Apresentação: Paulo Gustavo Prado Preparado por: Christine Dragisic; Paulo G. Prado; Timothy Killeen & John Buchanan.

Documentos relacionados
Mitigação dos gases do efeito estufa pelo agronegocio no Brasil. Carlos Clemente Cerri

A macaúba pode gerar produtos de alto valor agregado, como óleo para cosméticos, óleos alimentícios e carvão ativado.

Agricultura tropical como atenuadora do aquecimento global

Estrutura do Ministério

Florestas plantadas (cultivadas)

Visualização da Submissão

Etanol e o Efeito Anti-Estufa Alfred Szwarc

Participação dos Setores Socioeconômicos nas Emissões Totais do Setor Energia

EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA NO CERRADO

Baixo carbono por natureza

LSPA. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. Setembro de Pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras agrícolas no ano civil

O código florestal e a intensificação sustentável

XIII Fórum Nacional de Energia e Meio Ambiente no Brasil. Ana Lucia Dolabella Ministério do Meio Ambiente 15/08/2012

O setor florestal no mundo

DESAFIOS DA EXTENSÃO RURAL NA NOVA MATRIZ ENERGÉTICA

PALM DIESEL O PROCESSO AGROPALMA

2 PRESERVAÇÃO DE PLANTAS, SOBREVIVÊNCIA E TRÂNSITO DE ANIMAIS. NAS PAISAGENS,

A Matriz de Transporte e o Denvolvimento Sustentável Alfred Szwarc

PRIO: Introdução de Biodiesel em Portugal. AGENEAL - Convento dos Capuchos, Caparica, Almada 16 de Novembro de 2007

Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais A INDÚSTRIA DE ÓLEOS VEGETAIS E A PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO BRASIL.

PERSPECTIVAS E PROJEÇÕES PARA O SETOR SUCROENERGÉTICO DO BRASIL

DPE / COAGRO Levantamento Sistemático da Produção Agrícola - LSPA Diretoria de Pesquisas Coordenação de Agropecuária Gerência de Agricultura LSPA

Classificação dos recursos naturais

Texto Base Grupo Temático 1 REDUÇÃO DAS CAUSAS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

OFICINA PROLEGAL POLÍTICA FLORESTAL DE PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ROBERTO G. FREIRE SEMARH

Cenário e Desafios para a Expansão do Setor Sucroenergético Sérgio Prado

RESUMO REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA E CARGA ORGÂNICA DOS EFLUENTES TRATADOS.

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO PARA RECUPERAÇÃO DA 1ª ETAPA/2013

Os Benefícios Socioambientais da Biotecnologia Agrícola no Brasil: 1996/97 a 2010/11. 1/ O relatório completo com o estudo Benefícios

Mercado da borracha natural e suas perspectivas

Potencialidade da Mamona como Fonte de Produção do Biodiesel. Grupo de Pesquisa: Comercialização, Mercados e Preços

Cesta Básica. Boletim Junho

A Prática da Sustentabilidade pelas Empresas de Base Florestal. Celso Foelkel

Aula do ENEM - Química 21/05/2016

no campo social, o setor de papel e celulose gera empregos, ajuda a reduzir a pobreza e inclui os pequenos produtores na cadeia da economia.

Relatório Planeta Vivo Sumário para a imprensa

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PODCAST ÁREA CIÊNCIAS HUMANAS

AGENDA DE GESTÃO AMBIENTAL URBANA

Cenário e Desafios para a Expansão do Setor Sucroenergético

Folha de rosto CCB. Biodiversidade Emas-Taquari. Renato Moreira Fone: (64) Celular: (64)

O projeto Florestas de Valor promove a conservação na Amazônia ao fortalecer as cadeias de produtos florestais não madeireiros e disseminar a

A expansão dos recursos naturais de Moçambique. Quais são os Potenciais Impactos na Competitividade da indústria do Arroz em Moçambique?

ORIGEM DA AGRICULTURA E DA PECUÁRIA

PNAG MÓDULO TECNOLOGIAS, PRÁTICAS AGRÍCOLAS E AMBIENTE. Estudo para elaboração de questionário Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2011

Boas Práticas Agrícolas I

Perspectivas de la industria

Desenvolvimento Tecnológico em Biocombustíveis

A Agroenergia impulsionando a internacionalização da FGV. Roberto Rodrigues Colóquio

Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado PPCerrado

Os limitantes que impedem a verdadeira inclusão social. Título da palestra

PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL: ELEMENTOS, CARACTERÍSTICAS E PONTOS CONTROVERTIDOS. LEI AMBIENTAL E RETROATIVIDADE. ANISTIA DE MULTAS E OUTRAS

Tabela 1. Síntese metodológica. Tema Sub-tema Metodologia

Mecanismos Financeiros Ações em andamento no MMA. Secretaria de Biodiversidade e Florestas - SBF

PLANO DE AÇÃO ESTRATÉGICO PARA BIODIVERSIDADE ADAPTAÇÃO E MITIGAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Atuação da EPE na cogeração de energia com o uso de biomassa

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E CONSERVAÇÃO BIODIVERSIDADE - APLICAÇÃO. Roseli Senna Ganem

Release. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. ONU declara 2015 como Ano Internacional dos Solos

Aula 05 Espaço Agrário Brasileiro. A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável. (Mahatma Gandhi)

Roupa Autêntica Bloomtrigger

Biodiesel: O Combustível Ecológico

Distorções tributárias na Indústria de Óleos Vegetais

ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL ANÁLISE DA CONJUNTURA AGROPECUÁRIA SAFRA 2007/08 S O J A

O Setor de Celulose e Papel

O impacto de investimentos públicos e privados no rendimento monetário das culturas no meio rural de Moçambique,

VIABILIDADE DA PRODUÇÃO DE MAMONA, ALGODÃO E AMENDOIM COMO MATÉRIA-PRIMA DO BIODIESEL EM PERNAMBUCO

Sugestões de Políticas Públicas para o E2G. Luciano Cunha de Sousa Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

ENERGIAS RENOVÁVEIS EM ANGOLA

VAMOS FALAR SOBRE O NOVO CÓDIGO FLORESTAL

As Idéias e os Avanços da Biotecnologia

Evolução da Capacidade Instalada para Produção de Biodiesel no Brasil e Auto-Abastecimento Regional

Produção Regional de Grãos e Estrutura de Armazenagem

A UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE CUSTOS NA ANÁLISE DE RESULTADOS EM UMA PRODUÇÃO AGRÍCOLA 1

Tendências no setor pecuário

Compensação Vegetal e a Lei Complementar nº 757/15 Inovações, Desafios e Perspectivas

INTEGRAÇÃO DA HORTICULTURA/USINA COM SEQUESTRO DE CO 2. Etanol - sustentabilidade Oficina de Trabalho Brasilia 25 e 26 de fevereiro de 2010

CONHECIMENTO DO NOVO CÓDIGO FLORESTAL POR MORADORES DO MUNICÍPIO DE URUARÁ-PA.

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para

É com grande prazer que recebo a todos vocês aqui em. São Paulo para esta Conferência Internacional sobre

GIRASSOL: Sistemas de Produção no Mato Grosso

Análise custo-benefício social da cadeia produtiva de etanol de batata-doce no Estado de Tocantins

C,T&I e a Defesa Nacional: a Visão da Indústria

VULNERABILIDADE AMBIENTAL E AGRICULTURA NA CIDADE DE MANAUS/AM

A partir dessa análise, é CORRETO afirmar que os escoteiros

Síntese das Propostas sobre o Código Florestal

Materiais Os materiais naturais raramente são utilizados conforme os encontramos na Natureza.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012 Serviços Ambientais

ANÁLISE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE DIFERENTES MATÉRIAS-PRIMAS

REALIDADES E PERSPECTIVAS DA FILEIRA FLORESTAL DO BRASIL

Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural

Mestrado em Direito Ambiental e Políticas Públicas UNIFAP. Disciplina: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Prof. Dr. Alan Cunha.

COLETIVA DE IMPRENSA

Ministério de Minas e Energia

ECONOMIA TEXANA. Se o Texas fosse uma nação, seria a 13 a maior economia mundial. Produto Interno Bruto (PIB) 2013

2 O Mercado de Gás Natural

SUSTENTABILIDADE: estamos no caminho?

3) A imagem a seguir representa nitidamente, entre outros, dois problemas atuais:

Biomas e formações vegetais. Professor Diego Alves de Oliveira Disciplina: Geografia IFMG Campus Betim

O NOVO CÓDIGO FLORESTAL E A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL A Lei /12 e a MP 571/2012 frente à Constituição de 1988

Transcrição:

Soja (esquerda), Cana-de-açúcar (centro), Dendê (direita) Apresentação: Paulo Gustavo Prado Preparado por: Christine Dragisic; Paulo G. Prado; Timothy Killeen & John Buchanan.

Produção de biocombustíveis está crescendo rapidamente nos trópicos e causa grande preocupação devido à expansão do cultivo das diferentes fontes de matéria-prima. Aumento da produção é causado em parte por políticas governamentais exigindo que uma porcentagem determinada dos combustíveis no mercado seja composta por biocombustíveis. Os benefícios em termos de Emissões Globais - GEE pelo uso de biocombustíveis podem ser marginais se consideradas as emissões por mudança no uso da terra e desmatamento. Planejamento do uso da terra com base na ciência, melhores práticas no estabelecimento e gestão de fazendas/plantações, além da proteção direta de habitat em paisagens produtivas são essenciais para garantir um impacto líquido positivo de projetos de biocombustível

Biocombus tível Usos Principais matériasprimas Outras matériasprimas Etanol - Aditivo ou substitutivo da gasolina - Cana-de-açúcar - Milho - Beterraba - Trigo - Mandioca - Outros grãos e amidos Biodiesel - Aditivo ou substitutivo do óleo diesel - Óleo de palma - Soja - Canola - Pinhão manso - Mamona - Girassol - Caroço de algodão Metanol - Aditivo ou substitutivo da gasolina - madeira e outras fibras descartadas -Biocombustíveis de 2ª geração usam tecnologia da celulose que permite produzir etanol a partir de materiais descartados como resíduos de plantações Essa tecnologia ainda não é economicamente viável.

Maiores regiões produtoras: Estados Unidos - Milho e soja Brasil - Cana-de-açúcar e soja Sudeste Asiático - Óleo de Palma (Malásia e Indonésia são os maiores produtores mundiais) União Européia - Canola e Beterraba África e Índia também estão desenvolvendo grande capacidade de produção de biocombustíveis, especialmente, pinhão manso, milho, óleo de palma e cana-de-açúcar. Pressão crescente sobre regiões tropicais para produção de biocombustíveis devido ao: Clima favorável responsável pela mais alta produtividade de canade-açúcar e óleo de palma Baixo custo de produção e disponibilidade de terras

! Em teoria, a queima de biocombustíveis reduz emissões de GEE se comparada com a queima de combustíveis fósseis Matéria-prima para combustível Óleo de dendê biodiesel Grão de soja biodiesel Canola biodiesel Cana-de-açúcar - etanol Milho etanol Beterraba etanol Trigo etanol Etanol celulósico Diesel Óleo bruto Gasolina Óleo bruto Balanço energético (aprox.) 9 3 2,5 8 1,5 2 2 2-36 0,8 0,9 0,80 Fonte: Worldwatch Institute. 2006. Biofuels for Transportationl. World Watch. Washington D.C. Fonte: Righelato, R. and Spracklen, D. (17 August 2007). Carbon Mitigation by Biofuels or by Saving and Restoring Forests? Science 317 (5840), 902.

" #! Análises de benefícios em GEE deixaram de fora as emissões de GEE devido a mudanças no uso da terra ou conversões associadas com a produção da matéria-prima. Etanol do milho ganho de 6 tons CO 2 eqv./acre/ano comparado com a gasolina VS. perda de 30-80 ton/acre pela conversão de campos ou perda de 100-400 ton/acre pela conversão de florestas Considerando o uso da terra, o retorno do investimento para o etanol do milho varia entre 38 e 199 anos Conclusão: Nem todos os biocombustíveis resultam em emissões menores de GEE!

$ EXPANSÃO: Expansão agrícola já é um dos principais motivos de de desmatamento e perda de habitat no mundo. Matérias-primas para biocombustíveis como a soja, o dendê e a canade-açúcar já são associadas com vasta e significativa conversão de florestas Aumento na demanda por biocombustíveis pode incrementar consideravelmente Conversão de habitats naturais em área agrícola; Fragmentação do habitat natural; Perda de biodiversidade nativa dependente desse habitat; Emissões de carbono devido à destruição de florestas e turfas; Modificações no clima local e padrões de chuva. Impacto indireto do cultivo da matéria-prima pode ser maior que o impacto direto, pois empurra usos menos rentáveis da terra, como a pecuária extensiva, para regiões de fronteira

$ PRODUÇÃO: Produção e área crescente de matéria-prima para biocombustível pode resultar em: Remoção da vegetação em áreas ripárias e encostas; Fluxo reduzido em rios e riachos; Aumento da erosão, escoamento de nutrientes e sedimentação; Ausência de corredores de vegetação nativa para manutenção da biodiversidade; Contaminação produzida por fertilizantes químicos e pesticidas; Degradação e erosão de solos.

Localização das destilarias de etanol Localização atual Expansão de curto prazo

55% dos 2 milhões km 2 de Cerrado savana tropical mais rica no mundo convertidos para uso agrícola (ex.: gado, soja, algodão, milho). Taxa de desmatamento é ~1,5% ou 3 milhões de hectares por ano. Taxa de desmatamento maior que na Amazônia e se continuar assim, o Cerrado desaparecerá em 2030.

!% Projetos de biocombustíveis devem ter um impacto líquido positivo para o meio ambiente seguindo os seguintes princípios: evitar impactos por meio de planejamento apropriado do uso da terra e seleção do local, minimizar impactoss da produção por meio do uso de melhores práticas e investir na conservação da biodiversidade nas paisagens produtoras de matéria-prima.

& Sob as condições certas, biocombustíveis podem criar oportunidades para: Reduzir a dependência de combustíveis fósseis e reduzir emissões de GEE; Melhorar a renda rural ou criar fontes adicionais de renda; Melhorar o valor de terrar abandonadas, degradadas ou subutilizadas.

!% Especificamente: Proteção de habitat Nenhuma conversão de habitats intactos existentes Cumprimento do Código Florestal Compensação de impactos ecológicos com financiamento público e privado para a proteção de KBAs e imlementação dos Corrrdores de Biodiversidade. Planejamento do uso da terra e seleção do local: Direcionar plantações para biocombustíveis para terras desmatadas anteriormente (abandonadas, degradadas ou subutilizadas); Localizar plantações de forma a proteger as funções do ecossistema. Usar informações disponíveis sobre a biodiversidade e ferramentas de planejamento para ajudar a determinar locais adequados para plantações (evitar áreas identificadas de alta importância para a biodiversidade e zonas de amortecimento de áreas protegidas); Evitar estabelecer usinas e unidades de processamento de biocombustíveis em áreas sob risco de mudança no uso da terra; Melhores práticas na produção de matérias-primas Melhores práticas no plantio e processamento de matéria-prima Verificar ou certificar práticas usadas e resultados; Garantir contribução líquida positiva para carbono (i.e., redução de emissões), incluindo cálculos para emissões devido a mudanças no uso da terra