resenha Ciências Humanas e Sociais Aracaju v. 3 n.2 p. 307-312 Março 2016 periodicos.set.edu.br



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Transcrição:

resenha PROVA: UM MOMENTO PRIVILEGIADO DE ESTUDO, NÃO UM ACERTO DE CONTAS Julie Stefany Silva Santana 1 Leticia Melo da Silva 2 Jeferson Xavier Santos de Araújo 3 Marilene Batista da Cruz Nascimento 4 Educação ciências humanas e sociais ISSN IMPRESSO 1980-1785 ISSN ELETRÔNICO 2316-3143 Vasco Pedro Moretto é licenciado em Física pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Avaliação Institucional pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Mestre em Didática das Ciências pela Universidade Laval, Québec, Canadá. O livro Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas publicado pelo autor tem 192 laudas e está estruturado em uma introdução e dez (10) capítulos. Essa obra visa colaborar com a prática diária do professor, tendo como base o princípio da ressignificação da prova como instrumento de avaliação da aprendizagem. Na introdução, o autor evidencia a prova utilizada como um acerto de contas com os discentes tidos como indisciplinados. Para mudar essa realidade é imprescindível dar um novo sentido à avaliação, ou seja, transformar esse dispositivo em um momento privilegiado para o educando ler, refletir, relacionar, operar mentalmente e demonstrar a existência de recursos com vistas a lidar com situações complexas. Um fazer docente com foco no ensinar e no aprender privilegia o processo de apropriação individual a partir da mediação do conhecimento socialmente construído. O capítulo 1 trata sobre as atividades docentes em preparar e ministrar aulas, elaborar e corrigir provas. O sucesso no ensinar pode enganar o professor menos atento, tornando-se um pseudossucesso (uso excessivo da memorização no processo de ensino). O sucesso tem relação direta com a clareza do docente em traçar os objetivos das aulas.

308 Cadernos de Graduação A temática explicitada no capítulo 2 enfatiza o ensino para o desenvolvimento de competências. Esta entendida como a capacidade do sujeito de mobilizar recursos cognitivos, visando abordar uma situação complexa. Para resolver esse tipo de situação, o estudante precisa apropriar-se dos conteúdos a ela relacionados, sendo essencial desenvolver o saber fazer. O autor destaca que o professor deve possuir habilidades voltadas ao ensinar (saber fazer uma aula); identificar valores culturais ligados ao ensino; utilizar linguagem pertinente (conhecer e dominar) e administrar as emoções (sentimentos de empolgação, rejeição, medo, indiferença, amor, ira, culpa etc.). No capítulo 3, Moretto afirma que a construção do conhecimento de uma aula é reflexo da teoria epistemológica do professor. Isso significa que a concepção docente do ser do professor determinará seu processo de ensino. A epistemologia dita como tradicional ficou marcada na formação de muitos educadores, sendo inspirada nas correntes ideológicas do empirismo e do positivismo, apoiada na psicologia comportamental behaviorista. Nesse caso, o aluno aprende a descrever o que aprendeu, reproduzindo o mundo físico e social (mero receptor do conteúdo transmitido). Quando esse discente passa a interagir durante as aulas ocorre a construção do conhecimento. O estudante deixa de ser apenas um receptor-repetidor de informações para ser um elaborador de representações e o professor um mediador do processo de aprendizagem. O tema do capítulo 4 contempla discussões voltadas à apropriação do conhecimento. O sujeito faz interações com o mundo físico e social a partir do seu contexto de vida para interiorizar informação, estabelecer relações significativas com outros saberes já elaborados, transformando sua estrutura conceitual para vivenciar novas experiências. O capítulo 5 tem como objeto de estudo a transparência do agir do professor- -mediador que precisa: conhecer psicossocial e cognitivamente seus alunos (características do grupo como um todo); definir com clareza os objetivos de ensino, estabelecendo metas; determinar com precisão os objetivos para a avaliação da aprendizagem; escolher as estratégias adequadas na intervenção pedagógica; saber perguntar, pois uma boa pergunta proporciona respostas que evidenciem os conhecimentos prévios dos alunos; saber ouvir para identificar o repertório discursivo do aprendiz; e por fim, atuar na zona proximal do desenvolvimento do estudante para mobilizar os conhecimentos prévios. Ver Figura a seguir:

Cadernos de Graduação 309 A zona D representa o desenvolvimento cognitivo de um sujeito em um dado momento de sua vida. A linha pontilhada representa a zona proximal de desenvolvimento (ZDP). A letra Y simboliza um ponto situado na região da ZPD que permite inter-relações com o ponto X, localizado na zona de desenvolvimento (ZD). Na abordagem do capítulo 6, o autor afirma que a construção do conhecimento é feita por meio da linguagem que tem a função de ligar os contextos do docente com as experiências vividas pelo aluno, fazendo pontes entre os saberes do educando e o novo conteúdo a ser trabalhado. O estudante traz consigo um trajeto de vida com representações e um vocabulário próprio para comunicar-se com os outros e com ele mesmo. Esse processo é o seu contexto. Na interação professor e aluno, os contextos serão ligados pela linguagem (conjunto de símbolos escritos, visuais ou sonoros) que passará a ter significados comuns. O professor deve compreender o princípio fundamental da linguagem: o que dá sentido ao texto é o contexto. No capítulo 7, a obra especifica a função social da escola: formar cidadãos capazes de gerenciar informações e não meros acumuladores de dados. Isso indica que a instituição de ensino é uma das muitas estruturas sociais que buscam a socialização do sujeito. Um indivíduo que vem ao mundo se depara com uma realidade já construída (conjunto de conhecimentos estabelecidos, estruturados, institucionalizados e legitimados) por um determinado grupo social. Para viver nesse ambiente, torna-se necessário que ele dê significado ao universo simbólico da sua sociedade. Isso se dá em duas etapas: a socialização primária e a secundária. O autor adota o termo ajudar a formar, sendo empregado no sentido de definir a função do professor que planeja sua intervenção pedagógica, com vistas à mediação da aprendizagem. O assunto do capítulo 8 retrata o papel dos conteúdos no contexto escolar. Muitas escolas tradicionais privilegiam o ensino dos conteúdos pelos conteúdos e outras que os reduzem, quantitativamente, ao mínimo, e priorizam o fazer dos alunos. A primeira é tida como escolas fortes por darem ênfase ao conteudismo e a segunda são escolas fracas, pois não prepara o discente para o vestibular. Para Moretto, a proposta da educação para as competências visa desenvolver a capacidade do sujeito em abordar uma determinada situação. Significa que o ensino de conteúdos e o desenvolvimento de habilidades precisam ser concomitantes; isto é, a partir de situações complexas (de projetos, por exemplo), o professor busca os recursos necessários para essa abordagem, trabalhando conteúdos conceituais/factuais (baseados na descrição saber), procedimentais (ler, desenhar, observar, calcular etc. saber fazer) e atitudinais (predisposição do sujeito para atuar baseado em valores saber ser). O capítulo 9 ressalta que avaliar a aprendizagem tem sido um tema atribulado para os professores e cansativo para os alunos. Os educadores não sabem como avaliar em um processo que não seja meramente de cobrança de conteúdos aprendidos

310 Cadernos de Graduação de cor, de forma mecanizada e sem muito significado para o aprendiz. Em nossa cultura, a forma de avaliação mais comum é a prova escrita, devendo ser feita como um momento privilegiado de aprendizagem e não um acerto de contas. Ao elaborarmos provas que elas sejam bem feitas para atingir seu real objetivo: verificar se houve aprendizagem significativa de conteúdos importantes. O professor deve atentar-se às formas de elaborar uma pergunta. Vale lembrar que o contexto dá sentido ao texto, sendo imprescindível que esse dispositivo seja eficaz e eficiente. O sentido de eficaz colocado aqui tem relação com o alcance do resultado esperado. Já a eficiência está ligada ao objetivo e ao processo desenvolvido para alcançá-la. Há diferença entre as provas na perspectiva tradicional e interacionista. A primeira caracteriza-se pela exploração exagerada da memorização, utiliza palavras de comando sem precisão e um nível operatório mental baseado na transcrição. A segunda é caracterizada pela elaboração de perguntas contextualizadas, claras e precisas, com exploração da capacidade de leitura e da escrita do aluno e com questões operatórias. Por fim, o capítulo 10 faz uma síntese sobre a prova operatória ressignificando a Taxionomia de Bloom que tem organização em níveis de complexidade crescente, ou seja, do mais simples ao mais complexo: lembrar, entender, aplicar, analisar, avaliar e criar. Esses níveis são aplicados na elaboração das questões de provas. Além disso, o capítulo contempla vários exemplos de atividades contextualizadas, como também orientações à construção de questões operatórias. O livro Prova: um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas apresenta uma linguagem simples, clara e concisa. O autor traz uma ressignificação do processo de ensino e de avaliação com discussões pertinentes sobre a prática pedagógica baseada na tendência interacionista. Cabe lembrar que essa obra é relevante, também, para todos os profissionais de educação, inclusive para os acadêmicos de licenciatura, por tratar de questões relativas à aprendizagem significativa e à epistemologia do saber fazer e ser professor. REFERÊNCIAS MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. 9. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2010.

Cadernos de Graduação 311 Data do recebimento: 22 de julho de 2015 Data da avaliação: 22 de julho de 2015 Data de aceite: 15 de janeiro de 2016 1. Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Tiradentes UNIT/Sergipe, campus Farolândia. E-mail: juliestefanyss@hotmail.com. 2. Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Tiradentes UNIT/Sergipe, campus Farolândia. E-mail: leticynha.melo@hotmail.com. 3. Graduando do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Tiradentes UNIT/ Sergipe, campus Farolândia. E-mail: jf.xavier15@gmail.com. 4. Doutoranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS); Mestre em Educação pela Universidade Tiradentes (UNIT); Docente da Universidade Tiradentes dos Cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas e Matemática e da Diretoria de Educação a Distância. E-mail: nascimentolene@yahoo.com.br