SEXTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº: 0043422-69.2013.8.19.0000 AGRAVANTE: INDÚSTRIAS VEROLME ISHIBRAS S A IVI AGRAVADO: FUJITSU DO BRASIL LTDA RELATORA: DES. TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES ACÓRDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO MONITÓRIA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. CÁLCULOS DO CONTADOR. HOMOLOGAÇÃO. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE DEPÓSITOS JUDICIAIS. 1. Insurge-se o agravante contra a decisão que homologou os cálculos do Contador Judicial. Entende o agravante que o Contador deixou de considerar os juros e a correção monetária incidente sobre os valores depositados pela agravante desde a data de cada depósito, o que acarreta enriquecimento ilícito. 2. Os valores depositados junto ao Banco do Brasil, à disposição do juízo, são corrigidos monetariamente e acrescidos de juros remuneratórios. O saldo em conta é mensalmente acrescido de juros remuneratórios e correção monetária. 3. Cálculo elaborado pelo Contador Judicial abateu a importância levantada com os acréscimos; logo, considerou os juros e a correção monetária incidentes sobre os depósitos judiciais efetuados pelo Agravante. 4. Eventual saldo residual na conta de depósito judicial deverá ser considerado para fins de abatimento do débito apurado. Expedição de ofício ao Banco do Brasil para que informe o saldo à disposição do juízo. 5. Anatocismo não configurado. Desprovimento do recurso. fag 1
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n 0043422-69.2013.8.19.0000 em que figura como agravante INDÚSTRIAS VEROLME ISHIBRAS S A IVI e como agravado FUJITSU DO BRASIL LTDA. ACORDAM os Desembargadores da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade, em conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso, na forma do voto da relatora. RELATÓRIO Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão proferida pelo Juízo da 40ª Vara Cível da Comarca da Capital que, nos autos da ação monitória em fase de cumprimento de sentença, homologou os cálculos de fls. 1200/1202 e determinou a remessa dos autos à Central de Cálculos para atualização. Inconformado o Agravante interpôs o presente recurso, alegando que foi penhorado 5% de sua renda bruta mensal; assim, efetuou regularmente os depósitos durante 24 meses, totalizando R$1.388.649,10. Afirma que o agravado apresentou nova planilha na qual fez incidir juros sobre juros e correção monetária sobre o valor do débito principal, deixando de calcular os juros e a correção monetária sobre os valores depositados pela agravante desde a data de cada depósito, o que acarreta enriquecimento ilícito, razão pela qual se insurge contra a decisão que homologou os cálculos de fls. 1200/1201 e determinou a remessa dos autos ao Contador Judicial para atualização. Requer a suspensão da penhora da renda até o julgamento final do recurso e, ao final, o seu provimento determinando-se nova remessa dos autos ao contador para que atualize os valores depositados pela agravante (juros e correção monetária desde a data de cada depósito) para o fim de abatimento do saldo devedor da execução. Pugna, ainda, que seja fag 2
determinado que o contador atualize o valor do débito com base na planilha de fl. 04, que serviu de base para a fixação do valor da condenação, sem a incidência dos juros apontados, afastando, assim, o anatocismo contido nos cálculos de fls. 1200/1201. Em seu ofício (fls. 19) o juízo a quo informa que o agravante cumpriu o disposto no art. 526, do CPC e que manteve a decisão agravada. Em suas contrarrazões (fls. 20/33) o agravado afirma que a pretensão do agravante é rediscutir matéria que já está preclusa e eternizar a execução. Afirma que o agravante alega excesso de execução, mas não se desincumbiu do ônus de demonstrá-lo, apresentando impugnação genérica. Defende a aplicação da penalidade prevista no art. 17, inciso VII, do CPC e, ao final, pugna pelo desprovimento do recurso. É o relatório. Passo ao voto. O recurso é tempestivo e guarda os demais requisitos de admissibilidade de forma a trazer o seu conhecimento. Versa a presente controvérsia em perquirir se nos cálculos de fls. 1200/1201 foram considerados os juros e correção monetária, desde a data de cada depósito, devidos sobre os valores depositados pela agravante. Ora, é cediço que os valores depositados junto ao Banco do Brasil, à disposição do juízo, são corrigidos monetariamente e acrescidos de juros remuneratórios. Tudo é calculado pela própria Instituição financeira depositária, que credita mensalmente tanto os juros remuneratórios como a correção monetária devidos. Extreme de dúvidas de que a discussão levantada pelo Agravante se refere exatamente ao cálculo dos juros e da correção monetária incidentes fag 3
sobre os depósitos judiciais, que compõem o saldo da conta de depósito judicial. Na planilha de fls. 1200 verifica-se que o Contador Judicial abateu o valor de R$1.438.544,14, já recebido pelo exequente. Essa importância foi corretamente corrigida desde a data do saque em 13/10/2009. Percebe-se que esse valor já estava acrescido de juros e correção monetária, pois como se vê do mandado de pagamento (fls. 1052) foi determinado o pagamento de R$1.251.683,12 mais os acréscimos legais (juros remuneratórios e correção monetária). Assim, sem sombra de dúvida o cálculo do contador (fls. 1200), ao abater a importância levantada com os acréscimos considerou sim os juros e correção monetária incidentes sobre os depósitos judiciais efetuados pelo Agravante. Por outro lado, entendo que pode haver ainda algum resíduo na conta judicial e este deve ser considerado para fins de abatimento do débito apurado. Tanto é assim que o Contador Judicial fez a seguinte observação em seus cálculos (fls. 1201): 5) FAZ-SE NECESSÁRIO CONSTAR NOS AUTOS SALDO BANCÁRIO EXISTENTE, FACE O LEVANTAMENTO DE FLS. 1052/1053. Como visto, o próprio Contador Judicial destacou a necessidade de que venha aos autos o demonstrativo bancário, considerando que já houve um levantamento efetuado pelo credor. Assim, determino a expedição de ofício ao Banco do Brasil para que informe o saldo à disposição do juízo. Vindo as informações da instituição, deverão os autos ir ao Contador Judicial para que atualize a planilha de fls. 1200/1201, devendo abater eventual saldo credor em favor do exequente. fag 4
No tocante à alegação de prática de anatocismo nos cálculos judiciais, esta também não prospera, pois como se depreende da planilha de fl. 1200 os juros foram calculados à base de 12% ao ano, não sendo incorporados e sobre estes incidentes novos juros, mas apenas calculados na forma simples de 1% ao mês. Ante o exposto voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso, determinado ex officio a expedição de ofício ao Banco do Brasil para que informe o saldo à disposição do juízo. Após tal informação é que os autos deverão ser encaminhados ao Contador Judicial para atualização do débito, abatendo-se eventual saldo credor da conta de depósito judicial. Rio de Janeiro, 19 de março de 2014. TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES Desembargadora Relatora fag 5