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Transcrição:

Processo nº 200870550025869 Relatora: Juíza Federal Ivanise Corrêa Rodrigues Perotoni Recorrente: Natalício Rodrigues Ribeiro Recorrido: Instituto Nacional do Seguro Social INSS VOTO Dispensado o relatório, nos termos dos artigos 38 e 46, da Lei nº 9.099/95, combinado com o artigo 1º, da Lei nº 10.259/2001. Trata-se de recurso da parte autora contra sentença que julgou improcedente o pedido inicial de concessão de aposentadoria por tempo de serviço/ contribuição, mediante o reconhecimento do exercício de atividade especial, para fins de conversão em tempo de serviço comum, no período de 01/09/1999 a 12/06/2008; bem como julgou o processo extinto sem resolução do mérito, em relação ao pedido de enquadramento como especial do período de 03/04/1995 a 31/08/1999, em razão da ilegitimidade passiva ad causam do INSS (evento 16 SENT1). A parte autora alega, em razões de recurso (evento 20 REC1), que o INSS tem legitimidade também em relação ao pedido de reconhecimento do período de 03/04/1995 a 31/08/1999 como especial, pois o Regime Próprio do Município de Capitão Leônidas Marques foi extinto em 1999 e, após esta data, as contribuições vertidas ao segurado passaram novamente para o Regime Geral de Previdência Social. Postula o reconhecimento da especialidade da atividade laborativa exercida no período de 03/04/1995 a 12/06/2008 e, em consequência, a concessão de benefício de aposentadoria. Preliminar A presente ação foi ajuizada buscando a concessão de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição (NB 146.804.909-4 DIB 12/06/2008), mediante o reconhecimento de tempo de serviço comum no período de 03/04/1995 a 12/06/2008 (evento 1 INIC1). Conforme Certidão de Tempo de Contribuição trazida aos autos, verifica-se que, no período de 03/04/1995 a 31/08/1999, o autor estava vinculado a Regime Próprio de Previdência Social PREVISCAP (evento 1 CERT15 a RSC20).

No caso dos autos, portanto, o pedido de reconhecimento de tempo de serviço especial no período de 03/04/1995 a 31/08/1999 deve ser direcionado ao Município de Capitão Leônidas Marques, uma vez que é o ente responsável pela gestão do regime previdenciário ao qual o trabalhador estava vinculado ao tempo da prestação do serviço. Região: Nesse sentido, é o entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª EMENTA: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO. ATIVIDADE ESPECIAL. REGIME ESTATUTÁRIO. INSS. ILEGITIMIDADE PASSIVA. O INSS é parte ilegítima para figurar no pólo passivo de demanda objetivando o reconhecimento da especialidade de atividade desempenhada por servidor público filiado a regime próprio de previdência (estatutário). (TRF4, AC 2005.70.02.009914-9, Sexta Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, D.E. 25/09/2007). O INSS, portanto, não detém legitimidade passiva para a presente ação no que respeita ao período de 03/04/1995 a 31/08/1999, pois cabe ao ente ao qual o segurado estava vinculado à época da prestação do serviço, o reconhecimento de tempo de serviço como especial. Ausente uma das condições da ação (legitimidade passiva ad causam), o processo deve ser extinto, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 267, inciso VI e 3º, do Código de Processo Civil, em relação ao pedido de reconhecimento da especialidade da atividade exercida no período de 03/04/1995 a 31/08/1999, conforme bem analisado na sentença. Nesse sentido já decidiu esta Turma Regional de Uniformização: EMENTA: REVISÃO DE BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. RECONHECIMENTO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ESPECIAL, PARA FINS DE CONVERSÃO EM TEMPO COMUM. SERVIDOR PÚBLICO VINCULADO A REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. AÇÃO AJUIZADA EM FACE DO INSS. CARÊNCIA DE AÇÃO, POR FALTA DE LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. 1. Tratando-se de pedido de reconhecimento de tempo de serviço especial, exercido na condição de servidor público vinculado a Regime Próprio de Previdência, o INSS não detém legitimidade passiva ad causam. 2. Ausente uma das condições da ação, o processo deve ser extinto sem julgamento do mérito, nos termos do artigo 267, inciso VI e 3º, do Código de Processo Civil. (, IUJEF 2006.70.95.015679-0, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Flávia da Silva Xavier, D.E. 10/09/2008). EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO LABORADO SOB CONDIÇÕES PREJUDICIAIS À SAÚDE OU À INTEGRIDADE FÍSICA. SERVIDOR PÚBLICO. REGIME ESTATUTÁRIO.

ILEGITIMIDADE PASSIVA DO INSS PARA RECONHECER TEMPO ESPECIAL LABORADO EM REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA. CARÊNCIA DA AÇÃO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. 1. Nos casos em que se discute o reconhecimento e a contagem recíproca do tempo de serviço especial, existem duas relações jurídicas a se considerar, cada qual ensejadora de pretensão diversa. A primeira relação existe entre o trabalhador e o ente responsável pelo reconhecimento e certificação da especialidade do tempo de serviço sujeito às condições prejudiciais à sua saúde e sua integridade física, como ocorre, por exemplo, na relação entre o INSS e o segurado que trabalhou sob condições especiais enquanto vinculado ao RGPS. A segunda se forma entre esse mesmo trabalhador e o ente a que dirige o pedido de contagem recíproca/averbação do tempo especial, já reconhecido e certificado pelo ente competente, como ocorre entre o servidor público vinculado a regime previdenciário próprio e o respectivo ente gestor. 2. A legitimidade para o reconhecimento do tempo de serviço especial é do ente ao qual o segurado estava vinculado à época da prestação do serviço e não daquele em que se visa à averbação. 3. Configurada a ilegitimidade do INSS para figurar no pólo passivo da demanda, já que o trabalho supostamente exercido sob condições especiais não ocorreu sob as normas do Regime Geral da Previdência Social, mas sob as regras do Regime Próprio de Previdência dos servidores estatutários do Município de Palmitinho/RS. 4. Ação que deverá ser ajuizada contra o referido município, perante a justiça estadual do Rio Grande do Sul. 5. Ausente uma das condições da ação (legitimidade de parte) deve-se extinguir o processo, sem resolução de mérito, nos termos do artigo 267, VI, do CPC. (, IUJEF 2005.71.95.005625-1, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator Rony Ferreira, D.E. 07/05/2008). Tempo de Serviço Especial A parte autora pretende ainda o reconhecimento da especialidade da atividade desempenhada no período de 01/09/1999 a 12/06/2008. Para comprovar tempo de serviço especial, foi juntado aos autos Perfil Profissiográfico Previdenciário PPP, reportando ao exercício da atividade de Operador de Máquinas, no referido período, junto à Prefeitura Municipal de Capitão Leônidas Marques (evento 1 OUT21 a OUT22). Consta que o segurado trabalha no setor Rodoviário da Prefeitura Municipal, com Máquina Pesada, trator de esteira. Executa serviços de terraplanagem, abertura e readequação de estradas, escavação para abertura de tanque de peixe, curva de nível, enleiramento de pedras, destoca e sistematização de terreno e que havia exposição a ruído de 99,8 decibéis. Na recorrida decisão, foi indeferido o reconhecimento do período de 01/09/1999 a 12/06/2008 como especial, pelas seguintes razões: II.5. No caso concreto, o ponto controvertido é o exercício de atividades em condições especiais no período de 01/09/1999 a 12/06/2008.

Conforme consta na Certidão de Tempo de Serviço expedida pela Prefeitura Municipal de Capitão Leônidas Marques, neste período o autor exerceu a atividade de operador de máquinas. Já no Perfil Profissiográfico Previdenciário PPP está descrito que o demandante estava exposto ao agente nocivo ruídos de 99,8 db. Não há laudo técnico. A atividade exercida pelo autor (operador de máquinas) não está elencada pelos anexos dos Decretos nºs 53.831/1964, 83.080/1979 ou 3.048/1999 dentre aquelas sujeitas a condições especiais. Com relação à caracterização da exposição ao agente nocivo ruído, há que haver a prova da efetiva exposição, de modo habitual e permanente, em níveis superiores aos limites estabelecidos pelas normas aplicáveis à respectiva época. Faz-se necessária a elaboração de laudo técnico pericial para a medição de seus níveis, sem o qual não é possível caracterizar-se a atividade especial. No caso dos autos, inexiste laudo pericial, o que torna impossível a caracterização da atividade como especial com relação à exposição a esse agente nocivo. Diante do exposto, não reconheço o tempo de serviço urbano especial requerido pela parte autora (evento 16 SENT1 destaquei). De fato, conforme bem analisado na sentença, tratando-se de tempo de serviço exercido após a vigência do Decreto nº 2.172/97, a comprovação da especialidade da atividade desempenhada exige laudo pericial. A Turma Nacional de Uniformização, no entanto, firmou o entendimento de que, a partir de 05/03/1997, permanece a necessidade de elaboração do laudo técnico, devidamente assinado pelo profissional competente, e com todas as formalidades legais. (...) esse laudo não mais se faz obrigatório quando do requerimento do reconhecimento do respectivo período trabalhando como especial, desde que, quando desse requerimento, seja apresentado documento emitido com base no próprio laudo, contendo todas as informações necessárias à configuração da especialidade da atividade, conforme ementa a seguir declinada: EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. EXIGIBILIDADE DO LAUDO TÉCNICO. AGENTE AGRESSIVO RUÍDO. APRESENTAÇÃO DO PPP - PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE DE SUPRIMENTO DA AUSÊNCIA DO LAUDO PERICIAL. ORIENTAÇÃO DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS DO INSS. OBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA EFICIÊNCIA. 1. A Instrução Normativa n. 27, de 30/04/08, do INSS, atualmente em vigor, embora padeça de redação confusa, em seu artigo 161, parágrafo 1º, prevê que, quando for apresentado o PPP, que contemple também os períodos laborados até 31/12/03, será dispensada a apresentação do laudo técnico. 2. A própria Administração Pública, consubstanciada na autarquia previdenciária, a partir de 2003, por intermédio de seus atos normativos internos, prevê a desnecessidade de apresentação do laudo técnico, para comprovação da exposição a quaisquer agentes agressivos, inclusive o ruído, desde que seja apresentado o PPP, por considerar que o documento sob exame é emitido com base no próprio laudo técnico, cuja realização continua sendo obrigatória, devendo este último ser apresentado tão-somente em caso de dúvidas a respeito do conteúdo do PPP. 3. O entendimento manifestado nos aludidos atos administrativos emitidos pelo próprio INSS não extrapola a disposição legal, que visa a assegurar a

indispensabilidade da feitura do laudo técnico, principalmente no caso de exposição ao agente agressivo ruído. Ao contrário, permanece a necessidade de elaboração do laudo técnico, devidamente assinado pelo profissional competente, e com todas as formalidades legais. O que foi explicitado e aclarado pelas referidas Instruções Normativas é que esse laudo não mais se faz obrigatório quando do requerimento do reconhecimento do respectivo período trabalhando como especial, desde que, quando desse requerimento, seja apresentado documento emitido com base no próprio laudo, contendo todas as informações necessárias à configuração da especialidade da atividade. Em caso de dúvidas, remanesce à autarquia a possibilidade de exigir do empregador a apresentação do laudo, que deve permanecer à disposição da fiscalização da previdência social. 4. Não é cabível, nessa linha de raciocínio, exigirse, dentro da via judicial, mais do que o próprio administrador, sob pretexto de uma pretensa ilegalidade da Instrução Normativa, que, conforme já dito, não extrapolou o ditame legal, apenas o aclarou e explicitou, dando a ele contornos mais precisos, e em plena consonância com o princípio da eficiência, que deve reger todos os atos da Administração Pública. 5. Incidente de uniformização provido, restabelecendo-se os efeitos da sentença e condenando-se o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% do valor da condenação, nos termos da Súmula 111 do STJ. (TNU, IUJEF 200651630001741, Relator Juiz Federal Otávio Henrique Martins Port, DJ 15/09/2009). Nessas condições, na hipótese dos autos, entendo possível o reconhecimento do período de 01/09/1999 a 12/06/2008 como especial, pois foi trazido aos autos Perfil Profissiográfico Previdenciário PPP, documento que, nos termos do artigo 58, 3º e 5º, da Lei nº 8.213/91, e artigo 68, 2º, do Decreto nº 3.048/99 1, somente pode ser emitido pelo empregador com base em laudo técnico. Assim, comprovado que o segurado estava sujeito a ruído acima do limite de tolerância, é devido o reconhecimento da índole especial da atividade desenvolvida no período de 01/09/1999 a 12/06/2008, mediante a utilização do fator 1,40 (Decreto nº 3.048, artigo 70). Conclusão Em relação à contagem realizada administrativamente pelo INSS, deve-se acrescentar, para fins de aposentadoria, o lapso de tempo de serviço decorrente da conversão, de especial para comum, do período de 01/09/1999 a 12/06/2008. Requisito específico para a concessão de aposentadoria 1 2º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.

A verificação do direito do segurado ao recebimento de aposentadoria por tempo de serviço ou de contribuição deve partir das seguintes balizas: 1) A aposentadoria por tempo de serviço (integral ou proporcional) somente é devida se o segurado não necessitar de período de atividade posterior a 16.12.98, sendo aplicável o art. 52 da Lei 8.213/91. 2) Em havendo contagem de tempo posterior a 16.12.98, somente será possível a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. 3) Cumprida o requisito específico de 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos, se mulher, o segurado faz jus à aposentadoria por tempo de serviço (se não contar tempo posterior a 16.12.98) ou à aposentadoria por tempo de contribuição (caso necessite de tempo posterior a 16.12.98). Se poderia se aposentar por tempo de serviço em 16.12.98, deve-se conceder a aposentadoria mais vantajosa, nos termos do art. 122 da Lei 8.213/91. 4) Cumprido o tempo de contribuição de 35 anos, se homem, e 30 anos, se mulher, não se exige do segurado a idade mínima ou período adicional de contribuição (EC 20/98, art. 9º, caput, e CF/88, art. 201, 7º, I). 5) O segurado filiado ao RGPS antes da publicação da Emenda 20/98 faz jus à aposentadoria por tempo de contribuição proporcional. Seus requisitos cumulativos: I) idade mínima de 53 (homem) e 48 (mulher); II) Soma de 30 anos (homem) e 25 (mulher) com o período adicional de contribuição de 40% do tempo que faltava, na data de publicação da Emenda, para alcançar o tempo mínimo acima referido (EC 20/98, art. 9º, 1º, I). Data de início do benefício Nos termos do art. 49, II, c/c art. 54 da Lei 8.213/91, a aposentadoria é devida desde a data do requerimento administrativo (DER). Correção monetária e juros de mora A conseqüência da concessão de aposentadoria impõe à Administração Previdenciária que pague ao segurado as parcelas devidas desde a data de início do benefício, corrigidas monetariamente pelo IGP-DI desde seu vencimento (Lei nº 9.711/98, art. 10) até 31.12.2003, e pelos mesmos índices que reajustam os benefícios mantidos pelo RGPS a partir de 01.01.2004 (Lei 10.741/03, art. 31), e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês a contar da citação (Súmula 75 do TRF4ª Região), observados a prescrição qüinqüenal (Lei nº 8.213/91, art. 103, parágrafo único) e o limite de competência do Juizado Especial Federal, de sessenta salários mínimos vigentes à época do ajuizamento da ação (art. 3º da Lei nº

10.259/01 e art. 39, da Lei 9.099/95), parâmetro no qual se incluem 12 parcelas vincendas posteriores ao ajuizamento da ação (CPC, artigo 260). De outro lado, porém, o limite de 60 salários mínimos a ser observado não se refere ao valor total da condenação. Assim, eventuais parcelas vencidas no curso do processo, e após o referido limite, devem ser pagas integralmente, observada a norma do artigo 17, 3º e 4º, da Lei nº 10.259/01. No que se refere às alterações do índice de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora incidentes sobre as condenações impostas à Fazenda Pública, conforme restou decidido na sessão de 19/03/2010 da TRU da 4ª Região (IUJEF 0007708-62.2004.404.7195, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora p/ Acórdão Luciane Merlin Clève Kravetz, D.E. 12/05/2010), a partir da vigência da Lei n.º 11.960/2009, que alterou o artigo 1.º-F da Lei n.º 9.494/97, para fins de atualização monetária e juros haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Corolário do reconhecimento judicial de tempo de contribuição Uma vez reconhecido o direito do segurado ao acréscimo na contagem de tempo de contribuição, impõe-se ao INSS: a) a averbação de tal período de tempo de contribuição; b) desde que alcançado o requisito específico (v. item supra), a concessão de aposentadoria com estrita observância à norma contida no art. 122 da Lei 8.213/91, no prazo de 30 dias a contar da intimação do trânsito em julgado. Ante o exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA, para reformar a sentença, nos termos da fundamentação. Sem honorários (Lei 9.099/95, art. 55, 2ª parte). Tenho por prequestionados os dispositivos constitucionais e legais mencionados nas razões/contra-razões de recurso, uma vez que a Turma Recursal não fica obrigada a examinar todos os artigos de lei invocados, desde que decida a matéria questionada sob fundamento suficiente para sustentar a manifestação jurisdicional. Curitiba, 22 de fevereiro de 2011. IVANISE CORRÊA RODRIGUES PEROTONI JUÍZA FEDERAL RELATORA