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Transcrição:

MINISTÉRIO DA SAÚDE Gabinete do Secretário Departamento de Assuntos de Saúde Global Rockville, MD 20857 Ilustríssimo Senhor J.W. Lee, M.D. Diretor Geral Organização Mundial da Saúde Avenue Appia 20 CH-1211 Genova 27 Suíça Prezado Sr. Diretor Geral, O Governo dos Estados Unidos tem a satisfação de mais uma vez prover à Organização Mundial da Saúde (WHO - World Health Organization) e à Organização para Agricultura e Alimentação (FAO - Food and Agriculture Organization) comentários sobre seu Relatório da Consulta Técnica conjunta entre a WHO e a FAO sobre Dieta, Nutrição e a Prevenção de Doenças Crônicas (Relatório 916), o qual foi divulgado em conjunto, em sua forma final, por ambas as Organizações, em abril de 2003. Nós, do Governo dos Estados Unidos, estamos aproveitando a oportunidade de, neste momento, revisar e fornecer comentários adicionais sobre a versão de 2003 do Relatório em vista das discussões em andamento nas sedes administrativas da WHO e da FAQ, particularmente no que diz respeito à estratégia global da WHO sobre dieta, atividade física e saúde. O foco desses comentários está nos pontos em que as recomendações de política do Governo dos Estados Unidos, assim como a interpretação da ciência, diferem daquelas constantes no Relatório WHO/FAO. Considerando que esses comentários são ilustrativos e não abrangentes, esperamos que contribuam para as discussões globais que acontecerão na WHO e na FAO em 2004. Nossos comentários também reforçam nossa visão de que a WHO deve desempenhar um papel tão estrito quanto o de um órgão técnico das Nações Unidas, a fim de prover recomendações baseadas em rigor científico, para ajudar a guiar os Estados Membros no decorrer do desenvolvimento de políticas nacionais de saúde pública apropriadas às suas próprias circunstâncias. Somente por meio do emprego de processos abertos e transparentes que sejam baseados em ciência e revisados por especialistas, é que a WHO e a FAO podem produzir um produto confiável. Como dissemos anteriormente, em nossa opinião, a WHO e a FAO não conduziram as coisas dessa forma com o Relatório 916. Os comentários no documento anexo são uma indicação do compromisso contínuo do Governo dos Estados Unidos, sob a liderança dos Secretários Tommy G. Thompson e Ann Veneman, de trabalhar com a WHO, com a FAO e com a comunidade internacional para lidar com os crescentes desafios de obesidade e doenças crônicas por meio de políticas baseadas em evidências,

melhores dados e monitoramento, e a promoção de estratégias sustentáveis que se concentram em equilíbrio de energia, responsabilidade individual, e fortes abordagens na saúde pública. Quanto às nossas comunicações prévias sobre o Relatório 916, nossos comentários representam um consenso alcançado no Governo dos Estados Unidos através de um processo inter-agência completo. Minha equipe e eu ficaremos satisfeitos em responder quaisquer dúvidas ou fornecer mais esclarecimentos sobre o documento anexo. Meu telefone de contato é (202) 690-6174. Lou Valdez, Diretor Substituto para Políticas no Departamento de Assuntos de Saúde Global, aqui no Ministério da Saúde, também pode ser um recurso adicional para seu contato (telefone 301-443-1774 ou e-mail mvaldez@osophs.dhhs.gov). Atenciosamente, [assinatura] William R. Steiger, Ph. D. Assistente Especial do Secretário de Assuntos Internacionais Anexo Cópia para: Jacques Diouf, Ph.D. Diretor Geral Organização para Agricultura e Alimentação

Versão datada de 1/2/04 Revisão do Relatório de Dieta, Nutrição e Prevenção de Doenças Crônicas de uma Consulta Técnica Conjunta entre a Organização Mundial de Saúde (WHO) e a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) (Relatório Técnico da WHO Série 916) pelos Ministérios Norte Americanos de Saúde e Agricultura O Relatório 916, chamado de Dieta, Nutrição e Prevenção de Doenças Crônicas, é sobre uma Consulta Técnica conjunta entre a WHO e a FAO, que se reuniram durante o período de Janeiro e Fevereiro de 2002. Uma versão prévia do Relatório foi divulgada em abril de 2002, e a versão final foi publicada e divulgada em abril de 2003 pelos Diretores Gerais da WHO e FAO em Roma, Itália. O Governo dos Estados Unidos (USG - United States Government), por meio de seu Ministério da Saúde (HHS - Department of Health and Human Services), forneceu comentários substanciais sobre a versão prévia de 2002 do Relatório (abril de 2002). O HHS aproveita a oportunidade de, neste momento, revisar e fornecer comentários adicionais sobre a versão final de 2003 do Relatório, considerando as discussões em andamento nas sedes administrativas da WHO e da FAQ acerca do próprio Relatório, e de forma mais ampla, as questões que cercam dieta, nutrição, atividade física e saúde, incluindo o desenvolvimento da WHO de uma estratégia global sobre dieta, atividade física e saúde. Esses comentários delineiam onde as recomendações de política do USG, assim como a interpretação do USG da ciência, difere daquelas constantes no Relatório WHO/FAO. Esses comentários são ilustrativos e não abrangentes, e não se destinam a identificar todos os casos dessas diferenças. Os Estados Unidos apóiam a idéia de uma estratégia global da WHO sobre dieta, atividade física e saúde. Os órgãos do USG têm o compromisso de trabalhar com a WHO, FAO e seus Estados Membros no desenvolvimento de tal estratégia. No entanto, as questões no entorno de dieta, nutrição e prevenção de doenças crônicas são extremamente complexas. No desenvolvimento de qualquer estratégia regional ou global, é de responsabilidade das organizações das Nações Unidas, dos governos e de todos os grupos interessados, garantir que a estratégia se baseie nas melhores comprovações científicas e de saúde pública possíveis. Igualmente importante, se os países forem aderir a qualquer estratégia resultante e implementá-la efetivamente, o processo para o desenvolvimento e implementação deve ser transparente e participativo. Comentários Gerais

Os órgãos do USG têm uma longa história de uso de revisões baseadas em ciência para o desenvolvimento de políticas de saúde pública. O sucesso dessas atividades depende em muito da natureza rigorosa e crítica das revisões cientificas e do desenvolvimento de políticas consistentes com os resultados dessas revisões. O desenvolvimento dessa política é geralmente caracterizado por dois traços básicos: a) Uma revisão abrangente e sistemática da comprovação disponível. Estudos individuais são avaliados de acordo com a qualidade e mérito científico, e o peso da comprovação científica geral é baseado em um plano de hierarquia em que testes de intervenção levam um peso maior do que os estudos de observação. Na medida do possível, esse processo é bem documentado usando critérios aceitos pela comunidade científica. Essa abordagem promove um processo transparente em que os grupos interessados podem participar e entender as decisões tomadas. b) Uma separação da avaliação científica das decisões de políticas. Essa separação é desejável para evitar que o processo de revisão científica seja manipulado, ou que tenha aspecto de manipulação, para apoiar certas recomendações de políticas. Os cientistas devem revisar e avaliar a ciência disponível sem considerar decisões políticas. Separadamente, os legisladores usam essa revisão científica para desenvolver decisões e iniciativas políticas. Uma preocupação básica com o Relatório WHO/FAO é que não cumpre essas normas de forma consistente. As diferentes abordagens de avaliação explicam no mínimo algumas das inconsistências entre as conclusões do Relatório WHO/FAO e as atuais recomendações dos EUA. Por exemplo, de acordo com a Lei de Qualidade de Dados dos EUA, os órgãos do USG operam sob diretrizes para garantir e maximizar a qualidade, objetividade, utilidade, e integridade de informações disseminadas ao público. Essas diretrizes exigem que os órgãos adotem um padrão básico de qualidade como uma meta de desempenho e, tomem as medidas apropriadas para desenvolver um processo para revisar a qualidade das informações antes de disseminá-las, e incorporar os critérios de qualidade de informações nas práticas de disseminação de informações dos órgãos. Cada órgão deve garantir e estabelecer qualidade em níveis apropriados à natureza e pontualidade das informações a serem disseminadas, e os órgãos podem adotar normas específicas que sejam adequadas às varias categorias de informações disseminadas. Adicionalmente, a qualidade das informações deve ser tratada como uma etapa integral em cada aspecto do processo de desenvolvimento das informações. Extratos das Diretrizes do HHS podem ser encontrados no ANEXO A. O processo de consulta do desenvolvimento do Relatório WHO/FAO e do próprio Relatório resultante não cumpriria essas normas de qualidade de dados atuais dos EUA, uma vez que no processo faltava um alto grau de transparência, e os resultados analíticos e de dados contidos no Relatório não foram submetidos a uma revisão especializada formal, independente e externa, entre outros critérios.

Além das questões sobre a avaliação da comprovação científica, o Relatório WHO/FAO teria se beneficiado por ser estritamente uma revisão da ciência relevante. Em geral, a separação da revisão científica do desenvolvimento político evita o surgimento de erro sistemático na interpretação de dados para apoiar certos resultados de políticas. Esse processo também reconhece que o julgamento qualitativo e semiquantitativo deve ingressar em recomendações e decisões de políticas (ex., incerteza, peso de comprovação, e o equilíbrio dos riscos e benefícios potenciais das opções de políticas sugeridas na análise atual) contra, às vezes maiores, considerações sociais, econômicas, legais e práticas. O Relatório WHO/FAO tende a misturar conclusões de política e de ciência, dessa forma minando esse importante princípio destinado a proteger a integridade e credibilidade do processo de revisão científica. O Relatório WHO/FAO também mistura recomendações de políticas que não são bem fundamentadas por comprovação que trate de áreas amplas de comércio, subsídios de agricultura e propaganda áreas que estão fora da especialidade de muitos dos especialistas que participaram da consulta e que estão além dos mandatos e competências da WHO e FAO. Os inúmeros exemplos em que parece que as recomendações de políticas do documento não estão apoiadas por comprovação científica enfatizam a necessidade de um plano de trabalho e de estudos bem conduzidos com populações variadas. A WHO e a FAO são encorajadas a se concentrarem na pesquisa necessária para desenvolver a comprovação exigida a fim de implementar estratégias no país. O Relatório WHO/FAO está em consenso geral com a perspectiva dos Estados Unidos sobre o papel da dieta e da inatividade em relação às origens de doenças crônicas. Porém, diversas interações críticas são tratadas de maneira inadequada ou são caracterizadas erroneamente no Relatório. Elas incluem (1) equilíbrio de energia equilibrando as calorias consumidas com atividades físicas adequadas; (2) responsabilidade pessoal e o papel de um indivíduo na melhoria das escolhas alimentares gerais e melhor integração de atividades físicas em estilos de vida individuais; e (3) a conclusão do Relatório de que todas as comprovações atuais sugerem que os determinantes subjacentes de doenças não contagiosas e soluções de prevenção são amplamente as mesmas para populações de países desenvolvidos e em desenvolvimento da mesma maneira. Também há um foco não comprovado em alimentos bons e ruins, e uma conclusão de que alimentos específicos são vinculados a doenças não contagiosas e a obesidade (ex., alimentos com alto teor calórico, alimentos, bebidas e carnes com alto teor de açúcar adicionado, certos tipos de gorduras e óleos, e derivados do leite com teor de gordura mais alto). O USG favorece orientações alimentares que se concentram na dieta total, promovem a visão de que todos os alimentos podem fazer parte de uma dieta mais saudável e equilibrada, e que apóiam a responsabilidade pessoal de escolher uma dieta que favoreça o equilíbrio de energia individual, assim como controle de peso e saúde. A Força da Comprovação Científica

Uma diferença metodológica principal está na estrutura usada para avaliar a força da comprovação científica. No Relatório WHO/FAO, o maior nível de comprovação (ex., comprovação convincente ) consiste principalmente em estudos epidemiológicos. Nas avaliações dos EUA, o maior peso é dado a estudos de intervenção, seguidos de estudos epidemiológicos. (Vide ANEXO B como exemplo.) Além disso, os estudos epidemiológicos também contam com uma hierarquia de peso de comprovação; por exemplo, os estudos longitudinais recebem um peso maior que os estudos transversais. Dessa forma, o Relatório WHO/FAO pode dar a um estudo maior peso científico do que receberia em uma análise semelhante nos Estados Unidos. Há questões acerca da extensão na qual a qualidade científica e a relevância de estudos individuais citados no Relatório WHO/FAO foram avaliadas. Normalmente, as estruturas baseadas em comprovação avaliam sistematicamente se o projeto, condução, interpretação e relatório dos resultados do estudo foram feitos de forma a cumprir de maneira geral os princípios aceitos da qualidade científica. A discussão WHO/FAO de força de comprovação não discute como, ou se, a qualidade do estudo ou a qualidade dos dados é considerada. Em algumas discussões, as referências citadas dando base a alguns tópicos são principalmente de artigos de revisão, e não estudos principais. A avaliação da pesquisa principal subjacente permitiria uma visão mais transparente dos argumentos a favor e contra para uma determinada decisão política de saúde. As conclusões na Seção Cinco e no Anexo sobre relacionamentos de nutrientes e doenças não são difíceis de aceitar como observações, conclusões provisórias, diretrizes para programas de intervenção, ou metas. No entanto, a determinação categórica da força de algumas das evidências como convincentes não é apoiada por comprovação científica. Por exemplo, uma preocupação principal com o Relatório é que as definições para o nível de comprovação nem sempre são consistentes com o nível de comprovação designado para um fator de risco particular. Os critérios de Força de Comprovação (Seção 5) são um dos mais se não o mais críticos componentes do Relatório. Os critérios de avaliação de força para a comprovação são descritos no Relatório, mas não está claro qual processo foi usado para se chegar às conclusões informadas e como recomendações específicas foram entregues. Informações sobre quais critérios foram usados para identificar a literatura para a revisão e o processo para inclusão ou exclusão de estudos em apoio às recomendações também não são incluídas. As definições para o nível de comprovação nem sempre são consistentes com o nível de comprovação designado para um fator de risco particular. Isso é verdade principalmente para recomendações para a prevenção de ganho de peso excessivo e obesidade. Como indicado pelo Relatório, a confiança histórica no balanço nutricional não fornece informações confiáveis sobre os padrões de consumo alimentar necessários para estabelecer o vínculo com doenças crônicas. Apesar dessa afirmação, com a qual se concorda, o Relatório ainda contém muitas das inconsistências que foram comentadas pelo HHS na versão prévia de abril de 2002 do Relatório. Os problemas mais importantes são encontrados na Tabela Sete (Página 63), apesar de alguns desses pontos serem incorporados nas seções anteriores do texto.

Vínculos e Relacionamentos Apoiados pela Ciência A clareza e transparência do processo usado para desenvolver as recomendações das consultas técnicas e revisões aumentariam a utilizada da versão final do Relatório. Por exemplo, a afirmação de que a comercialização pesada de alimentos com alto teor calórico ou de que restaurantes de fast-food aumentam o risco de obesidade, praticamente não tem fundamentação em dados. Em crianças, há um relacionamento consistente entre assistir televisão e a obesidade. Porém, não fica claro, de nenhuma forma, que essa associação é mediada pela propaganda na televisão. Vínculos igualmente plausíveis incluem a substituição de atividade física mais vigorosa por assistir TV, assim como o consumo de alimento enquanto se assiste televisão. Dados ainda não demonstraram com clareza que a propaganda em programas infantis de TV causa obesidade. Também há questões sobre a base científica para diversos relacionamentos definidos no Relatório WHO/FAO. Elas incluem o vínculo do consumo de frutas e vegetais para diminuir o risco de obesidade e diabetes, e a identificação de situação socioeconômica adversa, principalmente para mulheres, como um fator causador da obesidade. O Relatório WHO/FAO também implica conclusões sobre diversos relacionamentos importantes na produção de alimentos e sistemas de suprimento que não são bem apoiadas pela pesquisa. Elas incluem o papel do comércio internacional em afetar as dietas dos consumidores e os impactos ambientais das técnicas atuais de produção de alimentos. Os dados não são conclusivos para a recomendação de uma dose específica de atividades físicas para a manutenção do peso, com exceção daquelas disponíveis para pessoas que perderam peso e mantiveram essas perdas. Nesses indivíduos, 60 minutos de atividades físicas moderadas diárias é uma das quatro estratégias comumente empregadas para a manutenção do peso após a perda, em combinação com uma dieta de baixo teor de gordura, café da manhã, e monitoramento do peso. Apesar de ser verdade que a recomendação de 30 minutos de atividades físicas moderadas em todos, ou quase todos, os dias da semana se baseia em seus efeitos de saúde, há dados que dão base à recomendação específica proposta no Relatório para 60 minutos de atividade física para prevenir obesidade. A pesquisa limitada que apóia a recomendação de 60 minutos deverá ser reconhecida. Fontes de Dados e Metodologia O Relatório WHO/FAO se baseia unicamente em dados de suprimento de alimentos para avaliar as mudanças nos consumos alimentares ao longo do tempo. Reconhecemos que esse tipo de dados de exposição é o único tipo de dados disponível sobre todos os países e regiões do mundo. No entanto, as falhas dessa abordagem são bem conhecidas, e conclusões baseadas nela devem ser examinadas com cuidado. Freqüentemente, os Estados Unidos usam um relatório de consumo de alimentos por indivíduos como a base para desenvolver políticas, em vez de dados de suprimento de alimentos, por causa das conhecidas falhas nesses dados de suprimento de alimentos. Os dados sobre os padrões de consumo de alimentos de indivíduos normalmente fornecem resultados diferentes para as tendências de tempo do que os dados de suprimento de

alimentos. Usando dados de consumo de alimentos dos EUA, descobrimos que o consumo de gordura, como uma porcentagem das calorias totais, aumentou com o tempo. Porém, os dados de suprimento de alimentos para o mesmo período de tempo sugerem que o consumo de gordura aumentou. Essas divergências claramente se originam no fato de que os dados de consumo de alimentos não ajustam os dados para o que não é consumido, por exemplo, gorduras e óleos que são usados em alimentos para animais domésticos ou que são descartados, ou óleos usados em frituras. No geral, o USG acredita que os dados de consumo de alimentos são mais confiáveis do que os dados de suprimento de alimentos. Portanto, enquanto os autores do Relatório WHO/FAO compreensivelmente utilizam esses dados aos quais têm acesso, algumas de suas conclusões são diferentes daquelas desenvolvidas usando um tipo diferente de banco de dados de consumo de alimentos. Essa diferença fica clara a partir de uma análise dos dados, e deverá ser considerada antes de se permitir que a diferença na modelagem de dados cause diferenças de políticas. No final, a meta é alcançar o maior impacto na saúde pública tomando-se decisões rigorosamente baseadas na análise integral dos dados disponíveis. É necessário que se tenha o devido cuidado com a grande confiança depositada pala WHO nos dados de suprimento de alimentos como um substituto para as avaliações de consumo. As investigações do USG em algumas das questões de saúde pública tratadas neste Relatório foram diferentes nas decisões sobre metodologia e nas conclusões alcançadas com base nas comprovações revisadas. Por exemplo, nos Estados Unidos, uma decisão recente do Instituto de Medicina (IOM - Institute of Medicine)/Academia Nacional de Ciências (NAS - National Academy of Science) contra o ajuste de um consumo recomendado de açucares adicionados entra em conflito com a identificação desse nível no Relatório WHO/FAO. As conclusões inconsistentes refletem diferenças em critérios de avaliação e processos usados para ambos os relatórios. Por esses razões, em alguns casos as revisões científicas e as recomendações de políticas dos EUA atualmente diferem, e continuarão a diferir daquelas no Relatório WHO/FAO. Reconhece-se a necessidade de avaliar o porque de essas diferenças ocorrerem, e de trabalhar, na medida do possível, a favor de uma interpretação comum dos dados e de suas incertezas. O USG compartilha com a WHO e com a FAO uma decisão de continuar a desenvolver políticas efetivas de saúde pública relacionadas a dieta, atividade física, e redução de risco de doenças crônicas. Porém, também se reconhece que, nesses casos em que as interpretações comuns dos dados não podem ser alcançadas, o USG confiará em sua melhor avaliação das comprovações científicas para apoiar as decisões políticas nos âmbitos doméstico e internacional. Implementação de Ações Estratégicas para a Promoção de Alimentação Saudável e Atividades Físicas O Relatório WHO/FAO convida os países a desenvolverem estratégias nacionais para reduzir o peso das doenças crônicas que são relacionadas a alimentação e atividades físicas.

Os Estados Unidos conta com inúmeras estratégias que estão em alinhamento com as recomendações na Seção 6.4 do Relatório WHO/FAO. Os Estados Unidos já têm mecanismos ativos para a avaliação de saúde e para fazer recomendações alimentares para a nação. O Guia Alimentar para Americanos (Dietary Guidelines for Americans) dos EUA serve como um panorama breve, mas abrangente, sobre conselhos nutricionais confiáveis. Um comitê externo de consulta técnica revisa a base científica para as Diretrizes. Os Guias Alimentares são feitos para promover saúde e reduzir o risco de doenças para americanos, com base nas atuais comprovações científicas. Os Guias Alimentares servem como uma estrutura para muitas iniciativas federais, e todos os guias alimentares emitidos pelo governo federal para o público geral devem ser consistentes com os Guias Alimentares. Os Guias são atualizados a cada cinco anos, e o comitê de consulta está atualmente revisando a base científica para 2005. O Presidente George W. Bush lançou uma iniciativa chamada de HealthierUS (EUA Mais Saudável) em junho de 2002, baseada na premissa de que o aumento da boa forma pessoal leva a uma melhora da saúde de toda a nossa nação. HealthierUS identificou quatro dimensões principais: ser fisicamente ativo todos os dias, comer alimentos nutritivos, fazer exames preventivos, e fazer escolhas saudáveis. Como parte do HealthierUS, o Presidente anunciou dois novos Atos Executivos que controlam importantes departamentos e órgãos federais para desenvolver planos para promover melhor boa forma e saúde para todos os americanos. Além disso, como uma parte da Iniciativa HealthierUS, os Ministérios da Educação, Saúde e Agricultura se uniram para formar a parceria Crianças e Jovens Mais Saudáveis (Healthier Children and Youths). Os três Ministérios estão trabalhando para juntos encorajarem todos os jovens a adotarem comportamentos mais saudáveis de alimentação e atividades físicas. Outra parceria associada com o HealthierUS foi estabelecida entre os Ministérios do Interior, Saúde e Agricultura, e o Corpo de Engenheiros Militares (Army Corps of Engineers). Esses Ministérios estão trabalhando juntos para promover o uso de terras e águas públicas para melhorar a saúde física.