MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA GERAL DO TRABALHO GABINETE DA SUBPROCURADORA-GERAL DO TRABALHO IVANA AUXILIADORA MENDONÇA SANTOS VOTO



Documentos relacionados
CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

PROCESSO: RO

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

RELATÓRIO DE AÇÕES TRABALHISTAS AJUIZADAS PELO SINDADOS/MG CONTRA A PRODEMGE

: RENATA COSTA BOMFIM E OUTRO(A/S)

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

: MIN. DIAS TOFFOLI :COMERCIAL CABO TV SÃO PAULO LTDA : LUÍS EDUARDO SCHOUERI E OUTRO(A/S) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

PODER JUDICIÁRIO Justiça do Trabalho TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

: MIN. TEORI ZAVASCKI

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Processo PGT/CCR/PP/Nº 1745/2014

Supremo Tribunal Federal

PROCURADORIA-GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

RELATÓRIO. O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado):

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São José dos Campos, em que é

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O

05/02/2013 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de I. RELATÓRIO

Peça 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA... REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

PROCESSO: RTOrd

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI N 4.330, DE 2004.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL. Processo PGT/CCR/PP/Nº 18561/2013

TRT-RO

PROCESSO: RO

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

Supremo Tribunal Federal

APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA

Supremo Tribunal Federal

DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Supremo Tribunal Federal

A Intervenção do Ministério Público do Trabalho na Condução Estratégica de RH. Wolnei Tadeu Ferreira abril / 2013

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

24/06/2014 SEGUNDA TURMA

PROCESSO PGT/CCR/PP/Nº 6983/2010 INTERESSADO 1: MPT INTERESSADO 2: PRT 1ª REGIÃO ASSUNTO: CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÕES

Supremo Tribunal Federal

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

Provimento do recurso. A C Ó R D Ã O

PROCESSO: RO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2 a REGIÃO

Superior Tribunal de Justiça

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

Superior Tribunal de Justiça

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Superior Tribunal de Justiça

O Exmº. Sr. Desembargador Federal CESAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (Relator):

RELATÓRIO. 3. Sem contrarrazões. 4. É o relatório.

DICAS FINAIS DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PARA A PROVA DO TRT/BA (01/12/2013) PROF. BRUNO KLIPPEL. Meu canal no Youtube com vídeos de revisão:

AGRAVO DE PETIÇÃO TRT/AP RTOrd A C Ó R D Ã O 4ª Turma

Supremo Tribunal Federal

CONTRATO DE TRABALHO PROFESSORES. Dra. Sandra Marangoni

VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador JOSÉ PIMENTEL I RELATÓRIO

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 36ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

COMUNICADO nº 11/2013, da SUBPROCURADORIA GERAL DO ESTADO DA ÁREA DO CONTENCIOSO GERAL

PROCESSO TRT/SP nº ª Turma ORIGEM : 03ª. Vara do Trabalho de Diadema

PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

O mercado de trabalho para os engenheiros. Engenheiro Civil Valter Fanini

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

Foram apresentadas contrarrazões tempestivamente. É o relatório.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ CONSULTA DE PROCESSOS DO 1º GRAU - INTERNET

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Cezar Augusto Rodrigues Costa Desembargador Relator

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO Gabinete do Conselheiro Robson Marinho

NOVO CPC: A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIO CONSENSUAL

PROC. TRT/SP Nº ª Turma. VARA DE ORIGEM: 22ª VT São Paulo NATUREZA: RECURSO ORDINÁRIO

Segue Acórdão do E. TRT da 4ª Região (RS), sobre a contratação de deficientes físicos.

4ª CÂMARA (SEGUNDA TURMA)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 6ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA SENTENÇA

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Foram apresentadas as contrarrazões pela UFCG agravada dentro do prazo legal. É o relatório.

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA Nº 2702/ PGGB

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

: MIN. MARCO AURÉLIO GRANDE DO SUL RIO GRANDE DO SUL CONCURSOS NOTARIAL E REGISTRAL DECISÃO

São Paulo, 21 de Setembro de IARA RAMIRES DA SILVA DE CASTRO PRESIDENTE E RELATORA DESIGNADA

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO PGT/CCR/2344/2008. Interessados: DRT/DF e Cooperserfe Cooperativa. Habitacional dos Servidores do Senado

Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho APELAÇÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PERGUNTAS FREQUENTES CUSTAS JUDICIAIS

RECURSO Nº ACÓRDÃO Nº

Superior Tribunal de Justiça

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA OFICINA DO NOVO CPC AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO E EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DECISÃO DO RELATOR

PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O 7ª TURMA VMF/mafl/ma/drs

Transcrição:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA GERAL DO TRABALHO GABINETE DA SUBPROCURADORA-GERAL DO TRABALHO IVANA AUXILIADORA MENDONÇA SANTOS Processo PGT/CCR/PP 19154/2013 Origem: Interessado(s) 1: Interessado(s) 2: PRT 15ª Região MPT Companhia Piratininga de Força e Luz Companhia Paulista de Força e Luz CPFL Geração de Energia CPFL Comercialização Brasil Assunto(s): Fraudes Trabalhistas 03.02.07. Temas gerais 09.14.06. 09.14.09. Procurador(a) oficiante: Eduardo Luís Amgarten RECURSO ADMINISTRATIVO. LEGITIMIDADE CONCORRENTE DO SINDICATO. PRESCINDIBILIDADE DA ATUAÇÃO MINISTERIAL. O sindicato, in casu, possui legitimidade para atuar, de forma ampla e irrestrita, na defesa dos direitos e interesses da categoria, nos termos do art. 8º, III, da Constituição Federal, sendo prescindível a atuação do Ministério Público do Trabalho. Recurso administrativo conhecido e não provido. VOTO Trata-se de recurso administrativo interposto pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo nos autos do procedimento administrativo instaurado em face das empresas Companhia Piratininga de Força e Luz, Companhia Paulista de Força e Luz, CPFL Geração de Energia e CPFL Comercialização Brasil. O i. Procurador oficiante promoveu o arquivamento do procedimento às fls. 134/143, sob os seguintes fundamentos: Trata-se de denúncia autuada em 28/2/2012(fls.1), dando conta que, no objeto restrito à presente investigação, as investigadas incorrem nas práticas acima especificadas.

Feita a apreciação prévia em 8/3/2013 ( fls. 25/26) com conversão do feito em procedimento preparatório, prorrogado ( fls. 60) e convertido em inquérito civil (fls. 132). Foi realizada audiência administrativa com as investigadas e Sindicato dos Engenheiros em 18/6/2012. As investigadas apresentaram defesa e documentos ( fls. 64/130). O procedimento foi convertido em inquérito civil ( fls. 26). A investigada apresentou documentos ( fls. 33/41) e CD-ROM constante de pasta espelho sob sigilo. (...) Em audiência o denunciante se manifestou, caso a investigada não concordasse com as regularizações dos itens apontados na denúncia, em termos de manejo de ação judicial própria. Outrossim verifiquei que a combativa entidade sindical possui várias ações judiciais em face da investigada, o que demonstra que bem pode defender os direitos de sua categoria profissional, como ademais consta dos acordos coletivos que tem participado ( fls. 76/122). No caso denunciado nos autos, observei o seguinte: - Quanto ao salário do engenheiro nossas Cortes têm entendido ser constitucional a fixação do salário mínimo profissional em múltiplos dos salário mínimo geral, o que torna recepcionado o artigo 6º. Da Lei 4950-A/66, que deve ser considerado no momento da contratação sendo vedada a sua utilização para efeitos de reajuste automático como por exemplo : AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA DESERÇÃO - DEPÓSITO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO - NÃO REALIZAÇÃO - ARTIGOS 899, 7º, DA CLT E 1º, II, A, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 3/1993 - NÃO CONHECIMENTO. Não merece conhecimento agravo de instrumento interposto após o dia 13.08.2010, na hipótese em que a parte deixa de realizar o depósito recursal correspondente, quando ainda não foi integralizado o valor da condenação. Agravo de instrumento de que não se conhece. RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE DIFERENÇAS SALARIAIS - SALÁRIO MÍNIMO PROFISSIONAL - ENGENHEIRO - VINCULAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL POSSIBILIDADE - A fixação do salário profissional com base em múltiplos do salário mínimo, conforme estabelece a Lei nº 4.950-A/1966, não contraria o disposto no artigo 7º, IV, da Constituição Federal ou a Súmula Vinculante nº 4 do Supremo Tribunal Federal. O que o referido preceito da Constituição Federal veda é a vinculação automática do salário profissional ao salário mínimo geral, ou seja, a correção daquele com base nos reajustes do salário mínimo geral. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (TST - ARR 1300-51.2011.5.13.0025, Rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos Dje 21/06/2013 p. 740) (...) 2

Quanto ao adicional de 25 % das 7.ª e 8ª horas do artigo 6º. Da Lei 4950-A/66, nossas Cortes endentem que se trata de acréscimo salarial e não horas extras: AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIMENTO - 1.1. ENGENHEIRO - POTENCIAL VIOLAÇÃO AO ART. 6º DA LEI Nº 4.950-A/1966 - ACRÉSCIMO AO VALOR DAS HORAS ALÉM DA 6ª DIÁRIA. Empresta-se provimento a agravo de instrumento para melhor análise de potencial violação do art. 6º da Lei nº 4.950- A/66, quando o eg. Regional não reconhece expressamente o direito ao pagamento de adicional de 25% às 7ª e 8ª horas trabalhadas pelos empregados engenheiros. Agravo de instrumento a que se empresta provimento, ante a possibilidade de potencial violação do art. 6º da Lei nº 4.950-A/66, ordenando o processamento do recurso de revista, nos termos regimentais. 2. RECURSO DE REVISTA - 2.1 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - REQUISITOS - JUSTIÇA DO TRABALHO - Pretensão de condenação em honorários advocatícios sem que tenha havido a assistência sindical, esbarra nos óbices das Súmulas de nºs 219, 305 e 329 do TST. Recurso de Revista a que não se conhece. 2.2. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO MULTA PROTELATÓRIOS - Entendem-se protelatórios os Embargos de Declaração utilizados com evidente ausência de lastro no art. 535 do CPC, dando causa à obstrução do fluxo processual, seja motivado pelo intuito de obter novo julgamento desta feita favorável ao embargante (os embargos declaratórios não são via idônea para reapreciação do julgado), seja pelo de criar delongas inúteis ao deslinde da controvérsia. Recurso de revista a que não se conhece. 2.3. ENGENHEIRO - ART. 6º DA LEI Nº 4.950-A/1966 - ACRÉSCIMO AO VALOR DAS HORAS ALÉM DA 6ª DIÁRIA - A letra do art. 6º da Lei nº 4.950-A/66 deixa claro o direito do engenheiro-empregado ao salário-base mínimo fixado pelo artigo 5º da mesma lei (salário mínimo profissional) e, quanto à sétima e oitava horas trabalhadas, que tal salário-base deve sofrer o acréscimo de 25%. O art. 7º, XVI, da Constituição impede que tal regra incida sobre as horas excedentes à oitava, que devem ser consideradas como extras, incidindo, desta feita, o acréscimo de 50% (inteligência da Súmula de nº 370 do TST). Recurso de Revista a que se conhece no particular por violação ao art. 6º da Lei nº 4.950-A/1966 e a que se empresta provimento para, reformando o v. acórdão regional, condenar a reclamada no pagamento dos acréscimos de 25% do salário profissional relativos às 7ªs e 8ªs horas diárias e consectários legais. (TST - RR 11/2003-007-06-40.7 3ª T. Rel. Juiz Conv. Ricardo Machado, DJU 10/06/2005) (...) - Quanto ao desrespeito à isonomia salarial cabe a análise caso a caso, de vez que, na sistemática de contratação por cômputo de salário base ( em múltiplos do salário mínimo geral) na data da efetiva contratação ( com salário mínimo reajustado) poderá haver distorções, contudo a questão não transcende ao 3

interesse meramente individual e pode ser defendida pelo interessado ou pelo seu sindicato; grupo. - prestação de serviços dos engenheiros às várias empresas do A velha questão sobre a existência de solidariedade ativa na interpretação do art. 2º. 2º. da CLT está sendo interpretada por nossos tribunais como geradora de direitos idênticos aos mesmos empregados, mas não coexistência de vários contratos de trabalho : RECURSO DE REVISTA - GRUPO ECONÔMICO - ACÚMULO DE FUNÇÕES - Conforme consignado no acórdão regional, a prestação de serviços para as demais empresas do mesmo grupo econômico se deu na mesma atividade, qual seja serviços de contabilidade, bem como que ocorreu durante a mesma jornada de trabalho. Desse modo, verifica-se que a decisão recorrida está em conformidade com a Súmula 129 do TST, segundo a qual A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário-. Aresto inespecífico. Agravo de instrumento conhecido e não provido. (TST - AIRR 53000-05.2009.5.20.0005 Relª Minª Dora Maria da Costa - DJe 01.03.2013 p. 1782) (...) Destarte, a investigada entende que suas condutas estão regulares ( fls. 61/63, e, em tais situações acima descritas, pode o Sindicato dos Engenheiros defender de maneira eficaz os direitos da categoria que não transcendem aos direitos individuais conforme ficou demonstrado nos autos durante a investigação, não dependendo de conclusão de inquérito civil ou ação do Ministério Público do Trabalho. Assim sendo concluo que,não existe necessidade de continuidade da presente investigação, firmar-se ajuste de conduta ou mesmo propor ação civil pública nos termos dos artigos 127 e seguintes da Constituição Federal de 1988 cc. Artigos 83 e seguintes da LC 75/93 cc. Lei 7347/85 e artigos 81 e seguintes da Lei 8078/90 (...) Remetido o feito à Câmara de Coordenação e Revisão, homologou-se a promoção de arquivamento na forma do Precedente nº 03/08-CCR (fl. 149). Contudo, posteriormente, certificou-se nos autos (fl. 155) que, por erro material, o procedimento fora enviado a esta CCR sem as razões recursais apresentadas pelo denunciante (fls. 150/154). Foram oferecidas contrarrazões pelas denunciadas (fls. 161/172). O membro oficiante manteve seu entendimento pelo arquivamento do feito (fl. 173), sendo os autos novamente a mim encaminhados em 07.07.2014. É o relatório. 4

FUNDAMENTAÇÃO O apelo é tempestivo (intimação em 06.11.2013, petição em 18.11.2013). Destaca-se do recurso (fls. 151/154): Data maxima venia, está a merecer reforma a r. decisão de primeiro grau que determinou o arquivamento do feito relativamente à investigação, vez que é patente o desrespeito da empresa à legislação vigente, causando graves prejuízos aos trabalhadores em virtude dos ardis usados pelas empresas. Somente o Ministério Público, com a sua força investigatória agora incontestável, poderá apurar rigorosamente os engenhosos artifícios utilizados pelas empresas para fraudar a lei. De um lado, trata-se de um dos mais poderosos grupos econômicos do país (www.cpfl.com.br), que está desrespeitando flagrantemente os direitos dos trabalhadores, de forma impune. De outro lado, trabalhadores com medo representados por seu sindicato, que formalizou a denúncia contra a empregadora. investigar. O Ministério Público é o fiscal da lei e, em face da denúncia, deve Da análise dos autos, verifica-se que as empresas foram convocadas para participar de audiência juntamente com o Sindicato dos Engenheiros perante a Procuradoria Regional do Trabalho em Campinas. A audiência foi designada em virtude de denúncia feita pelo Sindicato quanto ao descumprimento de inúmeros dispositivos da legislação trabalhista em relação aos engenheiros, conforme abaixo. Primeiro, porque o Grupo CPFL ENERGIA não está efetuando o pagamento do salário mínimo profissional dos engenheiros, fixado pela Lei 4950- A/66, em nove salários mínimos vigentes no país, o que significa um piso salarial atual de R$6.102,00. Em segundo lugar, porque a empresa não está respeitando a isonomia salarial prevista no artigo 461 da CLT, uma vez que tem adotado a postura sistemática de contratar novos engenheiros com salários superiores aos antigos, para exercer as mesmas atividades. Além disso, porque a CPFL não está pagando o adicional de periculosidade para os Engenheiros Líderes da Distribuição e que exercem suas atividades expostos aos fatores risco que asseguram o pagamento do referido adicional. A empresa também foi questionada quanto ao não pagamento de horas extras para os engenheiros. Por fim, a CPFL ENERGIA foi instada a esclarecer o motivo pelo qual tem se utilizado da prática de contratar engenheiros através de uma empresa do Grupo, mas exige que esse engenheiro preste serviços para todas as demais empresas, sem qualquer remuneração adicional. 5

Naquela audiência, o Procurador determinou que no prazo de 60 dias a CPFL apresente a relação de todos os engenheiros da empresa, cópias dos controles de entrada e saída do trabalho, comprovantes de pagamentos e relação de engenheiros contratados por uma empresa e que prestam serviços às demais empresas do Grupo. No prazo fixado, a CPFL ENERGIA não apresentou os documentos determinados pelo Procurador do Trabalho, da mesma forma que não foi dada ciência ao Sindicato denunciante de qualquer manifestação ou documentos juntados pela empregadora. Desta forma, não há qualquer fundamento que justifique o arquivamento deste procedimento. Ao contrário, a investigação pelo Ministério Público deve ser medida de rigor, para garantir o efetivo cumprimento da lei. (...) Finalmente, deve ser registrado que os engenheiros empregados das empresas denunciadas têm medo de apresentar denúncias ou ações judiciais individuais, com justo receio de represálias e demissões, razão pela qual a denúncia foi formalizada pelo Sindicato da categoria, com a esperança de que o Ministério Público do Trabalho coíba tais irregularidades, sem a exposição dos trabalhadores. (...) Sem razão o recorrente. Isso porque o apelo não traz fundamentos capazes de infirmar e reformar a proposição de arquivamento ora hostilizada, inexistindo motivo para alteração do entendimento externado à fl. 149 (homologação da promoção de arquivamento). Ademais, in casu, o sindicato possui legitimidade para atuar, de forma ampla e irrestrita, na defesa dos direitos e interesses da categoria, nos termos do art. 8º, III, da Constituição Federal, sendo prescindível a atuação ministerial. A esse respeito, vale destacar os seguintes precedentes desta Câmara de Coordenação e Revisão: RECURSO. SINDICATO. LEGITIMIDADE CONCORRENTE. O Sindicato tem legitimidade concorrente para atuar na defesa dos interesses de trabalhadores de sua categoria, não sendo necessário, no particular, a atuação Ministerial. Recurso a que se nega provimento. (Processo PGT/CCR/PP/12463/2012, Relatora Eliane Araque dos Santos) RECURSO. SINDICATO. LEGITIMIDADE CONCORRENTE. PLANO DE CARGOS E SALÁRIO. O Sindicato denunciante possui legitimidade para a tutela dos interesses mencionados na representação, não se justificando a intervenção do Ministério Público do Trabalho. (Processo PGT/CCR/1649/2012, Relatora Heloisa Maria Moraes Rego Pires) Nestes termos, voto pelo conhecimento e não provimento do recurso administrativo, com a consequente homologação da promoção de arquivamento. 6

CONCLUSÃO Pelo exposto, voto no sentido de conhecer e não prover o recurso administrativo interposto pelo denunciante, com a consequente homologação da promoção de arquivamento, determinando o retorno dos autos à origem. Dê-se ciência aos interessados, ao Procurador oficiante e à Chefia da Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região. Brasília, 4 de agosto de 2014. IVANA AUXILIADORA MENDONÇA SANTOS Subprocuradora-Geral do Trabalho 7