Atividades práticas-pedagógicas desenvolvidas em espaços não formais como parte do currículo da escola formal Linha de Pesquisa: LINHA DE PESQUISA E DE INTERVENÇÃO METODOLOGIAS DA APRENDIZAGEM E PRÁTICAS DE ENSINO (LIMAPE) Área de Concentração: GESTÃO E PRÁTICAS EDUCACIONAIS DESCRIÇÃO Esse projeto tem por objetivo analisar como e se os gestores orientam os professores a utilizarem os espaços não formais de aprendizagem localizados dentro ou fora da sala de aula. Para coletar os dados utilizaremos entrevista semiestruturada com os gestores de quatro escolas públicas da cidade de São Paulo, sendo uma em cada região. Para complementar nossos dados analisaremos o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e os planos de ensino a fim de averiguar em quais momentos a educação não formal se faz presente. Palavras-chave: educação não formal educação formal motivação aprendizagem espaços não formais DESCRIÇÃO Atualmente temos ouvido diversas reclamações de gestores e professores referentes à falta de interesse e motivação dos alunos no que se refere à aprendizagem dos conteúdos escolares. Muitos são os fatores responsáveis por esse fato, a saber: defasagem idade/série, falta de infraestrutura da escola, falta de material que possa dinamizar a aula, formação deficitária de professores etc.
Partimos do princípio de que os problemas que se apresentam no cotidiano educacional quanto à aprendizagem dos alunos podem ser analisados e abordados pelos gestores para serem discutidos com os professores, se os primeiros entenderem que a educação não formal ocorre não somente fora dos muros da escola, mas também em espaços da escola que, muitas vezes não são utilizados ou, quando utilizados o são sem objetivos claramente definidos. A expressão espaço não formal é utilizada para descrever locais, diferentes da escola ou diferentes da sala de aula, onde é possível desenvolver atividades educativas, pois a escola e a sala de aula não são os únicos espaços de construção do conhecimento e de identidade. Entendemos que os educadores devam buscar esses espaços como lugares alternativos de aprendizagem com o objetivo de fazer uma relação interdisciplinar dos conteúdos abordados. Jacobucci (2208) e Falcão (2009) sinalizam que os espaços fora do ambiente escolar, conhecidos como espaços não formais, são percebidos como recursos pedagógicos que se complementam à escola e proporcionam aprendizagem significativa, pois o aluno tem a possibilidade de ver, tocar e aprender fazendo. Entendemos que todos os espaços existentes dentro da escola e que ultrapassam a sala de aula como laboratórios de ciências e informática, biblioteca, sala de vídeo, horta, quadras poliesportivas entre outros, também são espaços não formais que devem ser explorados sempre que possível para que os discentes se percebam como agentes construtores do próprio conhecimento. Objetivo - Analisar como e se os gestores orientam os professores a utilizarem os espaços não formais de aprendizagem localizados dentro ou fora da escola. Problemas da Pesquisa Atualmente temos ouvido diversas reclamações de gestores e professores referentes à falta de interesse e motivação dos alunos no que se refere à aprendizagem dos conteúdos escolares. Porém também sabemos que
muitas escolas continuam ministrando aulas às quais somente o professor se expressa e em um único espaço: a sala de aula. Diante desse quadro fazemos as seguintes indagações: 1- Visitar espaços não formais de aprendizagem faz parte do currículo da escola? 2- Os gestores e professores conhecem o campo de atuação da educação não formal? Metodologia Para coletar os dados utilizaremos os seguintes procedimentos: entrevista semiestruturada com os gestores de quatro escolas públicas situadas na cidade de São Paulo, sendo uma de cada região (Leste, Oeste, Sul e Norte). Para complementar nossos dados analisaremos o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e os planos de ensino a fim de averiguar em quais momentos a educação não formal se faz presente. As entrevistas serão do tipo semiestruturada. Escolhemos essa forma de entrevista, pois segundo Lüdke e André (1986, p. 34) não segue uma ordem rígida, mas possui um esquema básico permitindo que o pesquisador faça intervenções quando necessário. Os sujeitos de nossa pesquisa serão 16, a saber: 4 diretores (um de cada escola), 4 vice-diretores (um de cada escola) e 4 coordenadores pedagógicos (um de cada escola) e 8 professores (dois de cada escola) Referencial Teórico A educação não formal, foco desta pesquisa, tem conquistado espaço de discussões cada vez mais importantes no cenário educacional. Trata-se de um campo em construção que cresceu, porém, timidamente, no início deste milênio e que ainda carece de pesquisas acadêmicas sobre o tema. Para Afonso (1989), compreender a educação não formal leva à necessidade de conhecer a comunidade em que se vai atuar, pois para que se possa valorizar a cultura das pessoas faz-se necessário reconhecer as necessidades e anseios do grupo. Dessa forma, favorecemos a participação, a
solidariedade e a socialização dos educandos. Complementa ressaltando que o caráter voluntário da educação não formal surge como elemento mobilizador, apontando a disposição de participação existente em cada um. Ghanem e Trilla (2008, p. 33) definem educação não formal como: [...] toda atividade organizada, sistemática, educativa, realizada fora do marco do sistema oficial, para facilitar determinados tipos de aprendizagem e subgrupos específicos da população, tanto adultos como infantis [...] Para Gohn (2008) a educação não formal pode ser desenvolvida no cotidiano nas relações sociais com os outros, pela experiência e em espaços de ação coletivos fora da escola, em locais informais onde há processos de interação e intencionalidade na ação, na participação, na aprendizagem e na transmissão e troca de saberes. A educação não formal abre possibilidades de conhecimento sobre o mundo que rodeia os indivíduos e suas relações sociais. A educação formal e não formal, tem caráter intencional e objetivam promover o desenvolvimento e a socialização das pessoas. Portanto, são responsáveis em oferecer condições para que todos os indivíduos possam desenvolver as suas potencialidades e que sejam capazes de responder aos desafios colocados pela realidade. Vimos, portanto, que os autores citados definem educação não formal como intencional, onde a relação com o outro têm papel fundamental no processo de aprendizagem, as regras são estipuladas de acordo com o contexto e os conteúdos são ensinados respeitando os limites e as dificuldades dos envolvidos. A expressão espaço não formal é utilizada para descrever locais, diferentes da escola, onde é possível desenvolver atividades educativas. Segundo Jacobucci (2008) espaços não formais podem ser instituições e não instituições. Na categoria que a autora denomina instituições estão incluídos os espaços que são regulamentados e que possuem uma equipe técnica responsável pelas atividades oferecidas, a saber: os Museus, os Centros de Ciências, os Parques Ecológicos, os Parques Zoobotânicos, os Jardins Botânicos, os Planetários, os Institutos de Pesquisa, os Aquários, os Zoológicos, as Bibliotecas, entre outros. Na categoria não instituições, a autora elenca os ambientes naturais ou urbanos que não possuem estrutura institucional, mas que permite a realização
de práticas educativas. São eles: teatro, parque, casa, rua, praça, terreno, cinema, praia, caverna, rio, lagoa, campo de futebol, entre outros. Os espaços educativos não formais promovem aprendizagem de maneira diferenciada do espaço da sala de aula. O aluno participa de forma descontraída, sem cobranças e por ser ambiente que apresenta novidades, a curiosidade é constante. As possíveis perguntas surgem dessa curiosidade, são espontâneas e as respostas dadas pelos monitores existentes podem agregar conhecimentos àqueles já adquiridos pelos discentes na sala de aula formal. BIBLIOGRAFIA AFONSO, A. J. Sociologia da educação não formal. Reactualizar um objeto ou construir uma nova problemática? IN A. J. Esteves; S. R. Stoer. A Sociologia na escola. Porto: Afrontamento, 1989. GHANEM, Elie; TRILLA, Jaume. Educação formal e não formal. São Paulo: Summus Editorial, 2008. GOHN, Maria da Glória. Educação não formal e cultura política. São Paulo: Cortez, 2008a. JACOBUCCI, Daniela Franco Carvalho. Contribuições dos espaços não formais de educação para a formação da cultura científica. Revista Em extensão, vol. 7. Uberlândia, p. 55 a 66, 2008. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli, E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986 VERCELLI, Ligia de Carvalho Abões. Projetos sociais desenvolvidos em universidades da cidade de São Paulo: mapeamento e análise. Tese de Doutorado Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Nove de Julho UNINOVE, São Paulo, 2012.