EXCLUIDO. CORREÇÃO MONETARIA. RECURSO ESPECIAL. DIVERGENCIA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.

10 -10- I - A ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO E PARTE LEGITIMA PASSIVA AD CAUSAM NAS AÇÕES PROPOSTAS POR EX-CONSORCIADOS EM QUE SE VISA A RESTITUIÇÃO DAS PARCELAS PAGAS. II - A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA JÁ ASSENTOU QUE AO CONSORCIADO DESISTENTE, QUE AFORA AÇÃO VISANDO A DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL E COBRANÇA DE PRESTAÇÕES PAGAS COM CORREÇÃO MONETÁRIA, NÃO E NECESSÁRIO ESPERAR O ENCERRAMENTO DO GRUPO. III - 'INCIDE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES PAGAS, QUANDO DE SUA RESTITUIÇÃO, EM VIRTUDE DA RETIRADA OU EXCLUSÃO DO PARTICIPANTE DE PLANO DE CONSÓRCIO' (ENUNCIADO N. 35 DA SÚMULA/STJ). IV - A DIVERGÊNCIA (ALÍNEA "C" DO PERMISSOR CONSTITUCIONAL) NÃO SE CARACTERIZA SE A JURISPRUDÊNCIA DESTE TRIBUNAL JÁ SE FIRMOU NO MESMO SENTIDO DA DECISÃO RECORRIDA (VERBETE NR. 83 DA SUMULA/STJ). RELATOR MINISTRO SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA( JUIS n. 24). Nesse passo, por entender não ser necessária a espera do encerramento do grupo, ouso dissentir do

11 -11- entendimento do em. relator, e rejeito a preliminar, para que o mérito seja enfrentado. O SR. JUIZ VALDEZ LEITE MACHADO: Por ser o entendimento adotado pelo ilustre Revisor a posição que também acolho, subscrevo integralmente o seu respeitável voto. O SR. JUIZ BELIZÁRIO DE LACERDA: Peço vista quanto ao mérito. SESSÃO DO DIA O SR. JUIZ PRESIDENTE: Este feito veio adiado da sessão anterior a pedido do Sr. Juiz Relator. O SR. JUIZ BELIZÁRIO DE LACERDA: Ao relatório de f. 100 do TA, acresço que fui vencido na preliminar, e passo agora ao exame de mérito. A matéria versada nos autos não é nova, já estando, inclusive, pacificada a jurisprudência sobre a mesma no egrégio STJ.

12 -12- Ao consorciado que se retira do grupo, é assegurado o direito à devolução das parcelas já pagas, sobre as mesmas incidindo correção monetária a partir do desembolso, e adotando como fator de correção o IGPM, bem como ainda acrescido aquele valor de juros moratórios de 0,5% ao mês a partir da citação válida da administradora. Nesse sentido veja a seguinte ementa de acórdão do STJ: EMENTA: CONSÓRCIO. DESISTÊNCIA. DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS. ENUNCIADO N. 35, DA SÚMULA/STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS. TERMO INICIAL. PROVIMENTO PARCIAL. UNÂNIME. I NOS TERMOS DO ENUNCIADO N. 35 DA SÚMULA/STJ, INCIDE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES PAGAS, QUANDO DE SUA RESTITUIÇÃO, EM VIRTUDE DA RETIRADA OU EXCLUSÃO, DO PARTICIPANTE DE PLANO DE CONSÓRCIO. II OS JUROS DE MORA, NA ESPÉCIE, SÃO CABÍVEIS APÓS O TRIGÉSIMO DIA DO ENCERRAMENTO DO GRUPO, SEGUNDO EXEGESE UNIFORME DO TRIBUNAL. (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ACÓRDÃO: RESP 58667/SP ( ). ÓRGÃO JULGADOR: - QUARTA TURMA. RELATOR: MINISTRO SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, IN DJ DE , P ).

13 -13- Com tais fundamentos é que deve ser provido parcialmente o pedido na apelação para condenar o apelante a devolver ao apelado as quantias pagas acrescidas de correção IGPM a partir do desembolso e juros legais de 0,5% ao mês a partir da citação, excluída a taxa de adesão ao grupo consorcial. Custas e honorários pelo apelante, tendo em vista a sucumbência mínima do apelado. O SR. JUIZ DÁRCIO LOPARDI MENDES: Data maxima venia do entendimento do eminente Juiz Relator, estou negando provimento ao apelo, para manter a decisão de primeiro grau, em seus próprios e jurídicos fundamentos. Custas, ex lege. O SR. JUIZ VALDEZ LEITE MACHADO: Ac/ Acompanho o eminente Juiz Revisor.