A PRÁTICA DE ENSINO NA ESCOLA MUNICIPAL DR. GLADSEN GUERRA DE REZENDE: ATIVIDADES DE FLAUTA DOCE, PERCUSSÃO E VIOLÃO. Autores

Documentos relacionados
PLANO DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO (PAE)

Estágio Supervisionado Educação Especial. Roteiro para a Elaboração do Relatório de Estágio Supervisionado: Desenvolvimento.

A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de nove anos

DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

CAPACITAÇÃO PRÁTICA DO USO DO GEOPROCESSAMENTO EM PROJETOS

CAPÍTULO II DOS OBJETIVOS DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

UNIVERSIDADE DE RIO VERDE-FESURV FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MANUAL DE ESTÁGIO

Construção da Identidade Docente

GRUPO AVALIAÇÃO PAE 2 Semestre/2015

Natureza do Serviço Modalidade / N de vagas Localidade de Trabalho

BOLETINS, UMA NOVA FORMA DE APRENDER HISTÓRIA

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

PRÁTICAS CURRICULARES MATEMÁTICA

Aula 7 Projeto integrador e laboratório.

INCLUSÃO NO ENSINO DE FÍSICA: ACÚSTICA PARA SURDOS

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: 2010

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

TÓPICOS DE RELATIVIDADE E NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO MÉDIO: DESIGN INSTRUCIONAL EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GESTÃO ESCOLAR

A Prática da Música Renascentista para Pequenos Grupos de Flauta Doce

A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Silvia Helena Vieira Cruz

PCN - PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

EDUCAÇÃO, PEDAGOGOS E PEDAGOGIA questões conceituais. Maria Madselva Ferreira Feiges Profª DEPLAE/EDUCAÇÃO/UFPR

PREFEITURA MUNICIPAL DE SARZEDO Estado de Minas Gerais

Extensão na EaD: desafios e potencialidades

Normas Gerais do Estagio Supervisionado/Projeto Orientado

GERÊNCIA DE ENSINO Coordenação do Curso de Licenciatura em Letras Português/Inglês CONCURSO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PPP III CIRCUITO 9

CAPÍTULO II DA NATUREZA E DOS OBJETIVOS

Palavras-Chave: Práticas de Ensino; Estágio Supervisionado; Avaliação; Prodocência.

Diário de bordo: Uma ferramenta para o registro da alfabetização científica

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA

CONCEPÇÕES E REFLEXÕES A CERCA DO CAMPO DE ESTÁGIO EM GEOGRAFIA: UM ESTUDO DE DUAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL

1. A IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS EDUCACIONAIS.

PERCUSSÃO: UMA ABORDAGEM INTEGRADORA NOS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DESSES INSTRUMENTOS

CARACTERIZAÇÃO DO GÊNERO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

Redes de Computadores

SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS PARA OS 6ºS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: ESPAÇO COMPLEMENTAR DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

PROJETO DE EXTENSÃO COMUNITÁRIA EAD

PROJETO BÁSICO DE CURSO EM EaD. JUSTIFICATIVA (análise de cenário / análise das características da Instituição):

MÚSICA. Habilitação: Licenciatura

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PLANO DE ENSINO

Prêmio Viva Leitura. Categoria Escola Pública. Projeto: Leitura como fonte de conhecimento e prazer

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A PRÁTICA DA PESQUISA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DA EXTENSÃO

TÍTULO: PROJETO EDUCAÇÃO JOVENS E ADULTOS (EJA) CIDADÃO: UMA EXPERIÊNCIA DE PARCERIA ENTRE UNIVERSIDADE ESCOLA.

REGULAMENTO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

NOME DO CURSO: A Gestão do Desenvolvimento Inclusivo da Escola Nível: Aperfeiçoamento Modalidade: A distância. Parte 1 Código / Área Temática

GÊNEROS DISCURSIVOS NO ENSINO DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

ORIENTAÇÃO PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO

O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DAS CRIANÇAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Apresentação da disciplina

PROJETO DE INCENTIVO A LEITURA BIBLIOTECA ITINERANTE LIVRO VIAJANTE

Manual do Processo de Planejamento da UFSC. Departamento de Planejamento SEPLAN/UFSC

CRENÇAS DE PROFESSORES E ALUNOS ACERCA DO LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS NO ENSINO FUNDAMENTAL DO 6º AO 9º ANOS DO MUNICÍPIO DE ALTOS PI

ORIENTAÇÕES TRABALHO EM EQUIPE. Trabalho em Equipe. Negociação

Planejamento de Ensino na. Residência Multiprofissional. em Saúde

O TRABALHO PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

Bruna Kleine Fundação CSN Curitiba Lucas Fermino Escola Adventista Portão Curitiba

As TICs como aliadas na compreensão das relações entre a Química e a Matemática

TÉCNICAS DE ESTUDO E PESQUISA TÉCNICAS DE ESTUDO E PESQUISA

Introdução. O papel da graduação em música na prática docente: um relato de experiência. Belisa Lucas da Silva/UEM

PLANO DE AÇÃO - EQUIPE PEDAGÓGICA

Aula 10 ORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE HISTÓRIA: ELABORAÇÃO DO PLANO DE AULA. Sayonara Rodrigues do Nascimento Santana META OBJETIVOS

Formação Continuada do Professor de Matemática: um caminho possível

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE PEDAGOGIA, LICENCIATURA. Resolução CP n. 01 Aparecida de Goiânia, 28 de janeiro de 2015.

Cursos Educar [PRODUÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO] Prof. M.Sc. Fábio Figueirôa

NORMAS PARA AS DISCIPLINAS OPTATIVAS E ESTÁGIOS EXTERNOS DO CURSO DE MEDICINA

AÇÃO: REVISITANDO OS GÊNEROS NARRATIVOS A PARTIR DE PRÁTICAS TEATRAIS

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS

TÍTULO: A ARTE COMO PROCESSO EDUCATIVO: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DO TEATRO NUMA ESCOLA PÚBLICA.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAPÁ CÂMPUS MACAPÁ

Pró-Reitora de Graduação da Universidade Federal de Goiás

METODOLOGIAS CRIATIVAS

Aula Ensino: planejamento e avaliação. Profª. Ms. Cláudia Benedetti

R E S O L U Ç Ã O Nº 044/2016

Ementas do Curso de Licenciatura em Música. Habilitações Educação Musical e Instrumento/Canto

O USO DE MATERIAIS CONCRETOS PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA A ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES VISUAIS E AUDITIVAS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA

PROJETO DAS FACULDADES MAGSUL 2012

Manual de Estágio. Gestor

Considerações e análise pessoal sobre o Programa Fonoaudiológico para Formação de Locutores

MATERIAS E MÉTODOS Amostra e Instrumento A amostra foi composta por 16 professores de Dança de Salão, de ambos os sexos, sem

INTRODUÇÃO FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: REVISÃO DA LITERATURA... 21

A FORMAÇÃO INICIAL E O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA: ESPAÇOS DE EDIFICAÇÃO DA DOCÊNCIA E DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

I FÓRUM DAS LICENCIATURAS

PROJETO NÚCLEO DE ESTUDOS DE ENSINO DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR

Texto 3: ESQUEMA, RESUMO, RESENHA e FICHAMENTO.

Projeto de estágio: musicalização para deficientes visuais

de professores para os desenhos de crianças, de

Concepções de educação e avaliação da aprendizagem. Prof.ª Marisa Narcizo Sampaio marisamns@gmail.com

CONTEÚDOS DE ARTE POR BIMESTRE PARA O ENSINO MÉDIO COM BASE NOS PARÂMETROS CURRICULARES DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Funções Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho Docente, permitindo ao Professor e Escola um ensino de qualidade, evitando

Você quer se formar em Música?

Reforço em Matemática. Professora Daniela Eliza Freitas. Disciplina: Matemática

CURSO VOCACIONAL DE ARTE E PUBLICIDADE

O currículo do Ensino Religioso: formação do ser humano a partir da diversidade cultural

MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

O TEXTO DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO EM SALA DE AULA: DA TEORIA À PRÁTICA

RESOLUÇÃO CGRAD 020/08, DE 16 DE JULHO DE 2008

Transcrição:

A PRÁTICA DE ENSINO NA ESCOLA MUNICIPAL DR. GLADSEN GUERRA DE REZENDE: ATIVIDADES DE FLAUTA DOCE, PERCUSSÃO E VIOLÃO. Autores Profa. dra. Sônia Tereza da Silva Ribeiro(UFU) Adriana Castanheira Araújo Alexandre Garcia Bisinoto Gilda Aparecida Faria Cardoso Monalisa Marques Franco Priscila Pacheco Freitas O presente texto se relaciona a um recorte de experiência realizada dentro de uma das diferentes situações didáticas vividas entre estudantes e professores no âmbito da Universidade Federal de Uberlândia e da Escola Municipal Dr. Gladsen Guerra. Trata-se de uma experiência realizada nas disciplinas Prática de Ensino 1, 2, 3 e 4 do Curso de Música e um grupo de estudantes da escola citada. O período de realização da Prática de Ensino se iniciou em 2003 sendo que o estágio supervisionado ocorreu no espaço da escola Municipal Dr. Gladsen Guerra entre 2004 e 2005. As disciplinas mencionadas perfazem cada uma, um total de 75 horas e têm como uma de suas metas, desenvolver a formação crítica do estudante trazendo para sala de aula, diferentes realidades didáticas que servem como reflexões sobre a prática musical e pedagógica do futuro professor de música. Os objetivos gerais, conforme ementa da Prática de Ensino é o de integrar a formação musical, pedagógica e pedagógico-musical feitas durante o curso de graduação no âmbito do contexto do trabalho teórico e no exercício reflexivo da prática do estágio. Os específicos, discutir o campo de conhecimento profissional da Educação Musical, as diferentes concepções de práticas musicais trabalhadas nos espaços citados; as metodologias de ensinoaprendizagem formal e não formal e a atuação dos próprios alunos na educação musical. Ainda, elaborar e desenvolver projetos sobre o espaço de estágio selecionado para o exercício reflexivo da atuação docente. Atualmente, no curso de música da UFU, o processo de elaboração da proposta de trabalho em cada uma das disciplinas de 1 a 4, pode variar de docente para docente e ter

flexibilidade quanto aos objetivos, locais de estágio, procedimentos de avaliação e registros da mesma. A experiência desenvolvida se justificou pela vivência de um trabalho com música no Ensino de Arte através do violão, flauta doce e de percussão corporal e/ou instrumental. Estas atividades foram fundamentadas pelo princípio da vivência musical prazerosa e significativa. Trabalhou-se com a noção de que a sala de aula é um espaço em que a música é utilizada como linguagem. Procurou-se contemplar a experiência musical e os saberes trazidos pelo grupo da escola a fim de contextualizar os conteúdos programados desenvolvidos durante o estágio. Através da observação, execução, criação, apreciação e improvisação, a experiência se desenvolveu em etapas: observação das atividades de arte na escola; elaboração e execução do projeto de atividades de violão, percussão e flauta doce; avaliação das atividades tanto na escola quanto na UFU. O presente texto se fundamentou nos registros feitos coletivamente em formato de projeto e relatório bem como do portfólio feito pelos estudantes. Importante dizer que os projetos e relatórios ficam na instituição e servem de material pedagógico pois possuem fotos, fitas e comentários das discussões coletivas. A seguir apresenta-se o texto em duas partes. A primeira diz respeito às atividades da Prática de Ensino. A segunda destaca o referencial teórico-metodológico das atividades desenvolvidas na escola. Por fim ressalta-se a importância das disciplinas citadas se constituírem como um processo formativo-musical entre docentes, estudantes e a escola. 1. Atividades da Prática de Ensino. A Prática de Ensino 1, dentre as atividades previstas, ficou marcada por uma atividade reflexiva acerca da construção social da formação musical e pedagógica dos próprios alunos matriculados na disciplina. Também pela discussão acerca do espaço do estágio ser a escola citada e da avaliação das viabilidades de se desenvolver um projeto de musicalização através de instrumentos musicais. O trabalho da disciplina se fundamentou, entre outros, nos pressupostos de Freire (1986) em que o autor orienta os docentes a investigar o universo dos estudantes para conhecer quais conhecimentos eles trazem para as aulas. Inicialmente desvelaram-se alguns aspectos significativos dos saberes e práticas que os estudantes desenvolviam enquanto alunos e profissionais da área de música. Posteriormente, foram feitos estudos e reflexões sobre as

dimensões formadoras do estágio supervisionado a fim de ir construindo com eles, o conceito do mesmo no âmbito da sua importância para a formação dos licenciandos em música. A Prática de Ensino 2 foi o período de observação das atividades de arte ministradas pelos professores da escola. Freire (1986) foi referência para as análises desta etapa mostrando que a observação é um ato educativo e um procedimento que procura colaborar com os estudantes para que eles superem os seus saberes relativos. Observou-se principalmente o trabalho de musicalização de uma turma da escola, durante dez semanas letivas. Os resultados foram registrados no relatório da disciplina e no portfólio dos estudantes. Por fim, a Prática de Ensino 3 e 4 se dedicou à elaboração e o desenvolvimento dos planos de atividades bem como o re-planejamento das aulas conforme as situações didáticas vivenciadas na escola. Este processo foi complexo e demandou avaliações sobre as diferentes formas de se ensinar música na escola. 2. Metodologia. A proposta das atividades do estágio se utilizou do modelo (T) E C (L) A, que é a tradução do Modelo C (L) A S (P) de Swanwick. De acordo com FRANÇA (2002) O Modelo C (L) A S (P) não é um método de educação musical, nem um inventário de práticas pedagógicas. O modelo carrega uma visão filosófica sobre a educação musical, enfatizando o que é central e o que é periférico (embora necessário) para o desenvolvimento musical dos alunos. Implícita no modelo há uma hierarquia de valores e objetos, na qual a vivência holística, intuitiva e estética nas três modalidades centrais deve ser priorizada, subsidiada por informações sobre música (L) e habilidades técnicas (S). (FRANÇA, 2002, p. 18) O estudo sobre esta proposta foi detalhado pelo grupo de alunos da disciplina Prática de Ensino e se revelou como um dos fundamentos que orientou o trabalho na escola. Outro estudo importante foi sobre o ensino do instrumento em grupo. Neste aspecto foi privilegiado o exercício da apreciação, vivência, imitação e criação no âmbito dos procedimentos metodológicos do estágio. O modelo prevê diferentes formas dos alunos se relacionarem com a música. A saber: T (Técnica) envolve aspectos como controle técnico, tocar em conjunto, manusear sons com aparatos eletrônicos, desenvolver a percepção auditiva e ter habilidade de leitura.

E (Execução) trata da música como presença, na qual o intérprete é o mediador entre o trabalho musical e o ouvinte. C (Criação) inclui todas as formas de invenção musical e não somente obras que são escritas através de algum tipo de notação. Pode ser ou não experimentação com sons. L (Literatura) inclui não somente estudos contemporâneos ou históricos da literatura da música através de partituras e gravações, mas também crítica musical e literatura em música, histórica e musicológica. A (Audição) consiste na compreensão auditiva e colabora para que o aluno se relacione intimamente com o objeto musical de forma estética. O modelo possibilitou desenvolver o exercício de musicalização através dos instrumentos, considerando a música como um todo e oportunizando o envolvimento do aluno com o objeto musical. Permitiu ainda que os estagiários ficassem mais conscientes sobre os diferentes momentos do processo de ensino-aprendizagem desenvolvidos durante o trabalho. A seguir apresenta-se uma síntese das principais ações referente aos momentos de preparação, execução e avaliação do estágio. A PREPARAÇÃO DO ESTÁGIO - Visita à Escola para conhecer, discutir e viabilizar a proposta de estágio. - Observação das atividades de arte na escola. - Elaboração do Projeto durante as aulas teóricas da disciplina Prática de Ensino. - Avaliação do diagnóstico de preferências musicais na escola Dr. Gladsen a fim de preparar material pedagógico com repertório significativo para os participantes. - Preparação das atividades de estágio durante as aulas teóricas da disciplina. A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO - Elaboração do plano de atividades contendo objetivos, metodologia, repertório e avaliação bem como o desenvolvimento do mesmo na escola. - Revisão da literatura acerca do referencial teórico-metodológico e sobre temáticas ligadas ao ensino instrumental em grupo. - Realização, avaliação das atividades desenvolvidas e re-planejamento de aulas. - Registro do trabalho e produção de textos com comentários sobre a prática do estágio desenvolvidos pelos estudantes do curso de música.

A AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO E DA DISCIPLINA - Elaboração do relatório final entregue na escola. - Avaliação do trabalho junto à escola e com os participantes do estágio. - Avaliação da disciplina e auto-avaliação dos alunos estagiários. - Redação e Apresentação do portfólio. Considerações finais. A experiência relatada desvelou que o estágio como componente curricular tem uma importante dimensão formadora. Neste aspecto, Freire (1986 e 1999) e Swanwick (2003) fundamentaram as reflexões sobre a prática educativa de o estágio ficar mais atenta à diversidade e aos diferentes contextos sócio-musicais em que os estudantes estão envolvidos. A título de considerações finais chama-se a atenção para os espaços da sala de aula da UFU e da escola. Locais coletivos em que as disciplinas Prática de Ensino 1 a 4 foram desenvolvidas a partir de projetos e relatórios de estágios supervisionados. Projetos estes que foram construídos com um determinado grupo de estudantes e desenvolvidos durante o período entre 2003 e 2005 na Universidade Federal de Uberlândia e Escola Municipal Dr. Gladsen Guerra. Na sala de aula da UFU, a interação verbal, musical e as análises dos planos de atividades das condições concretas realizadas nos estágios. A discussão e a oportunidade de usar a formação acadêmica na elaboração e realização dos planos de atividades bem como a da pedagogia musical para refletir e assimilar novas práticas. Também a tentativa de encontrar resultados sonoros que melhor representavam o exercício do grupo e ainda a produção de material didático para cada etapa do trabalho. Na sala de aula da escola a interação com outras pessoas, seus valores musicais, seus símbolos e representações bem como sentimentos, atitudes e a observação de outros saberes. O desafio e a satisfação de trabalhar a educação musical no Ensino de Arte da Escola M. Dr. Gladsen Guerra. Após o exposto, avalia-se que o trabalho permite deixar algumas anotações sob o ponto de vista da formação universitária. A primeira no sentido da disciplina possibilitar o debate sobre as variadas práticas e modos de ser professor(a) de música. A segunda por destacar que a vivência de situações educativo-musicais permite fundamentar observações

mais concretas acerca das ações de um saber plural que integra a formação dos estudantes de música. A última por sublinhar experiências reflexivas sobre diferentes formas de aprendizagens que são construídas na formação inicial e na prática educativa. Referências. FRANÇA, Cecília Cavalieri; SWANWICK, Keith. Composição, apreciação e performance na educação musical: teoria, pesquisa e prática. Em pauta. Porto Alegre, v. 13, n. 21, p. 05 41, dezembro 2002. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 12 ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1986 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.10.ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1999. SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. Tradução de Alda Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.