Sustentabilidade: práticas na construção e manutenção de residências

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Transcrição:

1 Sustentabilidade: práticas na construção e manutenção de residências em João Pessoa Daniela Camboim Góes camboimarq@gmail.com Master em Arquitetura Instituto de Pós Graduação - IPOG João Pessoa, dezembro de 2014 Resumo Este trabalho busca uma visão atual sobre a sustentabilidade aplicada nas residências de João Pessoa. Na pesquisa buscou-se observar a viabilidade das atitudes e práticas sustentáveis na construção e manutenção de residências, considerando-se questões culturais, sociais e econômicas. Como método de pesquisa foi utilizado um questionário baseado no tema sustentabilidade que abrange atitudes e práticas possíveis no cotidiano das residências. O questionário foi aplicado em outubro e novembro de 2014 na cidade de João Pessoa, envolvendo estudantes, técnicos e profissionais ligados à área de arquitetura e engenharia civil. Também foram pesquisadas normas gerais de sustentabilidade por meio de artigos, revistas e planos de ação de órgãos estaduais e federais. O resultado da pesquisa aplicada indica quais atitudes são realmente possíveis de execução e quais práticas são mais viáveis na construção e manutenção de residências na cidade de João Pessoa. Percebe-se que é de extrema importância a orientação e educação ambiental de todas as classes sociais, desde a infância até o ensino superior, visto que existe uma falta geral de orientação e conscientização, tanto nas áreas populares como em setores de nível social superior. Para que nossa cidade se destaque pelas práticas sustentáveis é necessário investir em educação e incentivar os projetos que priorizem a preservação ambiental e a sustentabilidade. Palavras-chave: Sustentabilidade. Atitude. Viabilidade. Conscientização. Educação Ambiental. 1. Introdução Este trabalho de pesquisa tem como foco a sustentabilidade. Por ser um tema que abrange algumas dificuldades da sociedade atual, considera-se importante levantar algumas questões e aprofundar o debate sobre a falta de educação ambiental na nossa sociedade. A sustentabilidade é um assunto que vem se destacando no mundo inteiro desde o começo do século até os dias de hoje. Através da necessidade de preservação do meio ambiente, da importância de se criar novas fontes de energia e de se aproveitar melhor os recursos naturais existentes, o homem percebeu que precisa rever seus conceitos e mudar sua atitude em relação ao espaço em que vive. Porém, mesmo com a globalização existente, nem todos tem acesso à informação e educação para utilizar ou desenvolver a sustentabilidade no seu cotidiano. Particularmente na cidade de João Pessoa, Paraíba, algumas pessoas consideram difícil adotar novas práticas de sustentabilidade

2 ou até mesmo inviável investir em novas tecnologias para reciclagem ou reaproveitamento dos materiais. Mas será que existem atitudes possíveis e práticas viáveis para a construção e manutenção de residências? O fato é que o tema da sustentabilidade pode ser discutido em toda a sociedade: nas residências, escolas, empresas privadas e órgãos públicos, para que se possa desenvolver uma nova postura de preservação e valorização do meio em que se vive. Em função disto, foi elaborada uma pesquisa de dados com questões relacionadas à sustentabilidade das residências na cidade de João Pessoa PB; envolvendo estudantes, técnicos e profissionais ligados à área de engenharia e arquitetura, com o intuito de observar o que vem sendo praticado em relação à sustentabilidade. Quais práticas sustentáveis vêm sendo implementadas na construção das residências? E quais atitudes vem sendo tomadas para a sua manutenção? Através da pesquisa de dados buscou-se identificar alguns meios de aproveitamento (economia de recursos), além de apresentar algumas formas de reciclagem (reuso dos materiais). Além disso, identificam-se as possibilidades de melhoria no conforto térmico e acústico das residências, otimizando a eficiência das construções. Em todo o Brasil, através da Caixa Econômica Federal, o sistema de classificação de normas gerais intitulado Selo Casa Azul da Caixa estabelece estratégias para viabilizar as práticas sustentáveis no processo de construção civil e manutenção de edificações residenciais. As estratégias envolvem o aproveitamento de materiais da própria região, bem como, o uso consciente dos recursos naturais existentes. No âmbito estadual, particularmente na cidade de João Pessoa, projetos de sustentabilidade, realizados pela Prefeitura Municipal, incentivam melhorias no espaço urbano e estimulam práticas sustentáveis através de reformas e urbanização de favelas, da construção e manutenção de praças e principalmente da gestão de pessoas e educação ambiental. Através dos meios de comunicação e todas as mídias digitais, desenvolvem-se cada vez mais novas soluções de projeto e novas práticas construtivas para melhorar ou viabilizar a sustentabilidade em nosso país. 2. Sustentabilidade: conceito e práticas O conceito de sustentabilidade começou a se desenvolver com o surgimento de problemas relacionados à degradação do meio ambiente, como: o aumento da população, o aumento da quantidade de resíduos, o desperdício de matérias-primas, o desperdício de fontes de energia e a degradação da água e do solo. Surgiu, então, a necessidade de se produzir uma arquitetura sustentável ou bioclimática baseada no equilíbrio entre a arquitetura e a natureza, onde a preservação do meio ambiente implica na utilização racional dos recursos naturais e das fontes de energia. Também está associado ao tema a valorização do consumo consciente, vinculado, principalmente, à informação e à educação ambiental da população. A sustentabilidade assume, portanto, um caráter social, ecológico e cultural, na medida em que as ideias relacionadas ao tema defendem o respeito ao ser humano e a preservação da natureza. Segundo Maria Fernanda Ramos (SELO CASA AZUL, 2010: 05): Ao se projetar uma habitação, é necessário aproveitar ao máximo as condições bioclimáticas e geográficas locais, estimular o uso de construções de baixo impacto ambiental, garantir a existência de áreas permeáveis e arborizadas, adotar técnicas e

3 sistemas que propiciem o uso eficiente de água e energia, bem como realizar a adequada gestão de resíduos. A habitação também deve ser duradoura e adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários, criando um ambiente interior saudável e proporcionando saúde e bem-estar aos moradores. De modo geral, um projeto de arquitetura sustentável estabelece alguns critérios fundamentais: - Uso de materiais da região; - Uso de equipamentos com eficiência energética; - Uso de iluminação e ventilação natural; - Uso de energia solar; - Reutilização da água; - Reciclagem dos materiais Considera-se imprescindível, ainda, que todo projeto sustentável busque a diminuição dos impactos ambientais a partir da economia de recursos naturais, do aproveitamento de matériasprimas e da reciclagem de bens de consumo. De acordo com Holanda (1976) também existem estratégias sustentáveis para melhorar o conforto térmico e acústico das edificações considerando-se as características bioclimáticas de cada região do país (Anexo 01). A Figura 01 apresenta um resumo das práticas apresentadas por esse autor em sua obra Roteiro para Construir no Nordeste, destacando como essas técnicas permitem a elaboração do projeto e construção, visando, sobretudo, a correção dos seus extremos climáticos (HOLANDA, 1976:09).

4 Figura 01: Estratégias Bioclimáticas para o Nordeste Brasileiro. Fonte: HOLANDA, 1976. Diante da necessidade de preservação e reestabelecimento do equilíbrio sustentável do planeta, o governo federal, por intermédio da Caixa Econômica Federal, criou um guia de sustentabilidade ambiental no qual a instituição oferece produtos e serviços que contribuem para melhorar a qualidade de vida da sociedade, reduzindo os impactos sobre o meio ambiente. O guia é composto de cadernos temáticos com informações destinadas ao corpo técnico da própria instituição, parceiros e clientes, com o objetivo de consolidar e ampliar a atitude de responsabilidade socioambiental da população em geral. Outro programa de incentivo a projetos sustentáveis promovido pela Caixa Econômica Federal é o Selo Casa Azul da Caixa : um sistema de classificação da sustentabilidade, que oferece normas de construção para empreendimentos habitacionais, reduzindo o custo de manutenção das edificações e conscientizando os empreendedores e moradores sobre a importância das

5 construções sustentáveis. Segundo o manual Selo Casa Azul Boas práticas para Habitação mais Sustentável (2010: 21): O Selo Casa Azul CAIXA é um instrumento de classificação socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais, que busca reconhecer os empreendimentos que adotam soluções mais eficientes aplicadas à construção, ao uso, à ocupação e à manutenção das edificações, objetivando incentivar o uso racional de recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno. A partir do Selo Casa Azul, busca-se identificar os projetos sustentáveis segundo algumas categorias específicas: qualidade urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, gestão da água e práticas sociais. Estas categorias são subdivididas em ações ou critérios obrigatórios fundamentais para obtenção de classificações, referentes ao nível de sustentabilidade do projeto. Tais critérios estão listados na Tabela 01. QUADRO RESUMO: CATEGORIAS E CRITÉRIOS FUNDAMENTAIS PARA UM PROJETO SUSTENTÁVEL 1. Qualidade Urbana 2. Projeto e Conforto 3. Eficiência Energética - Qualidade do entorno (infraestrutura e impactos); - Melhorias do entorno; - Recuperação de áreas degradadas; - Reabilitação do Imóvel. - Paisagismo; - Flexibilidade do projeto; - Relação com a vizinhança; - Solução alternativa de transporte; - Local para coleta seletiva; - Equipamentos de lazer, sociais e esportivos; - Desempenho térmico; - Ventilação e Iluminação Natural; - Adequação às condições físicas do terreno. - Lâmpadas de baixo consumo; - Dispositivos economizadores; - Sistema de Aquecimento Solar; - Elevadores e equipamentos eficientes;

6 - Fontes alternativas de energia. 4. Conservação de Recursos Materiais 5. Gestão da Água - Qualidade de materiais e componentes; - Componentes industrializados ou pré-fabricados; - Formas e escoras reutilizáveis; - Gestão de resíduos de construção e demolição; - Facilidade de manutenção da fachada; - Madeira plantada ou de reflorestamento. - Medição individualizada; - Dispositivos economizadores; - Aproveitamento de águas pluviais; - Áreas permeáveis. 6. Práticas Sociais - Educação ambiental dos funcionários e moradores; - Desenvolvimento pessoal dos funcionários; - Capacitação profissional dos funcionários; - Inclusão de trabalhadores locais; - Participação da comunidade na elaboração do Projeto; - Ações para a geração de emprego e renda. Tabela 01: Quadro Resumo: categorias e critérios fundamentais para um projeto de sustentabilidade. Fonte: SELO CASA AZUL, 2010: 23-24. Editado pela autora. Esses critérios, por sua essência e abrangência, são norteadores de práticas para a melhoria da sustentabilidade e quem as executa demonstra que tem consciência de sua responsabilidade socioambiental e de seu papel na sociedade. Fala-se aqui em abrangência porque, em um país como o Brasil, lembrado por sua riqueza florestal (principalmente, a Amazônia), é comum o termo sustentabilidade remeter apenas à questão da preservação das reservas florestais; enquanto que este termo também deve ser associado a ações do cotidiano urbano dos indivíduos. São poucas pessoas que tem conhecimento de que a questão da sustentabilidade está vinculada a busca de um equilíbrio entre proteção ambiental, justiça social e a viabilidade econômica. O desenvolvimento sustentável é alcançado, portanto, quando as atividades são realizadas de forma a diminuir os impactos ambientais,

7 dentro do orçamento previsto e promovendo a inclusão e justiça social. É por isso que se fala em tripé da sustentabilidade, esquematizado pela Figura 02. Figura 02: Tripé da sustentabilidade. Fonte: greenstyle.com.br, 2010. Comunidades sustentáveis consideram que o habitat humano deve ser respeitado e preservado para as gerações futuras. Sendo sustentáveis, consideram as peculiaridades do habitat humano na escala do urbano, na escala do edifício e na escala do usuário. Diante disso, enfatizam, primeiro, a qualidade urbana, alcançada por meio dos espaços públicos e áreas verdes bem planejadas, pelo uso eficiente de recursos no ambiente construído, pelo uso consciente do solo, pela preservação dos recursos hídricos, dentre outros. São comunidades que objetivam minimizar os impactos negativos e possibilitar uma cidade ideal para as pessoas, por meio da valorização e respeito aos pedestres (e ciclistas) e valorização do transporte público, por exemplo. Segundo, enfatizam as edificações sustentáveis e projetos arquitetônicos com características associadas à arborização e demais elementos paisagísticos, à flexibilidade do projeto em permitir modificações e ampliações, às condições adequadas de iluminação e ventilação (condicionadas a um desempenho térmico), às condições de eficiência energética, à conservação dos recursos materiais, ao uso e manutenção da obra, à gestão dos recursos hídricos, entre outros. E terceiro, enfatizam a necessidade de constante ampliação da consciência socioambiental da sociedade, tendo em vista que a concepção do projeto sustentável parte do profissional, mas a utilização e manutenção é de responsabilidade dos seus usuários. O esquema da Figura 03, mostra algumas práticas adotadas para um mesmo edifício, evidenciando como todas essas atitudes podem atuar juntas num projeto sustentável. Figura 03: Práticas sustentáveis em uma edificação.

8 Fonte: Sustentabilidade e inovação na habitação popular: o desafio de propor modelos eficientes de moradia, 2010: 78. A arquitetura, através de sua função de planejar e projetar ambientes, tem papel fundamental na promoção de edificações sustentáveis. A arquitetura deve ser tratada, portanto, como um dos agentes motivadores da sustentabilidade, tendo em vista sua capacidade de identificar e relacionar os elementos fundamentais do desenvolvimento sustentável. 3. Sustentabilidade na cidade de João Pessoa Especificamente na cidade de João Pessoa, diante de tantos problemas de infraestrutura urbana, surgiu na Prefeitura Municipal um projeto de sustentabilidade que visa identificar os pontos críticos e sugerir ações específicas a serem adotadas para melhorar a qualidade de vida da população. As ações estabelecem um programa de educação ambiental e urbana direcionado para a população jovem e adulta no sentido de conscientizar a comunidade e informar à população sobre as atitudes necessárias para melhorar a organização dos espaços públicos, visando a revitalização urbana e preservação ambiental. A partir desse projeto a Prefeitura Municipal busca melhorar a qualidade de vida da comunidade, gerar novas fontes de trabalho, aumentar a renda das pessoas envolvidas na rede produtiva, melhorar os indicadores sociais da população e aumentar a participação popular nos projetos de interesse público. Então, a partir da ação conjunta da Prefeitura Municipal, através das Secretarias de Habitação, Planejamento e Obras, com o apoio de algumas instituições de classe como o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), é possível implantar mudanças na estrutura urbana da cidade e promover o desenvolvimento sustentável de João Pessoa, calcado em questões sociais, ambientais e econômicas. Além do que vem sendo realizado pelo governo federal ou municipal para a cidade de João Pessoa, surgiu a necessidade de verificar as práticas adotadas pelos profissionais (arquitetos, engenheiros e técnicos) em seus projetos e seu cotidiano, tendo em vista a importância destes no estímulo à adoção de atitudes sustentáveis. Neste trabalho, o método adotado foi uma pesquisa de dados na cidade de João Pessoa durante os meses de outubro e novembro de 2014, envolvendo um total de 70 entrevistados, sendo 27 homens e 43 mulheres, dentre os quais 21 arquitetos, 09 engenheiros e 40 técnicos do meio ambiente. De acordo com o questionário (Apêndice 01), foram destacadas as principais atitudes e práticas sustentáveis na construção e manutenção de residências, bem como as principais vantagens e desvantagens de se aplicar a sustentabilidade no nosso cotidiano. 4. Análise dos Resultados De acordo com os dados obtidos, verifica-se que a maior preocupação das pessoas com o meio ambiente é evitar o desperdício de água, como pode ser visto no Gráfico 01.

9 Preocupação com o meio ambiente nos projetos 59% 46% 60% 41% 54% 40% DIMINUIR A EMISSÃO DE SUBSTÂNCIAS POLUENTES NO MEIO AMBIENTE EVITAR O DESPERDÍCIO DE ÁGUA EVITAR O DESPERDÍCIO DE ENERGIA Favorável Desfavorável Gráfico 01: Preocupação com o meio ambiente nos projetos. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014. Tendo em vista que menos de 1% da água doce existente no planeta é própria para o consumo como pode ser visto na Figura 04, devido à escassez de chuvas em quase todo o país e a dificuldade de abastecimento nos centros urbanos, as pessoas estão percebendo, cada vez mais, a necessidade de economizar água e otimizar a utilização dos recursos hídricos. Além disso, por ser um bem de primeira necessidade, a água deve ser conservada em quantidade e qualidade para prorrogar o atendimento à demanda de nossa população e das gerações futuras.

10 Figura 04: A disponibilidade de água no planeta. Fonte: UNEP, 2002 apud SELO CASA AZUL, 2010:15. Destaca-se que a mudança dos hábitos de consumo é a forma mais utilizada pela população para evitar o desperdício de água, tanto no ambiente residencial como de trabalho (Gráfico 02). Formas para evitar o desperdício de água na própria residência ou trabalho 29% 90% 10% INSTALANDO EQUIPAMENTOS COM REDUTORES DE VAZÃO 74% 26% FAZENDO REUSO DA ÁGUA 71% MUDANDO OS HÁBITOS DE CONSUMO 90% 91% 10% 9% REAPROVEITANDO ÁGUAS PLUVIAIS NENHUMA Favorável Desfavorável Gráfico 02: Formas para evitar o desperdício de água na própria residência ou trabalho. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014.

11 É importante ressaltar que práticas simples podem ser adotadas com a finalidade de evitar o desperdício da água, e ainda mais urgente, fazer um uso consciente deste recurso finito. Para economizar água potável, como exemplo, pode-se optar pelo reuso da água do banho, para o vaso sanitário, como mostra o esquema da Figura 05. Segundo as pesquisas do site Sempre Sustentável, é uma atitude simples, mas que reduz em média 30% da água potável gasta mensalmente, sem aplicações de altas tecnologias e sem perigos para o usuário. Figura 05: Esquema de reuso da água do banho para descarga de vasos sanitários. Fonte: www.sempresustentável.com.br. Acesso em Dezembro de 2014. Outra prática importante é o reaproveitamento da água da chuva, pois impede o desperdício, contribui para evitar cortes no fornecimento e diminui os gastos com a conta mensal da companhia de água do estado ou município. A água da chuva é armazenada em uma cisterna, posteriormente passa por um processo manual ou automatizado de filtragem e tratamento e por fim pode ser condicionada em caixa que encaminhará a água para o consumo final, como mostra o esquema da Figura 06.

12 Figura 06: Esquema de captação e armazenamento de água da chuva. Fonte: Revista Veja, 2014: 108. De acordo com os dados obtidos ainda no Gráfico 01, percebe-se que outra grande preocupação com o meio ambiente na elaboração dos projetos dos profissionais entrevistados, é encontrar soluções que visem a diminuição do desperdício de energia. Na sociedade contemporânea, em que praticamente todas as atividades cotidianas dependem direta ou indiretamente de energia, não surpreende que o consumo venha crescendo de forma exponencial. Porém, toda geração de Formas para evitar o desperdício de energia na própria residência ou trabalho 21% 53% 59% 79% 99% 1% 47% 41% USANDO LÂMPADAS ECONÔMICAS USANDO ENERGIA SOLAR USANDO ILUMINAÇÃO NATURAL USANDO VENTILAÇÃO NATURAL Favorável Desfavorável

13 energia implica em impacto ambiental. Diante disso, uma das práticas mais utilizadas para evitar o desperdício de energia é através da instalação de lâmpadas econômicas (Gráfico 03). Gráfico 03: Formas para evitar o desperdício de energia na própria residência ou trabalho. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014. Positivamente, são elevados os índices de utilização da iluminação natural e da ventilação natural, que são requisitos que devem ser observados com critério no processo de concepção do projeto arquitetônico. Somente para citar o caso da ventilação natural, pode-se observar no esquema da Figura 07, a enorme variedade de estratégias de ventilação natural para edificações. Figura 07: Exemplo de várias estratégias de ventilação natural numa mesma edificação. Fonte: GHIAUS & ROULET (2005: 146) apud SELO CASA AZUL (2010: 72). Por outro lado, negativamente, chama a atenção que num clima tropical como o do Brasil, os profissionais arquitetos, engenheiros e técnicos façam tão pouco uso da energia solar. Segundo o Selo Casa Azul da Caixa (2010:111), para o aquecimento da água a ser utilizado em habitações, o emprego da energia solar aparece como uma das alternativas mais viáveis, ambiental e economicamente, por se tratar de uma energia renovável. Além disso, o uso de energia solar também pode ser utilizado de forma integrada à rede elétrica e funcionar em paralelo à rede elétrica convencional, como no esquema da Figura 08.

14 Figura 08: Desenho esquemático de uma instalação de painéis solares fotovoltaicos em residência, interligado à rede elétrica. Fonte: LabEEE, UFSC apud SELO CASA AZUL, 2010: 123. Em relação à economia de materiais constata-se que, infelizmente, a maioria de profissionais e técnicos não utiliza nenhum material reciclável nos seus projetos ou construções, o que demonstra a real necessidade de mais incentivo e divulgação sobre as atitudes e práticas de sustentabilidade, como pode ser visto no Gráfico 04. Materiais recicláveis utilizados nos projetos 84% 74% 94% 77% 61% 16% 26% 6% 23% 39% MADEIRA DE REFLORESTAMENTO MATERIAIS PLÁSTICOS REAPROVEITADOS BLOCOS DE CONCRETO RECICLADO PAPEL RECICLADO NENHUM Favorável Desfavorável Gráfico 04: Materiais recicláveis utilizados nos projetos. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014

15 Apesar da mínima prática de utilização de material reciclável por parte dos profissionais, percebe-se uma crescente preocupação com o impacto ambiental das construções. Como pode ser visto no Gráfico 05, a maioria dos profissionais prefere gerir os resíduos nos canteiros de obra e simultaneamente evitar o desperdício dos materiais construtivos. Formas de diminuir o impacto ambiental das construções em João Pessoa 49% 66% 47% 59% 51% 34% 53% 41% EVITANDO O DESPERDÍCIO DE MATERIAIS CONSTRUTIVOS EVITANDO O DESPERDÍCIO DE RESÍDUOS FAZENDO A GESTÃO DE RESÍDUOS NOS CANTEIROS DE OBRAS RECICLANDO OS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Favorável Desfavorável Gráfico 05: Formas de diminuir o impacto ambiental das construções em João Pessoa. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014 Observa-se também que apesar de não utilizar material reciclável em seus projetos, os profissionais têm a preocupação de reaproveitar ou destinar para a reciclagem os materiais de construção. De uma forma geral, a pesquisa indicou que a coleta seletiva de resíduos e o uso de equipamentos econômicos são tidos como práticas recorrentes no cotidiano dos entrevistados, como pode ser visto no Gráfico 06.

16 Prática utilizada na própria residência ou trabalho 56% 56% 97% 79% 81% 44% 44% 3% 21% 19% COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS USO DE EQUIPAMENTOS ECONÔMICOS USO DE ENERGIA SOLAR REAPROVEITAMENTO DE ÁGUA NENHUMA Favorável Desfavorável Gráfico 06: Prática sustentável utilizada na própria residência ou no trabalho. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014 Mais uma vez, os mínimos índices em relação ao uso de energia solar, ao reaproveitamento de água e ao fato de algumas pessoas não tomarem nenhuma atitude classificada como sustentável, soam como alarmantes. A pesquisa também abordou a relação da sustentabilidade com as questões urbanas, voltadas para a qualidade arquitetônica ou paisagística da cidade, tendo em vista que as comunidades sustentáveis devem promover um equilíbrio entre a cidade, o edifício e o usuário. Nesse contexto, os dados apresentados destacam a importância de utilização de projetos mais eficientes e que possam gerar construções mais econômicas. Também se evidencia a importância do acréscimo de áreas verdes nos projetos residenciais e demais espaços urbanos (ver Gráfico 07). A valorização dos espaços verdes é uma atitude essencial, tendo em vista que, com o desenvolvimento das cidades, é cada vez mais crescente a demanda por espaços construídos, em detrimento dos espaços que ainda preservam as paisagens naturais. Os altos índices apresentados no questionário indicam que os profissionais atentam para as questões arquitetônicas e paisagísticas como auxiliadoras do conforto térmico e visual dos empreendimentos em geral, e como fundamentais para reverter o visual urbano, em que predomina o cinza do concreto e falta o verde das paisagens naturais.

17 Formas de aumentar a qualidade arquitetônica e paisagística de uma cidade 46% 46% 67% 54% 54% 33% ATRAVÉS DE CONSTRUÇÕES MAIS EFICIENTES E ECONÔMICAS ATRAVÉS DO ACRÉSCIMO DE ÁREAS VERDES ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO DE NOVAS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS Favorável Desfavorável Gráfico 07: Formas de aumentar a qualidade arquitetônica e paisagística de uma cidade. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014 Além disso, atentam para o fato de que a arquitetura deve ser aliada da sustentabilidade, tendo em vista que ambas têm papel decisivo na melhoria da qualidade de vida em geral. Neste contexto, a prioridade dos entrevistados é, assim como mostra o Gráfico 08, preservar o meio ambiente, não só com a diminuição dos níveis de poluição urbana, mas também com o aproveitamento dos recursos naturais.

18 Formas da sustentabilidade melhorar a qualidade de vida de uma população 50% 71% 31% 66% 50% 29% 69% 34% DIMINUIÇÃO DA POLUIÇÃO ECONOMIA DE RECURSOS FINANCEIROS PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE APROVEITAMENTO DE RECURSOS NATURAIS Favorável Desfavorável Gráfico 08: Formas de sustentabilidade melhorar a qualidade de vida de uma população. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014 Como pode ser visto no Gráfico 09, os dados indicam que o maior problema encontrado nos projetos e construções sustentáveis é a carência de informações técnicas referentes ao tema. Também não se pode negar o alto custo relacionado aos projetos sustentáveis, a carência de mão de obra qualificada para desenvolver e aplicar novas técnicas construtivas e a dificuldade de manutenção destes projetos. Todas essas objeções implicam em uma maior resistência por parte dos profissionais da área em utilizar práticas sustentáveis em seus projetos, tendo em vista o aumento do custo inicial do projeto. Além disso, a responsabilidade em utilizar sustentabilidade nos diversos projetos deve partir tanto do profissional, ao realizar o projeto, quanto do usuário, que é quem realmente vai gerir a manutenção das atitudes sustentáveis.

19 Dificuldades encontradas nos projetos de sustentabilidade 56% 59% 53% 73% 44% 41% 47% 27% CUSTO INICIAL ELEVADO CARÊNCIA DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA CARÊNCIA DE INFORMAÇÕES TÉCNICAS DIFICULDADE DE MANUTENÇÃO DOS PROJETOS Favorável Desfavorável Gráfico 09: Formas de sustentabilidade melhorar a qualidade de vida de uma população. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014 Com relação às informações apresentadas, a sugestão mais indicada para incentivar a educação ambiental da população é ampliar a divulgação do tema sustentabilidade nas escolas, universidades e empresas, além do uso de campanhas publicitárias em todas as mídias digitais, para que todos possam ter acesso à informação e desenvolver uma nova postura sobre o meio ambiente (ver Gráfico 10). Sugestões para estimular a educação ambiental da população 54% 69% 74% 41% 46% 31% 26% 59% CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS EM TODAS AS MÍDIAS DIGITAIS INCENTIVOS FISCAIS PROGRAMAS ESPECÍFICOS DE SUSTENTABILIDADE AMPLA DIVULGAÇÃO EM ESCOLAS, UNIVERSIDADES E EMPRESAS Favorável Desfavorável

20 Gráfico 10: Sugestões para estimular a educação ambiental da população. Fonte: Daniela C. Góes / Questionário aplicado Outubro e Novembro de 2014 5. Conclusão A questão da sustentabilidade pressupõe o desenvolvimento da sociedade em toda a sua plenitude, visto que o tema remete à inovação de conceitos e aperfeiçoamento tecnológico, além da gestão de recursos e pessoas. Importante ressaltar que para se atingir um novo modelo de produção sustentável, é fundamental estabelecer um programa de educação ambiental que inclua todas as faixas etárias e classes sociais para se chegar a um novo patamar de formalidade, qualificação e competitividade. Principalmente os profissionais do setor de construção, relacionados ao planejamento e tecnologia, precisam se conscientizar e aplicar a sustentabilidade no seu cotidiano, bem como considerar o desenvolvimento sustentável um requisito básico nos seus projetos e construções. É necessário reavaliar os conceitos de uso e reuso de recursos naturais, reciclagem de materiais, eficiência energética, gestão de resíduos e redução dos níveis de poluição, tendo como objetivo a educação ambiental num sentido mais amplo. Não basta reduzir os custos de instalação e manutenção dos projetos sustentáveis, é fundamental envolver toda a sociedade, discutir as novas tecnologias e compartilhar as possíveis soluções para, finalmente, alcançar um caminho viável: o desenvolvimento sustentável de nossa cidade. Referências Construção e Meio Ambiente / Editores Miguel Aloysio Sattler [e] Fernando Oscar R. Pereira Porto Alegre: ANTAC, 2006. Coleção Habitare, v. 7. Disponível em: < http://www.habitare.org.br/arquivosconteudo/ct_7_comp.pdf> Acesso em Dezembro de 2014. DILIGENTI, Marcos Pereira. Sustentabilidade e Habitação de Interesse Social: movimentos sociais e a (re)significação do lugar. In: ENANPARQ, 1, 2010, Rio de Janeiro. Anais do I Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo Simpósio Temático - Sustentabilidade na Habitação de Interesse Social: cultural, social, ambiental e econômica. Rio de Janeiro: ENANPARQ, 2010. Disponível em: < http://www.anparq.org.br/dvd-enanparq/simposios/51/51-655-1-sp.pdf>. Acesso em Dezembro de 2014. HOLANDA, Armando de. Roteiro para construir no Nordeste arquitetura como lugar ameno nos trópicos ensolarados. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1976. MARKER, Andreas. Avaliação ambiental de terrenos com potencial de contaminação: gerenciamento de riscos em empreendimentos imobiliários / Andreas Marker; colaboração de Andreas Nieters, Sílvia Regina Merendas Raymundo, Carlos Hashimoto e João Carlos Barbosa Carneiro. Brasília: CAIXA, 2008. Disponível em: < http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/desenvolvimento_urbano/gestao_ambiental/guiacaixa _web.pdf>. Acesso em Dezembro de 2014.

21 Para driblar a falta d água. Revista Veja, São Paulo, nº 14, ed. 2367, ano 47, abril 2014. PORTO, Marcio Macedo. O Processo de Projeto e a Sustentabilidade na produção da Arquitetura. São Paulo: Editora C4, 2010. SELO CASA AZUL: Boas Práticas para Habitação mais sustentável. Caixa Econômica Federal. São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica, 2010. Disponível em: <http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/selo_casa_azul_caixa_versao_web. pdf>. Acesso em Dezembro de 2014. Sustentabilidade e inovação na habitação popular: o desafio de propor modelos eficientes de moradia. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado de Habitação São Paulo, 2010. Disponível em: <www.iabsp.org.br/sustentabilidade_inovacao_na_habitacao_popular.pdf.>. Acesso em Dezembro de 2014. Utilização de Resíduos na Construção Habitacional / Editores Janaíde Cavalcante Rocha [e] Vanderley Moacyr John Porto Alegre: ANTAC, 2003. Coleção Habitare, v. 4. Disponível em: < http://www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/arquivos/124.pdf> Acesso em Dezembro de 2014. VISINTAINER, Michael R. M.; CARDOSO, Larriê Andrey; VAGHETTI, Marcos Alberto Oss. Habitação Popular Sustentável: Sustentabilidade econômica e ambiental. In: SNCS, 1, 2010, Passo Fundo RS. Anais do I Seminário Nacional de Construções Sustentáveis Buscando Soluções em Arquitetura de Interesse Social. Passo Fundo: SNCS, 2010. Disponível em: < http://www.imed.edu.br/uploads/habita%c3%a7%c3%a3o%20popular%20sustent%c3%a1v el%20sustentabilidade%20econ%c3%b4mica%20e%20ambiental.pdf>. Acesso em Dezembro de 2014. APÊNDICE 01: QUESTIONÁRIO TEMA: SUSTENTABILIDADE: PRÁTICAS NA CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO DE RESIDÊNCIAS EM JOÃO PESSOA Nome (opcional): Sexo: M ( ) F ( ) Formação Profissional: 1 - Que tipo de preocupação você tem com o meio ambiente nos seus projetos? Evitar o desperdício de água. Evitar o desperdício de energia. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas. Diminuir a emissão de substâncias poluentes no meio ambiente. 2 - Como você evita o desperdício de água na sua residência ou no seu trabalho?

22 Instalando equipamentos com redutores de vazão. Fazendo reuso da água. Mudando os hábitos de consumo. Reaproveitando águas pluviais. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas. 3 - Como você evita o desperdício de energia na sua residência ou no seu trabalho? Usando lâmpadas econômicas. Usando energia solar. Usando iluminação natural. Usando ventilação natural. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas. 4 - Quais materiais recicláveis você utiliza nos seus projetos? Madeira de reflorestamento. Materiais plásticos reaproveitados. Blocos de concreto reciclado. Papel reciclado. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas. 5 - Como você considera possível diminuir o impacto ambiental das construções em João Pessoa? Evitando o desperdício de materiais construtivos. Evitando o desperdício de resíduos. Fazendo a gestão de resíduos nos canteiros de obras. Reciclando os materiais de construção. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas. Uso da energia solar. Reaproveitamento da água. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas. 7 - Como você acha que a prática da sustentabilidade pode aumentar a qualidade arquitetônica ou paisagística de uma cidade? Através de construções mais eficientes e econômicas. Através do acréscimo de áreas verdes. Através do desenvolvimento de novas técnicas construtivas. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas. 8 - Como você acha que o uso da sustentabilidade pode melhorar a qualidade de vida de uma população? Com a diminuição da poluição. Com a economia de recursos financeiros. Com a preservação do meio ambiente. Com o aproveitamento dos recursos naturais. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas. 9 - Que tipo de dificuldade você percebe nos projetos de sustentabilidade? Custo inicial elevado. Carência de mão de obra qualificada. Carência de informações técnicas. Dificuldade de manutenção dos projetos. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas. 10 - O que você sugere para estimular a educação ambiental da população? 6 - Qual prática de sustentabilidade você utiliza na sua residência ou no seu trabalho? Coleta seletiva de resíduos. Uso de equipamentos econômicos. ANEXO 01: Zoneamento bioclimático brasileiro. Fonte: NBR 15220-3 apud SELO CASA AZUL (2010:58). Campanhas publicitárias em todas as mídias digitais. Incentivos fiscais para pessoas físicas e jurídicas. Programas específicos de sustentabilidade nos meios de comunicação. Ampla divulgação nas escolas /universidades /empresas. Outros. (Qual? ) Nenhuma das alternativas

23 A zona 1 (Z1) refere-se a climas mais frios no sul do país com invernos mais acentuados e maior necessidade de aquecimento nesse período. As zonas 2 e 3, predominantemente ao sul e sudeste, respectivamente, consideram ainda verão e inverno de forma acentuada. A zonas 4, 5 e 6 também apresentam diferenças entre estratégias para verão e inverno, porém muito menos acentuadas. Na zona 4, ainda se considera importante o aquecimento solar passivo da edificação para inverno, enquanto nas zonas 5 e 6 não é mais recomendada esta estratégia. As zonas 7 e 8, representadas pelo Nordeste e Norte do País, apresentam necessidade de estratégias somente para o verão ao longo do ano todo (SELO CASA AZUL, 2010: 58).