Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos



Documentos relacionados
GÊNEROS DISCURSIVOS NO ENSINO DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Conhecendo Ferramentas de Interação

As TICs como aliadas na compreensão das relações entre a Química e a Matemática

AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC S) NO ENSINO SUPERIOR: O CASO DE UM CURSO DE DIREITO EM MINAS GERAIS

A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO: O USO DOS TABLETS NAS ESCOLAS Tulio Cícero Cruz 1 FACED/ UFC/ Faculdade Ratio

Avaliação dos serviços da Biblioteca Central da UEFS: pesquisa de satisfação do usuário

A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE EDUCAÇÃO ADRIANNE HENRIQUES FILIPE MACHADO. Plano de aula. Jovens na criação de blogs.

CRENÇAS DE PROFESSORES E ALUNOS ACERCA DO LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS NO ENSINO FUNDAMENTAL DO 6º AO 9º ANOS DO MUNICÍPIO DE ALTOS PI

OFICINA: POR QUE E COMO UTILIZAR O JORNAL EM SALA DE AULA

O Processo de Ensino-Aprendizagem com o uso de Novas Tecnologias. O uso de Softwares no ensino: Aliado ou Vilão?

A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Silvia Helena Vieira Cruz

GÊNEROS TEXTUAIS: O CARTEIRO CHEGOU

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO

Orientações gerais. Apresentação

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Luciano João de Sousa. Plano de aula

SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS PARA OS 6ºS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: ESPAÇO COMPLEMENTAR DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A INFLUÊNCIA DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA NA PRÁTICA DOCENTE

O ENSINO NUMA ABORDAGEM CTS EM ESCOLA PÚBLICA DE GOIÂNIA

Prêmio Viva Leitura. Categoria Escola Pública. Projeto: Leitura como fonte de conhecimento e prazer

ESCOLA ESTADUAL LUIS VAZ DE CAMÕES EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

PROJETO EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E INTERCULTURAL- ESPANHOL VIA PROJETOS: IMPRESSÕES E PERSPECTIVAS

OS SABERES NECESSÁRIOS PARA ENSINAR MATEMÁTICA UTILIZANDO VÍDEO AULA COMO RECURSO DIDÁTICO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ DALGLISH GOMES ESTRUTURAS CRISTALINAS E MOLECULARES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Cursos Educar [PRODUÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO] Prof. M.Sc. Fábio Figueirôa

PRÁTICAS CURRICULARES MATEMÁTICA

LIVRO DIDÁTICO DE PORTUGUÊS: um estudo das relações entre as questões de interpretação textual e a proposta de ensino-aprendizagem 1

INCLUSÃO NO ENSINO DE FÍSICA: ACÚSTICA PARA SURDOS

Tecnologias Digitais no Ensino da Estatística

INTEGRAR ESCOLA E MATEMÁTICA

AS DROGAS COMO TEMA GERADOR PARA CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

GUIA DO PROFESSOR SHOW DA QUÍMICA

TRABALHANDO AS RELAÇÕES DO TEOREMA DE PITÁGORAS NO SOFTWARE GEOGEBRA. Palavras-chave: Teorema de Pitágoras; Matemática; Geogebra.

Professores Regentes: Angela Aparecida Bernegozze Marlei Aparecida Lazarin Asoni Marlene Antonia de Araujo

Minicurso Possibilidades didáticas da Lousa Eletrônica

EDUCAÇÃO, PEDAGOGOS E PEDAGOGIA questões conceituais. Maria Madselva Ferreira Feiges Profª DEPLAE/EDUCAÇÃO/UFPR

PALAVRAS-CHAVE Formação Continuada. Alfabetização. Professores. Anos Iniciais.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE EDUCAÇÃO PAOLA RATOLA DE AZEVEDO. Plano de aula

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SEED SUPERINTENDÊNCIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUED CURSO DE INTRODUÇÃO A EDUCAÇÃO DIGITAL

A FLUÊNCIA TECNOLÓGICA NA EXECUÇÃO DO PAPEL DE TUTORIA*

Utilizando o Modelo Webquest para a Aprendizagem de Conceitos Químicos Envolvidos na Camada de Ozônio

Gerência de Integração de Tecnologias Educacionais GEIED Departamento de Tecnologia e Desenvolvimento Educacional DETED Secretaria Municipal de

Destaca iniciativa do Ministério da Educação de ampliar o crédito estudantil para o financiamento dos cursos superiores a distância.

Análise de uma situação de aprendizagem baseada nas TIC. Aprendendo a fazer uma caipirinha matadora

Formação Continuada do Professor de Matemática: um caminho possível

Tecnologias Aplicadas ao Ensino Superior Prof. Esp. André Luís Belini

Parcerias Digitais e a formação de professores de Língua Portuguesa: um estudo à luz da Teoria da Atividade. Simone da Costa Lima CPII/UFRJ

O DESAFIO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA MEDIADO PELAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO* Palavras-chave: educação, tecnologia, prática pedagógica, TICs.

Redes de Computadores

Metodologias de Ensino para a Melhoria do Aprendizado

O SOFTWARE R EM AULAS DE MATEMÁTICA

Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências da Saúde Departamento de Saúde Comunitária. Professor: Walfrido Kühl. Svoboda MÉTODOS E MEIOS DE

A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de nove anos

Palavras-chave: PIBID, prática docente, Ciências Biológicas

NOVOS PARADIGMAS DE LEITURA E ESCRITA ATRAVÉS DO LETRAMENTO DIGITAL*

TÍTULO: A ARTE COMO PROCESSO EDUCATIVO: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DO TEATRO NUMA ESCOLA PÚBLICA.

Manual de Boas Práticas no Moodle

Público Alvo: Critérios de admissão para o curso:

Plataforma de elearning. NetForma davinci Web

Universidade de São Paulo. Escola de Comunicação e Artes, ECA-USP

Palavras Chave: Ambientes Virtuais, Conhecimento, Informação

1º Ciclo. Componentes do currículo Áreas disciplinares de frequência obrigatória (a):

Novas tecnologias ao serviço de uma pedagogia por competências. Ana Isabel Gonçalves Eliseu Alves Manuela Mendes Sónia Botelho

CARTILHA COMO RECURSO DIDÁTICO: ABORDAGEM DA QUÍMICA DOS COSMÉTICOS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

REDE INTERNACIONAL VIRTUAL DE EDUCAÇÃO RIVED/MEC

JESUS, DE MIGUEL TORGA, UM RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DOCENTE

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A PRÁTICA DA PESQUISA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DA EXTENSÃO

AULA LEITURA AUDIOVISUAL DEMONSTRAÇÕES GRUPO DE DISCUSSÃO PRATICAR FAZENDO ENSINAR OS OUTROS/USO IMEDIATO

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

COORDENAÇÃO DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES OFICINAS 2015 MATRÍCULAS: DE 25 DE FEVEREIRO A 06 DE MARÇO

Plano de melhoria (2013/14)

GÊNEROS TEXTUAIS E O TRABALHO COM OS TEMAS TRANSVERSAIS

PROCESSO N 553/2008 PROTOCOLO N.º PARECER N.º 786/08 APROVADO EM 05/11/08 INTERESSADO: SENAI NÚCLEO DE ASSESSORIA ÀS EMPRESAS DE CIANORTE

Oficina de Informática e Telemática

LEITURA PRAZEROSA POR MEIO DAS FÁBULAS

PROFESSOR E ALUNO DIFUNDINDO A INFORMÁTICA EM SALA DE AULA

Prof. Dr. Olavo Egídio Alioto

PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS PESQUISADORES DA UEL, NA ÁREA DE AGRONOMIA: TRABALHOS PUBLICADOS EM EVENTOS DE 2004 A 2008.

Aprovação do curso e Autorização da oferta. PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FIC de Língua Portuguesa para Estrangeiros: língua e cultura

METODOLOGIAS CRIATIVAS

Funções Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho Docente, permitindo ao Professor e Escola um ensino de qualidade, evitando

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

O livro Aula Nota 10 e as práticas de sala de aula

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: 2010

PLANO DE AÇÃO - EQUIPE PEDAGÓGICA

Gêneros textuais no ciclo de alfabetização

MANUAL DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA) DA COOEPE Perfil de Aluno

DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

O currículo do Ensino Religioso: formação do ser humano a partir da diversidade cultural

Esta é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo

FORMAÇÃO INICIAL PARA A DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: O QUE PENSAM OS ESTUDANTES

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA CRIANÇAS DE 6 MESES A 2 ANOS DE IDADE

Como produzir conteúdos midiáticos digitais à Educação a Distância na educação superior Engº Doutorando Gilberto Oliani

Caracterização do bairro e da comunidade

CARACTERIZAÇÃO DO GÊNERO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

PROJETO NÚCLEO DE ESTUDOS DE ENSINO DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR

A visita técnica como tempo, espaço e estratégia de aprendizagem em um curso de Turismo

Boas situações de Aprendizagens. Atividades. Livro Didático. Currículo oficial de São Paulo

GESTÃO DO CONHECIMENTO. Profª Carla Hammes

Transcrição:

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E AS TICS 1 Darlan Machado Dorneles (UFAC/CNPq) darlan.ufac@yahoo.com.br Francisca Patrícia Pinto de Magalhães (UFAC/CNPq) pati.magalhaes@hotmail.com Nelson Lina da Silva Júnior (UFAC/CNPq) machadocuiabano@gmail.com Agência financiadora: CNPq. 1. Introdução Vivemos atualmente em uma sociedade da informação ou sociedade do conhecimento, na qual as tecnologias da informação e comunicação (TICs) são uma realidade em nossas vidas. No entanto, cabe aos estabelecimentos de ensino utilizar essas novas ferramentas em atividades e no próprio currículo para que haja melhorias e facilidades no ensino aprendizagem. De acordo com Moran (2004) pode-se afirmar que são múltiplas as possibilidades de utilizar as novas tecnologias a favor da educação, pois, percebe-se um desafio em ensinar e aprender, ou seja, deve-se repensar e refletir sobre as novas possibilidades de utilizar as TICs na educação. Contudo, temos não somente no ensino da disciplina de língua portuguesa mais em diversas outras áreas de conhecimento variadas possibilidades de utilizar as novas tecnologias a favor de um ensino mais eficaz e eficiente, onde o aluno e professor possam aprender e construir o saber de forma mediada e interativa. Assim, com a utilização do computador nas aulas de língua portuguesa há a possiblidade de pro- 1 Texto resultante de trabalho apresentado na VI Jornada Nacional de Linguística e Filologia da Língua Portuguesa, na Universidade Federal do Acre (Rio Branco AC), aos 05/11/2011. Agradecemos o incentivo e a grande colaboração da Prof.ª Dra. Lindinalva Messias do Nascimento Chaves (Orientadora desta pesquisa). Revista Philologus, Ano 17, nº 51, set./dez.2011 Suplemento. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011, p. 136

duzir textos, pesquisar na Internet e ter acesso a dados e informações que sem dúvida alguma trarão discussões e permitirão a aprendizagem e interação na sala de aula. Desta maneira, propomos neste trabalho apresentar algumas discussões e reflexões acerca do ensino de língua portuguesa e as TICs, na qual teceremos ainda algumas considerações sobre a utilização das TICs, a partir de observações feitas em algumas escolas de ensino médio de Rio Branco Acre. 2. O ensino de língua portuguesa e as TICs: algumas discussões e reflexões De acordo com Antunes (2003, p. 21-22) pode-se afirmar que houve mudanças e modificações no ensino de língua portuguesa no decorrer dos últimos anos, na qual basta observar os atuais Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), para confirmarmos que o professor atual deve valorizar e promover a interação e a participação do aluno. Lembrando, que a língua só existe e funciona para que haja interação entre os seres humanos nas mais diversas situações de comunicação. Contudo, sabe-se que estamos vivendo nos últimos anos uma revolução em nossa sociedade, ou seja, as tecnologias da informação e comunicação são uma realidade em nossas vidas, surgindo a partir disso a necessidade de a escola encarar o desafio de utilizar o computador como ferramenta no ensino aprendizagem. Valente (p. 1) afirma que uma das tentativas de se repensar a educação tem sido feita por intermédio da introdução do computador na escola. Dessa maneira, percebe-se que de fato, o ensino deve ser repensado e refletido, pois as TICs são uma possibilidade de mudar a realidade de nosso sistema educacional. Verifica-se que os alunos possuem grandes dificuldades de leitura e escrita e o computador surge como uma forma de incentivar o aluno a desenvolver e praticar de forma diferente e interativa as novas formas de leitura e escrita, isto é, com a utilização desta nova ferramenta o aluno poderá fazer vários tipos de leitura, bem como escrever um e-mail, divulgar textos a partir dos meios oferecidos pela Internet, enfim, desenvolver as habilidades de leitura e escrita. Assim, esse contexto propõe que os estudantes venham se preparar para essa nova exigência de mercado que exige competências e agilidades nos processos de leitura e produção de textos com utilização da Internet para supostas análises referente à língua portuguesa. Mercado (1998, p. 1) afirma que com a inserção do computador na escola um no- Revista Philologus, Ano 17, nº 51, set./dez.2011 Suplemento. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011, p. 137

vo paradigma está surgindo na educação e o papel do professor, frente às novas tecnologias, será diferente. Lendo Lima (2001, p. 11) confirmamos que há necessidade de criar nas escolas ambientes destinados à aprendizagem para que os alunos construam seus conhecimentos de forma interativa e cooperativa, respeitando os estilos individuais de aprendizagem. No entanto, esta autora destaca que para isso é necessário que os professores estejam capacitados, capacitação que deve estar voltada a preparar a sociedade para conviver com a informática, dela participando e sendo, ainda, seu principal agente (LIMA, 2001, p. 11). Ainda de acordo com a autora (2001, p. 12), quanto mais conhecermos e discutirmos os possíveis usos do computador em sala de aula mais descobriremos sobre os reais ganhos e eventuais prejuízos deste instrumento para o ensino. O professor de língua portuguesa (LP) deve utilizar as TICs para melhorar e facilitar suas respectivas aulas, já que estamos diante da revolução do texto digital, na qual através da textualidade digital o computador fornece-nos diversos tipos de textos em variados gêneros e autores. Tais facilidades devem ser utilizadas no ensino da língua, ou seja, o aluno atual possui com as TICs acesso a uma infinidade de textos, informações, notícias, vídeos, dicionários online, e o mais interessante os alunos escrevem para se comunicar com amigos e familiares utilizando as novas tecnologias. No entanto, sempre ouvimos professores reclamarem que os alunos não gostam de ler e nem de escrever, será que isso é verdade? Ou os alunos não gostam de ler e escrever o que a escola legitima ou o que os professores obrigam eles a lerem? Resta pensar e refletir sobre tais questões. Desta maneira, vale afirmar que se deve ter um professor de língua portuguesa (LP) que volte o ensino para a realidade dos alunos, trazendo textos atuais, propostas de produções textuais que reflitam o que está acontecendo fora dos muros da escola e que especificamente saiba orientar os alunos no uso das TICs, ou seja, neste contexto de mudança, precisa saber orientar os educandos sobre onde colher informações, como tratá-las e como utilizá-la (MERCADO, 1998, p. 1). De acordo com Quevedo e Crescitelli (2005, p. 47): O ensino de língua com os recursos tecnológicos depende de que o professor saiba efetivamente usar as ferramentas de modo adequado nos ambientes de aprendizagem de maneira a estimular o trabalho colaborativo, a levar o aluno a compartilhar os saberes individuais, a formular e solucionar questões e a buscar informações contextualizadas às dinâmicas sociais de aprendizagem. (QUEVEDO, CRESCITELLI, 2005, p. 47). Revista Philologus, Ano 17, nº 51, set./dez.2011 Suplemento. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011, p. 138

Assim, percebe-se que há a necessidade de formação dos professores para o uso das TICs na educação, pois é função da escola, hoje, preparar os alunos para pensar, resolver problemas e responder rapidamente às mudanças contínuas (MERCADO, 1998, p. 2). Já os autores Quevedo e Crescitelli (2005, p. 47) apontam que para o ensino de língua, a Internet é uma porta de entrada as inúmeras possibilidades de usos linguísticos, que variam de acordo com os gêneros textuais digitais. A utilização das TICs no ensino de língua portuguesa, sobretudo do computador auxiliará e propiciará aos alunos condições para que aprendam, além da língua, a interagir nas novas comunidades que se formam e, consequentemente, dos novos gêneros textuais digitais que nascem das necessidades da sociedade e como resultado das mudanças de práticas sociais (QUEVEDO, CRESCITELLI, 2005, p. 50). De acordo com Furtado (p. 3-4) a Internet é um excelente instrumento pedagógico a ser utilizando tanto no ensino fundamental como no ensino médio. Esta autora afirma que o professor deve utilizar as TICs em sala de aula, já que a escola deve ser um lugar de aprendizagem, um espaço onde são facultados meios para construir conhecimento, atitudes, valores e adquirir competências. Portanto, são diversas as possibilidades de se utilizar as TICs nas aulas de língua portuguesa, o importante é que o computador deve estar presente nas salas de aula e o professor deve discutir a utilização deste no ensino, lembrando que o computador não é a solução e, sim, uma possibilidade de melhoria. Enfim, percebe-se a importância de se investir na formação dos docentes, não só investindo na aquisição de conhecimento mínimo de informática, mas possibilitando a reflexão de modo a garantir a inserção dos computadores no processo de ensino-aprendizagem (LIMA, 2001, p. 35). 3. A utilização das TICs nas escolas: algumas considerações Com o objetivo de discutir e refletir sobre a utilização das TICs no ensino de língua portuguesa, apresentaremos a seguir algumas considerações sobre a utilização das TICs em algumas escolas de ensino médio de Rio Branco Acre. Vale lembrar que tais considerações foram feitas com base em observações no decorrer das investigações e práticas pedagógicas do curso de letras da Universidade Federal do Acre em escolas locais. De modo geral percebemos que: Revista Philologus, Ano 17, nº 51, set./dez.2011 Suplemento. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011, p. 139

Há a necessidade de a escola encarar o desafio de inserir as TICs no ensino sem medo de fracassar; Há a possibilidade dos professores utilizarem as TICs de forma a inovar e melhorar o ensino de língua portuguesa; O professor possui medo do novo, uma vez que sempre esteve acostumado aos métodos de ensino tradicional; Os alunos não enxergam o computador como uma possibilidade de utilizá-lo a favor do ensino; Os professores não estão preparados para utilizarem de forma adequada as TICs no ensino aprendizagem; O professor tem medo e dificuldade ao usar o computador no ensino aprendizagem, por não ter tido é claro uma preparação na universidade quando fazia a graduação; Deve-se investir na formação continuada dos professores; Enfim, deve-se inserir uma disciplina que discuta e traga reflexões sobre a utilização das TICs nos cursos de licenciatura das universidades do Estado do Acre; Portanto, não está havendo, efetivamente, a utilização das tecnologias da informação e da comunicação nas salas de aula observadas e sequer uma reflexão, por parte das escolas, no que tange ao ensino da língua portuguesa em face a esse novo contexto. 4. Considerações finais De maneira geral, percebe-se que há a necessidade de uma melhor formação para os professores, pois a partir das observações, percebese que não está havendo, efetivamente, a utilização das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) nas salas de aulas observadas e sequer uma reflexão, por parte das escolas, no que se refere ao ensino da língua portuguesa frente a esse novo contexto. Tal fato é preocupante, já que como aponta Valente, estamos vivendo em uma sociedade em que o conhecimento e os respectivos processos de aquisições deste conhecimento estão em destaque, o que exige do professor ser um profissional crítico, reflexivo e criativo. Por isso como afirma Mercado (1998), a formação de professores em novas tecnologias permite que cada profes- Revista Philologus, Ano 17, nº 51, set./dez.2011 Suplemento. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011, p. 140

sor perceba, desde sua própria realidade, interesses e expectativas, como as tecnologias podem ser útil a ele. (MERCADO, 1998, p. 10). Desta forma, pode-se afirmar o professor deve utilizar de forma adequada o computador no ensino de língua portuguesa (LP), isto é, deve-se ter um professor que esteja preparado para a utilização das TICs a favor da educação. Portanto, para que tenhamos um ensino mais eficaz, urge investir na formação dos professores de modo a garantir a utilização do computador como uma ferramenta a favor da educação. Enfim, dando prioridade à formação de professores, estaremos proporcionando conhecimentos que trarão sem dúvida alguma um ensino mais eficiente, eficaz e reflexivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Irandé. Aulas de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003. FURTADO, Cassia. A Internet como fonte de pesquisa para o ensino fundamental e médio. Disponível em: <http://dici.ibict.br/archive/00000692/01/t033.pdf>. Acesso em: 27 set. 2011. LIMA, Patrícia Rosa Traple. Novas tecnologias de informação e comunicação e a formação dos professores nos cursos de licenciatura do Estado de Santa Catarina. Dissertação de mestrado. Florianópolis, 2001. Disponível em: <http://www.inf.ufsc.br/~edla/orientacoes/patricia.pdf>. Acesso em: 27 set. 2011. MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Formação docente e novas tecnologias. IV Congresso Iberoamericano de Informática na Educação, Brasília, Distrito Federal, 1998. Disponível em: <http://www.cedu.ufal.br/projetos/internet/brasiliadef.htm>. Acesso em: 27 set. 2011. QUEVEDO, Angelita Gouveia; CRESCITELLI, Mercedes Fática de Canha. Recursos tecnológicos e ensino de língua materna e estrangeira (a distância ou semipresencial). Disponível em: <http://www.fflch.usp.br/dlcv/lport/linhadagua/images/arquivos/ld/18/q uevedo2005.pdf>. Acesso 27 set. 2011. SANTOS, Liliane; SIMÕES, Darcilia (Orgs.). Ensino de português e novas tecnologias: Coletânea de textos apresentados no I Simpósio Mundial Revista Philologus, Ano 17, nº 51, set./dez.2011 Suplemento. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011, p. 141

de Estudos de Língua Portuguesa (SIMELP). Rio de Janeiro: Dialogarts, 2009. Disponível em: <www.dialogarts.uerj.br/arquivos/livro_simelp_1.pdf> Acesso em: 27 set. 2011. VALENTE, José Armando. O computador auxiliando o processo de mudança na escola. Disponível em: <www.nte-jgs.rct-sc.br/valente.htm>. Acesso 27 set. 2011. Agência financiadora: CNPq. Revista Philologus, Ano 17, nº 51, set./dez.2011 Suplemento. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011, p. 142