Curso Avançado de Especialização em Regulamentação de Telecomunicações Embaixador Ronaldo Mota Sardenberg, Presidente da Agência Nacional de Telecomunicações. Brasília, 17 de agosto de 2009 Senhoras e Senhores. A realização deste Curso Avançado de Especialização em Regulamentação de Telecomunicações, que guarda algumas características inéditas em relação aos cursos anteriores, representa outro passo da Anatel no cumprimento de sua competência de regulamentar o mercado brasileiro de telecomunicações e no seu esforço de capacitação avançada. Este evento, realizado em parceria com a União Internacional de Telecomunicações UIT, com a Fundação do Instituto Nacional de Telecomunicações Finatel, constitui, portanto, motivo de satisfação para a Agência. Ao registrar o importante aporte dessas instituições, desejo salientar outros motivos de satisfação com a realização deste evento. É gratificante perceber que o alcance e os benefícios deste curso de pós-graduação ultrapassam os limites da Anatel. É inédito que 70 servidores da Anatel, presentemente lotados em nossos escritórios regionais e unidades operacionais em todo o País, participam do curso e ocupam mais de um terço das 200 vagas reservadas. Temos também a alegria de notar o fato de os servidores da Agência compartilharem espaço com profissionais com atividades vinculadas à regulamentação em telecomunicações no Ministério das Comunicações, no Senado Federal, na Câmara dos Deputados e na Procuradoria Federal Especializada junto à Anatel.
Desejaria igualmente manifestar meu reconhecimento aos servidores da Agência e da UIT que contribuíram para a organização do curso e de sua importante temática. O curso que as senhoras e os senhores hoje iniciam foi estruturado no sentido do aprimoramento profissional dos reguladores dos serviços de telecomunicações. Tenho certeza, por isso, que ao término deste caminho, em dezembro de 2010, o curso lhes terá proporcionado conhecimentos não apenas relacionados com o Brasil, mas também com outros países. A experiência do Brasil é uma ilustração expressiva das amplas e profundas transformações experimentadas pelo setor de telecomunicações na última década. Pode-se afirmar que o país tem, hoje, nas telecomunicações, um modelo moderno e exemplar que estimula avanços nos campos tecnológico, da competição, da universalização e da qualidade. Muitas e cruciais necessidades brasileiras no setor das telecomunicações foram atendidas e o modelo caminha para a consolidação, sinalizada por resultados altamente positivos. A Anatel foi criada para construir o marco regulatório e viabilizar esse modelo. Graças a esse esforço, podemos afirmar que a Agência foi capaz, até aqui, de dar respostas às demandas provocadas pelos avanços tecnológicos e pelos imperativos de ordem econômica e social. Apesar desse desempenho positivo, a Anatel não se acomodou. Permanece atenta ao dinamismo do setor de telecomunicações, de olhos abertos para a necessidade de a regulamentação acompanhar os avanços tecnológicos, assim como as crescentes demandas sociais em termos de qualidade e preços dos serviços que lhe são oferecidos. Tais avanços demandam aprimoramento
regulamentar e, não raro, antecipação em relação a novas tecnologias, para que o País não perca o compasso da evolução tecnológica internacional. Assim é que estamos, neste momento, conduzindo expressivos esforços em iniciativas como: a revisão dos contratos de concessão e com ela as revisões do Plano Geral de Metas de Universalização e o Plano Geral de Metas de Qualidade do STFC; a deliberação sobre os novos regulamentos de sanções e de fiscalização; após a licitação do 3,5GHz, em 2008, teremos em breve as licitações das faixas de radiofreqüência de 2,5 GHz, e de 450 MHz; a contratação de consultoria para auxiliar a Anatel na implementação do modelo de custos; e a 2 a edição da pesquisa de satisfação dos usuários do SMP, STFC e SCM. Este curso de pós-graduação é um dos exemplos da atenção que as questões regulatórias vêm merecendo por parte da Anatel, em anos recentes. Ilustra como a Agência está empenhada em se preparar para o futuro com postura e visão estratégica e prospectiva no campo da regulamentação. Outro aspecto significativo desse propósito, como certamente têm na memória os participantes brasileiros que aqui se encontram, está no Plano Geral de Atualização da Regulamentação o PGR, lançado em outubro de 2008. Com esse Plano, pela primeira vez a Anatel elaborou, discutiu com a sociedade e iniciou imediatamente a implementação de um planejamento regulatório estratégico.
Damos, assim, ênfase à máxima que vimos pregando desde o início de minha gestão: planejar para que as telecomunicações sejam causa do desenvolvimento do país e não um gargalo, como foi no passado. Desejo salientar que o PGR de que muito ouvirão falar neste curso e cujas metas e ações vêm sendo rigorosamente cumpridas despontou como marco divisor entre a Anatel reativa do passado e a Anatel mais propriamente próativa de agora. Mas isso não é tudo. Nossa busca por aprimoramento tem de ser constante e abrangente, como aponta o esforço que ora iniciamos. Não por outra razão, os organizadores deste curso houveram por bem dividir sua grade temática em quatro módulos. No primeiro, as senhoras e os senhores terão contato com aspectos históricos da tecnologia e da regulamentação; no segundo, com os aspectos mais relevantes da regulamentação do setor de telecomunicações em todo o mundo; no terceiro, com os tópicos significativos para as telecomunicações; e, no quarto módulo, perceberão a preocupação dos organizadores em dar ênfase na administração econômica dos serviços. Aí está, em linhas gerais, nossa preocupação em buscar especialistas estrangeiros para desenvolver o segundo módulo, de perfil internacional. Ao todo, serão onze especialistas, indicados pelos entes reguladores de países como Estados Unidos, França, China, Japão; da Comunidade Européia e da América Latina, que aportarão valiosas experiências ao nosso estoque de conhecimentos. Nós, brasileiros, temos muito a transmitir, mas ainda devemos muito aprender no aprimoramento das tarefas de regulamentar, outorgar e fiscalizar. Por fim, desejo salientar que a Anatel, com a criação do Plano Geral de Atualização da Regulamentação e com a realização de cursos abrangentes como este, dá fortes sinais para a sociedade:
Entende a atual administração da Agência que a abordagem convencional na elaboração de seus atos regulamentares precisa buscar novos parâmetros, que propiciem modernização e transparência. Entende a Agência que a regulamentação do setor de telecomunicações, além de planejada a longo prazo, deve acompanhar a evolução tecnológica, as demandas das vertentes econômica e de infraestrutura, com atenção, porém, aos direitos e anseios da sociedade. Entende ainda que, para estarmos aptos a cumprir nossas responsabilidades constitucionais de regular, outorgar e fiscalizar necessitamos conhecer profundamente os entes regulados e o mercado sobre o qual temos ascendência, cientes e zelosos do papel de Estado que nos atribui a legislação e que é consubstanciado em nossa formação pessoal e profissional. Por isso, caros participantes deste curso, são expectativas da Agência: que a ação regulatória vá além da letra e reflita a realidade brasileira e internacional; que o lastro regulatório das telecomunicações vá além do acompanhamento e se antecipe aos avanços tecnológicos e os impactos socioeconômicos; e que, por intermédio de seus profissionais, integre-se o acervo regulatório como parte do saber nacional e não apenas da agência reguladora das telecomunicações. Desejo a todos uma jornada produtiva. Estou seguro de que estarão adquirindo conhecimentos e uma certificação que certamente valorizará a carreira de cada um, com benefícios para a Anatel, para o setor de telecomunicações, o País e as nações que a nós se juntam nesta empreitada. Muito obrigado.