INFLAÇÃO: CONCEITOS BÁSICOS E TEORIAS. Profa.: Enimar J. Wendhausen



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Transcrição:

INFLAÇÃO: CONCEITOS BÁSICOS E TEORIAS Profa.: Enimar J. Wendhausen

CONCEITO DE INFLAÇÃO [...] aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. (VASCONCELLOS, 2001, p.331). [...] elevação persistente e apreciável nos níveis de preços [SHAPIRO, p.663). Inflação - Conflito distributivo em uma economia mal administrada

DISTORÇÕES PROVOCADAS PELA INFLAÇÃO Efeito sobre a distribuição de renda Efeito sobre o balanço de pagamentos Efeito sobre as expectativas Efeito sobre o mercado de capitais

CAUSAS CLÁSSICAS DA INFLAÇÃO Inflação de demanda Excesso de DA em relação à produção disponível de bens e serviços (OA). A probabilidade de inflação de demanda aumenta, quanto mais próxima do pleno emprego a economia estiver. A curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações de política econômica do que a oferta agregada (OA).

QUANTITATIVISTAS A teoria quantitativa da moeda pode ser encarada como uma teoria de nível de preços ou uma teoria da DA. O pleno emprego seria um estado normal da economia, daí a expansão monetária seria responsável pelo processo inflacionário. Teóricos contemporâneos da teoria quantitativa não consideram o pleno emprego um estado normal da economia, mas continuam atribuindo um papel importante à moeda.

COMO COMBATER A INFLAÇÃO DE DEMANDA? O governo pode agir reduzindo gastos e/ou aumentando impostos. políticas que desencorajam o consumo e o investimento privado.

Inflação de Custos Pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. Aumentos salariais apontados como uma razão mais frequente para o aumento de custos não significa necessariamente que os custos unitários aumentem. Se a produtividade da mão de obra aumentar na mesma proporção dos salários, os custos não serão afetados. Reajuste salarial consequência da inflação e não causa (a menos que supere os índices de produtividade).

Inflação de Custos Inflação de lucros outra denominação dada à inflação de custos associada ao fato de algumas empresas com elevado poder de oligopólio ter condições de elevar seus lucros acima do aumento dos custos.

Inflação de Custos Alguns economistas associam a estagflação a uma inflação de lucro estagflação (estagnação+ inflação). Esta ocorre quando se tem ao mesmo tempo taxas significativas de inflação e recessão econômica. Ocorre quando em períodos de redução da atividade produtiva, as firmas com poder oligopolístico aumentam preços ou seja, o nível de produção e emprego está caindo e os preços estão aumentando

Inflação de Custos Choque de oferta ocorreu em 1973 a partir da crise de energia com a elevação de preços das matérias-primas e insumos básicos. Inflação de custos induzida pela inflação demanda a inflação de demanda acarretaria um aumento dos lucros da empresa o que estimularia a procura por mão de obra e outros insumos.

Inflação de Custos Inflação de custos autônoma é o que caracteriza na realidade a inflação de custos - aumento de preços devido a pressões autônomas (sindicatos, empresas oligopolistas, choques de oferta). Política de Rendas recomendada para combater a inflação de custos controle direto sobre os preços (política salarial mais rígida).

Inflação Inercial Mecanismos de indexação formal (contratos, aluguéis, salários) e informal (reajustes de preços no comércio, indústria e tarifas públicas) que provocam a perpetuação das taxas de inflação anteriores que são repassadas aos preços correntes. Década 70 inflação inercial (inflação de custos) padrão auto reprodutor das elevações de preços e salários.

INFLAÇÃO E SUBDESENVOLVIMENTO A inflação pode ser considerada inerente ao processo de desenvolvimento econômico: A maioria dos países tenta alcançar o desenvolvimento econômico através do processo de industrialização. Criação de expectativas de altas taxas de retorno estimula o aumento das taxas de investimento no curto prazo o efeito recai sobre os preços, pois, o aumento da produção só ocorre após decorrido um período de maturação do investimento.

INFLAÇÃO E SUBDESENVOLVIMENTO Substituição de importações dos bens que o país tem condições de produzir- era realizado por meio de criação de barreiras tarifárias nessa fase, o país não estava suficientemente aparelhado, tendo que criar infraestrutura adequada implicando em custos elevados e consequentemente em aumento de preços.

DEBATE ENTRE ESTRUTURALISTAS E MONETARISTAS Corrente Estruturalista associada à CEPAL influenciada pela idéias de Raul Prebisch diagnóstico para o processo inflacionário em países subdesenvolvidos a inflação estaria associada a tensões de custos, causadas por deficiências da estrutura econômica. Principais causas estruturalistas da inflação:

DEBATE ENTRE ESTRUTURALISTAS E MONETARISTAS Ligado à estrutura da propriedade agrícola em países subdesenvolvidos espiral de preços e salários. Exportações baseadas em produtos primários e importações em produtos industrializados relação de troca desigual.

DEBATE ENTRE ESTRUTURALISTAS E MONETARISTAS Estrutura oligopolística dos países subdesenvolvidos - tem o poder de administrar preços para manter suas margens de lucro superior aos custos. b) Corrente Monetarista - desequilíbrio do setor público seria a principal causa da inflação.

DEBATE ENTRE ESTRUTURALISTAS E MONETARISTAS SOLUÇÕES: a) Estruturalistas reformas de fundo estrutural: Reforma na estrutura da produção agrícola; Nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT) que favorecesse os países subdesenvolvidos; Controle de preços dos oligopólios.

DEBATE ENTRE ESTRUTURALISTAS E MONETARISTAS Monetaristas problema inflacionário seria de ordem conjuntural, para sua correção bastariam políticas de combate à demanda. Por exemplo: Política monetária restritiva (ex.: aumento da taxa de juros). CRÍTICA DOS ESTRUTURALISTAS esse tipo de combate à inflação sugerido pelos monetaristas para os países subdesenvolvidos geraria recessão econômica.

CAUSAS PRINCIPAIS DA INFALÇÃO NO BRASIL E POLÍTICAS ANTIINFLACIONÁRIAS SEGUNDO AS CORRENTES: Inercialistas: Causa: indexação generalizada Políticas antiinflacionárias: Desindexação congelamento de preços e troca de moeda. Estruturalistas: Causa: conflitos distributivos Política antiinflacionária: controle de preços dos oligopólios e reformas estruturais.

CAUSAS PRINCIPAIS DA INFALÇÃO NO BRASIL E POLÍTICAS ANTIINFLACIONÁRIAS SEGUNDO AS CORRENTES: Liberal ou neoliberal: Causa: desequilíbrio do setor público Políticas antiinflacionárias: Ajuste fiscal Controle monetário Liberalização do comércio exterior (abertura comercial e valorização comercial)

PRINCIPAIS ÍNDICES DE PREÇOS IPCA-IBGE Período de coleta: 01 a 30 do mês de referência. Acompanha a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias das regiões metropolitanas do: RJ, Porto Alegre, BH, Recife, Belém, Salvador, Fortaleza, Curitiba e São Paulo, além do Distrito Federal e do município de Goiânia. População referente a famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 e 40 SM.

PRINCIPAIS ÍNDICES DE PREÇOS INPC-IBGE Período de coleta: 01 a 30 do mês de referência. Local da pesquisa-i dem IPCA. População referente a famílias com rendimentos mensais entre 1 e 8 SM. IGP-FGV Mês completo. Local da pesquisa:rj/sp e 10 regiões. 1 a 33 SM Inclui IPA e INCC

PRINCIPAIS ÍNDICES DE PREÇOS IGP-M/FGV: Coleta-se os preços entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês em curso. RJ/SP e 10 regiões. 1 a 33 SM Inclui IPA e INCC.

PRINCIPAIS ÍNDICES DE PREÇOS IGP-10/FGV Dias 11 a 10 RJ/SP e 10 regiões 1 a 33 SM Inclui IPA e INCC

PRINCIPAIS ÍNDICES DE PREÇOS IPC-FIPE Mês completo Município de SP 1 a 20 SM ICV-DIEESE Mês completo Região Metropolitana de SP 1 a 30 SM

REFERÊNCIAS FERNANDES, I. P.; COELHO, M. F. Economia do turismo: teoria & prática. Rio de Janeiro: Campus, 2002. PINHO, Diva; VASCONCELLOS, Marco A. S. de. (Orgs). Manual de economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. VASCONCELLOS, M. A. S. de. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.