MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM ALAGOAS



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EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ALAGOAS: COTA Nº 034/2006-PR/AL-RSO ANEXOS: fls. 84 e 85 do MS 2006.80.00.000083-4 (7ª VF de Maceió); RESOLUÇÕES COFECI 327/92, 956/2006 e 958/2006. Autor: Ministério Público Federal Réus: COFECI e CRECI/AL O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do Procurador da República que esta subscreve, no exercício de suas funções institucionais, vem emendar a petição inicial, nos seguintes termos. Trata-se de ação civil pública, com pedido de antecipação de tutela, em face do CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS COFECI e do CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS DA 22ª REGIÃO CRECI/AL, objetivando afastar os efeitos, no Estado de Alagoas, da Resolução nº 800, de 26.12.2002, do Conselho Federal de Corretores de Imóveis COFECI, ato administrativo que instituiu o Exame de Proficiência como requisito prévio e indispensável à obtenção do Registro Profissional junto aos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis CRECIs pelos Técnicos em Transações Imobiliárias e bacharéis em Ciências Imobiliárias, nos seguintes termos:

Art. 1.º Instituir o Exame de Proficiência como instrumento indispensável à aferição de conhecimentos técnicos mínimos, exigíveis dos pretendentes ao exercício da profissão de corretor de imóveis nos termos da Lei n.º 6.530, de 12 de maio de 1978. Art. 2.º Estabelecer como um dos requisitos para obtenção de registro profissional junto aos Conselhos Regionais de Corretores de imóveis a aprovação em Exame de Proficiência realizado nos termos desta resolução. Nos autos do mandado de segurança 2006.80.00.000083-4 (recebido nesta Procuradoria em 5/5/06), após concedida a segurança, o CRECI/AL (por intermédio do Dr. Carlos Tadeu Morais de Melo - OAB AL 3479), pede o arquivamento do MS, considerando que o exame de proficiência constante da Resolução nº 800/2002 fora revogado pelo CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS COFECI através da Resolução Nº 956/2006 como segue em anexo. CRECI/AL naquele processo. Cabe, nesta ação, incluir desde logo o tema ventilado pelo Ocorre que o malsinado exame, pretensamente fulminado pelo COFECI em sessão realizada nos dias 14 e 15 de março de 2006, ressuscitou na mesma plenária, via Resolução COFECI 958/2006, que institui o Programa de Complementação Técnico-Educacional e a correspondente avaliação através de Teste de Capacitação Profissional (TC), em uma evidente manobra jurídica visando liberar-se do entulho já afastado pela Justiça Federal em diversas decisões, concedendo nova roupagem ao vetusto e ilegal exame de proficiência. Essa Resolução institui Teste de Capacitação Profissional nos moldes do exame de proficiência e altera a Resolução COFECI 327/92, que revê, consolida e estabelece normas para inscrição de pessoas físicas e jurídicas nos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis. 2

O art. 17 da novel Resolução 958/2006 acrescenta mais uma exigência para obtenção da carteira profissional de corretor de imóveis (grifouse): Art. 17 O artigo 20 e seu parágrafo único, da Resolução COFECI nº 327/92 passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 20 O Sistema Cofeci/Creci fornecerá ao profissional inscrito, mediante pagamento dos correspondentes emolumentos, após a aprovação plena no TC, a Cédula de Identidade Profissional, equivalente à Cédula de Identidade Civil, nos termos do Lei nº 6.206, de 07 de maio de 1975, e a Carteira Profissional de Corretor de Imóveis. Parágrafo Único A aprovação plena no TC [Teste de Capacitação Profissional] é condição essencial para o fornecimento dos documentos a que alude este artigo, cujos emolumentos só poderão ser recebidos pelo Conselho Regional após a confirmação da aprovação. 327/92 (grifou-se): Compare-se com a redação original da Resolução COFECI Art. 20 O Conselho Regional fornecerá ao Corretor de Imóveis inscrito carteira e cédula de identidade profissional contendo os seguintes elementos: (...) Parágrafo Único O fornecimento da carteira e da cédula de identidade profissional está sujeita ao pagamento de emolumentos. A nomenclatura que se pretenda dar ao exame de proficiência em nada altera os óbices jurídicos que lhe impedem a aplicação, já mencionados na petição inicial. Bem assim, nada importa se o exame, teste ou prova, estejam veiculados pela Resolução nº 800, 956 ou 327. O fato é que o COFECI insiste em legislar, substituindo o Congresso Nacional e desrespeitando a Justiça, que afirmou reiteradas vezes a impossibilidade jurídica de verificar a aptidão de profissionais para inscrição em Conselho com base em requisitos não previstos em lei. 3

A manobra do COFECI é clara, pois na mesma sessão: a) revoga a Resolução 800/2002, o que, em uma análise bastante superficial, poderia resultar no arquivamento de alguns processos em que ele ou algum CRECI seja réu; e b) edita nova Resolução, instituindo o exame de proficiência com outro nome, como se ele fora um mero requisito para expedição de documentos... O detalhe é que esses documentos são simplesmente a Cédula de Identidade Profissional e a Carteira Profissional de Corretor de Imóveis, que impediriam o técnico em transações imobiliárias de exercer a profissão almejada. Ambas as Resoluções (956 e 958 de 2006) são assinadas pelo Presidente do COFECI, João Teodoro da Silva, e pelo seu Diretor-Secretário, Curt Antônio Beims. Ademais, o COFECI quer manter insepultos os restos mortais da Resolução 800/2002, ao estabelecer no art. 20 da recém editada Resolução 958/2006: Art. 20 Todas as avaliações baseadas em ordenamento legal anterior, com datas de realização já estabelecidas, passam a obedecer aos ditames desta Resolução e em função dela prevalecerão. Por avaliações baseadas em ordenamento legal anterior, entenda-se exame de proficiência baseado na Resolução COFECI 800/2002, por óbvio. Assim, o COFECI não revoga exame nenhum: faz apenas uma reforma mal ajambrada do que deveria, em respeito às repetidas decisões do Poder Judiciário, haver extirpado completamente de seu ordenamento legal. Reincide, ainda, na usurpação das funções legislativas cometidas ao Senado e à Câmara. 4

Em face do exposto, o Ministério Público Federal vem emendar a petição inicial, para que todo o pedido em relação à Resolução COFECI 800/2002 seja apreciado igualmente no que tange à Resolução COFECI 958/2006, especialmente no sentido de que os técnicos em transações imobiliárias que cumpram os requisitos legais de inscrição no CRECI/AL recebam a Cédula de Identidade Profissional e a Carteira Profissional de Corretor de Imóveis independentemente de aprovação no Teste de Capacitação Profissional, por violação ao art. 5º, incisos II e XIII e ao art. 22, inciso XVI, da Constituição Federal, e ao art. 2º da Lei nº 6.530/78. Nestes termos, pede e espera deferimento. Maceió, 08 de maio de 2006. RENATO SILVA DE OLIVEIRA Procurador da República 5