TELEINFO: Um Tutorial Multimídia para Estudo da Telemedicina



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Transcrição:

TELEINFO: Um Tutorial Multimídia para Estudo da Telemedicina 1 Costa, Karoline Lira Dantas; 1 Brasil, Lourdes Mattos; 2 Santos, Nilton Freire 1 Mestrado em Engenharia Biomédica (MEB) Núcleo de Estudos e Tecnologia em Engenharia Biomédica (NETEB) Laboratório de Informática em Saúde (LABIS),Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Cep: 58.051-970, João Pessoa, Brasil, Fone (83) 216-7067, Fax (83)216-7369 2 Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba (CEFET-PB) Núcleo de Tecnologias da Informação em Saúde (NTIS) Cep: 58015-430, João Pessoa, Brasil, Fone: (83) 241-2200 kalira@terra.com.br, lmb@neteb.ufpb.br, niltonfs@terra.com.br RESUMO Devido ao seu caráter marcantemente interativo, a telemedicina possibilita a sua atuação não apenas na área clínica e cirúrgica, mas também oferecendo um maior acesso à educação e à pesquisa médica, em especial para os estudantes e profissionais de saúde que se encontram em locais distantes. Por ser uma tecnologia recente e em fase de desenvolvimento, seus fundamentos devem começar a ser parte da educação médica básica e continuada dos profissionais de saúde. Este trabalho, que esta sendo desenvolvido no Núcleo de Estudos e Tecnologia em Engenharia Biomédica (NETEB), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e recebe apoio do Núcleo de Tecnologias da Informação em Saúde (NTIS), do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba (CEFET-PB), visa desenvolver um tutorial com recursos multimídia, com o objetivo de oferecer aos estudantes e profissionais da área de saúde a oportunidade de conhecer a telemedicina, promovendo assim a atualização e a educação continuada desses profissionais. O aplicativo produzido estará disponível em mídia ótica (CD-ROM) e poderá ser utilizado em qualquer microcomputador pessoal com recursos de multimídia. Dentre as modalidades da telemedicina é na teledidática, que o contexto do tutorial esta inserido. Palavras-chave: Telemedicina. Multimídia. Educação Continuada. 1. Introdução A evolução tecnológica da eletrônica, informática e telecomunicações nas últimas décadas afetou todos os setores da sociedade, causando profundas modificações na forma de vida do homem. Com o advento de novas tecnologias como multimídia, aquisição e processamento de imagens, realidade virtual, fibra ótica, redes de computadores, etc., o uso da informática passou a ser visto de forma mais consistente, provocando o surgimento de novos conhecimentos e causando mudanças profundas no perfil de toda a sociedade. Num ambiente cada vez

mais complexo tecnologicamente, torna-se óbvio que o sucesso profissional passa também a depender da capacidade de aproveitar as oportunidades que as novas tecnologias da informação oferecem. Na área de saúde, a aplicação combinada desses novos recursos tecnológicos com os conhecimentos das ciências médicas tem trazido benefícios, tanto em termos de atendimento aos pacientes, quanto em promover uma maior capacitação na rotina dos profissionais de saúde, proporcionando um melhor acesso ao conhecimento científico. Com a necessidade de realizar uma melhor assistência ao paciente, muitos profissionais de saúde vêm descobrindo, entre outros recursos, a informática, que permite, além da obtenção de dados de diversas fontes e seu armazenamento no computador e em seus periféricos, a transformação desses dados em informações, apresentando-as ao usuário. Um dos meios que possibilita esta apresentação de forma interativa e atraente é a multimídia que consiste em apresentações de estilo virtual de sons, imagens, vídeos e textos, com a finalidade de esclarecer assuntos, indicar tendências, informar, ensinar e fazer demonstrações. Os sistemas multimídia podem também ser utilizados para um melhor conhecimento do profissional em sua área de atuação, oferecendo reaprendizado de conhecimentos adquiridos e utilizados ou mesmo fornecendo conhecimentos em novas áreas [1]. Na área médica, os sistemas multimídia têm inúmeras aplicações, destacando-se a criação de tutoriais para o ensino e a compreensão de diversos tópicos da área de saúde, os sistemas para armazenamento de imagens estáticas ou dinâmicas de procedimentos médicos, além de permitir uma interface interativa com o prontuário eletrônico do paciente, possibilitando a aquisição e armazenamento de seus dados pessoais e clínicos. Os sistemas multimídia também permitem um acesso não-linear ao conhecimento, através de hipertexto, possibilitando a apresentação da informação de forma não convencional, através de animações gráficas, sons e simulações, bem como a interatividade entre o autor e o leitor. Sistemas desse tipo estão proliferando rapidamente, cuja maturação tecnológica e a exploração comercial têm permitindo uma oportunidade sem precedentes para o aprendizado e a educação continuada à distancia com baixo custo [2]. 2. Telemedicina A telemedicina, ou de uma forma mais abrangente, a telesaúde, consiste no uso das tecnologias de telecomunicações e informática para a interação entre profissionais de saúde e pacientes, com a finalidade de realizar atos médicos, estando o médico e o paciente geograficamente distantes. Reflete a convergência dos avanços tecnológicos de diversas áreas, incluindo aplicações em informática, inteligência artificial, robótica e telecomunicações, onde quem viaja é a informação e não o paciente. As informações médicas de naturezas diversas são transmitidas através de meios eletrônicos de telecomunicações como: cabos, fibras óticas, satélites, internet, etc., para a análise dessas informações médicas a longa distância, pelos profissionais de saúde para suporte no atendimento ao paciente [3,4]. O início da assistência médica a pacientes remotos data de 1920, quando foi feito pela primeira vez o uso do rádio para conectar médicos em estações costeiras com navios durante emergências médicas. As primeiras aplicações com o uso de vídeo ocorreram nos anos 60, no Alaska, para conectar vilas rurais a cidades

grandes via satélite. Uma aplicação que merece destaque foi a telemetria de sinais fisiológicos, realizada pela NASA entre 1960 e 1964, para monitoração vital de astronautas em órbita da terra. A partir daí, com a comprovação da grande utilidade da telemedicina em promover uma melhor qualidade no atendimento de pacientes em locais remotos, outras aplicações começaram a surgir em diversos países como Inglaterra, Itália, Canadá, Suécia e Japão, na década de 70. Com o desenvolvimento de sistemas de telecomunicação digital de alta velocidade, o advento da internet e a queda no preço dos microcomputadores, os sistemas de telemedicina em todo o mundo tiveram grande impulso [4]. 2.1. Aplicações As aplicações da telemedicina podem ser classificadas em seis modalidades: [4] a) Teleatendimento Os pacientes são atendidos à distância para utilização de serviços de saúde como marcação de consultas, de procedimentos, informações gerais, etc, através de telefone ou computadores ligados à Internet. Os dados coletados no teleatendimento vão alimentar bancos de dados que, conectados a aplicativos computacionais, realizam o serviço solicitado à distância. b) Teleconsulta Nesta modalidade é possível transmitir-se a qualquer distância, vários tipos de informações médicas, tais como imagens de radiografias, tomografias, imagens histológicas e anatomopatológicas, fotos de pacientes, laudos, resultados de exames, sons de sinais biológicos, etc. Desse modo, profissionais de saúde situados em locais geograficamente distantes podem consultar remotamente o registro do paciente, trocar entre si os dados médicos, consultar bases de informações e colegas mais especializados quanto ao diagnóstico e conduta mais adequada para cada caso. Nesta modalidade, a Internet é bastante utilizada por possibilitar o armazenamento de informações multimídia sobre o paciente e proporcionar o acesso de qualquer parte do mundo. c) Telediagnóstico No telediagnóstico são realizadas consultas remotas ao paciente com troca de imagens, áudio, vídeo e texto para fins de diagnóstico, geralmente ocorrendo em tempo real. Entre as especialidades que mais têm se beneficiado dessa aplicação estão a neurologia e a cardiologia, considerando que as tecnologias desenvolvidas proporcionam um suporte confiável para emergências, monitoração de paciente de alto risco, atenção domiciliar em áreas isoladas ou carentes, bem como para a redução da hospitalização de pacientes com doenças cardíacas e nervosas. d) Telemonitoração Consiste no acompanhamento do estado de saúde de pacientes à distância, com seus sinais biológicos sendo continuamente digitalizados e transmitidos por via telefônica a um centro especializado de análise e interpretação, onde serviços de vigilância e alarme monitoram continuamente esses sinais e alertam a ocorrência

de possíveis anormalidades. A monitoração geralmente ocorre em bases contínuas, periódicas ou sob demanda, envolvendo um período longo de tempo, principalmente em pacientes cardiopatas, com gravidez de risco, pacientes deficientes, ou de difícil locomoção. e) Telecirurgia Através da telecirurgia robótica, alguns procedimentos cirúrgicos podem ser realizados remotamente, através de sistemas de realidade virtual com sinais visuais, auditivos e tácteis entre o local onde está o médico e o local onde está o paciente, utilizando-se equipamento de manipulação remota de instrumentos. Dentre os equipamentos utilizados podemos citar as luvas de posicionamento digital, que sentem e transmitem para o computador a posição espacial e a movimentação dos dedos das mãos do cirurgião e o capacete binocular, dotado de duas telas de computador que transmitem uma visão tridimensional do campo operatório. Uma outra forma de telecirurgia é o assessoramento remoto dado por cirurgiões especialistas de grande experiência, através de equipamentos de videoconferência, a colegas distantes que precisam realizar intervenções cirúrgicas, mas que necessitam de orientação e auxilio. f) Teledidática Na teledidática (ensino à distância), o uso da videoconferência, o acesso a bancos de informações em saúde para o ensino e a educação continuada usando redes telemáticas na implementação de cursos médicos à distância, pode ser considerado um caso especial de telemedicina aplicada ao treinamento clínico. 2.2. Vantagens A telemedicina é um recurso que contribui significantemente para a melhoria da qualidade da assistência médica, para a redução do tempo gasto entre o diagnóstico e a terapia e para a extensão dos serviços médicos especializados e de qualidade aos locais que não os apresentam. Além dessas vantagens, podemos citar: acesso rápido a especialistas em locais distantes nos casos de desastres e emergências; uso mais efetivo de recursos, através da centralização de especialistas e a descentralização da assistência primária em saúde, alcançando um número maior de pessoas; melhoria nas condições de diagnóstico através da cooperação de profissionais multidisciplinares com compartilhamento de informações médicas; implantação de programas educacionais à distância para médicos e residentes, localizados em regiões remotas ou fora de centros especializados; acesso remoto aos serviços de saúde nas várias modalidades presentes na telemedicina, principalmente em áreas rurais distantes; redução no número de consultas presenciais, através da coleta eletrônica dos dados clínicos do paciente; possibilidade de acesso ao prontuário eletrônico do paciente, melhorando assim o atendimento multicêntrico ao paciente.

3. Educação continuada A educação refere-se à prática educativa e ao processo ensino-aprendizagem que leva o aluno a aprender a aprender, a saber pensar, criar, inovar, construir conhecimentos, participar ativamente de seu próprio crescimento [5]. Surge, então, a necessidade real da educação continuada, que é a busca constante do aprendizado e da atualização. A formação dos profissionais não pode ficar restrita a um determinado período de estudo, pois estariam impossibilitando a atualização profissional e o progresso social, eles devem sempre procurar a atualização dentro da sua área de pesquisa e de trabalho. Através da educação continuada, torna-se possível essa atualização em função das necessidades advindas das aceleradas mudanças sociais e tecnológicas. Devido ao seu caráter marcantemente interativo, a telemedicina possibilita a sua atuação não apenas na área clínica e cirúrgica, mas também no ensino e pesquisa médica [6]. Tudo isso, evidentemente, vem causando um grande impacto sobre a educação médica, principalmente na educação médica continuada. O enorme progresso da medicina nas últimas décadas passou a exigir que os profissionais de saúde estudem continuamente, para se manter atualizados. O sistema educacional gradativamente está mudando o seu foco, deslocando-o do ensino, centrado nos conteúdos, para o aprendizado, centrado no aluno. Essa mudança se baseia no desenvolvimento das modernas teorias da aprendizagem, que mudaram a natureza da nossa percepção sobre como ocorre o aprendizado e qual é o papel do aprendiz [7]. Torna-se evidente que a educação médica à distância se insere nesta realidade como uma revolução e uma solução para o problema da atualização médica e do aprendizado contínuo. Ela traz muitas vantagens: flexibilidade quanto ao espaço e ao tempo, não ocupa tempo no atendimento clínico, pode ser utilizada a partir de qualquer lugar do planeta; e possibilita uma grande individualização do ensino ao permitir que cada um escolha o nível de profundidade do que quer aprender, em quanto tempo e em que ritmo. Permite ainda o acesso direto ao instrutor, através de correio eletrônico, com respostas individuais [8]. Com o advento de novas tecnologias da informação, novos paradigmas têm surgido, e suas surpreendentes possibilidades estão capturando a imaginação e interesse de educadores ao redor do mundo, levando-os a repensar a natureza do ensino e aprendizagem médica. Somente recentemente, educadores começaram a definir modelos para a aprendizagem e a entender quais são as bases tecnológicas necessárias para implementar a educação continuada à distância. No Brasil, o uso de aplicações para a educação continuada envolvendo a telemedicina ainda está dando seus primeiros passos, mas o seu futuro desponta de forma brilhante e promissor com inúmeros fatores favoráveis ao seu desenvolvimento. 4. Tutorial 4.1. Descrição O propósito deste trabalho é o desenvolvimento de um tutorial com recursos multimídia que possa auxiliar estudantes e profissionais da área de saúde no conhecimento da telemedicina, incluindo suas aplicações, modalidades, tecnologias utilizadas, aspectos éticos-legais e conhecimento de alguns projetos desenvolvidos e

em desenvolvimento [9]. O objetivo principal desse tutorial é promover a educação continuada desses profissionais, mantendo-os sempre atualizados com o desenvolvimento da telemedicina. Para a concepção deste projeto serão utilizados elementos essenciais para a criação de um sistema multimídia que permita, além de uma boa interatividade com o usuário, um ambiente gráfico atraente, de fácil manipulação e compreensão. O sistema produzido poderá ser utilizado por profissionais da área de saúde com pouca habilidade no manuseio de equipamentos de informática e utilização de aplicativos em ambiente windows. Este projeto é financiado pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e recebe apoio do Núcleo de Tecnologias da Informação em Saúde (NTIS), do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba (CEFET-PB), através de convenio firmado com o Núcleo de Estudos e Tecnologia em Engenharia Biomédica (NETEB), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O aplicativo produzido estará disponível em mídia ótica (CD-ROM), poderá ser utilizado em qualquer microcomputador pessoal com recursos de multimídia e, dentre as modalidades da telemedicina é na teledidática, que o contexto do tutorial esta inserido. 4.2. Ferramentas Utilizadas Para o desenvolvimento de um sistema com interface multimídia, devido às características próprias deste tipo de aplicação em um ambiente contendo mídias de naturezas diversas, e à necessidade de interatividade com o usuário, a ferramenta escolhida foi o Toolbook da Asymetrix. O Toolbook é uma ferramenta de autoria que possui um ambiente adequado para a construção de aplicações com interface multimídia, possuindo uma linguagem de programação baseada em eventos, de fácil aprendizagem por sua semelhança com a linguagem natural, onde cada um dos procedimentos é criado através de um código simples que responde a um evento especifico em que o programador pode optar em escrever o seu código ou utilizar um script já pronto [10,11]. Esta ferramenta possibilita a criação do sistema de maneira análoga à construção de um livro, onde cada uma das paginas vai sendo criada e implementada aos poucos a partir das telas do aplicativo, sendo em seguida incorporada ao sistema. O Toolbook traz em seu ambiente de desenvolvimento um catalogo de componentes predefinidos, que podem ser utilizados no desenvolvimento da interface, possibilitando ainda a criação de novos componentes que sejam necessários. Juntamente com o Toolbook outras ferramentas, ainda a serem definidas, serão utilizadas para criação e tratamento das imagens, animações, edição e compactação das imagens de vídeo, etc. 5. Considerações Finais A telemedicina tem se mostrado como sendo uma tecnologia inovadora na área de saúde, com a característica principal de promover cuidados de saúde para regiões que possuam poucos recursos em alguns tipos de procedimentos médicos, independente da sua localização geográfica. Além disso, o seu caráter

marcantemente interativo possibilita a sua atuação não apenas na área clínica e cirúrgica, mas também permite sua inserção no ensino e pesquisa médica, através da educação à distância. A utilização da telemedicina tem muitas vantagens potenciais e sua demanda aumenta cada vez mais à medida que os meios de telecomunicação tornam-se cada vez mais disponíveis e confiáveis. Os pacientes que não têm acesso a especialistas, podem beneficiar-se muito com a sua utilização, através da transmissão de imagens médicas para realizar uma avaliação à distância em especialidades tais como radiologia, patologia, oftalmologia, cardiologia, dermatologia e ortopedia, dentre outras. Isto pode facilitar muito o serviço do especialista, ao mesmo tempo em que diminui os possíveis riscos e custos relativos ao transporte do paciente. Os sistemas de comunicações, como a videoconferência e o correio eletrônico, permitem aos médicos de diversas especialidades consultar colegas e pacientes com maior freqüência. Da mesma forma, a telecirurgia faz com que cirurgiões com menos experiência realizem operações de urgência com o assessoramento e a ajuda de colegas mais experientes. Os contínuos avanços da tecnologia criam novos sistemas de assistência a pacientes que ampliarão a margem dos benefícios que oferece a telemedicina a muito mais do que existe agora. Ademais, a telemedicina oferece um maior acesso à educação e à pesquisa médica, em especial para os estudantes e os médicos que se encontram em regiões distantes. Assim, a telemedicina constitui, hoje, um campo muito promissor no conjunto das ações de saúde e os seus fundamentos devem começar a ser parte da educação médica básica e continuada. Dessa forma, a criação de um CD-ROM para estudo e atualização em telemedicina, conforme sugerido neste trabalho, oferece aos profissionais de saúde a oportunidade de conhecer esta interessante forma de assistência médica ao paciente. Agradecimentos O primeiro autor agradece o auxílio financeiro da CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), na forma de bolsa de mestrado, para o desenvolvimento deste trabalho.

Referências [1] PEQUENO, Jaildo T. Sistema multimídia para estudo da cineangiocoronaiografia. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB, 2001. [2] CARDOSO, Sílvia H. O que são livros multimídia. Revista Informática Médica, v. 1, n. 2, Mar/Abr 1998. Disponível em <http://www.epub.org.br/iformaticamedica/n0102/cardoso.htm> Acesso em 15/01/2001. [3] SABBATINI, Renato M.E.; MACERATINI Ricardo. Telemedicina: a nova revolução. Revista Informédica, v. 1, n. 6, jan/fev 1994. Disponível em <http://www.epub.org.br/informed/telemed.htm> Acesso em 20/05/2001. [4] COSTA, Karoline L.D.; SANTOS, Nilton F. Telemedicina: uma nova forma de assistência médica ao paciente, Revista Principia, Ano 4, nº 8, p.18-23, João Pessoa: Órgão de Divulgação Científica e Tecnológica do CEFET-PB, 2001. [5] DUARTE, A. Certificação x Formação Acadêmica. Disponível em <http://www.timaster.com.bt> Acesso em 15/09/2000. [6] SABBATINI, Renato M.E. Telemedicina: a assistência à distância. Revista Médico Repórter, n.3, fev, 1999. Disponível em <http://www.nib.unicamp.br/papers/reporter-medico-03.htm> Acesso em 15/12/2000. [7] CARDOSO, Sílvia H. Educação médica à distância pela Internet. Revista Informática Médica, v. 1, n. 5, set/out 1998. Disponível em <http://www.epub.org.br/iformaticamedica/n01015/cardoso.htm> Acesso em 22/05/2001. [8] SABBATINI, Renato M.E. Educação médica continuada pela Internet. Revista Médico Repórter 2: 20-22 (Dez. 1998). Disponível em <http://www.nib.unicamp.br/papers/reporter-medico-02.htm> Acesso em 22/05/2001 [9] COSTA, Karoline L.D., BRASIL, Lourdes M.; SANTOS, Nilton F. Aspectos éticos-legais da telemedicina, Revista Principia, Ano 5, nº 9 João Pessoa: Órgão de Divulgação Científica e Tecnológica do CEFET-PB, 2001 (In Press).

[10] ASYMETRIX LEARNING SYSTEMS. User guide: Toolbook II Instructor 7. United States of America, 1999.826p. [11] FILHO, Wilson P. Multimídia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2000.