UM OLHAR SOBRE O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN



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Transcrição:

UM OLHAR SOBRE O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN Antônia Maíra Emelly Cabral da Silva Vieira 1 RESUMO A inclusão de alunos com deficiência na rede regular de ensino acende um grande debate acerca dos avanços e desafios no processo de ensino aprendizagem na sociedade atual. Com o intuito de trilhar um caminho que possa esclarecer os aspectos inerentes a esse processo, essa investigação tem como objetivo perceber como ocorre o desenvolvimento dos alunos com síndrome de Down, no que se refere ao ensino e aprendizagem no espaço escolar, a partir de relatos de professoras de uma Escola privada do município de Mossoró-RN. Para a coleta de dados foram aplicados questionários com as professoras, a fim de facilitar uma aproximação com o real vivenciado no contexto escolar. Os resultados preliminares da pesquisa apontam que o processo de aprendizagem transcorre de forma satisfatória, mas com necessidade de melhorias na capacitação docente e apoio pedagógico oferecido pela escola, o que é comum por estarmos tratando de um processo que prima por capacitações cotidianas, a inclusão. Contudo, os alunos atendidos, são vistos pelas professoras como capazes, mesmo sabendo do ritmo diferenciado de aprendizagem. Palavras-Chave: Síndrome de Down; Ensino; Aprendizagem. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A inclusão de alunos com deficiência na rede regular de ensino excita um grande debate acerca dos avanços e desafios no processo de ensino e aprendizagem na sociedade contemporânea. Desse modo, a busca por uma formação adequada para o corpo docente e funcionários da escola é um imperativo para superação dos desafios inerentes ao processo inclusivo. Nesse ponto, pois, destaca-se a utilização de novas metodologias que priorizem a inclusão de todos, haja vista, ser uma possibilidade para a quebra de barreiras. Tendo como pano de fundo os entraves e superações inerentes ao processo inclusivo, neste estudo, 1 Aluna do Curso de Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: mairaemellyc@gmail.com

enfatizaremos o processo de ensino e aprendizagem de crianças com síndrome de Down, no espaço escolar. Em se tratando da criança com essa deficiência, a entrada na Escola, desde a primeira infância, é um diferencial para conquistas futuras nas esferas cognitivas e sociais. Para Voivodic (2011, p.60) A deficiência em si, no caso da deficiência mental, não deve ser um fator que impeça o seu portador de ter as mesmas oportunidades educacionais. As ideias do autor comungam com a necessidade de acesso à escola e a aprendizagem por essa clientela, permitindo a criança com síndrome de Down (SD) acesso estrito ao meio educacional. Diante disso, questionamos: como ocorre o processo de ensino e aprendizagem de crianças com síndrome de Down? Com intuito de trilhar um caminho que possa esclarecer os aspectos inerentes a esse processo, essa investigação tem como objetivo perceber como ocorre o desenvolvimento dos alunos com síndrome de Down no que se refere ao ensino e aprendizagem no espaço escolar, a partir de relatos de professoras de uma Escola do município de Mossoró-RN. Desse modo, sugerimos refletir sobre a inclusão de crianças com trissomia do cromossomo 21 no ensino regular, em particular nas series inicias do ensino fundamental. Nesta investigação, buscamos atender essas inquietações apoiados na literatura que aborda a temática e tendo respaldo empírico na pesquisa qualitativa realizada com duas professoras, de alunos com síndrome de Down, que atuam em uma escola da rede privada de ensino da cidade de Mossoró-RN. Para Bogdan e Biklen (1994, p. 16), uma investigação qualitativa busca analisar os fenômenos em toda a sua complexidade e em seu contexto natural, privilegiando sua compreensão a partir do ponto de vista dos sujeitos da investigação. Para a coleta de dados foram aplicados questionários com as professoras, a fim de facilitar uma aproximação com o real vivenciado no contexto escolar. Para Triviños (2008), a entrevista semiestruturada valoriza a presença do investigador, possibilitando ao informante liberdade e espontaneidade necessárias para enriquecer a investigação, favorecendo a descrição, explicação e compreensão dos fenômenos na sua totalidade. Para uma contextualização teórica utilizamos, como base, estudos de alguns pesquisadores como Carvalho (2003), Mantoan (1997) e Voivodic (2011), além de outros que discutem a temática. É importante destacar que para essa investigação não estudamos a estrutura e organização pedagógica da escola, partindo da escuta da equipe pedagógica da instituição. Todos os nossos resultados giram em torno das respostas das professoras e contextualização com a literatura escolhida. Assim, a pesquisa permite uma reflexão acerca do assunto em

questão, e abre, também, espaço para perceber novas formas de ensinar e aprender pelos pares (professores e alunos) no contexto inclusivo. Permite ainda a possibilidade de estudar essa temática partindo da escuta da equipe pedagógica em outro momento. A INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN A educação formal, atualmente, é primordial para despertar habilidades necessárias à vivência em grupo e atender as necessidades formativas da vida humana e profissional. Com isso, ninguém pode ser excluído do âmbito escolar por não atender a um padrão imposto pela sociedade. É através da apropriação do conhecimento, proposto nesse espaço, que o sujeito assimila saberes necessários ao seu desenvolvimento cognitivo, social, intelectual e/ou afetivo. Todas as pessoas têm limitações, diferenças e ritmos de aprendizagem distintos, no entanto, não deve ser por esses motivos que o acesso à aprendizagem formal deva ser negado ou trilhado por preconceitos e restrições. O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas, de modo que se tornem aptas para responder às necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão (MANTOAN, 1997, p.21). A entrada da criança com síndrome de Down (SD) na escola proporciona ao seu desenvolvimento um crescimento expressivo no que se refere à ampliação de habilidades e competências que podem ser estimuladas e despertadas nos estudantes através da mediação pedagógica. Com isso, é perceptível o quanto todos os sujeitos devem ter uma vida escolar ativa, participando de todos os níveis de ensino como interlocutor de conhecimentos. Nesse sentido, o acesso e a inclusão no contexto escolar de todos os discentes são fundamentais para o seu desenvolvimento de modo amplo e significativo. Neste sentido, a educação formal, ministrada pela escola, é um processo importante na formação de todos os indivíduos. A escolarização tem como principal objetivo que os alunos aprendam a aprender e que saibam como e onde buscar a informação necessária (VOIVODIC, 2011, p.58). Quando se trata desse grupo de crianças, a educação pode ser um instrumento transformador para sua interação com o meio social, pois os momentos proporcionados pela

vivência na escola contribuem para sua socialização com o grupo e reforça sua autonomia para realizar atividades no cotidiano. Com isso, a escolha da escola deve ser minuciosamente selecionada, pois sua filosofia deve atender às necessidades desse público-alvo. Tornando-se espaço de construção de novas aprendizagens, primordiais à vida em grupo. A educação de crianças com Síndrome de Down, apesar de sua complexidade, não invalida a afirmação de quem tem possibilidade de evoluir. Com o devido acompanhamento, poderão tornar-se cidadãos úteis à comunidade, embora seus progressos não atinjam os patamares das crianças normais (SCHWARTZMAN, 1999, p.262). A criança com SD aprende num ritmo diferenciado, mas isso não significa que não vai aprender, apenas tem seu tempo e precisa ser estimulado e compreendido a cada descoberta. Nesse prisma, a necessidade de um acompanhamento mais conciso acerca de suas especificidades, partindo do acompanhamento de profissionais específicos, pode permitir ao educando um caminho mais próspero. É importante não queimar etapas e seguir roteiro adrede mente fixado: estimular o desenvolvimento da criança, respeitar sua evolução gradativa e aguardar o momento exato para iniciar uma nova aprendizagem. [...] devem levar em consideração as possibilidades de aprendizagem da criança e a motivação necessária para que participe ativamente [...] (SCHWARTZMAN, 2003, p.238). No contexto educacional, as perspectivas de uma prática inclusiva que atendam as necessidades desse aluno se direcionam para a sala de aula, onde o professor torna-se mediador do conhecimento e principal agente de transformação para a educação do aluno com deficiência intelectual. Esse profissional deve entender as limitações da criança com SD para assim, intervir com práticas pedagógicas diferenciadas, de tal modo que contribua para o avanço no processo de ensino-aprendizagem. Assim, São grandes as responsabilidades cometidas ao professor do ensino regular: esperas que utilize estratégias e desenvolva atividades de ensino individualizado junto da criança com NEE, mantenha um programa eficaz para o resto do grupo e colabore na integração social da classe. Sem a formação necessária para responder às necessidades educativas destes alunos, não conhecendo muitas vezes a natureza dos seus problemas e as implicações que tem no seu processo educativo, os professores do ensino regular não lhes podem prestar o apoio adequado (CARVALHO, 2003). Nessa perspectiva, o educador é agente facilitador, possibilitando interações e intervenções com todos os alunos no processo de ensino-aprendizagem. Esse profissional tem

a responsabilidade de lidar com uma sala heterogenia, onde cada estudante tem suas especificidades e, mesmo assim, deverá entender suas particularidades ajudando a avançar. Deste modo, deve articular formas onde o aluno com SD possa ser inserido, com estratégias e metodologias diferenciadas que estimulem a imaginação criadora, coordenação motora e percepção visual, visto que, a prontidão para a aprendizagem depende da integração dos processos neurológicos, de tal modo que articulem atividades que favoreçam o desenvolvimento cognitivo e social, visando seu progresso e isenção no meio social. Nesse contexto, A arrumação das carteiras, a decoração da sala de aula com os trabalhos dos próprios alunos; a organização de passeios e visitas, o uso de revistas, jornais e outros meios de comunicação impressa servem como fontes de interesse e de participação dos alunos nas atividades propostas (CARVALHO, 2003, p. 64). Segundo Melero apud Voivodic (2004), para favorecer a educação da criança com Síndrome de Down, é importante o trabalho com os processos cognitivos: percepção, atenção, memória e organização de itinerários mentais. Para Martins (2002) a educação da criança com SD, portanto, abrange desde a estimulação essencial, passando pela educação ministrada na escola, até chegar ao treinamento profissionalizante, visando a sua inserção num trabalho produtivo, dentro de um ambiente o menos restritivo possível. Para tanto, os sujeitos que compõem a escola têm um papel decisivo na inclusão dessas crianças no contexto educacional, ou seja, não apenas o professor é responsável, mas é fundamental uma mediação provocada por profissionais da saúde. Desse modo, o aluno com SD terá mais chances de avançar, superar as dificuldades e desenvolver suas potencialidades. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN Até pouco tempo atrás as crianças com síndrome de Down eram consideradas incapazes de aprender e interagir no meio social, mas com a ampliação das políticas de inclusão, amparadas pela sensibilidade dos participes desse processo inclusivo, esses sujeitos podem usufruir da oportunidade de vivenciar novos desafios no seio escolar e social. É conveniente lembrar que nesse espaço vamos expor as vozes das professoras, de modo que conheçamos aspectos essenciais ao processo de ensino aprendizagem de crianças com SD. Por ser um assunto bastante complexo, não pretendemos responder todas as inquietações

geradas com a pesquisa, mas trilhar um caminho que permita uma compreensão sobre os aspectos intrínsecos ao processo de ensino e aprendizagem nesse espaço específico de investigação. O universo da pesquisa é composto por duas professoras que possuem, cada uma, respectivamente, um aluno com síndrome de Down, um do sexo masculino, com 08 (oito) anos de idade e outro do sexo feminino, com 09 (nove) anos. Para preservar a identidade das docentes, elas serão tratadas por nomes fictícios criados pela pesquisadora. O questionário foi aplicado via e-mail no mês de agosto de 2014. Para uma melhor compreensão, inicialmente, apresentaremos cada uma, para que possamos conhecê-las brevemente. Margarida tem 30 anos de idade, solteira, possui graduação em Pedagogia, com pós-graduação, latu-senso, em Psicopedagogia e possui quatro anos de magistério. Violeta tem 31 anos de idade, graduada em Pedagogia com pós-graduação, latusenso, em Psicopedagogia em atividades finais. Dialogamos anteriormente, no estudo do referencial teórico, sobre fatores determinantes para a inclusão e avanços no processo de desenvolvimento intelectual e social dos alunos com Síndrome de Down. Nesse tocante, apontamos que a formação docente deve estar equiparada às necessidades formativas do aprendente. Pensando nisso, questionamos as professoras se elas se sentem preparadas para lidar com as especificidades da criança com síndrome de Down e quais as suas maiores dificuldades. Sim, embora alguns momentos seja difícil lidar com a resistência que apresentam em realizar as atividades. (MARGARIDA) Na verdade, não me considero preparada totalmente para lidar com as especificidades da criança. Porém, leio muito sobre o assunto, pois, já é meu segundo aluno que tem síndrome de Down, (inclusive o atual, está comigo há dois anos consecutivos), tento buscar soluções e ajuda para trabalhar da forma mais adequada (VIOLETA). Com as respostas, percebemos uma segurança por parte da Margarida, no entanto ressalta a resistência dos alunos, desse modo fica subtendida a necessidade de lidar com essa dificuldade. A outra professora, Violeta, demonstra uma necessidade por formação continuada, mesmo não sendo a primeira experiência como professora de aluno com deficiência intelectual, ou seja, nesse caso é perceptível uma postura de professora pesquisadora. Como sabemos o uso de materiais diferenciados nas metodologias utilizadas por professores permite um trabalho eficaz e capaz de transformar o pensamento da criança

independente de suas limitações. Com isso, perguntamos se são utilizadas metodologias diferenciadas na prática educativa com os alunos com SD. As atividades são iguais às demais, o diferencial é a maneira de apresentar para a criança (MARGARIDA). Sim, até porque além da síndrome, ele tem déficit de atenção. Então, não é qualquer tarefa que se torna atrativa para ele (VIOLETA). Para Pereira (2007), considerando as crianças com SD, a educação pode ou não tornar um elemento transformador desse indivíduo, tal fato vai depender da efetividade das estratégias educativas (metodológicas) utilizadas. Nesse caso, as respostas das professoras demonstram uma utilização de metodologias diferenciadas, até pela necessidade de inclusão do aluno no processo de aprendizagem, o que confirma uma preocupação por avanços nesse aspecto educacional. Com o intuito de entender um pouco como acontece o processo de aprendizagem dessas crianças, solicitamos uma breve descrição. A aprendizagem dessa criança ocorre de forma diferenciada dos demais, pois o processo de escrita torna-se mais lento, contudo, a oralidade e coerência no que diz, fica próximo dos demais (MARGARIDA). De maneira um pouco mais lenta, mas com total capacidade de aprender o que qualquer outra criança aprende, pois qualquer um tem seu tempo de aprender (VIOLETA). Confirmamos, a partir desses discursos, as limitações dos alunos com SD. Entretanto, as professoras enxergam nesses alunos a capacidade de desenvolvimento semelhante às demais crianças do grupo, e ressaltam que os alunos com deficiência intelectual possuem um ritmo mais lento, ou seja, uma forma peculiar de aprendizagem por suas limitações motoras e intelectuais. A deficiência não é uma categoria com perfis clínicos estáveis, sendo estabelecida em função da resposta educacional. O sistema educacional pode, portanto, intervir para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com algumas características identitárias (COLL, 1995 apud VAIVODIC, 2011, p.61). Pensando o quanto esse processo precisa da união de toda a equipe escolar e de profissionais capacitados, questionamos se as professoras recebiam uma apoio pedagógico e profissional da escola para a efetivação do processo inclusivo na sala de aula. As respostas

caminham por direções contrarias o que pode justificar uma necessidade relacionada ao apoio escolar nesse processo. Nem sempre (MARGARIDA). Sim. Além da coordenação da escola, o profissional (Psicopedagoga) que trabalham diretamente com ele, comparece à escola para podermos trabalhar juntas (VIOLETA). Sabendo o quão complexo é a inserção dos alunos com deficiência no espaço escolar, bem como o quanto esse fator contribui para o sucesso no processo de ensino e aprendizagem, solicitamos às interlocutoras que apontassem pontos positivos e negativos desse processo. Como pontos positivos foram elencados: Diversidade no grupo, superar novos desafios, viver novas experiências, Interação com crianças diferentes, independentes de deficiência, favorece a relação pessoal e interpessoal, troca de experiências, experiência grandiosa que o profissional da educação terá. Os pontos negativos foram: discriminação, falta de conhecimento em relação aos pais dos colegas, capacitação dos professores nas escolas regulares não é tão aprofundada quanto a que os profissionais das APAES têm, superproteção dos colegas, falta de apoio nas atividades de registro de escrita. Nesse prisma de opiniões, expostos pelas docentes, destacamos a necessidade de capacitação e o termo comparativo com as APAEs (...), o que retoma uma discussão presente na sociedade acerca da oferta da educação especial em espaços específicos, devido a falta de capacitação dos profissionais na rede regular de ensino, o que distancia a efetivação do processo inclusivo escolar e social. No entanto, entendemos que a inclusão caminha a passos lentos, mas já consegue render frutos positivos por muitos agentes. Contudo, a falta de capacitação não, necessariamente, está só no espaço escolar, mas em todas as esferas sociais. Ao serem questionadas sobre a interação da criança com SD e as demais sem necessidade especial, as respostas foram bem específicas. O aluno da professora Violeta recebe um tratamento cordial normal, recebendo até mimos dos colegas. Nesse sentido, percebemos o quanto o grupo reconhece o aluno como partícipe. No entanto, a aluna da professora Margarida recebe uma aceitação pacífica com resquícios de preconceitos pelos colegas. Desse modo, encontramos uma barreira forte e presente na socialização na criança com síndrome de Down, o preconceito. Mesmo sendo por um aluno, isso pode prejudicar sua socialização e, consequentemente, sua aprendizagem. Como a socialização e aceitação pode ser um fator imperativo para o processo de ensino aprendizagem, percebemos que a indiferença sentida ainda deve ser trabalhada, de modo que

os alunos se sintam integrados como parte desse processo e se envolvam em todas as atividades propostas sem exclusão por motivos de preconceito. Com relação à contribuição da família no processo de ensino aprendizagem, destacamos as falas das professoras. Fundamental. Qualquer criança reflete o que vivencia em casa. Desta maneira, a família é a pedra primordial para a base da criança, a qual, quando bem orientada, acompanhada, falicitará e contribuirá para o trabalho no espaço escolar (VIOLETA). Quando a família caminha junto com a escola, pode-se perceber que os frutos são mais significativos para os estudantes, embora sinta que a família do aluno com Down, por vezes, joga toda a responsabilidade para a escola/professora (MARGARIDA). Percebemos com esses discursos uma preocupação das professoras com a relação família-escola para a efetivação das aprendizagens desses alunos, enfatizando a contribuição para avanços no contexto escolar. Aproveitamos e destacamos a necessidade de parceria desses agentes para que o processo de ensino e aprendizagem, nesse tocante inclusivo, aconteça de forma louvável. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo feito nos permitiu perceber que os alunos com síndrome de Down, de acordo com a fala das professoras, estão tendo a oportunidade de participar de um processo de ensinoaprendizagem ancorado no uso de metodologias específicas que contemplem as singularidades de cada um, mesmo sabendo que ambos têm um ritmo de aprendizagem diferenciado. Notamos que o apoio pedagógico e profissional oferecido pela escola é insipiente pelo olhar de Margarida e eficiente pelo olhar de Violeta, o que nos faz refletir sobre sua eficácia. É perceptível também que as professoras primam pelo fortalecimento da relação família-escola, pensando na melhoria desse processo inclusivo e de aprendizagem. As considerações que por ora se apresentam, apontam que o processo de aprendizagem transcorre de forma satisfatória, mas com necessidade de melhorias na capacitação docente e apoio pedagógico oferecido pela escola, o que é comum por estarmos tratando de um processo que demanda por capacitações cotidianas, à inclusão. Contudo, os alunos atendidos, são vistos pelas professoras como capazes, mesmo sabendo do ritmo diferenciado de aprendizagem. Isso pode contribuir, de forma satisfatória,

para que essas crianças interajam na realização das atividades e possam vivenciar todas as etapas necessárias para uma aprendizagem ideal aos seus limites. REFERÊNCIAS BOGDAN, R.; BIKLENS, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto, 1994. CARVALHO, R.E. Removendo barreiras para a aprendizagem. Educação inclusiva. 3ed. Porto Alegre: Mediação, 2003. MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2006. MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos. A inclusão escolar do portador da síndrome de Down: o que pensam os educadores?natal, RN: EDUFRN, 2002. PEREIRA MS. Semelhanças e diferenças de habilidades sociais de crianças com síndrome de down e crianças com desenvolvimento típico [dissertação]. São Carlos/SP. 2007. Disponível em: http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedesimplificado/tde_arquivos/9/. Acesso em 28 Ago. 2014. SASSAKI, Romeu Kazumi. Atualizações semânticas na inclusão de pessoas: Deficiência Mental ou Intelectual? Doença ou transtorno mental? Revista Nacional de Reabilitação, ano IX, n. 43, mar./abr. 2005, p. 9-10 SCHWARTZMAN, José Salomão. Síndrome de Down. 2 ed. São Paulo: Ed. Memnon: Mackenzie, 2003. TELFORD. Charles W.; SAWREY, James M. O indivíduo excepcional. 5.ed. São Paulo: Zahar, 1984. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa qualitativa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2008. VOIVODIC, Maria Antonieta. Inclusão Escolar de Crianças com Síndrome de Down. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.