Parecer nº 015/98 - JMS Processo CMRJ nº 04355/97

Transcrição

1 Parecer nº 015/98 - JMS Processo CMRJ nº 04355/97 1) Progressão funcional prevista na nova redação do art. 17, 2º, III, do Decreto Legislativo nº 26/91, que foi conferida pelo Decreto Legislativo nº 152/97. Norma auto-aplicável e de eficácia plena e imediata. 2) Servidor que faz prova de possuir escolaridade mais elevada do que a exigida para o cargo que ocupa nesta Casa faz jus à pontuação atribuída por referido dispositivo, a partir da data em que faça prova do seu grau de instrução. Senhor Procurador-Geral, Retornam os autos a esta Procuradoria-Geral, por determinação do Exmo. Sr. Presidente desta Casa, para apreciar o recurso (rectius, requerimento) do servidor interessado, proferido às fls. 36, no qual solicita pronunciamento sobre a progressão funcional estipulada no art. 17, 2º, III do Decreto Legislativo nº 26/91, nos termos conferidos pelo Decreto Legislativo nº 152/97, haja vista o deferimento da n. Mesa Diretora, datado de 21/08/98 e a inserção, nos autos, de seu comprovante de escolaridade. Designada por V. Exa. para analisar o feito, passo a fazê-lo com as considerações que se seguem. I - Histórico A matéria apresentada já foi apreciada por este Órgão no Parecer nº 005/98 - CRTS, da lavra da eminente Procuradora Dra. Cláudia Rivolli Thomas de Sá, que se encontra às fls. 20/25, o qual serviu de base para que a n. Mesa Diretora deferisse (fls. 27) o solicitado pelo servidor, ou seja a progressão estipulada no art. 17, 2º, III do Decreto Legislativo nº 26/ Rev. Direito, Rio de Janeiro, v.3, n. 5, jan./jun. 1999

2 Como o requerente não havia anexado aos autos o documento comprobatório da escolaridade que lhe daria direito a obter a progressão pleiteada, o processo foi a ele encaminhado para que cumprisse a exigência, a qual foi satisfeita às fls. 29. Diante disso o Ilmo. Sr. Diretor-Geral de Administração solicitou esclarecimentos sobre dúvidas existentes na aplicação do instituto da progressão, prevista no art. 17, 2º, III, do Decreto Legislativo nº 26/91 (fls. 30). Os autos, então, foram remetidos a esta Procuradoria-Geral, onde V. Exa. informou que neste Órgão se encontrava tramitando o Processo CMRJ nº 2526/98, no qual se estaria realizando estudos e regulamentação da progressão criada pelo Decreto Legislativo nº 152/97, que deu nova redação a parte do Decreto Legislativo nº 26/91, tendo em vista a aprovação do parecer nº 011/98 - JMS, exarado por esta Procuradora naquele administrativo, tornando-se, por esta razão, suspensa a aplicação imediata do Parecer nº 005/98 - CRTS. Nada obstante, pleiteia novamente o servidor, no sentido de que esta Procuradoria-Geral se pronuncie sobre o seu requerimento (fls. 36), agora já tendo por base o citado Parecer nº 005/98 - CRTS. Assim nos chegaram os autos para opinamento. II - Fundamentação A progressão por mérito foi criada através do Decreto Legislativo nº 152/97, que alterou o sistema de desenvolvimento funcional dos servidores desta Casa Legislativa, revogando a Seção III, do Capítulo III, do Decreto Legislativo nº 26/91 e criando outra com nova redação. Assim, a progressão requerida pelo servidor é aquela inserida no art. 17, 2º, III do Decreto Legislativo nº 26/91, que diz: Art O desenvolvimento funcional do servidor do Quadro de Pessoal da Câmara Municipal far-se-á por I - elevação; II - progressão. Omissis. Rev. Direito, Rio de Janeiro, v.3, n. 5, jan /jun

3 2º - Progressão é o avanço do servidor para os padrões subseqüentes do mesmo nível, a cada mil pontos acumulados pelo servidor, observados os seguintes critérios: Omissis. III - pela prova de conclusão de curso de escolaridade mais elevada que a exigida para o cargo, quatro mil pontos;. A matéria já foi amplamente discutida no Parecer nº 005/98 - CRTS (fls. 20/25), não restando dúvida de que a progressão inserida no dispositivo susotranscrito é norma de eficácia plena e de aplicabilidade direta e imediata, isto é, não depende de regulamentação, de modo que todo servidor que a requeira e faça prova da escolaridade exigida terá direito a auferir a pontuação respectiva. Por sugestão do Exmo. Sr. Procurador-Geral (fls. 32), que data de 14/09/98, foi suspensa a aplicação imediata do parecer acima mencionado. É que, naquela ocasião, encontrava-se nesta Procuradoria o Processo CMRJ nº 2526/98, no qual estava sendo providenciada a regulamentação, por solicitação da n. Mesa Diretora, datada de 17/08/98 (fls. 32 daquele processado), da progressão por mérito, criada pelo Decreto Legislativo nº 152/97, que conferiu nova redação a parte do Decreto Legislativo nº 26/91. Contudo, o processo voltou a tramitar e retornou a esta Procuradoria- Geral para ser apreciado, não quanto ao requerido pelo servidor - progressão fundada no art. 17, 2º, III do Decreto Legislativo nº 26/91 - porque este já foi deferido pela n. Mesa Diretora, às fls. 27, mas sim para que se esclareçam dúvidas suscitadas pelo Diretor-Geral de Administração às fls. 30, quanto à aplicabilidade deste instituto, dúvidas essas que a seguir transcreverei. I ndaga o Ilmo. Sr. Diretor-Geral de Administração, às fls. 30, o seguinte: - Se os documentos de fls. 29 do p.p. atendem às exigências do referido parecer e em caso afirmativo: - Qual será a validade da concessão? - Os servidores que apresentarem documentação que indubitavelmente comprovem formação superior à exigida para o cargo que ocupam, poderão 144 Rev. Direito, Rio de Janeiro, v.3, n. 5, jan./jun. 1999

4 ter deferido automaticamente o benefício à pontuação?. Respondendo a essas indagações, tenho a informar que: I) o documento de escolaridade acostado às fls. 29 atende à exigência do parecer nº 005/98 - CRTS, já que o servidor havia requerido o benefício da progressão funcional, mas não havia juntado aos autos o necessário documento comprobatório do seu grau de instrução. II) Nos termos do já mencionado art. 17, 2º, III do Decreto Legislativo nº 26/91, a progressão se dará pela prova de conclusão do curso de escolaridade mais elevada que a exigida para o cargo. O servidor em tela, requereu a progressão em 14/05/97, contudo só juntou a prova de sua escolaridade em 26/08/98 (fls. 28/29). Assim, a validade da concessão da pontuação atribuída para este critério de progressão deve ser 26/08/98 (data da prova). III) Todos aqueles servidores que requeiram a progressão, com fulcro no art. 17, 2º, III do Decreto Legislativo nº 26/91, e apresentem certificados de escolaridade mais elevada que a exigida para o cargo que ocupam nesta Casa, deverão ter seus pleitos deferidos. Ressalte-se que a validade da concessão da pontuação deve ser sempre a data em que o servidor fez prova de sua escolaridade, que pode ser a mesma do requerimento ou não. Pelos termos do art. 17, 2º, III do Decreto Legislativo nº 26/91, a pontuação se dará pela prova da escolaridade e não pela conclusão de curso de ensino fundamental, médio ou superior. Portanto, não basta que o servidor afirme possuir tal grau de instrução, é necessário que apresente documento comprobatório dessa assertiva. Cumpre esclarecer, por oportuno, que os certificados apresentados pelos servidores devem ter sido expedidos por instituição que seja reconhecida oficialmente ou, quando autorizada, que seja de notória especialização, ex vi do disposto no art. 17, 4º do Decreto Legislativo nº 26/91. Porém, a verificação desta formalidade não impede que se atribua a pontuação respectiva ao servidor, até porque, na falta de indícios de inautenticidade, presume-se a veracidade do documento, mormente no caso presente, em que a cópia apresentada foi autenticada em cartório. Ademais, a administração desta Casa poderá, para fins do art. 17, 4º, do Decreto Legislativo nº 26/91, a qualquer momento, oficiar ao órgão competente pela expedição do diploma para certificar-se de sua autenticidade. Rev. Direito, Rio de Janeiro, v.3, n. 5, jan /jun

5 Desse modo, se algum servidor apresentar certificado que, após verificação para fins do disposto no citado art. 17, 4º, do Decreto Legislativo nº 26/91, não se prestar para a finalidade almejada, deverão ser suprimidos os padrões que lhe haviam sido atribuídos com base naquele comprovante de escolaridade, bem como ser descontada toda a verba que, por essa razão, lhe foi paga a mais, sem prejuízo da responsabilidade penal e administrativa pela fraude, se houver. III - Conclusão Por todo o exposto, faz jus o servidor a receber a pontuação atribuída pelo art. 17, 2º, III do Decreto Legislativo nº 26/91, a partir do dia 26/08/98, data em que fez prova, para esta Casa de Leis, de sua escolaridade. É como me parece. À consideração de V. Exa. Em 03 de dezembro de 1998 JANIA MARIA DE SOUZA Procuradora Visto. De acordo com o parecer. Em 08 de dezembro de PAULO AQUINO DE OLIVEIRA LIMA Procurador-Geral 146 Rev. Direito, Rio de Janeiro, v.3, n. 5, jan./jun. 1999