Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 7ª Junta de Recursos Número do Processo: 44232.476761/2015-75 Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ARAGUARI Benefício: 31/608.182.955-7 Espécie: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO Recorrente: VALTENI DA SILVA GOULART - Titular Capaz Recorrente: VALMIRA DE FATIMA SILVA GOULARTH - Procurador Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: RESTABELECIMENTO Relator: Relatório Transcrevo relatório formado pelo técnico Rubens de Sousa: 1 - Cuida se de benefício de auxilio doença requerido em 17/10/14, DID fixada em 01/01/1982, DII fixada em 24/09/14, diagnóstico: F10 não isenta carência evento I fls. 10. Benefício concedido no período de 09/10/14 a 31/05/15. Insatisfeito com a cessação de seu benefício solicitou perícia do pedido de reconsideração a qual foi ineferida por inexistência de incapacidade laborativa. Inconformado com essa última decisão interpos recurso a JRPS tempestivamente conforme evento I fls. 18 a 20, alegando que ainda permanece em tratamento na Clinica PROVIDA para dependentes quimicos, o tratamento tem duração de nove meses o que é indispensável para que haja a restauração física e emocional do mesmo. Na fase de recurso juntou atestado médico e declaração médica ja apresentados em perícias anteriores. 2 - Conforme parecer técnico fundamentado realizado pelo Setor de perícias em revisão analítica de forma não presencial ficou mantido parecer contrário. 3 - Ao Gestor para análise em prosseguimento. Parecer médico: Parecer técnico fundamentado Alegações do(a) requerente no processo ainda está em tratamento de alcoolismo Considerações sobre a capacidade laborativa (T1). Justificativa segurado ficou em BI de 24/09/2014 a 31/05/2015, com CID F10, recebe alta após avaliação feita por 2 peritos, em diferentes datas, não sendo constatada incapacidade que justificasse nova prorrogação Considerações complementares mantido parecer contrário Razões recursais pela reforma da decisão, com atestado médico para afastamento das atividades pelo período de 9 meses (10.06.2015). Contrarrazões pelo indeferimento. É o relatório. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 05/12/2015 para sessão nº 0110/2015, de 15/12/2015. Voto EMENTA:
AUXÍLIO DOENÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE. RECURSO CONHECIDO E NEGADO Pressupostos recursais presentes. Analisando a documentação e ainda parecer da perícia médica, observa-se a ausência de requisitos para a reforma da decisão. Nota-se que os pareceres juntados, apesar de afirmarem a incapacidade, não estão acompanhados de exames, pareceres de especialistas, que possibilitariam a alteração da conclusão da decisão. Dessa forma, a decisão deve ser mantida. CONCLUSÃO: CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO. Relator(a) Voto divergente AUTOS COM VISTAS Número do Processo: 44232.476761/2015-75 Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ARAGUARI Benefício: 31/608.182.955-7 Espécie: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO Recorrente: VALMIRA DE FATIMA SILVA GOULARTH - Procurador Recorrente: VALTENI DA SILVA GOULART - Titular Capaz Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: RESTABELECIMENTO Relator: VOTO DIVERGENTE EMENTA: CESSAÇÃO AUXÍLIO-DOENÇA (B-31). SEGURADO DESASSISTIDO TECNICAMENTE DE DEFENSOR. LAUDO PERICIAL OMISSO QUANTO AOS DOCUMENTOS EMITIDOS POR MÉDICO ASSISTENTE. IMPOSSIBILIDADE E REQUISITOS CONSIDERADOS ESSENCIAIS. O Laudo Oficial deve ser claro quanto à (in)capacidade relacionada com as atividades efetivamente exercida pelo segurado e a documentação apresentada. Fundamentação legal: art. 59 da Lei 8.213/1 c/c nota técnica CGMBEN nº 177 editada, em 19.06.200, pela divisão de consultoria de benefícios c/c Despacho DAJ/LDV nº 005/2013 de 04/02/2013 c/c Instrução Normativa nº 01 do CRPS c/c art. 6º da Resolução do CFM nº 1.488 de 11/02/1998 c/c art. 1º da Resolução INSS/PRES nº 97, de 19/07/2010. Recurso Ordinário conhecido, e no mérito provido nos termos da Ação Civil Pública nº 2005.33.00.020219-8. Com o devido respeito ao Colegiado e, especialmente do ilustre Conselheiro Relator, pedimos vênia para dissentir de seu entendimento quanto a negar provimento ao recurso, apresentando a seguir os fatos e fundamentos jurídicos que motivam a divergência: Em que pese o senso de justiça e o brilhantismo dos argumentos nos quais se alicerça o douto Relator, entendemos não se tratar da correta aplicação dos preceitos contidos na legislação vigente.
Quanto ao objeto, dessume-se que o presente recurso consiste em examinar se restou ou não- comprovada a persistência de incapacidade laborativa (após a DCB fixada pelo Instituto em 31.05.2015) como requisito de prorrogação do benefício de auxílio-doença previsto na Lei 8.213/91 e seu Regulamento: Na Lei de Benefícios: Art. 59 - O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos; - Destacamos. No Decreto 3.048/99: Art. 78 - O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade para o trabalho, pela transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer natureza, neste caso se resultar sequela que implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia; (Destacamos) Determinados os requisitos legais, cumpre-nos iniciar nossa análise verificando: 1. A Perícia e sua impropriedade: A competência legal do Perito determinada pela Lei 10.876/2004, que criou a carreira de Perito-Médico da Previdência Social, para a verificação da incapacidade laboral, exige emissão de pareceres conclusivos (art. 2º, I) e alicerçados nas provas dos autos. Nesse sentido é o inciso I do art. 6º da Resolução do Conselho Federal de Medicina Nº 1.488 de 11/02/1998 (modificada pela Resolução CFM nº 1.940/2010), verbis: Art. 6 - São atribuições e deveres do perito-médico de instituições previdenciárias e seguradoras: I - avaliar a capacidade de trabalho do segurado, através do exame clínico, analisando documentos, provas e laudos referentes ao caso; (Destacamos) II - subsidiar tecnicamente a decisão para a concessão de benefícios; III - comunicar, por escrito, o resultado do exame médico-pericial ao periciando, com a devida identificação do peritomédico (CRM, nome e matrícula); IV - orientar o periciando para tratamento quando eventualmente não o estiver fazendo e encaminhá-lo para reabilitação, quando necessária. Da interpretação sistemática das normas supracitadas verifica-se, pois, que a Perícia não cumpriu adequadamente seu mister pois deixou de motivar adequadamente seu laudo técnico, inclusive após constatar que existe tratamento em regime de internação. Dizer laconicamente que não sendo constatada incapacidade que justificasse nova prorrogação, equivale a ignorar o tratamento (em regime de internação), o conteúdo dos atestados firmados por médico e por psiquiatra e a declaração da Comunidade Terapêutica Pró-Vida que se juntaram ao recurso (p. 29 a 32) que dão notícia de que o recorrente se encontra internado e em tratamento. Referida documentação foi produzida antes da avaliação da fase recursal e completa as demais provas dos autos. Atende a todos os requisitos formais vez que firmadas por médicos devidamente inscritos no CRM que indicam o diagnóstico e a incapacidade. Assim, na falta de elementos esclarecedores que, obrigatoriamente deveriam constar no laudo da Previdência Social, são os laudos dos assistentes médicos que devem prevalecer, principalmente por indicarem claramente o diagnóstico e o tratamento.
2. O ônus da prova e a possibilidade de desconsideração do laudo oficial: Não existem motivos jurídicos para o indeferimento do benefício sob a afirmativa não se encontrar incapacitado, porque esta prova não veio aos autos, sendo que o Instituto não de desincumbiu do ônus de produzi-la a teor do que dispõe o artigo 333, I do CPC que estabelece que o ônus da prova pertence àquele que alega a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ainda com fundamento na distribuição do ônus da prova previsto no CPC (aplicado subsidiariamente ao processo administrativo federal), estabelece no art. 302 que presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados pelo réu, observamos que os documentos que atestam a necessidade de internação, não foi impugnado pela perícia médica, muito pelo contrário. De igual forma, a dependência e a necessidade de tratamento, não foram contestadas pela perícia. Para que não paire dúvidas quanto à possibilidade de desconsideração do laudo pericial, invocamos a Nota Técnica CGMBEN nº 177/2006 que diz que o Colegiado das Juntas de Recursos e das Câmaras de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) é soberano em suas decisões e não está adstrito ao laudo médico para prolatar sua melhor decisão. Recorda, ainda, que os Conselheiros, assim como os juízes, têm a prerrogativa do livre convencimento (art. 330, I, do CPC c/c. o art. 72 da PT/MPS/GM nº 88/2004). Esse é o mesmo sentido disposto na Instrução Normativa nº 01 do CRPS Art. 3º. Os Órgãos Julgadores não estão adstritos ao pronunciamento técnico da assessoria médica ou jurídica, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, desde que fundamentada a decisão, sob pena de nulidade. Em razão do que se expôs e, não tendo a perícia do INSS, na fase recursal, se desincumbido de seu ônus de provar a incapacidade por intermédio de laudo válido, esclarecedor da alegada capacidade; aceita-se os laudos dos médicos assistentes para reconhecer a incapacidade laborativa. 3. A dependência química: Devemos, também, observar que a dependência química, em qualquer de seus matizes, é questão de saúde pública que deveria ser alvo de políticas públicas mais eficazes, tamanho a gravidade de suas consequências sociais que oneram sobremaneira os cofres públicos. Assim, admitindo as alegações recursais e presumindo que o recorrente quer submeter-se voluntariamente a tratamento, fato corroborado pelos atestados e declarações constantes dos autos, deve o benefício ser concedido, já que demonstrado que o tratamento em regime de internação impede o labor. Então, com fundamento na declaração da Comunidade Terapêutica Pró-Vida de p. 29, concede-se o benefício por 09 (nove) meses a partir da data de internação (17.10.2014) fixando a Data de Cessação Beneficio DCB em 17.07.2015. CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO, no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, DAR- LHE PROVIMENTO. MARIA AUXILIADORA CASTRO E CAMARGO Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Declaração de Voto Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).
PAULO ROBERTO GOMES Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Declaração de Voto Presidente concorda com voto do relator(a). JOAO MARTINS DE SOUZA Presidente Decisório Nº Acórdão: 2624 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Composição Adjunta da 7ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR MAIORIA, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros MARIA AUXILIADORA CASTRO E CAMARGO e PAULO ROBERTO GOMES. Relator(a) JOAO MARTINS DE SOUZA Presidente