DOÁTICO ALCIDES ALVES DOS SANTOS por veiculação de propaganda



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Transcrição:

1 PROCEDÊNCIA : CURITIBA-PR REPRESENTANTE: COLIGAÇÃO PARANÁ COM GOVERNO (PMDB / PV/PPL) Advogado : Fernando Gustavo Knoerr Advogado : Luiz Fernando Obladen Pujol Advogado : Rogério Gonçalves Thomé Advogado : Abimael Ortiz Barros Advogado : Bernardo Luiz Duarte Advogado " : Ricardo Luiz Lima Muniz Oliva Advogado : Luís Paulo Zolandek REPRESENTADO : DOÁTICO ALCIDES ALVES DOS SANTOS Advogado < : Simon Gustavo Caldas de Quadros SENTENÇA I-RELATÓRIO Trata-se de Representação, com pedido de concessão de medida liminar, ajuizada pela COLIGAÇÃO PARANÁ COM GOVERNO em face de DOÁTICO ALCIDES ALVES DOS SANTOS por veiculação de propaganda eleitoral negativa, mediante a distribuição de material apócrifo com adulteração de nota de moeda estrangeira - dólar norte-americano - e promoção desse evento de distribuição por meio de showmício - banda musical, agravado pelo fato de ser realizado próximo a uma faculdade. A representante alegou que: 1) o representado é reincidente contumaz na prática dessa conduta e, mesmo com decisões exaradas contra si, continua a criar novos panfletos com conteúdo ofensivo ao candidato majoritário da Coligação representante; 2) a Constituição Federal em seu art. 5o, IV, garante a liberdade de expressão, mas veda o anonimato; 3) a propaganda eleitoral em.questão ofende ao previsto nos art. 38 da Lei n 9.504/97, arts. 242, 243 e 335 do Código Eleitoral, art. 14, VII, da Resolução TSE n 23.404; 4) o art. 335 do Código Eleitoral veda a propaganda que não seja realizada em língua portuguesa, justamente para não permitir a marginalização de parcela da população quífnão a entenderia; 5) a presente ação não visa tolher o direito à livre manifestação, mas sim garantir um processo eleitoral justo e democrático; 6) a distribuição de folhetos acompanhada de show de banda de música, caracteriza showmício e afronta a proibição vista no art. 39, 7o, da

TRIBUNAL REGIONAl"eLEITORAL DO PARANÁ REPRESENTAÇÃO W 1636-60,2014.6.16.0000 TKtIPR _. Lei das Eleições; 7) esse evento caracteriza-se como reunião eleitoral, pois foi veiculado no site do representado - "www.frenteampla.com" - que juntamente com o candidato Beto Richa e com o ex-governador Orlando Pessuti, fariam um "SÁBADO FRIO, MAS DE CAMPANHA ELEITORAL 'MUITO QUENTE"; 8) o referido showmícío aconteceria a uma distância aproximada de 20 (vinte) metros da Faculdade UNÍNTE^em desrespeito ao contido no art. 39, 3o, III, da Lei n 9.504/97. Concluiu pedindo a concessão de medida liminar para o fim de suspender a distribuição dá pçòpaganda em questão, bem como busca e apreensão da mesma na Boca Maldita e, no mérito, imposição das sanções previstas no art, 10, 4o, da Resolução TSE n 23.404, bem como requisição ao Ministério Público Eleitoral para abertura de inquérito para apuração dos crimes cometidos pela representado. -O Exmo. Juiz Auxiliar em plantão, Dr. Leonardo Castanho Mendes, deferiu parcialmente a medida liminar, apenas para determinar a busca e apreensão dos folhetos de fl. 14, bem como para determinar o depósito em secretária do material que ainda se encontrasse em posse do representado, sob pena de multa diária de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) - fls. 28/32. Em sua defesa, o representado Doático Alcides Alves dos Santos levantou preliminar de prevenção e litispendência do feito com o dos autos de Ação Cautelar n 1536-08.2014.6.16.0000, pugnando pela extinção da Representação. No mérito, sustentou que: 1) é porta-voz de um movimento de fato e não de direito, sem vinculação formal ou informal com qualquer outra candidatura; 2) tem o direito de expressar seu posicionamento político, à luz da legislação nacional e internacional; 3) não é candidato e sequer tem autorização para efetuar gastos de campanha pelo partido ao qual é filiado. Ao final, informa que não possui exemplares da referida propaganda e pugna pelo reconhecimento da preliminar de litispendência com a~~consequente extinção do feito ou que seja julgada improcedente a Representação. Determinei o apensamento da Ação Cautelar n 1536-08, vez que se tratava da respectiva medida preparatória (fl. 57). " A douta Procuradoria Regional Eleitoral Auxiliar opina pela procedência parcial da representação, somente para o firrí de retirada de circulação do aludido impresso, por irregularidade formal (fls. 60/61, verso) e pela extinção da Ação Cautelar n 1536-08 (fls. 119/120, dos referidos autos). É o relatório.

II -DECISÃO Ab initio, por questão de ordem pública e para preservar a marcha processual como iniciada, mantenho o processamento do feito pelo rito do art. 22 da Lei n 64/90, apesar da causa versar exclusivamente sobre propaganda eleitoral. A demanda visa apurar a veiculação de propaganda eleitoral negativa, mediante a distribuição de material apócrifo com adulteração de nota de moeda estrangeira - dólar norte-americano - e promoção desse evento de distribuição por meio de showmício - banda musical, agravado pelo fato de ser realizado próximo a uma faculdade. -Antes de adentrar ao mérito, começo pela análise da preliminar de prevenção e litispendência, suscitada pelo representado, com os autos de Ação Cautelar n 1536-08.2014.6.16.0000, pugnando pela extinção do presente feito Adianto que a mesma não merece acolhimento. Ocorre que efetivamente houve prevenção nos feitos, sendo os mesmos distribuídos para este Julgador, tendo apenas uma decisão liminar proferida por outro Juiz Auxiliar em função do plantão judiciário estipulado pela Edital da Presidência do TRE, de 30 de junho de 2014. De outro vértice, a Ação Cautelar n 1536-08 consistiu-se em medida preparatória para a presente Representação, de modo que a sua existência não gera extinção do feito principal por litispendência. De qualquer forma, os autos estão apensados para julgamento conjunto por esta sentença. Por essas razões, rejeito a preliminar de extinção do feito em razão da prevenção e da litispendência e adentro ao exame do mérito. Encontram-se em discussão nos presentes autos a caracterização, o conteúdo e a forma de distribuição da propaganda em questão, ou seja, a "nota de dólar", o-dito showmício e a sua realização próxima a uma instituição de ensino (Faculdade UNINTER). Pois bem. V Em que pese tenha esposado diferente entendimento durante o exame perfunctório que resultou no indeferimento do pedido liminar ( Ação Cautelar

Ia. n 1536-08 - em apenso) principalmente decorrente da deficiência da prova naquela oportunidade sobre a referida propaganda "nota de dólar", vejo que tendo a ação principal sido instruída com fotografias e vídeo - DVD da fl. 24, está viabilizado o exame do caso sobre outro prisma. Nos autos de Ação Cautelar n 1536-08, em decisão liminar, entendi que: "No que tange ao impresso em que consta, de um lado uma face da nota de um dólar, do outro a mesma notícia veiculada no Jornal 'Gazeta do Povo, como referido por ocasião da decisão liminar, trata-se de reprodução de notícia amplamente divulgada nos meios de comunicação a respeito de investigação policial envolvendo o irmão do autor, fazendo referência ao fato de se tratar, o investigado de irmão do representante, não havendo nenhuma calúnia, injúria ou difamação nesse sentido. ~Não se trata, a meu ver, de propaganda eleitoral, vez que Eduardo Requião não é candidato a cargo eletivo o qual pode, se for o caso, buscar as medidas cabíveis na justiça comum. De qualquer sorte, os fatos noticiados não são negados pelo representante. s Por este motivo, não se tratando de propaganda eleitoral, por veicular notícia envolvendo pessoa que não é candidata, resta prejudicada a análise quanto à utilização de língua estrangeira e de meio de impresso que possa levar o eleitor a confundir com moeda." Todavia, examinando as novas provas carreadas aos autos, entendo que estamos efetivamente diante de propaganda eleitoral, pois é possível ver nas fotografias que o folheto "nota de dólar" está sendo entregue por pessoas vestidas com camisetas que contêm propaganda eleitoral relativa a candidaturas ligadas ao número de campanha "45", ou seja, opositoras à Coligação representante, embora não ligadas formalmente ao representado. Assim, caracterizado o caráter eleitoral da referida-propaganda, vejamos o que prevê a Lei n 9.504/97: "Art. 38. Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral pela distribuição de folhetos, volantes e outros impressos, os quais devem ser editados sob a - responsabilidade do partido, coligação ou candidato. Io Todo material impresso de campanha eleitoral deverá conter o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ ou o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF do responsável pela confecção, bem como de quem a contratou, e a respectiva tiragem."

Dessa forma, o folheto da fl. 14 é irregular, pois não apresenta o número de inscrição CPF ou CNPJ do responsável pela confecção, quem o contratou e sua tiragem, devendo ser proibida a sua distribuição. Em decorrência disso, a situação se agrava por ser o folheto apócrifo, ante a existência dos dados acima elencados. Nesse sentido, peço licença para transcrever um precedente desta Colenda Corte qüè, mutatis mutandis, se amolda ao caso em julgamento: ^EMENTA - REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL APÓCRIFO. DECLARAÇÃO DE IRREGULARIDADE NA SUA UTILIZAÇÃO. AUTORIA OU PRÉVIO CONHECIMENTO NÃO COMPROVADOS. AUSÊNCIA DE OFENSA AO ARTIGO ART. 40-B, DA LEI N. 9 504/97 MCURSO CONHECIDO EIMPROVIDO. 1 - É irregular a confecção e distribuição de material apócrifo com ofim de denegrira imagem e reputação de candidato, o que impõe a ordem inibitóriapara cessar sua confecção e circulação. [...]" (Rec na Rp n 2006-78.2010.6.16.0000. Rei. Dr. Juan Daniel Pereira Sobreiro - Juiz Auxiliar. Acórdão n 40.142, de 16/09/2010) De outro vértice, em relação ao uso da banda de música durante o evento de distribuição de propaganda eleitoral negativa em exame, também o vejo como irregular. O art. 39, 7o, da Lei n 9.504, prevê expressamente que: "Art. 39. [...] /. ;, 7 E proibida a realização de showmício e de evento assemelhado para promoção de candidatos, bem como a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral." (grifei) Vê-se que a legislação eleitoral veda qualquer apresentação artística, remunerados ou não, independentemente se estes divertem os eleitores e transeuntes com músicas próprias, de outrem ou mesmo comjingles de campanha eleitoral. No caso em epígrafe, há vários músicos devidamente uniformizados, com seus instrumentos, em verdadeiro "espetáculo" musical no centro da capital (Boca Maldita, vide vídeos da mídia juntada à fl. 24). './? Logo, a apresentação de banda musical em proximidade a evento de propaganda eleitoral é suficiente para caracterizar a irregularidade, sendo incontroverso que esta foi utilizada durante o evento em questão, vez que sequer foi 5

negado seu uso pelo representado. Assim, o referido evento eqüivale à reauzação de evento assemelhado a showmício, porque visa a animar reunião eleitoral, o que é expressamente vedado, pois desequilibra o pleito eleitoral. Nessa linha, peço permissão para transcrever um precedente desta Colenda Corte referente às eleições de 2012, mutatis mutandis, semelhante ao caso em julgamento: "RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. ELEIÇÕES 2012 PROPAGANDA ELEITORAL BANDA DE MÚSICA E PASSISTAS ptilizada EM PASSEATAS. REPERTÓRIO QUE ULTRAPASSA OS JINGLES DA CAMPANHA ELEITORAL COM MÚSICAS POPULARES BRASILEIRAS. CARACTERIZAÇÃO DE REUNIÃO ELEITORAL POSSIBILIDADE DE DESEQUILÍBRIO DO PLEITO. SENTENÇA CORRETA. RECURSO DESPROVIDO" (RE n 347-51.2012.6.16.0004. Rei. Dr. Fernando Ferreira de Moraes Acórdão j 44.075, de 31/08/2012). Em relação à alegação do evento em questão ter ocorrido nas proximidades de uma faculdade, o que afrontaria o previsto no art. 10, Io, -ffl, da Resolução TSE n 23.404. Contudo, não há nos autos laudo ou qualquer outro documento que ateste sobre a distância de 200 (duzentos) metros prevista na lei, bem como inexiste prova que o evento ocorreu durante o horário de aula da faculdade em questão. Sobre a alegação do representado que como cidadão não estaria sujeito às imposições da lei eleitoral, tal afirmação em nada o socorre. Vejamos o que diz a Resolução TSE n 23.406 sobre o tema: "Art. 32. Com a finalidade de apoiar candidato de sua preferência, qualquer eleitor poderá realizar pessoalmente gastos totais até o valor de R$ 1.064,10 (mil e sessenta e quatro reais e dez centavos), não sujeitos à contabilização, desde que não reembolsados, hipótese em que o documento fiscal deverá ser emitido em nome do eleitor (Lei n 9.504/97, art. 27). Parágrafo único. Bens e serviços entregues ou prestados ao candidato não representam os gastos de que trata o caput e caracterizam doação, sujeitando-se às regras do art. 25 desta ~ resolução." Então a legislação supracitada priávê um limite de gastos de R$ 1.064,10 não sujeitos à contabilização para que qualquer eleitor (cidadão) gaste por conta própria com o fim de apoiar candidato de sua preferência. Logo, se um cidadão

REPRESENTAÇÃO N 1 AV,-«n om a a 1 a nnnn decide fazer propaganda eleitoral de oposição a determinado candidato, deve fazê-lo de modo que permita a definição de seu responsável e respeitando o mesmo limite legal de gasto, caso contrário, estaríamos diante de flagrante desequilíbrio no pleito. Anote-se que o parágrafo único do art. 32 da Resolução citada ainda prevê que, conforme a análise do caso concreto, poderá tal "apoio" ser considerado como doação para apuração em sede de prestação de contas, quanto os bens ou serviços forem entregues ou prestados ao candidato, não se afastando, ainda, a hipótese de haver investigação por abuso de poder econômico. No que toca ao alegado uso de 23 (vinte e três) palavras estrangeiras na propaganda eleitoral irregular, por se tratar de reprodução grosseira de nota de dólar e não conter qualquer expressão que mereça consideração, e^çifíçamentejiesteçaso entendo ser desnecessárias quaisquer medidas relativas à apuração do crime previsto no art. 335 do Código Eleitoral. Por fim, tendo a Ação Cautelar n 1536-08.2014.6.16.0000 exaurido sua função de medida preparatória para o ajuizamento da presente Representação, julgo-a procedente apenas para confirmar as decisões liminares nela exaradas. III - DISPOSITIVO Pelas razões expostas, julgo parcialmente procedente a Representação para confirmar a decisão liminar de fls. 28/32 e determinar ao representado DOÁTICO ALCIDES ALVES DOS SANTOS que se abstenha de fazer uso da propaganda de fls. 14 e de banda musical para animar, reunião eleitoral, bem com julgo parcialmente procedente a Ação Cautelar n 1536-08.2014.6.16.0000 apenas para confirmar as decisões liminares nela exaradas. " Publique-se. Registre-se. Intime-se. Curitiba, 21 de agosto de 2014. GUIDO JOSÉ DÕBELI Juiz Auxiliar- Resolução TRE/PR n 674/2014