Gilma Iale C. da Cunha Jhose Iale C. da Cunha



Documentos relacionados
CONTEÚDOS DE FILOSOFIA POR BIMESTRE PARA O ENSINO MÉDIO COM BASE NOS PARÂMETROS CURRICULARES DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Niterói Educadora, Inovadora e Sustentável PERMITA-SE IR ALÉM!!

Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia

PROJETO CULTURA DIGITAL E MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Profa.Dra. Ronalda Barreto Silva Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Bases fundamentais. Convenção Relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino

ATIVIDADE DISCURSIVA 1 E POSSIBILIDADES DE RESPOSTAS

A mudança da cultura docente e o papel do professor na universidade contemporânea

ÉTICA E MORAL. profa. Karine Pereira Goss

ESCOLA ESTADUAL LUIS VAZ DE CAMÕES EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

CIDADANIA, INCLUSÃO SOCIAL E ACESSO À JUSTIÇA

EDUCAÇÃO, PEDAGOGOS E PEDAGOGIA questões conceituais. Maria Madselva Ferreira Feiges Profª DEPLAE/EDUCAÇÃO/UFPR

REVISÃO DA LITERATURA

Universidade de São Paulo. Escola de Comunicação e Artes, ECA-USP

Sala temática Educação de Jovens e Adultos e Educação do Campo

Conexão campo - cidade

Marta Lima Gerente de Políticas Educacionais de Educação em Direitos Humanos, Diversidade e Cidadania.

PASSAPORTE CISV. para CIDADANIA GLOBAL PARTICIPATIVA

Construção da Identidade Docente

5. Objetivo geral (prever a contribuição da disciplina em termos de conhecimento, habilidades e atitudes para a formação do aluno)

A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de nove anos

Aula 7 Projeto integrador e laboratório.

CIDADANIA: será esse o futuro do desenvolvimento do País?

ESTADO DO AMAZONAS CAMARA MUNICIPAL DE MANAUS GABINETE DO VEREADOR PROF. SAMUEL

O CONCEITO DE EDUCAÇÃO EM MARX. Maria Catarina Ananias de Araújo (Acadêmica do Curso Letras UEPB)

A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Silvia Helena Vieira Cruz

Cidadania e Participação: Responsabilidade Social (RS)

Política de Sustentabilidade

O USO DAS TICs NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS(2012) 1

O que o professor de matemática deve fazer para que seu aluno tenha motivação, interesse e dedicação em sua aula?

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM DOURADOS (MS): UMA ANÁLISE DO PROGRAMA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (PREA) (LOUREIRO, 2006, p. 26)

Linha do Tempo. Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica

O direito à participação juvenil

Agrupamento de Escolas de Castro Daire PLANIFICAÇÃO DE ÁREA DE INTEGRAÇÃO - 11º ANO TURMA D/F. Departamento: Ciências Sociais e Humanas

104 - Agroecologia e educação no campo: um sonho se tornando realidade na Escola Latino-Americana de Agroecologia

II PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Princípios da Política Nacional para as Mulheres

A TRANSMISSÃO DE VALORES SOCIOAMBIENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO E EXERCÍCIO DA CIDADANIA

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E DA DEFESA DOS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO

O papel do vendedor na cadeia de negócio

O ENSINO NUMA ABORDAGEM CTS EM ESCOLA PÚBLICA DE GOIÂNIA

OFICINA: POR QUE E COMO UTILIZAR O JORNAL EM SALA DE AULA

Consumo Sustentável. Oficina do Grupo Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Pobreza. Novembro 2010

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

Trabalho 001- Estratégias oficiais de reorientação da formação profissional em saúde: contribuições ao debate. 1.Introdução

SUSTENTABILIDADE: estamos no caminho?

1.1. Apresentação inicial

METODOLOGIAS CRIATIVAS

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DISCIPLINA: GEOGRAFIA ENSINO FUNDAMENTAL

Exercícios Conferências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável

INTEGRAR ESCOLA E MATEMÁTICA

ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO FLORESTAL 30/08/2013

Novas tecnologias ao serviço de uma pedagogia por competências. Ana Isabel Gonçalves Eliseu Alves Manuela Mendes Sónia Botelho

Palavras-chave: Paulo Freire. Formação Permanente de Professores. Educação Infantil.

REGULAMENTO DA POLÍTICA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS UNIFIMES

O TRABALHO PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

PCN - PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

EAJA/PROEJA-FIC/PRONATEC

PARA PENSAR O ENSINO DE FILOSOFIA

UNESCO Brasilia Office Representação da UNESCO no Brasil A imprensa, a democracia e a cidadania

Planificação Anual de Ciências Naturais 8ºano

EMENTA ÉTICA, CIDADANIA E MEIO AMBIENTE

RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS TIM NO BRASIL

ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DO TQM (GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL) APLICADO AO ENSINO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Capítulo 4 MUDANÇA DOS PADRÕES DE CONSUMO. A. Exame dos padrões insustentáveis de produção e consumo

DOS BRINQUEDOS ÀS BRINCADEIRAS: REFLEXÕES SOBRE GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Palavras-chave: Gestão Ambiental. Vantagem Competitiva. Gestores Qualificados.

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE PARECER DOS RECURSOS

1. A IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS EDUCACIONAIS.

A universidade para o século XXI e os desafios da docência no ensino superior

Unidade IV ECONOMIA E NEGÓCIOS. Prof. Maurício Felippe Manzalli

Trabalho Sobre a Cultura Cientifíco-tecnológica

CONCEPÇÕES E REFLEXÕES A CERCA DO CAMPO DE ESTÁGIO EM GEOGRAFIA: UM ESTUDO DE DUAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL

TÍTULO: PROJETO EDUCAÇÃO JOVENS E ADULTOS (EJA) CIDADÃO: UMA EXPERIÊNCIA DE PARCERIA ENTRE UNIVERSIDADE ESCOLA.

O profissional da informação e o papel de educador em uma Escola Técnica de Porto Alegre-RS

SUSTENTABILIDADE: Uma Questão de Educação

Associativismo Social

O currículo do Ensino Religioso: formação do ser humano a partir da diversidade cultural

Utilizando o Modelo Webquest para a Aprendizagem de Conceitos Químicos Envolvidos na Camada de Ozônio

QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DE PEDAGOGIA DA UFPE

Agrupamento de Escolas de Arronches

As megatendências globais que moldarão os governos até 2030

TENDÊNCIA TECNICISTA. Denise Cristiane Kelly Mendes Mariane Roque

CONSELHO DE CLASSE 2015

Um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia

Acesso e permanência:

Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade

ESTA PALESTRA NÃO PODERÁ SER REPRODUZIDA SEM A REFERÊNCIA DO AUTOR

Software Livre e o Ensino Público: limites e perspectivas

A organização do trabalho abrangerá diferentes áreas do conhecimento.

PRÁTICAS CURRICULARES MATEMÁTICA

Em apresentamos à comunidade um Plano de Governo centrado em quatro eixos:

AS DROGAS COMO TEMA GERADOR PARA CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

OFICINA III PESQUISA EXPLORATÓRIA CITAÇÕES

A SUSTENTABILIDADE DA BOVINOCULTURA DE LEITE: A Perspec7va do Sistema de Proteção Ambiental Julho 2015

Ensino Técnico. Qualificação: TÉCNICO EM MECÂNICA. Componente Curricular: ÉTICA E CIDADANIA ORGANIZACIONAL. Professor: Tamie Mariana Shimizu

Jornal do Servidor O documento, que foi construído com ampla participação dos servidores através de inúmeras reuniões

Adriana Regina Espíndola Luís Moretto Neto Rosane Cristina Jacques Susany Perardt

Transcrição:

263 GADOTTI, Moacir. Educar para Sustentabilidade: Uma contribuição à Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Ed, L, 2008. 127 p. (Série Unifreire, 2). Gilma Iale C. da Cunha Jhose Iale C. da Cunha O livro Educar para sustentabilidade do autor Moacir Gadotti, nos trás grandes ensinamentos de como viver bem e nos educar diante da valorização da sustentabilidade em oposição à cultura da globalização capitalista. Pois entre capitalismo e sustentabilidade, há uma incompatibilidade de princípios. Moacir Gadotti é o atual diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo, professor titular da USP, licenciado em Pedagogia e Filosofia, mestre em Filosofia da Educação pela PUC-SP, doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra (Suíça) e livre docente na Unicamp. Possui uma variedade de publicações na área da educação, dentre elas se destacam: Educação e poder. (Cortez, 1988), Paulo Freire: Uma bibliografia (Cortez, 1996), Pedagogia da Terra (Petrópolis, 2000) e Educar para um Outro Mundo Possível (Publisher Brasil, 2007). A obra, ao longo de suas 127 páginas, apresenta o conceito de sustentabilidade, demonstrando compromisso com o futuro, na perspectiva do bem viver e da harmonização do ser humano com a natureza, opondo-se significativamente a tudo que diz respeito a egoísmo e injustiça, levando em consideração os princípios éticos de igualdade e solidariedade na promoção de uma educação transformadora na luta pela planetariedade, enquanto terra como organismo vivo e em evolução. Como na bem colocada frase de Francisco Gutiérrez (apud GADOTTI, 2000, p. 57): O planeta é minha casa e a terra o meu endereço, o qual analisa como morar em uma casa cheia de problemas, suja e doente. O livro Educar para sustentabilidade é dividida em quatro capítulos. Inicialmente o autor expõe como se deu a Aliança mundial pela sustentabilidade, em seguida mostra a polissemia do conceito de desenvolvimento sustentável, em Sustentabilidade e bem viver. No terceiro capítulo Educar para uma vida sustentável expõe a relevância da questão econômica para esse desenvolvimento, acreditando na educação como princípio norteador para uma cultura de paz, baseado em princípios como a da ecopedagogia, relacionando educação ambiental com desenvolvimento sustentável. Por fim, apresenta os grandes desafios da

264 Década, em Sustentabilidade e modelo econômico, que nos instiga a uma ação transformadora para a nossa única Terra. Enquanto proprietários desta Terra, temos o dever e o poder de transformação e é através da ecopedagogia que acreditamos na promoção da aprendizagem de uma educação ambiental baseada no desenvolvimento sustentável através de uma conscientização ecológica no modo de como pensamos e agirmos no nosso planeta. É pertinente essa discussão tendo em vista a urgência sobre as soluções de problemas relacionados aos desequilíbrios ambientais que vivenciamos nos dias atuais. No entanto, já passamos por inúmeros movimentos para solucionar o problema planetário que nos afronta diariamente, aquecimento global, desertificação e desflorestamento, são apenas algumas consequências que enfrentamos devido a falta de ação junto à política e ao estado diante de como nos comportamos para com a nossa tão acolhedora casa que é o planeta Terra. As alianças mundiais para sustentabilidade como a Agenda 21, a Carta da Terra, o Tratado da Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), a última lançada pelas Nações Unidas, demonstram mobilização e desejo por mudança, tendo em vista que é através de debates como estes que iremos transformar nosso sistema educacional, pois a educação é fator crítico para desenvolvermos com sustentabilidade. Contudo, grandes desafios virão e como nós educadores podemos interferir nesse contexto? O princípio da sustentabilidade está interligada ao da ecopedagogia, em que levamos em consideração o respeito pela diversidade, pela cultura, pela identidade, enfim é a pedagogia centrada na vida, em que o educador deve acolher e cuidar do educando, pois este cuidado é a base da educação para sustentabilidade. Segundo Freire (2000 apud GADOTTI, 2008, p. 15): A ecologia ganha uma importância fundamental neste fim de século. Ela tem que estar presente em qualquer prática educativa de caráter radical, crítico ou libertador (...). Nesse sentido, me parece uma contradição lamentável fazer um discurso progressista, revolucionário e ter uma prática negadora de vida. Prática poluidora do mar, das águas, dos campos, devastadoras das matas, destruidora das árvores ameaçadora dos animais e das aves. Precisamos ser sujeitos de uma história e não apenas expectadores. Diante de um mundo globalizado, precisamos ter discernimento de como interferir de maneira correta e produtiva na sociedade, uma vez que somos impulsionados por uma globalização capitalista, onde a intensificação entre as diferenças sociais são enormes, muitos tem pouco e poucos tem demais. O desemprego, a falta de autonomia de alguns Estados são efeitos desse tipo de globalização, todavia, a sustentabilidade

265 tem a ver com igualdade, harmonia, liberdade, solidariedade para com o próximo são essas exigências que necessitamos para transformar sustentavelmente os ambientes aos quais vivemos. Devemos interferir com afinco, pois terráqueos na Terra é o que somos. Gadotti (2008) explica a diferença entre a globalização econômica e a globalização para cidadania, as duas têm como base a tecnológica, mas com lógicas diferentes. A primeira submete Estados e nações a interesse capitalista, isto é, está subordinada a leis de mercado. Já a segunda, é realizada pelas organizações da sociedade civil global e elas são responsáveis pelos importantes eventos já citados. Nestes debates, são discutidos temas como cidadania planetária, em que a terra é vista numa nova percepção que estar voltada para valores éticos e espirituais da humanidade. Entendemos a cidadania planetária como uma cidadania integral, ativa, plena, relacionadas aos direitos sociais, políticos, econômicos, culturais, institucionais, enfim nos dando base para uma democracia planetária. Essa cidadania planetária requer justiça e paz, isto é, eliminação das catastróficas diferenças econômicas e sociais, como também uma integração intercultural da humanidade. Como Gadotti (2008) orienta, é necessário olhar para dentro de nós mesmos e de nossos padrões de consumo insustentáveis, essa educação para sustentabilidade depende do nosso comportamento enquanto cidadãos. Contudo, não é suficiente mudarmos apenas os nossos comportamentos e não compartilharmos de apoio político nessa penosa tarefa que é a mudança de atitude de todos os terráqueos, enquanto cidadãos de uma única nação. Precisamos reeducar o sistema para introduzirmos uma cultura de sustentabilidade no nosso processo educacional, em que possamos contar mais com comunidades escolares cooperativas e menos competitivas, e que a educação para o desenvolvimento sustentável seja um conceito integrado e interativo, uma vez que é através de atos de educação que vivenciaremos um desenvolvimento sustentável humano, abrangendo não apenas no que diz respeito a ações ambientais e econômicas, mas sim na erradicação da pobreza, na promoção da equidade, da inclusão social e assim compactuaremos com um modo de vida mais sustentável. Os princípios a serem adotados para termos uma economia para o desenvolvimento sustentável são os de uma economia solidária que diz respeito à solidariedade, sustentabilidade, inclusão e emancipação social, uma vez que sustentabilidade e solidariedade são temas convergentes e emergentes, trazendo-nos esperança de vivenciamos um ecodesenvolvimento o qual remete um bem estar pessoal e ambiental, onde crescemos de maneira construtiva com práticas solidária, em que há necessidade de autodeterminação, uma economia que

266 não coloque o mercado livre e o lucro como o centro de tudo. O Relatório de Brundland define desenvolvimento sustentável como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades (CMMAD apud GADOTTI, 2008, p. 56). Viver com sustentabilidade é desenvolvermos uma sociedade justa, onde sejamos ambientalmente corretos, com uma cultura economicamente viável e respeitosa das diferenças. A ecopedagogia se apresenta de maneira relevante como um projeto alternativo global, que implica uma mudança nas estruturas econômicas, sociais e culturais, como também nas relações humanas tornando-o utópico como afirma o autor em seu livro Pedagogia da Terra (2001). Gadotti analisa a sustentabilidade do ponto de vista de uma nova globalização em dois eixos: um relativo à natureza e o outro à sociedade. O primeiro, sustentabilidade ecológica, ambiental e demográfica, se refere à base física do processo de desenvolvimento em que a natureza suporta a ação humana, tendo em vista os limites das taxas de crescimento populacional. Já o segundo, se refere à sustentabilidade cultural, social e política, em que a qualidade de vida das pessoas está intimamente ligada às questões da manutenção das identidades e diversidades, onde a participação popular está ligada ao desenvolvimento sustentável. Essa nova globalização exige mudanças de atitudes, novos princípios éticos, apropriados da cultura da sustentabilidade e da paz, que não haja a exclusão social, a exploração econômica e nem a dominação política, precisamos de novos paradigmas sustentáveis para reger nosso planeta. O autor, baseado nessa nova cultura de sustentabilidade e paz, descreve alguns princípios pedagógicos para uma educação voltada para um futuro sustentável. Educar para pensar globalmente trata de vermos a Terra como uma única casa, onde somos responsáveis pela sua manutenção e sobrevivência, educarmos para não sermos omissos diante dos problemas que nela há, lutarmos como proprietários cientes dos nossos direitos e obrigações. Outros princípios adotados por Gadotti (2008) são Educar os sentimentos na perspectiva de uma construção conjunta para um único fim, viver com sustentabilidade, a arte do bem viver, dando sentido a cada minuto vivido. Ensinar a identidade terrena é amar a terra acima de nossos desejos exploratórios. Formar para uma consciência planetária é ver a Terra como nossa casa, somos terráqueos e, assim sendo, não devemos fazer separações entre país rico, em desenvolvimento ou pobre, somos interdependentes no processo de planetarização.

267 Formar para a compreensão também é um dos princípios abordados pelo autor, uma vez que esse defende uma educação para comunicação, para entender o próximo, tendo uma vida solidária, pois esta é condição de sobrevivência humana. Educar para simplicidade e para a quietude é a conquista de novos valores como simplicidade, austeridade, quietude, paz, serenidade, união, enfim praticar a sustentabilidade na vida diária, familiar, escolar, no trabalho, em todos os ambientes a qual se faça parte, pois essa prática nos leva a uma vida saudável e feliz, pois sustentabilidade tem a ver com a relação de bem estar com nos mesmos, com os outros e com a natureza. E só podemos ter uma relação harmônica se mudarmos nosso estilo de vida, necessitamos policiarmos quanto as nossas práticas diárias, precisamos produzir e reproduzir com responsabilidade, para não pormos nossa própria vida em perigo, a educação faz a diferença, devemos refletir onde nos encontramos na luta por um mundo sustentável, qual é a nossa postura diante da vida? Como dizia Gandhi, o mundo tem o suficiente para atender as necessidades de todos, mas não para a ganância de cada um. (GADOTTI, 2008, p. 86). Precisamos rever nosso conceito de educação cívica, que está intimamente ligada à Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), como também à educação ambiental, ambas tratam de educação de valores. O conceito de desenvolvimento sustentável está atrelado à questão de bom senso, contudo é demasiadamente complexo e controvertido quando aplicado nas nossas ações diárias, há extrema necessidade de um olhar diferenciado para nossas práticas enquanto autores de nossa própria história. A educação está mais vinculada ao problema do que a solução, tendo em vista as inúmeras crises existentes a partir de um modelo educacional fracassado, pois este surgiu baseado em princípios insustentáveis de desenvolvimento. O desenvolvimento sustentável deve ser entendido a partir de uma visão holística, interdisciplinar, em que na união de nossas ciências surja comprometimento a um modo de vida mais sustentável, mais saudável, em que todos os docentes possam integrar aos seus conteúdos, ações que estejam ligadas a sustentabilidade, da área humana à exata, do ensino primário ao universitário, todos são essências na transformação por uma cultura ética baseada numa educação socioambiental, que nos tragam resultados positivos na luta por um novo mundo sustentável. Gadotti (2008) finaliza afirmando que o planeta Terra é nosso primeiro grande educador. E que devemos educar para termos o nosso lugar registrado no universo, tendo paz e gozando de nossos direitos humanos, afim de uma justiça social com diversidade cultural, contra toda ordem de sexismo e racismo. Educando assim para a consciência planetária.

268 É insuportável vivenciarmos a crise de paradigmas da civilizatórios, arrogantemente antropocêntrico, em que a globalização se sustenta na acumulação de capital cada vez mais insustentável, que resulta na miséria, no analfabetismo, na dominação política e exploração sem limite da economia. Enfim, o planeta passa pela rota do extermínio e nós, como educadores, temos a obrigação de orientar nossos alunos na luta por uma conscientização planetária, a partir de uma formação crítica, não formar apenas para o mercado, para a exploração de capitais e sim para produzir formas cooperativas de produção e reprodução da existência humana, uma educação baseada na autodeterminação, onde possamos re-humanizar a educação, a partir de nós mesmo. Esse livro nos trás boas contribuições acerca de como devemos viver com sustentabilidade, ele nos alerta da importância das nossas práticas para com o nosso planeta. Nós, enquanto educadores, temos o poder de transformação em mãos, é de nossa responsabilidade instigar o aluno a refletir sobre as práticas ambientais a partir de discussões em salas de aula e nos mais diversos meio de comunicação, só assim teremos uma ressignificação positiva quanto ao tão desejado desenvolvimento sustentável. Mestranda em Ciências da Educação - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias/ULHT Professora da Universidade Potiguar/UnP Recebido em 30/10/2010 Aceito para publicação em 30/06/2011 autoras Gilma Iale C. da Cunha Mestranda em Ciências da Educação - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias/ULHT Jhose Iale C. da Cunha