Processo PGT/CCR/PP/Nº 1745/2014
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- Luiza Mascarenhas Capistrano
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1 Processo PGT/CCR/PP/Nº 1745/2014 Câmara de Coordenação e Revisão Origem: PRT 17ª Região Interessados: 1. MTE/SRTE/ES. 2. Transegur Segurança e transporte de valores LTDA Assunto: - Temas Gerais Procurador Oficiante: Dra. Maria de Lourdes Hora Rocha EMENTA COTA MÍNIMA DE APRENDIZES. EMPRESA DE SEGURANÇA PRIVADA E VIGILÂNCIA. OBRIGATORIEDADE. PRECEDENTES TST. ARQUIVAMENTO QUE NÃO SE HOMOLOGA. 1. Da inteligência dos Artigos 428, 429 e 430, todos da CLT, extraem-se compromissos honrosos do legislador com a sociedade em geral, em especial, com parte da população que se prepara para entrar no mercado de trabalho. A ideia é preparar e inserir no mercado de trabalho aqueles que não possuem formação profissional específica, ensejando capacitação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico. 2. Por outro lado, a lei 7102/83 norma regulamentadora dos serviços de vigilância prevê regras e condições a serem respeitadas para tão honrosa e arriscada atividade de segurança privada e vigilância. 3. Em uma inicial e superficial análise, as normas podem apresentar choques de aplicação, no entanto, o tema será exposto e facilmente se perceberá solução que evita violação de normas ou diminuição de direitos dos aprendizes e deveres dos empregadores. 4. Segundo o Art. 428 da CLT, o contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial celebrado pelo empregador com a pessoa maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos. Ou seja, o aprendiz não será necessariamente indivíduo menor de idade. 5. De outro modo, a lei 7102/83 dispõe sobre a obrigatoriedade de o vigilante possuir, dentre outros, dois requisitos; 1- ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos; 2 - ter sido aprovado, em curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento com 1
2 funcionamento autorizado nos termos desta lei. Portanto, com relação ao critério de idade, não há dúvidas sobre a possibilidade de contratação de aprendizes para atuar na função de vigilantes, desde que possuam idades entre 21 e 24 anos. Atendendo, assim, o disposto nas leis e na CF/ No que tange o requisito do curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento com funcionamento autorizado nos termos da lei, é imperioso destacar que há interesse do setor público em criar e ministrar tais cursos, inclusive, há atuação conjunta do M.T.E. e MEC buscando uma linha de financiamento do PRONATEC para custear esse cursos específicos. Porém, nada afasta a possibilidade das empresas do segmento realizarem os cursos com fins de cumprir as exigências legais. 7. A cota mínima dos 5% de aprendizes pode ser atendida com a contratação de pessoas que atuam na área administrativa da empresa, retirando da empresa a missão de vencer requisitos como idade e cursos específicos. 8. Em uma interpretação harmônica dos dispositivos acima citados, conclui-se que as empresas de vigilância deverão contratar, pelo menos, a cota mínima de aprendizes (5%), sendo forçoso concluir que tais empregados, no caso dos vigilantes, deverão estar com idades entre 21 e 24 anos e possuírem o curso prévio disposto no art. 16 da norma regulamentadora da profissão. 9. Arquivamento prematuro que não se homologa. Relatório Trata-se de denúncia realizada através da SRTE-ES noticiando o descumprimento voluntário, por empresa de vigilância, do percentual mínimo de 5% para contratação de menores aprendizes, conforme Art. 429 da CLT. A empresa denunciada alegou que a atividade de vigilância é perigosa e, portanto, vedada pelo texto constitucional aos menores de 18 anos. Ademais, apresentou alguns julgados da Justiça do Trabalho que corroboram com a tese de dispensa legal/constitucional do Art. 429 da CLT. A ilustre Procuradora do Trabalho oficiante promoveu o arquivamento deste inquérito civil fundamentando que dois são os empecilhos encontrados pelas empresas de vigilância para o cumprimento da contratação de aprendizes, sendo, o primeiro, a idade e, o segundo, a aprovação no curso de formação para 2
3 vigilante, previsto no Art. 16 da lei 7102/83. Ressaltou a possibilidade de solução para o primeiro entrave, no entanto, apontou a inércia do poder público em solucionar a segunda questão. Fundamentação É o relatório. Da inteligência dos Artigos 428, 429 e 430, todos da CLT, extraem-se compromissos honrosos do legislador com a sociedade em geral, em especial, com parte da população que se prepara para entrar no mercado de trabalho. A ideia é preparar e inserir no mercado de trabalho aqueles que não possuem formação profissional específica, ensejando capacitação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico. Por outro lado, a lei 7102/83 norma regulamentadora dos serviços de vigilância prevê regras e condições a serem respeitadas para tão honrosa e arriscada atividade de segurança privada e vigilância. Em uma inicial e superficial análise, as normas podem apresentar choques de aplicação, no entanto, o tema será exposto e facilmente se perceberá solução que evita violação de normas ou diminuição de direitos dos aprendizes e deveres dos empregadores. Segundo o Art. 428 da CLT, o contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial celebrado pelo empregador com a pessoa maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos. Ou seja, o aprendiz não será necessariamente indivíduo menor de idade. 3
4 De outro modo, a lei 7102/83 dispõe sobre a obrigatoriedade de o vigilante possuir, dentre outros, dois requisitos; 1- ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos; 2 - ter sido aprovado, em curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento com funcionamento autorizado nos termos da lei. Portanto, com relação ao critério de idade, não há dúvidas sobre a possibilidade de contratação de aprendizes para atuar na função de vigilantes, desde que possuam idades entre 21 e 24 anos. Atendendo, assim, o disposto nas leis e na CF/88. No que tange o requisito do curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento com funcionamento autorizado nos termos da lei, é imperioso destacar que há interesse do setor público em criar e ministrar tais cursos, inclusive, há atuação conjunta do MEC e M.T.E. buscando uma linha de financiamento do PRONATEC para custear esse cursos específicos. Porém, nada afasta a possibilidade das empresas do segmento realizarem os cursos com fins de cumprir as exigências legais. Vejamos a literalidade do Art. 16, inciso IV da lei de regência: Art Para o exercício da profissão, o vigilante preencherá os seguintes requisitos: (...) IV - ter sido aprovado, em curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento com funcionamento autorizado nos termos desta lei. A norma é nítida, o curso, requisito indispensável, pode ser fornecido pelo próprio empregador. Ressalte-se que esse também é o entendimento do TST, conforme se extrai expressamente do voto do Ministro Aloisio Corrêa, no RR , julgado em 2013, senão vejamos: E a questão da existência de cursos de vigilância para aprendizes poderá ser solucionada por iniciativa da própria Demandante, em conjunto com outras empresas do mesmo ramo de atividade, como 4
5 esclarecido pela d. Julgadora de origem, a exemplo do que já acontece no Senac no Rio Grande do Sul (f. 266). De outro modo, a cota mínima dos 5% de aprendizes pode ser atendida com a contratação de pessoas que atuam na área administrativa da empresa, retirando da empresa a missão de vencer requisitos como idade e cursos específicos. Em uma interpretação harmônica dos dispositivos acima citados, conclui-se que as empresas de vigilância deverão contratar, pelo menos, a cota mínima de aprendizes (5%), sendo forçoso concluir que tais empregados, no caso dos vigilantes, deverão estar com idades entre 21 e 24 anos e possuírem o curso prévio disposto no art. 16 da norma regulamentadora da profissão. do TST: Nesta linha de pensamento, vejamos o posicionamento Ementa RECURSO DE REVISTA. INSPEÇÃO DO TRABALHO. AUTO DE INFRAÇÃO. EMPRESA DE VIGILÂNCIA, SEGURANÇA E TRANSPORTE DE VALORES. CONTRATO DE APRENDIZAGEM. BASE DE CÁLCULO PARA CONTRATAÇÃO. PROTEÇÃO INTEGRAL. DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO. PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE. O art. 429 da CLT dispõe que os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional. Nesse contexto, a base de cálculo do percentual mínimo estipulado para contratação de aprendizes deve ser interpretada em conjunto com o direito fundamental à proteção integral e à profissionalização do adolescente e do jovem. Diante da previsão expressa, no art. 10, 2º, do Decreto nº 5.598/05, de que mesmo as atividades proibidas para menores devem ser computadas na base de cálculo para contratação de aprendizes, uma solução correta fundamentada nos direitos individuais é a de que não há redução do número de aprendizes em função da atividade (vigilância e segurança privada) eventualmente exercida na empresa, mas tão somente a limitação de idade do aprendiz contratado. Nesse contexto, a contratação de jovens aprendizes na função de segurança privada (vigilância patrimonial, segurança de pessoas físicas e transporte de valores e cargas - art. 10 da Lei 7.102/83), na qual se exige a idade mínima de 21 anos (art. 16, II, da Lei 7.102/83), está limitada aos aprendizes maiores de 21 5
6 anos e menores de 24 anos. Recurso de revista conhecido e desprovido. (Processo: RR Data de Julgamento: 24/04/2013, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/04/2013) Voto: de acordo com a fundamentação acima articulada, voto pela rejeição da proposta de arquivamento do procedimento administrativo nesse aspecto, determinando o retorno dos autos à Origem para a adoção das medidas administrativas ou judiciais que forem necessárias para o integral atendimento da cota mínima de aprendizes que as empresas de vigilância devem respeitar, conforme art. 429 da CLT janeiro agosto
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