CONTRIBUIÇÕES DO CONHECIMENTO ESCOLAR NA PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE DROGAS NA ADOLESCÊNCIA



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Transcrição:

CONTRIBUIÇÕES DO CONHECIMENTO ESCOLAR NA PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE DROGAS NA ADOLESCÊNCIA 1 Departamento de Ciências da Vida - UNIJUÍ e Professora da Rede Publica Municipalde Ijui, CEP: 98700-000 - Ijuí - Rio Grande do Sul Brasil. vidica.bianchi@ unijui.edu.br 2 Rede Pública Municipal e Estadual - CEP: 98700-000 - Ijuí - Rio Grande do Sul Brasil. 3 Departamento de Ciências da Vida e Mestrado Educação em Ciências UNIJUÍ. CEP: 98700-000 - Ijuí - Rio Grande do Sul Brasil. Palavras-Chave: química, ensino fundamental, aprendizagem. RESUMO: O tema drogas dever ser contemplado no Projeto Político Pedagógico da escola de educação básica para que possa contribuir não só para a formação científica do educando, como também para a prevenção do uso indevido de drogas, em especial o álcool. Abordar este tema de forma interdisciplinar torna mais fácil a compreensão de conceitos científicos. Realizou-se uma pesquisa com os alunos da sétima série do Ensino Fundamental de uma escola Municipal de IJUI/ RS, com o objetivo de analisar as substâncias que afetam o Sistema Nervoso dos Seres Humanos. Neste texto, focalizam-se a análise das respostas de duas questões realizadas no decorrer do trabalho. O estudo dos conceitos de ciências a partir de uma temática relevante socialmente, se constitui em estratégia motivadora para aprendizagem dos conteúdos escolares e para conscientização dos adolescentes sobre esta problemática. Pode despertar para a pesquisa cientifica e estabelecer vínculos entre a teoria e a prática. INTRODUÇÃO Vivencia-se na escola diversas fragilidades: violência, uso abusivo de drogas, dificuldades de aprendizagem, descompromisso das famílias com o acompanhamento da educação das crianças e jovens, entre tantas outras. No que diz respeito a drogas, entendemos que a contemplação deste tema no Projeto Político Pedagógico da escola de educação básica possa contribuir não só para a formação científica do educando, como também para a prevenção do uso indevido de drogas, em especial o álcool. No trabalho interdisciplinar, a construção de conhecimentos científicos se torna mais acessível quando se verifica os conceitos teóricos sendo aplicados na vida prática. Acreditamos que uma proposta curricular que contemple este tema de forma inovadora, fortemente atrelada ao conhecimento científico, pode nos ajudar a prevenir, ou seja, a educação pode ser entendida como ferramenta de prevenção ao uso abusivo de drogas ao mesmo tempo em que media a formação de conceitos científicos. Na medida em que o educador relaciona este fato com a aprendizagem principalmente da morfofisiologia do corpo humano e conceitos de química tais como: substância, funções orgânicas, transformações tornam-se mais significativos

quando abordados de em uma proposta interdisciplinar, contextualizada e engajada com a realidade da comunidade escolar. Embora o tema drogas seja pouco explorando pelos livros didáticos, um estudo sobre os temas que os adolescentes consideraram de maior interesse e que poderiam ser objeto de estudo escolar revelou que a Droga está entre os temas mais frequentes mencionados pelos alunos. Em aproximadamente 60% dos casos, a preocupação maior dos alunos de Ensino Fundamental é com as drogas (SCHWAMBACH; DEL PINO; SCHWAMBACH, 2012). Esta preocupação pode ser atribuída à discussão feita na mídia sobre o tema, mas também às vivências dos estudantes em relação a famílias, vizinhos e colegas. Evidencia-se também a dificuldade que os professores enfrentam em tratar dos conteúdos escolares no contexto desta temática. OBJETIVO Realizou-se uma pesquisa com os alunos da sétima série do Ensino Fundamental de uma escola Municipal de IJUI/ RS, com o objetivo de analisar as substâncias que afetam o Sistema Nervoso dos Seres Humanos. Por meio de palestras esclarecedoras, pesquisas, leitura de textos e seminários sobre o assunto, foram feitas articulações dos conteúdos escolares com a temática das drogas, de modo a significar o conhecimento escolar, trabalhando de forma interdisciplinar. Neste texto, focalizam-se as respostas de duas questões realizadas no decorrer do trabalho. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa qualitativa na modalidade de investigação-ação (BOGDAN; BIKLEN, 1994). Primeiramente, estudou-se com os alunos, através de situações problematizadoras, o sistema nervoso e as substâncias que podem afetá-lo. Para complementar, foram realizadas duas palestras com profissionais externos a escola (um sargento e dois delegados da Polícia Civil). Procedeu-se o estudo com os alunos, através de leituras, sistematizações e confecções de cartazes. Após estas atividades, foi elaborado um questionário que foi submetido aos 19 alunos da sétima série do Ensino Fundamentam de uma escola Municipal de IJUI, RS. As respostas dos alunos analisadas neste texto correspondem às seguintes questões: O que aprendi com esse trabalho? O que você pensa a respeito da forma como o tema foi abordado?

RESULTADOS E DISCUSSÃO Por se tratar de um assunto emergente, de relevância social e de riqueza conceitual, aborda-se em sala de aula a temática sobre o uso abusivo de drogas. O propósito é compreender conceitos específicos de ciências articulados com outras disciplinas que constituem o currículo escolar focado num problema enfrentado por muitos jovens. Essa temática atual, na qual tem se envolvido um grande número de adolescentes em idade escolar, amplia o compromisso em estimular, nos estudantes, a capacidade de argumentar, relacionar e fazer opções conscientes frente aos problemas acarretados pelo uso abusivo de drogas (BOFF, 2011). Ao analisar as resposta dos alunos, percebe-se que a maioria relaciona as drogas como algo que afeta a saúde. As respostas dos alunos sobre a questão o que aprendi com esse trabalho são expressas a seguir: O total de 26 respostas analisadas, destas (50%) apontam que as drogas são muito prejudiciais a saúde e afetam o Sistema Nervoso. Em 15%, as substâncias sintéticas ficam armazenadas no fígado, 11% dizem: aprendi sobre o que pode acontecer com quem trafica, 7% expressa que existem diversas drogas como Crack, maconha, oxi, 7% afirmam que drogas não se deve colocar nunca na sua vida, só se quiser destruir sua vida e a de seus familiares 7% expressam ter aprendido sobre a origem das drogas e como identificar um usuário, 4% chamam atenção para o dado de que as drogas causam dependência, 4% salientam aprendi que precisa ser muito idiota para a pessoa se drogar porque se drogar é pedir para morrer e 4% diz ter aprendido que drogas causam problema irreversíveis e que todas as drogas são retiradas de substâncias naturais e modificadas em laboratório. As respostas da primeira pergunta mostram que os alunos foram capazes de reconhecer que as Drogas são substâncias capazes de modificar o funcionamento do organismo vivo, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento e por isso causam danos à saúde (BOFF, 2011). O debate sobre as percepções e sentimentos dos estudantes tornou-se um argumento importante para dar continuidade ao desenvolvimento dos conteúdos de ciências no contexto da temática, pois suas manifestações indicam a riqueza desta forma de trabalho. Quanto aos professores, ainda existiam dúvidas em relação ao melhor modo de desenvolver os temas transversais (BRASIL, 1998), como no caso das drogas, porém as respostas dadas pelos alunos mostraram que esta forma de ensino possibilita maior envolvimento deles com os conhecimentos trabalhados pela escola, maior interesse pelos conteúdos e consequentemente maior aprendizagem. Ao propiciar a realização de trabalhos que estima a eles terem vez e voz (MORAES, 2004), ampliando seus conhecimentos a partir daquilo que já sabem neste caso, com foco de estudo no uso abusivo de drogas e seus efeitos no organismo humano contribui-se tanto na aprendizagem quando na prevenção.

Seguindo os fundamentos de educar pela pesquisa em que a primazia é a constituição de sujeitos críticos capazes de criar, inventar e transformar as realidades vividas, os alunos foram motivados a expressar-se e defender seus pontos de vista. Isso significa trazer para discussão questões importantes para que todos possam participar ativamente, perguntando e agitando a curiosidade (DEMO, 1997). A motivação dos alunos sobre esta proposta pode ser identificada pelas respostas deles quando questionados sobre o modo de desenvolver o trabalho sobre as drogas, articuladas aos conteúdos escolares, tais como: O Tema abordado foi bem debatido e esclarecedor de muitas dúvidas, gostei de como ele foi realizado ; foi importante, pois na forma em que foi ensinado e estudado deu para entender o que é a droga e o que ela pode causar em nosso corpo ; acho muito bom pois além de termos interagido nas atividades e aprendermos sobre drogas fazem um bom trabalho além de saber e aprender como as drogas fazem mal as pessoas ; eu achei mais ou menos porque foi mostrado só as substância, como é feita, o efeito isso só ; eu achei muito legal, pois os alunos bem informados, os professores se importam e os palestrantes deram do seu tempo para vir nos alertar, e nada disso foi tempo jogado fora (pelo menos para mim) ; achei interessante por que tiveram vários tipos de explicações e apresentações. Tiveram apresentações de fantoches, slides e cartazes. Também tivemos a participação de professores da escola ; o tema foi abordado de uma maneira muito legal, porque veio pessoas que trabalham com esse assunto e explicaram para nós os problemas que podem causar ; foi abordado de maneira certa, todo mundo se interessou pelo assunto todos apresentaram os trabalhos e os cartazes ; acho muito criativo, muito interessante, eu adorei as palestras os slides e as imagens. E foi também bastante divertido. (Respostas dos alunos envolvidos no processo). Considerando que a droga afeta o jovem em idade escolar trazendo sérios prejuízos para o seu aprendizado, sua vida, sua família e para sociedade em geral, esta temática tem se constituído em um importante instrumento de conscientização e estímulo para os estudantes que vivenciaram essa realidade. Os conceitos trabalhados, ao desenvolver essa temática, tiveram foco no sistema nervoso, sua constituição e em como as drogas (substância químicas) afetam o organismo humano. Por conseguinte, a temática Drogas, quando abordada de forma contextualizada, com vistas a introduzir o ensino de química a partir da aprendizagem de conceitos inseridos em uma proposta curricular inovadora, pode servir de instrumento problematizador. Porém, transformar a forma tradicional de ensino não é uma tarefa fácil, pois o professor não está preparado para o

enfrentamento de questões reais, cujas respostas para os anseios de seus alunos não estão previamente elaborados. Neste caso especial, drogas é uma temática que representa um grande desafio para os educadores, tanto no sentido de compreensão sobre seus efeitos no ser humano e na sociedade, quanto na preocupação em relação à forma de conduzir a temática com adolescentes. A preocupação geralmente é em trabalhar a temática como algo preventivo e de produção de conhecimentos, e não de punição ou repressão, o que poderia resultar em efeito contrário ao desejado. Assim, visualizam-se os conceitos que são fundamentais nas diversas disciplinas para compreender a temática em estudo. Mas, isso é tarefa que exige do professor a busca de informações, a discussão e o apoio para planejar suas aulas inserindo propostas curriculares inovadoras. A participação efetiva do professor na produção de sua aula se constitui em um processo de questionamento, argumentação e socialização dos resultados da pesquisa (GALIAZZI, 2003). Esse processo, mediado pelo exercício do diálogo oral e da interlocução com diferentes sujeitos auxilia na elaboração e desenvolvimento desta inovação do currículo escolar. As diversas interlocuções podem propiciar a transformação do currículo no espaço real de sala de aula. Embora a palavra droga possa apresentar diversos sentidos, em geral a ênfase é dada para as substâncias ou drogas psicoativas, ou seja, aquelas que modificam o estado de consciência do usuário. O foco nestas substâncias se justifica por afetar grande parte dos jovens em idade escolar, entendendo-se que o conhecimento sobre como a droga atua no organismo humano pode ser um caminho que auxilie os adolescentes na prevenção e também na aprendizagem de conteúdos escolares. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo dos conceitos de ciências a partir de uma temática relevante socialmente, se constitui em estratégia motivadora para aprendizagem dos conteúdos escolares e para conscientização dos adolescentes sobre esta problemática. O uso indevido de drogas tem envolvido um grande número de adolescentes em idade escolar e isso amplia o compromisso em estimular, nos estudantes, a capacidade de argumentar, relacionar e fazer opções conscientes frente aos problemas acarretados pelo uso indevido de drogas. Pelas respostas dos alunos, verifica-se que o desenvolvimento dos conteúdos escolares vinculados a situações reais pode contribuir para prevenção do uso abusivo de drogas. Além disso pode estimular a participação destes alunos na construção de seu próprio conhecimento, articulando teoria e prática, despertando para a pesquisa cientifica e estabelecendo vínculos entre teoria e prática como forma de significar o conhecimento escolar.

REFERÊNCIAS BOFF, Eva Teresinha de O. Processo interativo: uma possibilidade de produção de um currículo integrado e constituição de um docente pesquisador -autor e ator - de seu fazer cotidiano escolar. Tese de doutorado. Porto Alegre-RS: UFRGS, 2011. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/31787 BOGDAN, Robert, C., BIKLEN, Sari Knopp. Investigação Qualitativa em educação. Uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto Editora, 1994. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília DF: MEC/SEF, 1998. DEMO, Pedro. Pesquisa e construção de conhecimentos: metodologia científico no caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,1997. - 125p. GALIAZZI, Maria do Carmo. Educar pela pesquisa. Ambiente de formação de professores deciências. Ijuí: UNIJUI, 2003. MORAES, Roque. Dissoluções e Cristalizações teorização de grupos reflexivos de professores em escolas, in. MORAES, R., MANCUSO, R.(org.) Educação em Ciências: produção de currículos e formação de professores. Ijuí, RS: Editora UNIJUI, 2004. p. 209-236. SCHWAMBACH, Ailim; DEL PINO, José Claudio e SCHWAMBACH Cristin Elise. Avaliação da consciência ambiental de alunos da rede pública estadual: um indicador da qualidade da educação ambiental em São Leopoldo/RS. In: II Seminário Internacional de Educação em Ciências 2012. Rio Grande, RS.