ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM INCLUSIVAS: ENTRE ENCANTOS E DES(ENCANTOS) Sylmara Karina Silva Sousa Railda da Silva Santos Amélia Maria Araújo Mesquita Universidade Federal do Pará Eixo Temático: Práticas pedagógicas inclusivas PALAVRAS-CHAVE: Estratégias. Aprendizagem. Inclusão 1. Introdução A inclusão no Brasil nos últimos anos vem se destacando no campo dos direitos, tendo na Constituição Federal de 1988 (CF/1988), o marco legal que inaugura o amparo em que as pessoas com deficiência conquistassem a garantia de um atendimento especializado no ensino regular. A partir da CF/1988 e de seus desdobramentos em outras leis infraconstitucionais, inicia-se o processo de inclusão das pessoas com deficiências nas escolas, garantindo-lhes assim, o direito de frequentar a rede regular de ensino e o exercício da sua cidadania enquanto sujeitos participantes do contexto educacional brasileiro. No cenário de aproximação com a escola, vivenciei a experiência de trabalhar em uma sala que tinha incluída uma aluna com Síndrome de Down (S.D). Onde a S.D. é definida biologicamente como uma deficiência causada por uma anomalia cromossomática conhecida como trissomia 21. Os indivíduos afetados apresentam uma clássico fenótipo morfológico que facilita o seu reconhecimento e atrasos no seu desenvolvimento físico e intelectual, assim como também na área da linguagem (NIELSEN, 1999, p. 121, LEDERMAN et al., 2015). Diante disso, o presente estudo se lança ao objetivo de acompanhar e compreender o processo de ensino e aprendizagem de uma criança com S.D através da elaboração e implementação de metodologias de ensino a fim de contribuir com a inclusão dessa criança na classe regular, bem como, observar o avanço do seu aprendizado.
A metodologia baseou-se na utilização de instrumentos de pesquisa para coleta de dados, os materiais de apoio como: caderno de atividades produzido pela própria pesquisadora para utilização em uma das estratégias de aprendizagem, o caderno utilizado em sala de aula para as análises, bem como, os trabalhos individuais e em grupos, os pareceres da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), anotações e observações diversas. Para o tratamento dos dados, a pesquisa utilizou a análise de conteúdo. Objetivando assim, constatar se o procedimento de coleta de dados está de acordo com a interpretação, haja vista que estes precisam estar coerentes quanto ao processo de análise em forma de categorias de forma a reduzir o material coletado. 1. Desenvolvimento Estratégias de Ensino As estratégias que não encantaram Ana A busca por uma intervenção que gerasse resultados esperados, nem sempre foi bem sucedida, talvez por conta da relação entre as situações de aprendizagem desfavoráveis devido às diversas situações acometidas no cotidiano da escola e dos sujeitos, tais situações são exploradas durante a experiência da intervenção. As intervenções desenvolvidas foram baseadas no que a criança em situação de deficiência tinha dificuldade e que, portanto, ainda não havia desenvolvido. As práticas mais presentes foram realizadas através de projetos em sala de aula com utilização de sequências didáticas, atividades permanentes e caderno de atividades. Todas essas estratégias tinham como principal objetivo a aprendizagem de forma significativa da criança em situação de deficiência nos mais diversos aspectos como o cognitivo, social e outros. Importante destacar o desinteresse da criança em situação de deficiência por certas atividades propostas. Por vezes, a aluna decide não iniciar, desenvolver e até mesmo finalizar as atividades em sala de aula juntamente com os colegas de classe turma, ou de forma individual através de atividades adaptadas conforme o seu nível de aprendizado. Na maioria dos casos prefere sair da sala de aula demonstrado falta de interesse e motivação. Esse fator, além de comprovado nas observações em sala de aula tecidas por registros de diário de campo, também é confirmado pelos pareceres registrados pela sua professora da APAE, conforme podemos observar nos trechos abaixo:
Sessão 3: Propomos que [Ana] fosse montar conforme a sua percepção em cores, formato e sombras das ilustrações, a aluna não estava muito disposta a participar da atividade e recusou-se a participar. [...] em seguida montar desenhos com um jogo chamado de tangram, a fim de estar trabalhando a oralidade das cores e formas geométricas, mas a aluna não se interessou muito e queria guardá-lo. As estratégias que encantaram Ana a) Contação de histórias Ao considerar a contação de histórias como portadora de significados para a prática pedagógica, não se restringe o seu papel somente ao entendimento da linguagem. Preserva-se seu caráter literário, sua função de despertar a imaginação e sentimentos, assim como suas possibilidades de transcender a palavra. (MATEUS et al., 2013, p. 66). Sessão 3: O que foi proposto para esse dia foi uma atividade historinha com ilustração, onde contava-se a história sobre lilás e menina bonita do laço de fita, envolvendo a questão das diferenças, em que tinha um pequeno cenário em e.v.a composto pelos personagens da história, no qual foi preenchido por Ana, a qual teve a sua participação na atividade, assim como a compreensão da lógica de espaços e formas como também a compreensão da história através de cada cena montada por ela [...]. (Figura 2). As atividades mais atrativas para Ana (nome fictício) são atividades de cunho lúdicas, que envolvam cores e que não sejam atividades xerocadas no caderno. Assim, é importante reafirmar que Ana só faz atividades que a interessa e, portanto, são significativas. Perante isso, Zabala (1998, p. 16) expõe que existem atividades de ensino que contribuem para a aprendizagem, mas também existem atividades que não contribuem da mesma forma, o que é outro dado a ser levado em conta. a) Pintura na sombrinha A organização das atividades de aprendizagem em pequenos grupos estimula a cooperação e a comunicação entre os alunos, o que é interessante para um aluno com necessidades educacionais especiais. (BRASIL, 2000). Sessão 6: A proposta para esse dia foi a atividade da sombrinha [...] Ana participou ativamente da atividade fazendo o que tínhamos proposto, por sinal gostou bastante de fazer a pintura sendo produtiva a ela por ter participado e desenvolvido a atividade juntamente com os colegas de classe, sendo o objetivo da atividade alcançado. (Figura 3).
Quando se propõe atividades como essa, a criança em situação de deficiência é participativa, possui uma boa relação com os demais alunos da turma estimulando sua relação interpessoal. Quando são desenvolvidas atividades dessa natureza em grupo, Ana interage com os colegas, chegando até a socializar os seus trabalhos em sala. Do mesmo modo, os colegas estimulam a produzir, pois sempre agem com respeito e carinho em sala de aula. Assim, É importante que a escola tenha no seu planejamento diário atividades que exijam do sujeito com a síndrome trabalhos de: cooperação, organização, constituição, movimentos, compreensão, exploração de propostas lúdicas e materiais diversos [...]. Essas ações contribuirão para o desenvolvimento social, afetivo, motor e da linguagem. Quanto maior for a sua estimulação, mais internalizados serão os domínios. (CASTRO e PIMENTEL, 2009, p. 305) Desse modo, a orientação para que diversos fatores estimuladores sejam trabalhados em sala aula deve-se levar em consideração o entendimento da relevância que cada atividade possui para suprir cada objetivo pretendido de aprendizagem. a) Jogos educativos [...] Os jogos podem ter função lúdica, quando escolhidos voluntariamente, e/ou educativa, como complemento do processo ensino/aprendizagem. (SAAD, 2003) Diante disso, um recurso que Ana gosta muito e que sabe manusear são computadores e seus elementos como mouse e teclado e percebendo isso, aproveitou-se para explorar os jogos de cunho educativos para o seu ensino aprendizagem no desenvolvimento dos fatores citados. Apesar de não conhecer bem as letras, a criança tem uma habilidade muito boa na exploração dessa ferramenta que também faz parte do seu cotidiano escolar, pois durante uma vez na semana a turma é levada à sala de informática para aprenderem sobre os recursos do computador e realizarem atividades com jogos educativos online; percebendo esse interesse, atentou-se em como poderia estar sendo trabalhados esses jogos educativos para o desenvolvimento do seu ensino-aprendizagem. Conforme descrito abaixo: Sessão 7: A aluna tem domínio no manuseio do computador, pois a área da informática a chama bastante atenção. Quando proposta alguma atividade no computador, o desenvolvimento da atividade foi feito, mas com um pouco de dificuldade na memorização das figuras.
Voivodic (2004) apud Castro (2009, p. 310) relata que em pessoas com Síndrome de Down é comum o déficit de atenção e consequentemente um déficit em relação ao acúmulo de informações na memória imediata o que afeta a produção e processamento da linguagem. 2. Conclusões O desenvolvimento desta pesquisa foi relevante por ter sido construída na busca de colaborar com os avanços das pesquisas na perspectiva da inclusão, especificamente no caso de uma criança com Síndrome de Down, através de estratégias consideradas inovadoras para o alcance dos objetivos, análises e interpretações tecidas durante esse trabalho em conjuntura com os teóricos que discutem o tema. As intervenções desenvolvidas foram baseadas no que a criança em situação de deficiência possuía dificuldade e que ainda não tinha desenvolvido em relação à sua aprendizagem, sendo as práticas mais presentes em sala de aula realizadas através de projetos desenvolvidos através de sequências didáticas, atividades permanentes e caderno de atividades. Todas essas estratégias apresentavam como principal objetivo a aprendizagem de forma significativa da criança em situação de deficiência nos aspectos cognitivo, social, pedagógico e outros. Referências Artigos Online CASTRO, Antonilma Santos Almeida; PIMENTEL, Susana Couto. Síndrome de down: desafios e perspectivas na inclusão escolar. In: DÍAZ, F., et al. (orgs). Educação inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, pp. 303-312. Disponível em: <http://books.scielo.org>. Acesso em: 23 dez. 2015. Livros NIELSEN, Lee Brattland. Necessidades Educativas Especiais na Sala de Aula: um guia para professores. 3. ed. Porto, Portugal: Porto Editora, 1999. 144 p. (Coleção Educação Especial) MATEUS, Ana do Nascimento Biluca; et al. A importância da contação de história como prática educativa na educação infantil. Pedagogia em Ação, v. 5, n. 1, p. 54-69, 2013. SAAD, Suad Nader. Preparando o caminho da inclusão: dissolvendo mitos e preconceitos em relação à pessoa com Síndrome de Down. 1. Ed. São Paulo: Vetor, 2003.