PRIMEIRO TRIBUNAL DE ALÇADA CTVTL DO ESTADO DE SAO PAULO

Transcrição

1 PRIMEIRO TRIBUNAL DE ALÇADA CTVTL DO ESTADO DE SAO PAULO ACÓRDÃO Ementa - Cobrança - Mensalidade escolar - Prescrição anua - Interrupção com o ingresso da ação de consignação em pagamento, referente ao debito em cobrança; Juros de mora de 05% ao mês a partir da citação, por falta de convenção diversa; Correção monetária - Tabela Prática do Tribunal de Justiça - Pactuação que não estabelece o índice, mas, apenas o critério pro rata die; Contrato de Prestação de Serviços Escolares - Multa contratual de 10% - Redução com base no 2 o, do artigo 57, do Código de Defesa do Consumidor - Inadmissibilidade - Dispositivo legal que somente se aplica a contratos com financiamento ou outorga de crédito - Hipótese estranha a dos autos - Pactuação, ademais, anterior a vigência da lei que reduziu a multa no CDC - Lei de ordem pública que, no entanto, não pode violar o ato jurídico perfeito - Recursos, em parte, providos. Vistos, relatados e discutidos estes autos de APELAÇÃO N , da Comarca de SÃO PAULO, sendo apelantes SOLANGE BELLUZZI BIAZOTO, JUNTA DE EDUCAÇÃO DA CONVENÇÃO BATISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO (MANT. DO COLÉGIO BATISTA BRASILEIRO) e apelados OS MESMOS. ACORDAM, em Quinta Câmara&do Primeiro Tribunal de Alçada Civil, por votação unânime, dar provimento parcial aos recursos. Trata-se de apelação interposta pela autora, objetivando a reforma em parte da r. sentença de fls., quanto à redução da multa contratual de 10% para 2%, com base no CDC e da mudança do índice adotado na inicial quanto à atualização da dívida. Apela, também, a ré contra a parte da r. sentença que afastou a sua argüição de prescrição do direito de cobrar a mensalidades, assim como quanto ao marco inicial dos juros de mora. Contra-razões foram ofertadas. É o relatório Ambos os apelos merecem, em parte, provimento. Não assiste razão ao apelo da ré, quanto à alegada prescrição do direito de se cobrar as mensalidades. Muito embora mensalidades escolares, conforme a j certo é que, no caso concreto. mua a prescrição da cobrança de iprudência adotada por esta Câmara, o interrompida pelo ingresso da ação de

2 PRIMEIRO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO 2 consignação em pagamento por parte da própria ré desta demanda, e o lapso prescricional somente reiniciou-se com o término deste processo. Vale assentar que a consignação em pagamento é ato judicial inequívoco do reconhecimento da obrigação, ainda que se possa divergir quanto ao valor, razão pela qual tem força para interromper o curso da prescrição relativa à exigibilidade da obrigação reconhecida. Superior Tribunal de Justiça Nesse sentido é o entendimento da jurisprudência do STJ: ACÓRDÃO: RESP /SP ( ) RECURSO ESPECIAL DECISÃO: Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, à unanimidade, não conhecer do recurso, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Sálvio de Figueiredo Teixeira, Barros Monteiro, César Asfor Rocha e Ruy Rosado de Aguiar. Custas, como de lei. DATA DA DECISÃO: 16/11/2000 ÓRGÃOJULGADOR: - QUARTA TURMA EMENTA CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. MENSALIDADE ESCOLAR. AÇÃO DE COBRANÇA. PRÉVIO AJUIZAMENTO DE AÇÃO CONSIGNATÓRIA. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO ATÉ O TÉRMINO DA LIDE. CC, ART LEI 8.170/91. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS NS. 282 E 356-STF. I. O prazo prescricional para a cobrança de mensalidades escolares se interrompe com o ajuizamento da ação de consignação em pagamento, e somente tem novo começo após o término do processo. Precedentes do STJ. II. Impossível o exame, pela instância especial, da violação à Lei 8.170/91. III. Recurso não conhecido. RELATOR: MINISTRO ALDIR PASSARINHO JÚNIOR INDEXAÇÃO: VIDE EMENTA. FONTE: DJ DATA: 19/02/2001 PG: (ementa extraída do programa JUIS/SARAIVA, cd 35} Superior Tribunal de Justiça / ACÓRDÃO: RESP /SP ( ) / RECURSO ESPECIAL / ^ Apelação N SÂpTOULgry/0jef5719 /Márcia

3 PRIMEIRO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO 3 DECISÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas. Decide a Terceira Turma do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas anexas, por unanimidade, conhecer do recurso especial e dar-lhe provimento nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Waldemar Zveiter, Ari Pargendler e Menezes Direito. DATA DA DECISÃO: 08/08/2000 ÓRGÂOJULGADOR: - TERCEIRA TURMA EMENTA Direito civil. Direito processual civil. Ação de cobrança de prestações escolares e ação de consignação em pagamento. Prescrição. Interrupção e suspensão. Código Civil, arts. 172, V, 173 E 178, 6 o, VII. Aplicação. I - O ajuizamento de ação consignatória em pagamento de prestação escolar, em que se discute apenas o valor destas (quantum debeatur), interrompe o curso do prazo prescricional da respectiva ação de cobrança, porquanto implica o reconhecimento inequívoco, por parte da devedora, do direito da credora relativo às prestações reclamadas (an debeatur). II - Recurso especial conhecido e provido. RELATOR: MINISTRO ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO FONTE: DJ DATA: 04/09/2000 PG: (ementa extraída do programa JUIS/SARAIVA, cd 35) Superior Tribunal de Justiça ACÓRDÃO: RESP /SP ( ) RECURSO ESPECIAL DECISÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Os Srs. Ministros Aldir Passarinho Júnior e César Asfor Rocha votaram com o Sr. Ministro-Relator. Ausentes, ocasionalmente, os Srs. Ministros Sálvio de Figueiredo Teixeira e Barros Monteiro. DATA DA DECISÃO: 24/09/2002 / ÓRGÂOJULGADOR: - QUARTA T2URMA EMENTA S // y / Apelação NJjftW.OM-õ - SAO PAULO - VOTO Mareia

4 PRIMEIRO TRIBUNAL DE ALÇADA CD7IL DO ESTADO DE SÃO PAULO 4 ENSINO. Mensalidade. Prescrição. Ação de consignação em pagamento intentada pela aluna. Interrupção da prescrição da ação de cobrança contra a mãe da menor. A ação de consignação em pagamento ajuizada pela aluna interrompe a fluência do prazo prescrícional da ação de cobrança ajuizada contra a mãe, tendo por objeto o mesmo contrato de prestação de serviços. Recurso conhecido e provido em parte. RELATOR: MINISTRO RUY ROSADO DE AGUIAR FONTE: DJ DATA: 18/11/2002 PG: (ementa extraída do programa JUIS/SARAIVA, cd 35) Por outro lado, o apelo da ré merece provimento quanto ao marco inicial dos juros de mora em 0,5% ao mês, eis que por não haver previsão deles na cláusula 2.3 do contrato, devem incidir a partir da citação válida, pois, se trata do momento em que houve a inequívoca constituição em mora quanto à dívida em cobrança. No tocante ao apelo da autora, tem-se que lhe cabe razão quanto a insurgir-se contra a redução da multa contratual de 10%, incidente no débito contratual, em decorrência da rescisão do contrato por inadimplência.eis que não podia ser procedida pela r. sentença recorrida, ao percentual de 2%, com base no 1, do artigo 52, do CDC, pois, o contrato de prestação de serviços escolares não se enquadra dentre as naturezas dos pactos previstos no caput desse citado dispositivo legai. Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: nacional; juros; I - preço do produto ou serviço em moeda corrente II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de III -acréscimos legalmente previstos; IV - número e periodicidade das prestações; V - soma total a pagar, com e sem financiamento. 1 o. As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação. * Parágrafo ctfm redação determinada pela Lei n , de 01 de agosto de 1996 jj No caso concreto, o contrato não envolve outorga de crédito ou financiamento, sendo que a/previsão de custo, dos serviços contratados, nele constante, não se canfundey com outorga de crédito ou financiamento ao contratante. / / S~\ >/^Apelaçâfí SÃO PAULO - VOTO Mareia

5 Pela leitura do contrato que ampara a cobrança, os pagamentos seriam devidos mediante efetiva ou potencial da prestação dos serviços, podendo o contrato ser rescindido, pelo contratante, nos moldes da cláusula 3 a, desde que adimplidas as parcelas dos meses vencidos até a comunicação da rescisão. Luiz Antônio Rizzato Nunes na sua obra Compre Bem - Manual de compras e Garantias do Consumidor, bem esclarece sobre quais os tipos de contratos que não foram atingidos pela redução havida no 1, do artigo 52, do CDC, do percentual da multa moratória, estando entre eles os cursos escolares livres - de línguas, natação, etc. - e regulares - colegial, superior (quando não há bolsa de crédito educativo, pois, esta é abrangida) ;{obra supra citada, 2 a edição, pág. 155, ano: 1997, Ed. Saraiva) Outrossim, mesmo sendo lei de ordem pública a que reduziu o percentual da multa moratória prevista no citado artigo 52 do CDC, ela, contudo não possui o condão de retroagir, atingido situações jurídicas protegidas pelo ato jurídico perfeito, pena de se violar essa garantia constitucional. Já, no que tange à correção monetária, a r. sentença está correta, pois, não há no contrato pactuação expressa do índice a ser aplicado, mas, apenas o critério pro nata die. Assim, para que haja a correta incidência da correção monetária, sem a aplicação aleatória de índices nem sempre com natureza apenas de reposição da inflação, deve ser mantida a adoção da Tabela Prática do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para a correção das mensalidades a partir do vencimento de cada uma delas. Ante o exposto, dá-se, em parte, provimento aos apelos. Presidiu o julgamento, /o Juiz SEBASTIÃO ALVES JUNQUEIRA (3 o juiz) e dele participou o juiz CARLOS LUIZ BIANCO (revisor). São Paulo, 02 d/junho/de CUNHA GARCIA /Relator Apelação N SAO PAULO - VOTO Mareia