NOTA TÉCNICA /2012/OGU/CGU-PR Referência: 99902.000075/2012-36 Assunto: Recurso contra decisão proferida em sede de recurso do Parágrafo único do art.21 do Decreto n o 7.724, de 16 de maio de 2012, referente ao pedido de acesso à informação dirigido à Caixa Econômica Federal, acerca da tabela de valores praticados na avaliação de jóias para penhor. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. Trata-se de recurso interposto com base no art.23 do Decreto n o 7.724, de 16 de maio de 2012, em relação ao pedido de acesso à informação, protocolizado sob o número 99902.000075/2012-36, pelo senhor Élcio Elbe junto à Caixa Econômica Federal (CEF), em 24 de maio do corrente, pelo qual solicitou a tabela de valores praticados na avaliação de jóias para penhor. 2. Em resposta datada de 05 de junho, a CEF esclareceu que as informações solicitadas são de uso interno e que sua divulgação estaria regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a fim de assegurar sua competitividade e governança corporativa. 3. Em 11 de junho, o Recorrente interpôs recurso com base no art.21 do referido Decreto n o 7.724/2012 argumentando em suma que a CEF não possui empresas concorrentes nesse seguimento, logo não há de se falar em competição. 4. No mesmo dia, 11 de junho, a CEF respondeu ao recurso interposto repetindo os argumentos iniciais, ou seja, de que esse tipo de
informação é de uso interno e estratégico e que sua divulgação poderia comprometer a competitividade da empresa. 5. Em 21 de junho, o Recorrente interpôs recurso com base no Parágrafo único do art.21 do Decreto n o 7.724/2012 no qual foi juntado esclarecimento da CVM, obtido por meio do pedido de acesso à informação NUP 12632.000010/2012-30, de que as atividades de penhor exercidas pela Caixa Econômica Federal, todavia, não estão sob a competência desta CVM e que, portanto, a negação em fornecer a informação solicitada não se sustenta. 6. Em 26 de junho, em resposta ao recurso, a CEF informou, sem tecer considerações a respeito da informação prestada pela CVM, que: As tabelas de avaliações de garantias do Penhor são instrumentos desenvolvidos pela CAIXA para atribuir valor às jóias dentro dos parâmetros aceitáveis de mercado, portanto, inerentes ao exercício de sua atividade-fim. Dessa forma ainda que se possa dizer que é exercida sob o regime de monopólio, encontra-se sob a proteção do sigilo bancário e de mercado, nos termos do inciso I, do art. 6º do Decreto nº 7.724/2012. 7. Em 03 de julho, o Recorrente interpôs recurso com base no art.23 do citado Decreto n o 7.724/2012 perante a CGU, registrado como novo pedido de acesso à informação de NUP 00075.000412/2012-18, solicitando o atendimento do pedido inicial de acesso à informação. 8. Em 17 de julho, visando à obtenção de esclarecimentos adicionais foi encaminhado o Ofício 20101/2012/OGU/CGU-PR pelo qual foi requerido à CEF que indicasse a legislação específica que garante o sigilo, de qualquer natureza, quanto às tabelas de avaliações de garantias, conforme havia sido
mencionado pela CEF no exame do recurso do Parágrafo único do art.21 do citado Decreto n o 7.724/2012. 9. Em resposta ao expediente acima, em 31 de julho a CEF encaminhou à CGU o Ofício n o 289/2012/CAIXA, assinalando que as informações solicitadas pelo Recorrente encontram-se sob a proteção do sigilo comercial e segredo industrial, com base no disposto na Lei n o 12.527/2011 e no Decreto n o 7.724/2012. 10. É o breve relatório. ANÁLISE 11. Primeiramente, deve ser ressaltado que o recurso interposto é tempestivo, pois foi impetrado dentro do prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do referido Decreto nº 7.724/2012, dado que a decisão do recurso com base no Parágrafo único do art. 21 do citado Decreto foi expedida em 11/06/2012 e o requerente impetrou o presente recurso na data de 21/06/2012, estando assim satisfeita a exigência da norma. 12. Registre-se ademais que nas respostas oferecidas pela CEF, no âmbito dos recursos interpostos, não houve a identificação da autoridade responsável, conforme preconiza os arts. 19 e 21 do mencionado Decreto n o 7.724/2012. 13. Isso posto, cabe assinalar que o controverso 1º do art.5º do citado Decreto n o 7.724/2012, que regulamenta a Lei de Acesso à Informação, tem sido evocado indiscriminadamente em alguns casos como motivo para se negar o acesso a informações, alegando-se nesse sentido que a competitividade e a governança corporativa poderiam ser prejudicadas.
14. Adicionalmente, a negativa de acesso a informações também tem se escorado na interpretação de que a divulgação de informações estaria vinculada às normas pertinentes aprovadas pela CVM. 15. Nesse contexto, o esclarecimento prestado pela própria CVM, destaque-se, obtido pelo Recorrente por meio de outro pedido de acesso à informação, de que as atividades de penhor exercidas pela CEF não estão sob a sua competência, inclusive declarando que a negação pela CEF em fornecer a informação solicitada não se sustenta, praticamente dirimiu as dúvidas sobre o mérito do recurso em exame. 16. Soma-se a isso o próprio reconhecimento da CEF, confrontada em última instância pelo esclarecimento CVM, de que exerce em regime de monopólio a atividade de concessão de empréstimo por meio de penhor, fato que afasta de modo categórico a tese de que poderia haver risco à sua competitividade. 17. Questionada pela CGU quanto à existência de eventual legislação específica que assegurasse o sigilo da informação requerida, a CEF resumiuse a citar a própria Lei de Acesso à Informação e o Decreto n o 7.724/2012, o que de modo algum seria o caso uma vez que a informação requerida não se enquadraria nas hipóteses de sigilo previstas no art.25 do citado Decreto n o 7.724/2012. 18. Em suma, propõe-se o provimento do recurso interposto com base nas seguintes razões: - A CEF exercer em regime de monopólio a atividade de concessão de empréstimo por meio de penhor e, portanto, não subsistir a argumentação de que a sua competitividade poderia ser ameaçada (parágrafos 6 e 16);
- O esclarecimento da CVM de que as atividades de penhor não estão sob a sua competência de fiscalização e regulamentação (parágrafos 5 e 15); e - A CEF não ter apontado a existência de legislação específica que assegurasse o sigilo das informações requeridas (parágrafos 8, 9 e 17). CONCLUSÃO 19. Ante o exposto, em razão da insubsistência dos argumentos apresentados pela CEF, recomenda-se o conhecimento e DEFERIMENTO do recurso interposto no sentido de que a CEF forneça ao Recorrente a tabela relativa aos valores praticados na avaliação de jóias para penhor (ouro, diamante, platina, gemas coloridas, dentre outras). Brasília, 03 de agosto de 2012. WAGNER ANIBAL DE OLIVEIRA EPPGG
Folha de Assinaturas Documento: INFORMAÇÃO nº 1582 de 04/10/2012 Referência: PROCESSO nº 99902.000075/2012-36 Assunto: Análise de recurso de 3a instância. Signatário(s): WAGNER ANIBAL DE OLIVEIRA EPPGG Assinado Digitalmente em 04/10/2012 Relação de Despachos: Aprovo integralmente a Nota Técnica em questão, nos termos da qual o Exmo. Sr. Ministro Chefe desta, Dr. Jorge Hage Sobrinho, deu fundamento e motivação à sua decisão. Desta forma, considerando que o recorrente teve ciência da mencionada decisão no prazo legal (sem qualquer prejuízo das garantias fixadas na Lei nº 12.527/11), ficam convalidados todos os atos praticados no curso deste procedimento cujas datas de registro eletrônico não correspondam às de sua real produção. JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral da União Assinado Digitalmente em 04/10/2012 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 8f73307_8cf7077c1dddc1e