5ª TURMA - PROCESSO TRT/SP Nº 00338006220095020021 RECURSO ORDINÁRIO - 21ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RECORRENTE : FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO RECORRIDO : MARIA NEUZA DOS SANTOS 1. Contra a sentença de fls. 59, complementada pelos embargos de declaração de fls. 104, que julgou PROCEDENTE EM PARTE o pedido, a Reclamada recoe às fls. 109 quanto aos seguintes pontos: preliminar de incompetência; sexta-parte; base de cálculo da sexta-parte; vedação da integração salarial das gratificações, prêmios, incentivos e adicional de insalubridade; contribuições previdenciárias; juros de mora; justiça gratuita. Dispensado de preparo. Contraazões, fls. 136. O Ministério Público deu parecer às fls. 140 no sentido de provimento parcial do recurso. É o relatório. V O T O 2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. 3. Da preliminar de incompetência Por se tratar de pedidos resultantes da relação de trabalho, esta Justiça Laboral tem competência para julgar a presente
demanda, nos termos do inciso I do artigo 114 da Constituição Federal. Rejeito a preliminar. 4. Da sexta-parte e quinquênios A Constituição do Estado de São Paulo, na seção que trata dos Servidores Públicos Civis, define quem é considerado servidor público e transcrevemos o art. 124. Os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, terão regime jurídico único e planos de caeira. Já o Art. 129 da Constituição Estadual que institui a sexta parte e o adicional por tempo de serviço e que integra a mesma seção do art. 124 acima, diz que: Ao servidor público estadual é assegurado o percebimento do adicional por tempo de serviço, concedido no mínimo por qüinqüênio, e vedada a sua limitação, bem como a sextaparte dos vencimentos integrais, concedida aos vinte anos de efetivo exercício, que se incorporarão aos vencimentos para todos os efeitos, observado o disposto no art. 115, XVI, desta Constituição. prevê: Além disso, a Súmula nº 4 do E. TRT da 2ª Região SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SEXTA-PARTE DOS VENCIMENTOS - BENEFÍCIO QUE ABRANGE TODOS OS SERVIDORES E NÃO APENAS OS ESTATUTÁRIOS. (RA nº 02/05 - DJE 25/10/05) O art. 129 da Constituição do Estado de São Paulo, ao fazer referência a Servidor Público Estadual, não distingue o regime jurídico para efeito de aquisição de direito.
5ª TURMA PROCESSO TRT/SP nº 00338006220095020021 Como se vê, a reclamante é servidora da Secretaria da Fazenda, exerce emprego público e possui mais de 20 anos de efetivo exercício. Logo, tem direito à sexta-parte, como bem decidiu o juízo de origem. E quanto à base de cálculo deste benefício, o mesmo art. 129 acima manda pagar a sexta-parte sobre os vencimentos integrais, não excluindo qualquer parcela do que recebe o servidor. A única ressalva é a do inciso o inciso XVI do art. 115 que apenas proíbe a acumulação de acréscimos pecuniários sob mesmo título e fundamento. Portanto, a sexta parte deve ser calculada sobre a remuneração total da autora, menos sobre o adicional por tempo de serviço que tem o mesmo fundamento que a sexta parte, ou seja, o tempo de serviço, porém não configura bis in idem. Mantenho a decisão de origem. 5. Da base de cálculo dos quinquênios Alega a reclamada que a base de cálculo do adicional por tempo de serviço deve ser o salário base da reclamante e não sua remuneração. SDI-1 do C. TST: Adotamos o entendimento da OJ TRANSITÓRIA n.º 60 da salário base. Reformo. Nº 60 ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. BASE DE CÁLCULO. SALÁRIO-BASE. ART. 129 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO (DJ 14.03.2008). O adicional por tempo de serviço quinquênio -, previsto no art. 129 da Constituição do Estado de São Paulo, tem como base de cálculo o vencimento básico do servidor público estadual, ante o disposto no art. 11 da Lei Complementar do Estado de São Paulo nº 713, de 12.04.1993. Desta forma, o adicional incidirá somente sobre o 6. Dos descontos para a previdência. Os descontos previdenciários são devidos por lei
(art. 43 da Lei nº 8.212/91), cabendo a cada parte arcar com sua parcela nos termos do Provimento nº 1/96 da CGJT, art. 218-A da Consolidação dos Provimentos da Coegedoria deste Tribunal e Súmula 368, item III do E. TST. 7. Da coeção monetária A coeção monetária do crédito obreiro deve considerar o índice do dia seguinte ao do último laborado no mês, no que concerne aos salários e de outros títulos pagos juntamente com estes. Acerca das demais verbas, a atualização observará o dia seguinte ao do vencimento respectivo de cada obrigação, nos termos do art. 39 da Lei 8.177/91. 8. Dos juros de mora No caso do Processo do Trabalho, a norma aplicável é a Lei nº 8.177/91, mas quando envolve condenação imposta à Fazenda Pública, a regra é a do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09. Reformo 9. Da justiça gratuita O art. 790, 3º, da CLT faculta aos juízes a concessão deste benefício àqueles que receberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do seu sustento e de sua família. TST: E segundo a Orientação Jurisprudencial nº 331 do E. Justiça Gratuita. Declaração de insuficiência econômica. Mandato. Poderes específicos desnecessários. Desnecessária a outorga de poderes especiais ao patrono da causa para firmar declaração de insuficiência econômica, destinada à concessão dos benefícios da justiça gratuita. (DJ 9.12.2003
5ª TURMA PROCESSO TRT/SP nº 00338006220095020021 Parágrafo único do artigo 168 do Regimento Interno do TST) SDI-1 do C. TST esclarece: Além disso, a Orientação Jurisprudencial nº 269 da Justiça gratuita. Requerimento de isenção de despesas processuais. Momento oportuno. O benefício da justiça gratuita pode ser requerido em qualquer tempo ou grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o requerimento formulado no prazo alusivo ao recurso Neste caso a reclamante declarou seu estado de hipossuficiência econômica (fls. 10) e requereu o benefício às fls. 08. Mantenho. 10. Ante o exposto, ACORDAM os Magistrados da 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: CONHECER DO RECURSO e DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL para determinar que a base de cálculo do adicional por tempo de serviço deve ser o salário base da reclamante e não sua remuneração e com relação aos juros deve ser calculado nos termos do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09. No mais fica mantida a sentença de origem, inclusive, quanto aos valores arbitrados à condenação e custas. JOMAR LUZ DE VASSIMON FREITAS RELATOR