ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL n 033.2009.002141-21001 Santa Rita RELATOR: Des. Genésio Gomes Pereira Filho APELANTE: Federal Seguros S/A ADVOGADOS: Rosângela Dias Guerreiro APELADOS: Maria Sueli Roque da Silva e outros ADVOGADOS: Marcos Reis Gandin e outros RECORRENTE: Maria Sueli Roque da Silva e outros ADVOGADOS: Marcos Reis Gandin e outros RECORRIDO: Federal Seguros S/A ADVOGADOS: Rosângela Dias Guerreiro CONSUMIDOR - Apelação Cível e Recurso Adesivo- Ação O rdinária de Indenização Securitária Seguro Habitacional - Sentença que condenou a seguradora ao pagamento da reparação dos danos causados aos imóveis - Preliminares de Ilegitimidade Ativa e Passiva - Rejeição - Prescrição - Inocorrência - Seguro Habitacional - Vícios de Construção - Prova Pericial Favorável --- Dever de Indenizar - Responsabilidade da seguradora - Indenização devida - Sentença mantida - Desprovimento do Recurso. RECURSO ADESIVO- Honorários fixados no percentual de 10% sobre o valor da condenação - Pedido para majoração - Alegação de que os advogados são especializados em seguro habitacional - Causa c;omplexa - Constatação - Majoração para 15% sobre o valor da causa - Provimento do Recurso Adesivo. - "Considerando a explicitação do Acórdão recorrido diante da impossibilidade de ser
detectável de pronto o sinistro, não há como reconhecer a prescrição pleiteada. (...)"(STJ - REsp 1.044.539/SP Terceira Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, Julgamento: 17.03.2009.) - "De todo modo, r.5 orientação pacífica nesta Corte que a seguradora é responsável quando presentes vícios decorrentes da construção, não havendo como se sustentar o entendimento de que assim examinada a questão haveria negativa de vigência do art. 1.460 do antigo Código Civil. (...)" (STJ - REsp 186.571/SC, Quarta Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Julgamento: 06.11.2008.) 010 VISTOS, relatados e discutidos os autos acima identificados: ACORDAM os intew antes da Terceira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade e em harmonia com o parecer da douta Procuradoria de Justiça, em rejeitar as preliminares, desprover apelação e dar provimento ao recurso adesivo, nos termos do voto do Relator e da certidão de julgamento de f1.1168. RELATÓRIO Cuida-se de Ação Ordinária de Indenização Securitária (proc. N 033.2009.002.141-2) ajuizada por Maria Sueli Roque da Silva e outros, em face de Federal Seguros S/A, alegando, em síntese, que são moradores dos Conjuntos Habitacionais Tibiri 11 e 111, cujas casas foram construídas e comercializadas pela CEHAP dentro dos programas habitacionais do Sistema Financeiro de Habitação. Relatam que aderiram à Apólice Habitacional, passando a contar com a denominada cobertura compreensiva especial para risco de danos físicos no imóvel. Aduzem, ainda, que as casas passaram a apresentar diversos problemas estruturais, em decorrência da negligência na fiscalização das construções e não observância das normas técnicas. Buscam o recebimento de indenização securitária, diante da obrigatoriedade do contrato de seguro, no valor necessário para proceder o conserto integral dos imóveis. Juntaram documentos às fls. 38/361. Contestação apresentada às fls. 362/417, com documentos de fls. 418/527. pugnando pelo acolhimento das preliminares de: 1) ilegitimidade passiva e ativa; 2) inépcia da inicial; 3) prescrição; 4) litisconsorte passivo necessário da Caixa Econômica Federal, e pela incompetência absoluta da Justiça Estadual. No mérito, pede pela improcedência de pedido, uma vez que não
ocorreu nenhum dos eventos previstos no item 3.1, das Condições Particulares para os riscos de danos físicos nos imóveis, constantes da Apólice de Seguro Habitacional. 529/568. Impugnação à contestação apresentada às fls. Despacho saneador às fls. 579/583, momento em que foram rejeitadas todas as preliminares, e fixados os pontos controvertidos (a) os danos físicos nos imóveis ensejam o recebimento do seguro?; b) há vícios de construção nos imóveis?). Laudo pericial apresentado às fls. 599/797. Manifestação da parte autora (fls. 812/828) acerca do Laudo Pericial. Autos conclusos, a MM. Juíza julgou procedente o pedido (fls. 831/836), cuja parte final da sentença transcrevo "in verbis": "Isto posto, JULGO PROCEDENTE o pedido para CONDENAR o réu, FEDERAL SEGUROS S/A, apagar aos autores os valores equivalentes aos custos para reparação dos danos nos imóveis identificados na inicial, apurados no laudo pericial, valores estes que deverão ser corrigidos pelo INPC a partir do ajuizarnento da ação e acrescidos de juros de mora de I% ao mês(fir, art. 406 c/c CTN, art. 161) a contar da citação e de multa decendial de 2%, prevista no contrato, respeitado o limite estabelecido pelo art. 920 do Código Civil/16 Condeno, também, o promovido rio pagamento dos honorários do perito, autor do laudo juntado aos autos, que serviu de subsídio para o julgamento final da demanda, no valor sugerido pelo profissional e acolhido pelo juízo. Condeno, ainda, a parte sucumbente no pagamento das custas e honorários advocui hilos, verba esta destinada à remuneração do advogado pelo trabalho desenvolvido no feito resultando disso sua natureza alimentai; pois essa é sua razão de existin que ora fixo de fo,nia justa, em 10% cio valor da condenação. Com efeito, a teor do disposto no art. 20, 2, do CFC computa-se entre as despesas processuais a serem ressarcidas pela parte sucurnbente a rep?uneração do assistente técnico indicado pela parte vencedora. Desta forma, com fulcro na legisla e0 supra e art. 33, do CPC, deve o litigante vencido ressarcir aos autores os honorários do assistente técnico indicado." Foram apresentados embargos de declaração pela promovida às fls. 838/844, aduzindo em síntese que a r. Sentença incorreu em erro material uma vez que determinou que os orçamentos atualizados na data de elaboração dos laudos, fossem acrescidos de juros desde a citação. Aduz ainda que houve omissão por parte da r. Sentença por não ter reconhecido a ausência de vínculo dos embargados com a apólice do seguro. Contrarrazões aos embargos às fls. 847/853. Sentença que rejeitou os embargos nas fls. 854/855. Ato contínuo, a promovida, inconformada com a r. sentença, interpôs recurso apelatório. Aduzindo, preliminar de ilegitimidade ativa e passiva, carência de ação e a prejudicial de prescrição. No mérito, pedindo pela reforma total da sentença (fls. 856/914).
A parte autora também interpôs recurso adesivo às fls. 946/958, requerendo a majoração dos honorário: advocatícios ao patamar de 20% sobre o valor da condenação. apresentadas às fls. 959/1034. 1142/1145. As contrarrazões ao recurso apelatório foram Contrarrazões ao recurso adesivo às fls. Instada a se pronunciar, a douta Procuradoria de Justiça, opinou pelo desprovimento da apelação e pelo provimento do recurso adesivo (fls. 1150/1157). É o relatório. VOTO Prejudiciais de Mérito Ilegitimidade Ativa e Passiva e Litisconsórcio obrigatório com a Caixa Econômica Federal Aproveito a oportunidade para abordar a questão da ilegitimidade tanto ativa quanto passiva levantada peta apelante. Aduz a Seguradora apelante que a responsabilidade pela administração do Fundo de Compensação e Variação Salarial FCVS ficará a cargo da Caixa Econômica Federal e, a gestão do Fundo a cargo da União Federal. Em virtude disto, traz esta prejudicial, sob o argumento de que os autores são partes ilegitimas e que deveria formar litisconsorcio passivo com a Caixa Econômica Federal. Não merece prosperar a tese de ilegitimidade ativa. É fácil perceber, pelas promessas de compra e venda e respectivas cessões, que os autores procederam à aquisição dos imóveis financiados nos moldes do Sistema Financeiro de Habitação, sobre os quais incide obrigatoriamente o seguro, nos termos do art. 20 do Decreto 73/66. Importante consignar, ainda, que o adquirente de imóvel por meio do contrato conhecido como "contrato de gaveta", sub-roga-se aos direitos e obrigações do contratante primitivo, não ocorrendo a ilegitimidade ativa alegada. Registro, ainda, que já foi decidido pela nossa Primeira Câmara Cível que tendo em vista que nenhum dos entes que figuram na relação jurídica discutida (mutuário e seguradora) está entre os elencados no artigo 109, I da C. F., não é possível visualizar a competência da justiça federal para julgar o feito.
Ademais, como a alegação de que os vícios na construção se deram na vigência do contrato de segure, a seguradora que constou na contratação é parte legítima para figurar no pólo passivo da demanda, inexistindo a ilegitimidade passiva. Vejamos o entendimento recente do STJ: "DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. SEGURO HABITACIONAL. VÍCIOS CONSTRUTIVOS. COBERTURA DO SEGURO. SÚMULAS 5 E 7. PRECEDENTES. REVISÃO DE PROVAS E R EINTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL. COMPETÊNCIA. PRONUNCIAMENTO DA JUSTIÇA FEDERAL. NÃO CABIMENTO. DECISÃO CONFORME A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA 83/STJ. 1. "Compete à Justiça Estadual julgar os processos em que a discussão é limitada a vícios de construção cobeilos por contrato de seguro cuja relação jurídica restringe-se ao mutuário e à seguradora e não haja comprometimento dos recursos dos Sistema Financeiro de Habitação." (AgRg no Ag 1176075/PE, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 02/08/2011. DJe 08/08/2011). 2. Indispensável seria, no caso, para acolher a pretensão recursal, o reexame das cláusulas contratuais e das provas dos autos, para concluir que os vícios construlivos não estariam cobertos no contrato de seguro habitacional, procedimento defeso no âmbito de..ta Corte, a teor de seus verbetes sumulares n" 5 e 7. 3. Acórdão proferido em sintonia com o entendimento dominante nesta Corte.. Incidência da Súmula 83/STJ. 4. Agravo regimental não provido, com aplicação de multa." (STJ - AcyRg no Ag 1379755 / SC; Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO; Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA; Data do Julgamento: 17/11/2011;Data da Publicação/Fonte:DJe 25/11/2011) Rejeito as preliminares. Inépcia da Inicial Registro, ainda, que não há que se falar em inépcia da inicial, pois restou atendido os requisitos legais, não havendo, ainda, que
se falar em prescrição, já que é pacífico no STJ que o prazo prescricional se inicia com a ciência do sinistro. Assim,rejeito esta prejudicial. Prescrição. A apelante aduz que 3 sua obrigação de indenizar os apelados está prescrita, sob o fundamento de que o prazo para ingresso com a ação contra a seguradora é de um ano, a contar da data da ciência do fato pelo interessado. Vejamos o entendimento unânime da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para quem, se o exercício do direito de ação que o segurado tem contra a seguradora está subordinado a tal prazo, cada um dos autores, individualmente, é titular de direito à indenização, não obstante a ação ter sido ajuizada coletivamente. /-\ cada um deles, ao tomar ciência da negativa de cobertura, abre-se oportunidade ao ajuizamento da ação. (REsp 364864 / PR). No caso dos autos a recorrente não apresentou nos autos prova da ciência inequívoca dos segurados em relação à negativa de cobertura dos sinistros verificados nos imóveis. É nesse sentido á entcmdimento jurisprudencial: "RECURSOS ESPECIAIS PROCESSUAL CIVIL SEGURO HABITACIONAL OMISSÕES INEXISTÊNCIA PRESCRIÇÃO INOCORRÊNCIA ( II. Considerando a explicitação do Acórdão recorrido diante da impossibilidade de _zer detectável de pronto o sinistro, não há Corno reconhecer a prescrição pleiteada. (...)"(STJ REsp 1.044.539/SP, Terceira Turma, Fel. Min. Sidnei Beneti, Julgamento: 17.03.2009.) Assim, deve ser considerado como termo inicial para a contagem do prazo prescricional o primeiro momento de comprovação da negativa da seguradora em ressarcir os danos, que no caso deve ser considerado o momento da contestação, tendo em vista a ausência nos autos da comprovação de que tenha havido pedido administrativo e que este tenha sido negado, não havendo que se falar em prescrição. Rejeito esta prejudicial. apelados com a apólice. Preliminares de Ausência de Vínculo dos
A alegação de ilegitimidade ativa por falta de comprovação de vínculo contratual com a agravante não há como prosperar, posto que os documentos do Anexo III demonstram que os autores possurin contratos em seus nomes ou são proprietários dos imóveis, como por exemplo observamos às fls. 162, o contrato em nome da autora Claudia Santana Anan ias. E, desta forma, encorfram-se todos os demais contratos e documentos necessários para a comprovação de que os autores possuem contratos com a CEHAP e, consequentemente com a Federpl Seguros, pois ao examinar a clausula quarta, parágrafo primeiro, do referido contrato vê-se claramente que foi efetuado o pagamento de um seguro. Desta forma tornam-se legitimados todos os autores que compõem a inicial, tendo em vista a assinatura do um contrato e, o desconto de um seguro. Neste diapasão, rejeito preliminarmente o pedido que visa a exclusão dos apelados deste processo. DA CARÊNCIA DE AÇÃO A seguradora alega que, diversos autores da ação principal não comprovaram vínculo com a mesma, ou seja, não são contratantes do seguro, em virtude disto deve ser reconhecida a ilegitimidade ativa. No entanto, todos os autores citados, trouxeram documentos que comprovam seu grau de relacionamento com a parte contratante, como por exemplo, a Sr -a Maria Sueli Roque da Silva, que traz às fls. 137 documento hábil para demonstrar que é esposa do SR. Sérgio Luiz Saraiva da Silva, portanto pessoa legitimada para pleitear diretos. Percebe-se, então, que a seguradora apelante levanta as questões de legitimidade ativa sem ao menos examinar os documentos, numa maneira de tentar eximir-se da responsabilidade. Aduz ainda a apelante que alguns apelados( Joselia Fernandes do Nascimento Silva, Reginaldo Venâncio, Roseane Silva, Maria da Luz, Luzia Santos, Maria do Socorro, Maria José, Maria das Neves, lvanildo da Silva e Maria Ana) são parte ilegitima por que não demonstram vinculo contratual com a seguradora, uma vez que assinaram ui-, "Contrato de Gaveta", que não tem validade contra terceiros. Não merece prosperer a tese de ilegitimidade ativa. É fácil perceber, pelas promessas de compra e venda e respectivas cessões, que os autores procederam à aquisição dos imóveis Pnanciados nos moldes do Sistema Financeiro de Habitação, sobre os quais incide obrigatoriamente o seguro, nos termos do art. 20 do Decreto 73/66. Importante consignar, ainda, que o adquirente de imóvel por meio do contrato conhecido como "contrato de gaveta", sub-roga-se aos direitos e obrigações do contratante primitivo, não ocormndo a ilegitimidade ativa alegada.
Continua, a apelante afirmando que vários autores já obtiveram a liberação das hipotecas dos imóveis e da carência de ação em virtude da apelada Maria da Conceição Silva Souza já ter tido seu imóvel quitado em decorrência do sinistro. A alegação de liberação da hipoteca de algum imóvel devido a decorrência de sinistro, não gera qualquer efeito, pois estando vigente o seguro habitacional à época dos sinistros que danificaram os imóveis financiados, vez que o Perito reconheceu a existência de vícios ocultos nos imóveis periciados, a sua posterior quitação não reflete na obrigação ressarcitória da Seguradora, cabendo a esta provar que os sinistros ocorreram após a quitação do contrato, o que não aconteceu. Por todo o exposto, entendo que os autores são parte legitima para mover esta ação, razão pela qual rejeito esta preliminar. Mérito. No mérito, observa-se que a seguradora pretende se esquivar aos reparos no imóvel adquirido pelos autoi es, financiado pelo Sistema Financeiro de Habitação, ao argumento de que os danos aventados seriam decorrentes da ação do tempo, agentes internos e vício de construção, hipótese em que não estariam cobertos pelas disposições do seguro habitacional. SUSEP 111/99 (fl. 116): Reza a cláusula 3a do contrato, da Circular "CLÁUSULA 3a - RISCOS COBERTOS: 3.1 - Estão cobertos por estas Condições todos os riscos que possam afetar o objeto do seguro, ocasionando: incêndio; explosão; desmoronamento total. desmoronamento parcial, assim entendido a destruição ou desabamento de paredes, vigas ou outro elemento estrutural; ameaça de desm-ronamento, devidamente comprovada;
destelhamento; inundação ou alaganiçnto;" 4a: Mais adiante, por outro lado, enuncia a cláusula "CLÁUSULA 4a RISCOS EXCLUÍDOS: 4.1 Estas CondiOes não responderão pelos riscos, prejuízos ou pastos que se verificarem em decorrência, direta cio indireta, de: f) uso e desgaste. 4.2 Entende-se por uso e desgaste os danos verificados exclusivamente em razão do decurso do tempo e da utilização normal da coisa, ainda que cumulativamente. a: a) revestimentos; b) instalações elétricas; c) instalações hidráulicas; d) pintura; e) esquadrias; f) vidros; g) ferragens; h) pisos." Ora, da leitura destas cláusulas depreende-se que os vícios de construção não estão expressamente incluídos nas causas excludentes do dever de indenizar. Razoável, portanto, reconhecer que estão implícitos na cláusula anterior, pois é evidente que eventuais falhas na consecução da obra contribuem para a deterioração anormal dos bens, gerando risco de degradação e desmoronamento, total ou parcial, com o tempo. Ademais, ainda que pairem dúvidas quanto ao enquadramento dos vícios de construção corno causa de indenizar, não se pode olvidar que, quando as cláusulas do contrato de seguro oferecerem a possibilidade
de mais de uma interpretação, deve-se adotar a que vem em benefício do segurado. Diante de tal quadro, basta verificar se os danos aventados pelos requerentes são normais, decorrentes da ação do desgaste pelo tempo, ou se são imputáveis a defeitos capazes de levar à ruína, pelo menos parcial, das obras, hipótese em que exsurge para a seguradora o dever de indenizar. Compulsando a perícia (fl. 599/679) efetuada no processo nota-se que os problemas encontrados nos imóveis vistoriados são decorrentes da própria construção destes, seja pelo uso de materiais inadequados, seja pelo não atendimento às especificações definidas no projeto das unidades habitacionais, não havendo concluído pela má utilização dos referidos imóveis. Tribunal de Justiça: Nesse sentido, pacificamente entende o Superior "RECURSOS ESPECIAIS. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. OMISSÃO NO ACÓRDÃO. IMPRESCINDÍVEL A OPOSIÇÃO DOS EMBARGOS DF DECLARAÇÃO, A FIM DE SANAR EVENTUAIS VÍCIOS. SEGURO HABITACIONAL. ALCANCE DA COBERTURA (..) 2. Havendo as instasucias ordinárias interpretado as cláusulas contratuais e as provas dos autos para concluir pela existência da cobertura dos vícios de construção, não há como infirmar tais fundamentos sem inc, rrer nas vedações contidas nos enunciados n's 5 r? 7/STJ. 3. De todo modo, é orientação pacifica nesta Corte que a seguradora é responsável quando presentes vícios decorrentes da construção, não havendo como se sustentar o entendimento de que assim examinada a questão haveria negativa de vigência do art. 1.460 do antigo Código Civil. (...)" (STJ REsp 186.571/SC, Quarta Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Julgamento: 06.11.2008.) "Seguro habitacional. Responsabilidade da seguradora. Multa decendial. 1. A seguradora é responsável quando presentes vícios decorrentes da construção, não havendo como se sustentar o entendimento de que assim examinada a questão haveria negativa de vigência do art. 1.460 do antigo Código Civil. (. )"(STJ REsp 813.898/SP, 3 a Turma, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, Julgamento: 15.0.2007.)
Ademais, como bem restou consignado na sentença: "Ao se perlustrar o relatório da perícia, cortstata-se, em suma, que a execução do projeto dos imóveis vistoriados foi realizada em manifesto desacordo com as normas técnicas relativas à construção civil. Chega-se a esse raciocínio em razão das conclusões do perito quando da elaboração do respectivo laudo." (fl. 801). Transcrevo trecho da perícia. Vejamos: "4.3 Constatou-se que as sapatas e embasamentos existentes não foram executados com métodos de uso de técnicas da boa engenharia, exibindo falhas construtivas e de concepção, demonstrandose insuficientes para manter a boa qualidade da edificação, evitar recalques diferenciais e fissuras no piso e paredes. 4.4 - Os materiais utilizados na construção das casas foram de baixa qualidade, com árgainassas do revestimento aplicadas que apresentam características ter sido produzidas com baixo teor de cimento, exibindo-se bastante desgaste pela ação das intempéries... 4.8 As ampliações edificadas e reformas constatadas em algumas das casas, não modificam o.hto das construções apresentarem vícios construtivos, uma vez que no projeto original as fundações, as paredes principais e cobertas permaneceram as mesmas. 4.9 - O processo construtivo das casas vistoriadas foi acometido de ocorrência de vícios de construção em toda sua extensão. (fls. 554/555). Neste sentido também posiciona-se este Tribunal, senão vejamos: " EMENTA APELAÇA0 CÍVEL. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. AGRAVO RETIDO. DESACOLHIMENTO. PRELIMINAR DE LITISCONSÓRICO NECESSÁRIO ENTRE A CEF E A UNIÃO. INOVAÇÃO RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO. PRELIMINAR ILEGITIMIDADE PASSIVA, COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INÉPCIA DA INICIAL, ILEGITIMIDADE ATIVA, CARÊNCIA DE AÇÃO E
PRESCRIÇÃO. REJEIÇÃO. SEGURO HABITACIONAL. PERÍCIA JUDICIAL. VÍCIOS DE CONSTRUÇÃO. RISCO DE DESMORONAMENTO. OBRIGAÇÃO DA SEGURADORA. COCERTURA DEVIDA. MULTA DEVIDA. INCIDÊNCIA DOS JUROS A PARTIR DA CITAÇÃO. DESPROVIMENTO. Comprovados os vícios de construção dos imóveis do conjunto habitacional, por meio de perícia técnica, assim como demonstrada a necessidade de reparo imediato das construções, tendo em vista a deterioração em andamento, deve ser responsabilizada a Seguradora. TJPB - Acórdão do processo n 20020080460963001 - Órgão (4A CAMARA CIVEL) - Relator DR. TERCIO CHAVES DE MOURA - j. Em 20/09/2011" Assim, não há como acolher a tese da apelante, devendo arcar com a indenização pelos danos materiais existentes nos imóveis. Em relação à multa decendial, observo que a aplicação da multa é devida, pois o Magistrado "a que" aplicou a taxa fixada no contrato de adesão. Ressalte-se que não é permitido que a multa exceda o valor da obrigação principal, porém no caso dos autos a cominação pecuniária imposta na razão de 2% sobre o total da indenização, é inferior ao dn obrigação principal. RECURSO ADESIVO Honorários Advocatícios. No recurso adesivo foi aduzido que a verba referente aos honorários advocatícios foi fixada no valor mínimo previsto (10% do valor da condenação), pugnando pela sua majoração. No tocante aos honorários advocatícios, bem de ver, na espécie, que já se decidiu que é possível a sua revisão por este Tribunal de Justiça, conquanto tenha ela sido arbitrada de forma irrisória ou exorbitante, fora dos padrões da razoabilidade, circunstâncias que se verificam no caso concreto. Assim, em consonância com o parecer da Procuradoria de Justiça, entendo que a pretensão rec' irsal deve prosperar. Este momento trago a baila trecho do parecer de fls. 1157: " Alo caso presente, a verba honorária fixada em 10% sobre o valor da condenação, revela-se desproporcional à causa, que, além de possuir certa complexidade, se arrastou por 3 anos e demandou o trabalho dos advogados em uma deze!ia de intervenções. Desse
modo, a teor do que dispõe o 3 do art. 20 do Código de Processo Civil, os honorários advocatícios foram fixados em valor incompatível com a importância do trabalho desenvolvido pelos causídicos, de maneira que a majoração da verba honorária para um patamar que atente para a prudência, a moderação e, sobretudo, a equidade, é medida que se impõe." Por tais razões, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO APELATÓRIO E DOU PROVIMENTO AO RECURSO ADESIVO, apenas para majorar a verba honorária para o patamar de 15%(quinze por cento) sobre o valor da condenação, mantendo na ininra os demais termos da r. sentença recorrida. É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Sr. Des. Genésio Gomes Pereira Filho. Participaram do julgamento, o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho, Dr. João Batista Barbosa, Juiz Convocado em substituição ao Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos e o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Presente ao Julgamto o Dr. Marcos Vilar Souto Maior, Procurador de Justiça. Sala de Sessões da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, João Pessoa, 30 de outubro de 2012. Des. G Relator Pereira Filho
TRIBUNAL:. D'e"- J1:1T- "SIÇ4 biretoria Judiciária 81.99.*80-0 ii...6?0,a