PODER JUDICIÁRIO RS

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1 Número do processo: Comarca: Comarca de Porto Alegre Data de Julgamento: 17/09/2015 Relator: Pedro Celso Dal Pra PODER JUDICIÁRIO RS ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PCDP Nº (Nº CNJ: ) 2015/Cível APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO REVISIONAL. EXTINÇÃO DO FEITO PORINÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. INVIABILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ART. 267, INC. IV, DO CPC. Hipótese em que não há falar em extinção do feito sem resolução do mérito pela inépcia da petição inicial, porquanto suficientemente elencados os fatos, os fundamentos e o pedido, com suas especificações, atendendo a exordial aos ditames dos art. 282 e 283 do CPC, bem como ao art. 285-B do CPC. DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. Apelação Cível Décima Oitava Câmara

2 Nº (Nº CNJ: ) PAULO CEZAR RODRIGUES DOS SANTOS SENFFNET LTDA Cível Comarca de Porto Alegre APELANTE APELADO ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar provimento ao recurso. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes Senhores Des. João Moreno Pomar e Des. Heleno Tregnago Saraiva. Porto Alegre, 17 de setembro de DES. PEDRO CELSO DAL PRÁ, Relator. Des. Pedro Celso Dal Prá (RELATOR) RELATÓRIO PAULO CEZAR RODRIGUES DOS SANTOS ajuizou ação de revisão de cláusulas contratuais contra SENFFNET LTDA,pretendendo a modificação de cláusulas insertas no contrato de mútuo nº F , sob a alegação de ilegalidades e abusividades praticadas pelo demandado nas avenças, com relação aos juros remuneratórios, capitalização e demais encargos. Ao regular processamento do feito seguiu-se a sentença de fl. 25, que decidiu:

3 Conforme já dito anteriormente, em se tratando de revisão de contrato de mútuo, conforme a própria inicial anuncia, aplica-se a regra do art B, do CPC, cabendo à parte autora a indicação do valor incontroverso. Sendo que para a verificação do acerto de tal valor, é necessária a juntada aos autos de memória descritiva, que indique, entre outros, o valor tomado emprestado e o valor já adimplido. Ademais, a possibilidade de exibição de documento nos autos da ação revisional, de modo incidental, não exime a parte autora de especificar os encargos que entende abusivos. Tal providência não se afasta do necessário conhecimento que a parte deve possuir, dos dados mínimos da relação contratual, para sustentar que há excesso na cobrança. Assim, em vista do (reiterado) descumprimento da ordem para a emenda, a petição inicial é indeferida e o processo extinto, base nos arts. 267, I e 284, parágrafo único do CPC. A parte autora é condenada ao custeio processual remanescente, suspensa a exigibilidade em face da gratuidade deferida. Inconformada, a parte demandante, em suas razões recursais (fls. 27/31), pleiteia a reforma da sentença, sustentando que, já nainicial, demonstra a pretensão de revisão de encargos abusivos no contrato que deu origem à dívida que ensejou a negativação em cadastro de inadimplentes, tais como: taxas de juros remuneratórios, moratórios e multa acima do limitado por lei, cobrança de comissão de permanência cumulada, capitalização de juros não pactuada, cobrança de taxas e encargos não contratados, não justificando o indeferimento da inicial. Afirma, ainda, que indicou o valor incontroverso, determinado pelo art. 285-B do CPC, com isso, atendendo, ainicial, todos os requisitos exigidos pelos arts. 282, 283 e 285 do CPC. Pugna pelo provimento do recurso, com desconstituição da sentença. Sem contrarrazões, porquanto não angularizado o feito. Remetidos os autos a esta Corte, foram-me distribuídos em 15/07/2015 e vieram-me conclusos em 17/07/2015. Registro, por fim, que restou devidamente observado o disposto nos artigos 549, 551 e 552, todos do Código de Processo Civil, tendo em vista a adoção do sistema informatizado.

4 É o relatório. Des. Pedro Celso Dal Prá (RELATOR) VOTOS Eminentes Colegas: o recurso enseja provimento. Cuida-se de recurso de apelação interposto em face da sentença proferida nos seguintes termos: Merece reforma a decisão recorrida. Conforme já dito anteriormente, em se tratando de revisão de contrato de mútuo, conforme a própria inicial anuncia, aplica-se a regra do art B, do CPC, cabendo à parte autora a indicação do valor incontroverso. Sendo que para a verificação do acerto de tal valor, é necessária a juntada aos autos de memória descritiva, que indique, entre outros, o valor tomado emprestado e o valor já adimplido. Ademais, a possibilidade de exibição de documento nos autos da ação revisional, de modo incidental, não exime a parte autora de especificar os encargos que entende abusivos. Tal providência não se afasta do necessário conhecimento que a parte deve possuir, dos dados mínimos da relação contratual, para sustentar que há excesso na cobrança. Assim, em vista do (reiterado) descumprimento da ordem para a emenda, a petição inicial é indeferida e o processo extinto, base nos arts. 267, I e 284, parágrafo único do CPC. A parte autora é condenada ao custeio processual remanescente, suspensa a exigibilidade em face da gratuidade deferida. Com efeito, analisando os autos, entendo não ser caso de indeferimento da petição inicial, porquanto, a par de restar claro e enumerado o contrato objeto do pedido (contrato de mútuo nº F ), cuja cópia postula a apresentação, especifica os fatos e os fundamentos de direito, além do pedido e suas especificações, postulando, inclusive a inversão dos ônus da prova, com base no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, atendendo, com isso, aos ditames do art. 282 e 283 do CPC.

5 De outro lado, em juízo de cognição sumária pertinente à fase processual (recebimento da petição inicial), é possível se constatar que a parte autora também atendeu ao que determina o art. 285-B do CPC, pois, já na inicial, indica o valor que entende incontroverso (R$ 203,77 fl. 03). Nesse contexto, tenho que não é caso de aplicação do disposto no art. 267, IV, do Código de Processo Civil, porquanto não só apetição inicial não é inapta, como também o autor, quando determinado, se manifestou ratificando o contrato objeto da demanda e os pedidos inerentes (fls. 20/21 e 24), além de já indicar na exordial o valor incontroverso, de R$ 203,77 (fl. 03), atendendo, também, à regra do art. 285-B do CPC. Por oportuna, a citação dos seguintes precedentes: Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. AÇÃO REVISIONAL. Preliminar contrarrecursal de inépcia da inicial por violação ao art. 285-B do CPC. Considerando a redação do artigo 285 B do CPC, deve a parte autora discriminar na petição inicial, as obrigações contratuais as quais pretende controverter, quantificando o valor incontroverso. Situação evidenciada nos autos. Juros remuneratórios. A Segunda Seção do STJ, no julgamento do REsp nº /RS, submetido ao regime dos recursos repetitivos, firmou entendimento de que as instituições financeiras não se sujeitam à limitação dos juros remuneratórios ao patamar de 12% ao ano ou à Taxa Selic, sendo admitida a revisão deste encargo apenas em situações excepcionais, em que caracterizada a abusividade da taxa pactuada. No caso em exame, os juros remuneratórios fixados no contrato revisando estão acima da taxa média de juros apurada pelo BACEN, pelo que configurada está a abusividade na pactuação deste encargo, a justificar a sua limitação. Compensação e/ou repetição de indébito. Segundo entendimento pacífico no colendo STJ, que culminou com a edição da Súmula n. 322, é cabível a compensação e/ou repetição simples do indébito, independentemente da prova do erro. Assim, tendo sido reconhecida a abusividade dos juros remuneratórios contratados, é admitida a compensação e/ou repetição simples dos valores pagos a maior. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL AFASTADA E APELAÇÃO PROVIDA. UNÂNIME. COMPENSAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA ADMITIDA. POR MAIORIA. (Apelação Cível Nº , Vigésima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Martin Schulze, Julgado em 28/07/2015)

6 Ementa: AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO. JULGAMENTO COM BASE NO ART. 285-A, DO CPC. AUSÊNCIA DO CONTRATO. DECISÃO PROFERIDA EM TESE. PRELIMINAR. INÉPCIA DA INICIAL. 285-B. PRELIMINAR INÉPCIA DA INICIAL. O apelante indica na inicial petição, de forma suficiente e clara, os pontos que pretende sejam revisados e indica o valor incontroverso, o qual pretende depositar, cumprindo o disposto no artigo 285-B do CPC. Descabe a argüição, portanto. No caso concreto, afigura-se inviável o julgamento antecipado da lide, com fulcro no art. 285-A do CPC. A decisão foi proferida sem a juntada do contrato cuja revisão é postulada, inviabilizando a análise de eventual ilegalidade das suas cláusulas. Desconstituição da sentença que se impõe. Impossibilidade de supressão de um grau de jurisdição. SENTENÇA DESCONSTITUIDA, DE OFICIO. (Apelação Cível Nº , Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elisabete Correa Hoeveler, Julgado em 23/07/2015) Destarte, cabível o provimento do recurso para desconstituir a sentença e determinar o retorno dos autos à origem, para que tenha regular seguimento. Dispositivo ISSO POSTO, dou provimento ao recurso para desconstituir a sentença e determinar o prosseguimento do feito na origem. É o voto. Des. João Moreno Pomar (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a). Des. Heleno Tregnago Saraiva - De acordo com o(a) Relator(a). DES. PEDRO CELSO DAL PRÁ - Presidente - Apelação Cível nº , Comarca de Porto Alegre: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: MAURO EVELY VIEIRA DE BORBA

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