BRINCANDO COM ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO PIBID Cristiana Mariano 1 Deysiane Pereira Pardin 2 Francis Monteiro da Rocha 3 Larissa Wayhs Trein Montiel 4 Maiara da Rocha Silva 5 Agência de fomento: CAPES Eixo temático 9: Infância e alfabetização Relato de experiência/pôster Resumo: O trabalho apresenta reflexões de práticas sobre alfabetização e letramento por meio das experiências vivenciadas no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) câmpus de Naviraí. Nossa proposta é apresentar um relato das observações na escola parceira com objetivo de apontar elementos que caracterizam o lugar da cultura escrita na sala de aula. Para tal, a metodologia adotada nas ações do grupo refere-se à tentativa de implementar a ludicidade como fonte de trabalho pedagógico, como também a possibilidade de explorar e ampliar os conhecimentos das crianças a partir das atividades propostas. Por fim, realçamos a relevância dessa experiência de iniciação à docência, pois a partir das vivências no contexto escolar aprendemos a dinâmica do magistério, o que possibilita formas de mediação em relação ao ensino da leitura e da escrita. Palavras-chave: Alfabetização e letramento. PIBID. Pedagogia. 1 Acadêmica do 5º Semestre do Curso de Pedagogia da UFMS, Câmpus de Naviraí e Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES. 2 Acadêmica do 5º Semestre do Curso de Pedagogia da UFMS, Câmpus de Naviraí e Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES. 3 Acadêmico do 1º Semestre do Curso de Pedagogia da UFMS, Câmpus de Naviraí e Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES. 4 Professora Assistente e Coordenadora de Área do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES do Curso de Pedagogia da UFMS/Câmpus de Naviraí. 5 Acadêmica do 5º Semestre do Curso de Pedagogia da UFMS, Câmpus de Naviraí e Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES.
2 1. Introdução Sabemos que um dos maiores desafios postos à educação brasileira envolve tanto o processo de formação de professores quanto à relação entre ensino e aprendizagem nas escolas, principalmente, as públicas. Além disso, resultados de estudos e pesquisas (SOARES, 2004; GOULART, 2006) apontam que os níveis de proficiência em leitura e escrita são preocupantes quando testadas as habilidades básicas de alfabetização nos primeiros anos de escolarização. De modo geral, a realidade das escolas aponta para a necessidade de se aprimorar formas de trabalho com a alfabetização numa perspectiva do ler e escrever em um contexto social mais amplo e isso revela a importância da indissocialidade desse processo com o letramento. Partindo deste contexto, o presente trabalho aborda a temática da alfabetização com ênfase nas experiências vivenciadas por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) câmpus de Naviraí. Sendo assim, cabe a ressalva de que esse programa oportuniza aos futuros professores processos de iniciação à docência e, portanto, a compreensão de aspectos da dinâmica do trabalho docente durante a formação inicial, o que pode contribuir para a base reflexiva e para o desenvolvimento profissional. Dessa forma, nosso foco se dá por meio de intervenções pedagógicas em uma turma de 2 ano do Ensino Fundamental, constituída por 31 alunos, integrada a uma escola da rede municipal do município de Naviraí/MS. Para tanto, a atuação no espaço escolar ocorreu a partir das indicações do material organizado pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa 6 (BRASIL, 2014) que ressalta ser necessário refletir sobre os conceitos a serem desenvolvidos em sala de aula. 6 O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental. Maiores informações disponíveis em: http://pacto.mec.gov.br/index.php
3 O momento da intervenção foi de muita apreensão, pois sabíamos que nos seríamos as repensáveis pelo desenvolvimento das atividades naquela semana e as expectativas foram grandes. É importante destacar que esse projeto foi apenas o início de nossas experiências com a docência, muitos outros projetos virão e a cada um deles novos aprendizados serão alcançados com base na colaboração e planejamento coletivo. Sendo assim, foi possível constatar como a participação no PIBID contribui para o processo de formação docente, pois por meio das observações, elaboração do projeto e da intervenção, conhecemos a prática do trabalho do professor dos anos iniciais. O processo de observação foi uma prática muito rica que possibilitou o planejamento do projeto de intervenção, como também uma aproximação com as crianças, conhecer a rotina da sala e verificar quais eram as necessidades dos alunos. Nesse sentido, tendo em vista a importância da alfabetização na perspectiva do letramento, o objetivo geral desse relato de experiência é apresentar a prática de iniciação à docência pautada na ludicidade. Assim, tínhamos no momento da intervenção na sala de aula os seguintes objetivos: Contribuir com a aprendizagem da leitura e da escrita por meio de jogos; Identificar dificuldades das crianças no que se refere ao ato de ler e escrever; Colaborar com o ensino da Língua Portuguesa nos primeiros anos da educação básica. A experiência de intervenção possibilitou relacionar teoria e prática por meio das atividades elaboradas e desenvolvidas atendendo os objetivos propostos. 2. Metodologia O grupo do subprojeto PIBID da UFMS/CPNV é constituído de oito acadêmicas/os, uma professora supervisora e dois professores coordenadores das ações. Desse modo, é importante destacar que as práticas de vivência do
4 programa são relativamente recentes, pois a implementação ocorreu em fevereiro de 2014, por meio da aprovação em Edital nº 61/2013 da Coordenação de Pessoal de Nível Superior CAPES. Para tal, é importante acrescentarmos que o PIBID do curso de Pedagogia ao qual estamos vinculadas/os tem como base atender duas necessidades formativas emergentes, a saber: 1ª) contribuir com a formação docente e; 2ª) auxiliar na melhoria dos índices de avaliação externa em relação à alfabetização, letramento e matemática. As observações em sala de aula no 2 ano do ensino fundamental são realizadas em duplas, geralmente de segunda à quinta-feira, em uma escola da rede municipal de Naviraí, por meio de observações e ações durante as atividades de iniciação à docência tendo em vista o aprimoramento das competências didático-pedagógicas. Cabe esclarecer que a proposta não configura como reforço escolar e sim como uma experiência na formação de futuros professores. Para a realização da intervenção na escola, a metodologia utilizada pautou-se em observações com coparticipação, como também no desenvolvimento de um projeto pedagógico, para tanto, após cinco semanas de trabalho o grupo realizou reuniões e em conjunto foi elaborado a proposta com base nas necessidades formativas das crianças. Vale destacar que ao final de cada dia observado as duplas organizavam um relatório apresentando os aspectos gerais das atividades desenvolvidas com o intuito de contribuir com um planejamento colaborativo para o processo de alfabetização na perspectiva do letramento. Nesse sentido, a partir de nossas reflexões que resultaram na elaboração do projeto pedagógico, as ações de intervenção se realizaram no período de 4 (quatro) dias de aula. Os materiais utilizados foram tanto confeccionados pelo grupo quanto disponibilizados pela escola parceira. Contudo, a essência desses recursos tentou resgatar o papel da cultura da oralidade na sala de aula como sendo um princípio fundamental para práticas de alfabetização na perspectiva lúdica.
5 3. Desenvolvimento O trabalho com a alfabetização durante as ações do grupo PIBID/Pedagogia/UFMS/CPNV dedicou-se ao planejamento coletivo, para tal, as/os acadêmicas/os foram dividas/os em duplas, das quais eram realizados rodízios de duplas em dias alternados. Nessa direção, salienta-se que a intervenção pedagógica ocorreu respeitando a rotina da instituição e as atividades propostas foram: trabalho com leitura e escrita por meio do alfabeto móvel; história sequenciada realizada com base em figuras aleatórias disponibilizadas às crianças; avental da história Menina bonita do laço de fita de Ana Maria Machado e; a exploração da caixa de jogos do Ministério da Educação e Cultura (MEC) disponível no espaço escolar. Alfabeto móvel: no momento da intervenção apresentamos a proposta às crianças, assim cada uma sorteava letras do alfabeto. Na etapa seguinte de acordo com a letra, os alunos socializavam oralmente um nome próprio e uma palavra que começasse a referida letra. De acordo com as palavras mencionadas, uma acadêmica realizava a escrita na lousa, sempre questionando os alunos sobre a forma de escrita, ou seja, nosso papel se constituiu em sermos além de escribas, mediadoras entre a criança e a linguagem oral/escrita, já que a formação das palavras partia delas. Dando sequência na atividade, foi realizada a leitura coletiva para o registro no caderno. Essa atividade se caracteriza pela formação das palavras, em conformidade com Brasil (2012a, p.09) [...] levar a criança a escrever do jeito que acha que é é uma maneira de incentivá-la a buscar estratégias para colocar no papel o que quer informar ao seu leitor. Nessa perspectiva, acreditamos que esse tipo de atividade possibilita estratégias diversificadas de escrita de modo que proporciona ao aluno a correção espontânea dos possíveis erros em uma forma de reflexão sobre a língua. A atividade Rádio PIBID - o canto das músicas infantis: inicialmente partiu-se da ideia de construção de um cartaz no qual constavam músicas
6 infantis. Essa prática foi adota pelo grupo porque diz respeito ao trabalho com a rotina diária da turma já implementada pela professora supervisora. No momento da atividade, os alunos eram questionados sobre quais músicas constavam no cartaz e desejavam cantar, bem como quais outras poderiam fazer parte do repertório musical. O foco foi instigar as crianças do 2º ano a falar, uma vez que na prática alfabetizadora a oralidade exerce um papel fundamental. A partir dos apontamentos de Brasil (2012a), verificamos que há diversas maneiras de explorar a língua, por isso buscamos a música como meio de levar o aluno a tomar contato com novas palavras a fim de ampliar e enriquecer o vocabulário. Ainda nessa perspectiva, Brasil (2012b) ressalta que o lúdico leva a criança a desenvolver habilidades motoras e a expressão corporal, o que reafirma a proposta de trabalho por meio da música. Avaliamos que esse instante da aula foi muito prazeroso tanto para as crianças quanto para nós futuras/os professoras/es. A história sequenciada: consistiu em figuras dos mais variados tipos, espalhadas no centro da sala de aula. Para essa proposta, os alunos formaram um círculo, assim cada um pegava uma figura e dava sequência na narrativa que se iniciou com Era uma vez (...). Os alunos imaginavam a sequência da história e uma acadêmica realizou a escrita, assim ao término, a turma fez a leitura e em conjunto analisou quais adequações seriam necessárias para uma melhor compreensão das informações. A partir do relato dessa atividade, destaca-se que: O processo de análise linguística nos anos iniciais precisa estar voltado para as reflexões acerca da língua e de seu funcionamento e é necessário que seja desenvolvido concomitantemente com a apropriação dos usos e funções sociais dos gêneros textuais, da leitura, da produção de textos e da linguagem oral (BRASIL, 2012a, p.12). Com base nessas considerações, entendemos ser necessário trabalhar a produção de textos a partir do interesse dos alunos e de sua criatividade com o objetivo de levá-los a apropriação da língua e sua função de comunicação na sociedade contemporânea.
7 Contação de história por meio do avental: essa proposta oportunizou o conhecimento da obra de literatura infantil intitulada Menina Bonita do Laço de Fita de Ana Maria Machado. Com isso, no momento da aula foi apresentado para turma o referido avental e questionado se alguém já conhecia a história. Na sequência, foi realizada a contação com apoio das imagens que eram fixadas no avental, foi nítida a participação ativa de todos. Na sequência, as próprias crianças recontaram a história explorando a imaginação, criatividade e a prática da oralidade, essa proposta tornou-se uma brincadeira divertida para a turma. Os dados desse momento da aula nos levam a corroborar Lopes et. al. (2007, p.23) ao afirmarem que [...] com a melodia dos versos, com o acerto das rimas, com o jogo das palavras, criando novas histórias, dramatizando e ilustrando são formas de proporcionar uma aprendizagem significativa. Caixa de jogos do MEC: utilizamos o caça rimas, bingo dos sons iniciais, palavra dentro de palavra, entre outros jogos. Nesse sentido, a proposta foi levar as crianças a identificação dos sons e a compreensão das variadas dinâmicas de formação de palavras, contudo reforça-se a ideia de que [...] o lúdico (...) enquanto promotor da aprendizagem e do desenvolvimento, deve ser considerado como um importante aliado para o ensino (BRASIL, 2012b, p.22). Por fim, realçamos a relevância dessa experiência de iniciação à docência, pois a partir das vivências em sala de aula aprendemos a dinâmica de trabalho docente, o que possibilitou conhecer formas de mediação pedagógica em relação às dificuldades das crianças, bem como as relações entre os conteúdos e o trabalho viabilizado por meio do lúdico. 5. Conclusões Ponderando todo o estudo desenvolvido, foi possível constatar que a participação no PIBID, tem contribuído para o processo de formação docente, pois por meio das observações, da elaboração do projeto e da intervenção, conhecemos a prática do trabalho do professor alfabetizador. O processo de observação foi uma prática muito rica que possibilitou o planejamento do
8 projeto da intervenção, como também uma aproximação com as crianças, conhecer a rotina da sala e verificar quais eram as necessidades da turma. Outro ponto que contribuiu para o enriquecimento desse processo foi a elaboração dos relatórios das duplas de acadêmicas/os, pois assim puderam conhecer de forma mais abrangente todo o processo da observação das demais. Por fim, as expectativas foram muitas e a experiência prática na escola possibilitou uma reflexão e uma aprendizagem gratificante para nossa formação. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela alfabetização na idade certa: Planejamento escolar: alfabetização e ensino da Língua Portuguesa. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Básica, 2012, a.. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela alfabetização na idade certa: Ludicidade na Sala de aula. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Básica, 2012, b.. Ministério da Educação. Edital Nº 001/2011/CAPES: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Disponível em:<http://www.capes.gov.br/images/stories/download/bolsas/edital_001_pibi D_2011.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2012. GOULART, Cecília. Letramento e modos de ser letrado: discutindo a base teórico metodológica de um estudo. Revista Brasileira de Educação. [online]. 2006, vol.11, n.33, pp. 450-460. ISSN 1413-2478. SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação [online]. 2004, n.25, pp. 5-17. ISSN 1413-2478.