O TEATRO CIENTÍFICO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE QUÍMICA: EXPERIÊNCIA DO GRUPO «QUÍMICA EM CENA»



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Transcrição:

IX CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE INVESTIGACIÓN EN DIDÁCTICA DE LAS CIENCIAS Girona, 9-12 de septiembre de 2013 COMUNICACIÓN O TEATRO CIENTÍFICO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE QUÍMICA: EXPERIÊNCIA DO GRUPO «QUÍMICA EM CENA» Francisco Sousa Júnior UFERSA Fabiana Silva R. G UTFPR Luiz Di Souza, Otom Oliveira A., Graziele MalcherG. T. UERN RESUMO: Melhorar a educação é o discurso que mais se ouve em fóruns de discussão que refletem sobre a qualidade de vida das pessoas. No centro deste debate está a preocupação com a formação dos professores que se limitam a tentar transmitir conteúdos, mostrando-se, necessária a apresentação de novas metodologias. O teatro apresenta potencialidades, para ser encarado como uma ferramenta inovadora. Nesta perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo analisar a experiência de formação inicial de professores de química através da participação no grupo de teatro «Química em Cena». Para isso utilizou como instrumento de investigação questionários. O teatro apresenta-se como uma metodologia que possibilita um processo diferenciado de aprendizado, desenvolvendo no aluno em formação estratégias para refletir sobre sua futura prática pedagógica. PALAVRAS CHAVE: Teatro; formação de professores, química. OBJETIVO Analisar a experiência de formação inicial de professores de química através da participação no grupo de teatro «Química em Cena», com destaque para construção da identidade profissional. MARCO TEÓRICO As ciências básicas soam como carreiras que não despertam interesses nos jovens por diferentes razões, dentre elas Arroio (2006) cita que o desenvolvimento científico ainda não é visto como um tema nacional como a economia e a política, ou mesmo porque ser professor de Ciências está vinculado à educação, cujos valores e importância para o desenvolvimento e a soberania de uma nação não são priorizados. 3423

Melhorar a educação é o discurso que mais se ouve em todos os fóruns de discussão em que se refletem sobre a qualidade de vida das pessoas nos próximos anos. No centro deste debate está sempre a preocupação com a formação dos professores que se limitam a tentar transmitir conteúdos de química conforme propõem os livros didáticos, onde o nível de aprendizagem exigido é o da memorização (Maldaner, 2006). Na formação de professores mostra-se, assim, necessária a apresentação de novas metodologias didáticas para construção de um professor preocupado com a formação do novo cidadão, em contraste com o velho modelo de ensino voltado para a memorização de conhecimentos (Furió, 1994; Lopes, 1993). Uma proposta que pode contribuir para a mudança desse ensino tradicional e que vem sendo defendida por diversos autores é o uso de atividades lúdicas, pois constitui um recurso pedagógico importante que pode auxiliar na construção de conceitos (Crute, 2000). O uso dessas atividades no ensino de Química é recente no Brasil, apesar de ter sido defendido por teóricos precursores de métodos ativos da educação (Vigotsky, 1984) por considerarem que atividades de expressão lúdico e criativas atraem a atenção dos indivíduos, podendo constituir-se em um mecanismo de potencialização da aprendizagem. Vários autores têm trabalhado com atividades lúdicas e apresentado sua eficiência para despertar o interesse dos alunos pela Química, podendo ser observado o uso de jogos pedagógicos (Russell, 1999; Crute, 2000), de peças teatrais (Sousa Júnior, 2011) e de desenhos (Stofflett, 1996). Paralelamente, a melhoria da qualidade da educação muitas vezes é associada à formação profissional do professor, exigindo-lhe uma série de atuações que impliquem em condições para obtenção dessas melhorias. O certo, é que existe no discurso pedagógico dominante uma hiper-responsabilização dos professores em relação à prática pedagógica e à qualidade do ensino, situação que reflete a realidade de um sistema escolar centrado na figura do professor como condutor visível dos processos institucionalizados de educação (Sacristán, 1999). Um dos temas integrante do debate sobre os fins e as práticas do sistema escolar é a discussão sobre a profissionalidade do professor, segundo Sacristán e Colaboradores (1999): Entende-se por profissionalidade a afirmação do que é específico na ação docente, isto é, o conjunto de comportamentos, conhecimentos, destrezas, atitudes e valores que constituem a especificidade de ser professor. Com base nesta afirmação, a participação de alunos de licenciatura em projetos acadêmicos que desenvolvam as habilidades necessárias para a atuação profissional é de suma importância para a concretização de uma prática pedagógica mais amplificada, permitindo o conhecimento de uma ampla diversidade de metodologias eficazes para a obtenção dos objetivos almejados e de uma formação inicial de qualidade, que reflete, por partes, na melhoria do ensino. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo analisar a experiência de formação inicial de professores de química através da participação no grupo de teatro «Química em Cena», com destaque para construção da identidade profissional. METODOLOGIA Este trabalho está sendo desenvolvido através de um projeto na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Brasil. Os sujeitos envolvidos na pesquisa participam do grupo teatral «Química em Cena», formado atualmente por dezessete alunos do Programa de Educação Tutorial 3424 IX CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE INVESTIGACIÓN EN DIDÁCTICA DE LAS CIENCIAS (2013): 3423-3427

de Química da UFRN. Neste trabalho foram entrevistados 15 alunos que participam do grupo, no período de 2011 a 2012. Os entrevistados responderam a um questionário aberto com três itens. O foco da pesquisa centrou-se em rememorar as experiências que os sujeitos já vivenciaram em relação à linguagem teatral ao longo da participação no grupo, buscando refletir sobre as significações que o teatro representou e representa na sua formação. Neste trabalho serão discutidos os aspectos diagnosticados como mais relevantes nas respostas ao questionário. Para análise das respostas foram utilizados elementos de análise de conteúdo para categorização dos dados, segundo Richardson (1985). RESULTADOS Ao serem inquiridos na primeira (1) pergunta do questionário, sobre os saberes que o Teatro Científico pode proporcionar na sua formação para a docência, treze estudantes manifestaram estar satisfeitos com as habilidades que o teatro está proporcionando. O que fica claro na resposta do estudante E9: E9: Depois que entrei no grupo de teatro melhorei bastante minha autonomia, auto-estima e expressão corporal, além de aprender a corrigir os erros (... ). A grande frequência desta categoria está de acordo com o argumentado por Oliveira (2004), que acredita que quando o professor em formação é motivado durante o processo formativo ele direciona o olhar as representações, imagens e lembranças, criando possibilidades de autonomia frente ao processo educativo, olhando a formação a partir da sua produção e da sua subjetividade. Já em relação ao erro, Lima (1996) afirma que não há que se temerem, mais sim aprender a conviver com eles e a superá-los. Nesse contexto, percebe-se que para os estudantes pesquisados o teatro científico apresenta-se como uma metodologia que possibilita um processo diferenciado de aprendizado, a partir do momento que desenvolve neles em formação caminhos para compreender e lidar com os erros, dando-lhes elementos para refletir sobre sua futura prática pedagógica. Já a segunda questão (2) foi direcionada para sua formação inicial, onde foi perguntado se a participação no grupo contribui de alguma maneira para esse processo. Em caso afirmativo, eles foram convidados a descrever como se deu essa contribuição. Todos os alunos envolvidos na pesquisa afirmam que a participação no grupo contribui para sua formação. Dentre as justificativas destaca-se, a possibilidade de utilizar o teatro como nova abordagem para o ensino de química através da experimentação que é incorporada na apresentação, como se revela na fala do aluno E4: E4: Eu aprendi utilizar experimentos, e com isso a gostar do trabalho em laboratório (...). Fica evidente que a participação no grupo direcionou seus conhecimentos para novos contextos, que desafiadores o fizeram gostar do trabalho em laboratório. Com a participação no grupo, os alunos de licenciatura afirmam também, que o conhecimento científico tornou-se mais atrativo. E13: Os conceitos são apresentados de forma interessante e atrativa, cativando o público» Esses dados vem ao encontro do argumentado por Montenegro e colaboradores (2005), segundo os quais: O teatro tem todas as potencialidades para ser encarnado como um veículo transmissor de aprendizagem. Além disso, o teatro possibilita o desenvolvimento pessoal, permite ampliar o espírito crítico e o exercício da cidadania. IX CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE INVESTIGACIÓN EN DIDÁCTICA DE LAS CIENCIAS (2013): 3423-3427 3425

Quando questionados sobre a importância de trabalhar com teatro científico (questão 3), os entrevistados foram unânimes em destacar, que o texto teatral ajuda a superar a fragmentação de conteúdos escolares. Dizendo: E6: Quando trabalhamos com teatro temos que ter a preocupação de articular e intercalar as várias falas do texto, de forma que, o público possa entender da melhor forma possível o desenrolar da história, e nesse mesmo contexto temos que ter a preocupação com os conteúdos a serem trabalhados na sala de aula, pois ao trabalharmos conteúdos isolados (sem intercalar com os outros) não há uma evolução de conceitos e os conteúdos são apenas passados para os alunos. Sobre essa categoria os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1999), destacam que os conteúdos referem-se à construção ativa de capacidades intelectuais para operar com símbolos, idéias, imagens e representações que permitem organizar a realidade. Com relação aos conteúdos de química no currículo escolar, emergiram no Brasil diferentes propostas, como, por exemplo, de Mol e Colaboradores (2003), Mortimer (2007) entre outros. Diante dessas propostas, espera-se que os professores procurem novas abordagens para o tratamento conceitual, e nessa perspectiva, o teatro científico apresenta-se como uma ferramenta com potencialidades para ser encarado como um veículo transmissor de conceitos científicos (Montenegro et al., 2005). Os alunos afirmam também que a participação no grupo de teatro, permite a diversificação de métodos de ensino, através da aplicação de prática experimental de valor educativo real, possibilitando uma discussão teórica-prática, transcendendo o fenômeno e os saberes cotidianos do aluno, o que é indispensável para uma maior efetividade no processo de aprendizagem. CONCLUSÕES Os entrevistados revelam que a prática teatral favoreceu o desenvolvimento de habilidades e competências que incidem diretamente sobre a atuação docente como: autonomia, auto-estima, expressão corporal, utilização de experimentos e superação da fragmentação de conteúdos escolares. O ponto mais marcante destacado nos relatos é em relação ao desenvolvimento profissional, onde eles destacam a obtenção das habilidades de fala e expressões corporais. Assim, acredita-se que práticas como essa deveriam constar nos currículos para que se pudesse proporcionar ao futuro professor o desenvolvimento de capacidades que não são trabalhadas nas disciplinas e atividades hoje constantes nos currículos dos licenciandos de ciências naturais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Arroio, A. (2006). Show da química: motivando o interesse científico. Química Nova, 29 (1), pp. 173-178. Brasil. (1999). Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: novo ensino médio. Brasília: MEC. Crute, T. D. (2000). Classroom nomenclature games bingo. Journal of Chemical Education, 77 (4), pp. 472 481. Furió, C.J. (1994). Tendencias actuales em la formación del professorado de ciencias. Enseñaza De Las ciencias, 12 (2),pp. 188-199. Sacristán, J. G. (1999). Consciência e ação sobre a prática como libertação profissional dos professores. Portugal: Porto editora. 3426 IX CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE INVESTIGACIÓN EN DIDÁCTICA DE LAS CIENCIAS (2013): 3423-3427

Lima, M. E. C. C. (1996) Formação continuada de professores de química. Química Nova na Escola, 4, pp. 12 17. Lopes, A.R.C. (1993). Contribuições de Gaston Bachelard ao ensino de ciências. Enseñanza De Las Ciencias, 11 (3), pp. 324-330. Maldaner, O.A. (2006). A formação inicial e continuada de professores de química. Ijuí: Unijuí. Montinegro, B. et. al. (2005). O papel do teatro na divulgação científica: a experiência da seara da ciência. Química Nova, 4 (57), pp. 31 32. Mol, G. (2003). Química: Livro didático para o ensino médio. São Paulo: Geração. Mortimer, E. F. (2000). A proposta curricular de química para o estado de Minas Gerais: fundamentos e pressupostos. Química Nova, 2 (36), pp. 273 283. Oliveira, V. F. (2004). Imagens de professores. Ijuí: Unijuí. Richardson, R. J. (1985). Pesquisa social, métodos e técnicas. São Paulo: Atlas. Russel, J. V. (1999). Using games to teach chemistry annotated bibliography. Journal of Chemical Education, 76 (4), pp.84 481. Sousa, Junior. (2011). O teatro científico como instrumento mediador da divulgação científica no ensino de química. Seminario Nacional do Ensino Médio, 6 (2), pp. 875 882. Stofflett, T.R. (1996). Metaphor development by secondary teachers enrolled in graduate teacher education. Teaching Teacher Education, 12 (6), pp. 577-589. Vygotsky, Lev. (1984). A formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes. IX CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE INVESTIGACIÓN EN DIDÁCTICA DE LAS CIENCIAS (2013): 3423-3427 3427