Aula 5 DESAFIOS DO ESPAÇO RURAL. Cecilia Maria Pereira Martins



Documentos relacionados
5 Considerações finais

Educação ambiental na gestão das bacias hidrográficas

Regulação Bimestral do Processo Ensino Aprendizagem 3º bimestre Ano: 2º ano Ensino Médio Data:

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

GESTÃO AMBIENTAL NO AGRONEGÓCIO HORTIFRUTÍCOLA

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

AUTOR(ES): ARIANE BUENO DOS SANTOS, ANA PAULA CILOTTI, CLARISSA REIS SILVA

Ciclo de Debates: Gestão do Trabalho no Terceiro Setor. Prof.ª Dr. Ana Lúcia Maciel Dr. Rosa Mª Castilhos Fernandes

CAPÍTULO 15 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Oficina Cebes DESENVOLVIMENTO, ECONOMIA E SAÚDE

As tabulações foram realizadas por meio de computador e usando tabelas e gráficos do Microsoft Office Excel 2007.

Conferência Internacional do Trabalho Convenção 159

COMUNICADO n o 003/2012 ÁREA DE GEOGRAFIA ORIENTAÇÕES PARA NOVOS APCNS 2012

Redes de políticas: novos desafios para a gestão pública

Palavras-chave: desenvolvimento, expansão capitalista e distribuição da renda.

Tatiana Marchetti Panza 1 & Davis Gruber Sansolo 2

Resultado da Avaliação das Disciplinas

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

A Sustentabilidade e a Inovação na formação dos Engenheiros Brasileiros. Prof.Dr. Marco Antônio Dias CEETEPS

ROTEIRO PARA A CONFERÊNCIA DO PPS SOBRE CIDADES E GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA. A cidade é a pauta: o século XIX foi dos

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

Resultados da Pesquisa IDIS de Investimento Social na Comunidade 2004

REFERÊNCIA Transporte Rodoviário Agenda Setorial 2012 Acompanhamento/Monitoramento da política pública de transporte rodoviário

À Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) As organizações brasileiras que subscrevem esse documento manifestam:

CUSTOS DA QUALIDADE EM METALURGICAS DO SEGMENTOS DE ELEVADORES PARA OBRAS CÍVIS - ESTUDO DE CASO

OS DESAFIOS DE ENSINAR A CLIMATOLOGIA NAS ESCOLAS

Disciplina Corpo Humano e Saúde: Uma Visão Integrada - Módulo 3

1. Seu município enfrenta problemas com a seca? 43 Sim... 53% 38 Não... 47%

RESUMO EXPANDIDO. O Novo Código Florestal: impacto sobre os produtores rurais de Juína e região

APRESENTAÇÃO DO PROJETO GEO CIDADES

OS INDICADORES AMBIENTAIS COMO PARÂMETROS DE MELHORIAS DA QUALIDADE DE VIDA

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Gestão de impactos sociais nos empreendimentos Riscos e oportunidades. Por Sérgio Avelar, Fábio Risério, Viviane Freitas e Cristiano Machado

(MAPAS VIVOS DA UFCG) PPA-UFCG RELATÓRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO DA UFCG CICLO ANEXO (PARTE 2) DIAGNÓSTICOS E RECOMENDAÇÕES

Como economizar dinheiro negociando com seu banco. negociecomseubanco.com.br 1

Programa Ambiental: 1º Ciclo de Palestras Uso sustentável dos recursos naturais

Faculdade Sagrada Família

A Aliança de Cidades e a política habitacional de São Paulo

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O ENFRENTAMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM ÁREAS URBANAS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE BELÉM, PARÁ, BRASIL

Confiança no crescimento em baixa

Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Petrolina - FACAPE Curso: Ciência da Computação Disciplina: Ambiente de Negócios e Marketing

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

Planejamento do CBN Política Nacional de Normalização. Processo de produção de normas. Antecedentes. Objetivo. Propor a

PLURIATIVIDADE AGRÍCOLA E AGRICULTURA FAMILIAR I. META Mostrar o processo de inserção da agricultura familiar na economia brasileira.

Administração Prof. Esp. André Luís Belini Bacharel em Sistemas de Informações MBA em Gestão Estratégica de Negócios

CURSO. Master in Business Economics 1. vire aqui

Conjuntura Dezembro. Boletim de

Plano de Negócios (PN): uma visão geral. O que é e para que serve

APRESENTAÇÃO Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS)

Planejamento estratégico

Resumos do V CBA - Palestras. A experiência da REDE ECOVIDA DE AGROECOLOGIA no sul do Brasil

Disciplina : Introdução à Teoria Geral da Administração 1º semestre do curso

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Aula 1. Introdução à Avaliação Econômica de Projetos Sociais

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS, ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL: ANÁLISES E PERSPECTIVAS

Apoio. Patrocínio Institucional

TÍTULO: PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: IR DIFERIDO

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador CÉSAR BORGES

Imigração: problema ou solução?

APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE CUSTEIO: VARIÁVEL E POR ABSORÇÃO, PARA O PROCESSO DECISÓRIO GERENCIAL DOS CUSTOS

Conceitos trabalhados na disciplina, textos de apoio da biblioteca e elementos da disciplina.

Apresentação. Cultura, Poder e Decisão na Empresa Familiar no Brasil

I. INTRODUÇÃO. 1. Questões de Defesa e Segurança em Geografia?

A EDUCAÇÃO PARA A EMANCIPAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: UM DIÁLOGO NAS VOZES DE ADORNO, KANT E MÉSZÁROS

AFETA A SAÚDE DAS PESSOAS

GRUPO X 3 o BIMESTRE PROVA A

UNEMAT SISTEMA DE INFORMAÇÃO (SI) Professora: Priscila Pelegrini

análisederisco empresarial

é de queda do juro real. Paulatinamente, vamos passar a algo parecido com o que outros países gastam.

O Setor Informal e as Pequenas Empresas: Métodos Alternativos para o Apoio e a Geração de Emprego Rajendra Kumar

ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO COMPARADA SOBRE CONSERVAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS MARINHOS

3º Seminário Internacional de Renda Fixa Andima e Cetip Novos Caminhos Pós-Crise da Regulação e Autorregulação São Paulo 19 de março de 2009

PUBLICO ESCOLAR QUE VISITA OS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE MANAUS DURANTE A SEMANA DO MEIO AMBIENTE

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO RADIAL DE SÃO PAULO SÍNTESE DO PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO 1 CURSO: BACHARELADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA POR BIMESTRE PARA O ENSINO MÉDIO COM BASE NOS PARÂMETROS CURRICULARES DO ESTADO DE PERNAMBUCO

2 Teoria de desastres

Campus Capivari Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) Prof. André Luís Belini prof.andre.luis.belini@gmail.com /

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS GERENCIAIS EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE DILERMANDO DE AGUIAR/RS

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

GEOGRAFIA - 2 o ANO MÓDULO 15 AGROPECUÁRIA E MEIO AMBIENTE

5 Instrução e integração

EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E MOVIMENTOS SOCIAIS - PRÁTICAS EDUCATIVAS NOS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Pró-Reitoria de Graduação Diretoria de Processos Seletivos 2ª ETAPA

A Economia Solidária como forma de inclusão e desenvolvimento social¹

Sumário executivo. ActionAid Brasil Rua Morais e Vale, 111 5º andar Rio de Janeiro - RJ Brasil

HORTA ESCOLAR RECURSO PARA SE DISCUTIR A EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Lizyane Lima Borges 1 Pedro Henrique de Freitas 2 Regisnei A. de Oliveira Silva 3.

Plano de Negócios. Por que escrever um Plano de Negócios?

PARA ONDE VAMOS? Uma reflexão sobre o destino das Ongs na Região Sul do Brasil

Projeto Simbiose Industrial e Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para APLs

Em 2050 a população mundial provavelmente

EXPECTATIVAS COM RELAÇÃO AO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Análise econômica e suporte para as decisões empresariais

ERGONOMIA, QUALIDADE e Segurança do Trabalho: Estratégia Competitiva para Produtividade da Empresa.

Quais Foram as Principais estratégias estabelecida pela Política Industrial e Comércio Exterior, adotada pelo Governo Brasileiro?

Cinco restrições de desenvolvimento/teste que afetam a velocidade, o custo e a qualidade dos seus aplicativos

Empreenda (Quase) Sem Dinheiro

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

Realizado de 25 a 31 de julho de Porto Alegre - RS, ISBN

Transcrição:

Aula 5 DESAFIOS DO ESPAÇO RURAL META Analisar os atuais desafios do espaço rural brasileiro a partir da introdução de novas atividades e relações econômicas, sociais, culturais e políticas. OBJETIVOS Ao final desta aula, o aluno deverá: identificar o que caracteriza o espaço rural brasileiro, e qual o papel da geografia nesta caracterização. Cecilia Maria Pereira Martins

Geografia Rural INTRODUÇÃO Caro aluno(a); Até esta aula você tiveram contato com as questões conceituais da Geografia e em especial da Geografia Rural. Estes conceitos, embora ainda desconhecidos de muitos de vocês, serão de grande importância para o entendimento de temas que ainda teremos oportunidade de estudar. A Geografia da atualidade busca respostas para explicar novas expressões, novos fatos da realidade, administrados pelo espaço geográfico, enquanto espaço do homem. Representações políticas, econômicas e territoriais moldam os diversos ambientes humanos, através de muitos processos sociais. O que isto significa? Que decisões políticas de reprodução do espaço, introdução de novas atividades econômicas geram relações sociais diferenciadas, provocando mudanças no uso do território, enquanto palco onde se desenvolvem as atividades humanas. Esta forma de entendimento vem de uma linha de pensamento ideológico menos conservador, fruto de uma heterogeneidade cultural e tecnológica, oferecida pelos homens. Outra linha ideológica também muito usada na sociedade atual é a busca por um conceito de desenvolvimento socioespacial, que supere as análises das ciências sociais, como caminho para a identificação de outros raciocínios em torno de uma modernização da sociedade global que relativize sobre a importância dada ao crescimento econômico e ao planejamento autoritário. (SILVA, 2007, p. 25). Estas divergências ideológicas, e os diferentes caminhos traçados pelo Estado, Empresas e Indivíduos a fim de alcançar seus objetivos, aumentam as tensões da complexidade socioespacial na sociedade atual. A Geografia precisa se voltar para o homem do século XXI, buscando respostas para as necessidades sociais reproduzidas no espaço e pelo espaço. (...) essa ciência precisa ser capaz de assimilar, decodificar e valorizar as idiossincrasias de uma humanidade plural que se complexifica através das relações em redes, estabelecidas entre os diferentes grupos que se caracterizam, nos territórios, por padrões diferenciados de acesso aos recursos tecnológicos, econômico-produtivos e sociais materializados especialmente. (SILVA, 2007, p. 25) Na análise de Garcia Ramón (1992) é no Rural que estão todas as variáveis de análise para a investigação dos espaços agrário e agrícola, portanto, a compreensão do campo não é mais possível separá-los apesar de algumas diferenciações com relação aos objetos de análise. Mais recentemente, os geógrafos vêm se utilizando de novas parcerias para os estudos do espaço rural e do seu planejamento. Estas parcerias estão sendo feitas com antropólogos, sociólogos, ambientalistas, economistas regionais, urbanistas, para juntos estudarem as necessidades do campo, na sociedade atual. 34

Desafios do Espaço Rural Aula 5 O espaço rural, tradicionalmente estudado por fortes relações entre homens, empresas e instituições, passa a ter novas funções, novos interesses e objetivos, o que torna mais difícil o seu entendimento. Não é possível mais definir e delimitar territorialmente o espaço rural por seus limites produtivos e funcionais, lutas políticas, conflitos sociais e suas praticas culturais. É necessário também a análise da força sócio-político-econômica e institucional dos mais variados agentes de gestão territorial, nos novos processos de investigação científica. Para entender o espaço rural na atualidade, deve-se pensar em um ambiente cada vez mais transdisciplinar e como os novos papéis para os espaços produtivos, afetaram o Estado; a sociedade cível, as estruturas econômicas e a própria ciência. A partir do fim da década de 1940. As dinâmicas que definiam as relações campo e cidade foram se modificando a partir da urbanização no planeta, o que provocou o esvaziamento do campo e o consequente aumento do poder nas e das cidades, aumentando suas diferenciações. Embora já tenha sido abordado em aulas anteriores, não é demais, retomarmos, de forma mais resumida a evolução das linhas de abordagem do rural na geografia, para um melhor entendimento do desafio do Espaço rural na atualidade. Na segunda metade do século passado, a investigação do rural na geografia voltou-se para uma multidisciplinaridade, devido ao surgimento de outras questões que afloraram nos estudos do campo como, por exemplo, o aparecimento da ecologia, e de projetos ambiental-preservacionistas, nos anos 60, e mais tarde a perspectiva de um Desenvolvimento Sustentável, estabelecendo outras relações entre os sistemas sociais e os ecossistemas da Terra, as quais trouxeram como consequência a autonomia de reservas de biodiversidade e recursos esgotáveis e a organização política dos homens, através do cooperativismo e organizações semelhantes. Reflexo destas organizações são as ONGs (Organizações não governamentais) e os grupos voltados para a proteção do meio-ambiente, pois a necessidade de racionalização do uso dos recursos naturais (solo, água potável, fauna/flora) fez com que o espaço rural, como detentor destes recursos, fosse incluindo nas discussões e práticas político-sociais dos grupos gestores de territórios, estes interessados na preservação dos espaços atingidos pelo uso predatório do CAI (complexo agroindustrial). No Brasil, somente nos anos de 1990 que se despertou para a importância do Meio-Ambiente passando este para o centro das preocupações geopolíticas. Devido a concentração, nos espaços rurais brasileiros de grande quantidade de recursos da natureza, aumentou a presença do Estado nacional na formação e proteção das reservas biológicas, ecológicas e na preservação da biodiversidade, tanto no campo como na cidade. É sempre bom lembrar a presença do Estado na organização do espaço rural brasileiro ao longo do século XX. Um exemplo desta presença foi a relação do setor agrícola com o Estado autoritário (1964 a 1985) quando 35

Geografia Rural foram colocados grandes volumes de crédito rural através do setor financeiro nacional. A partir de 1985 com o aumento da crise da economia nacional, o país procurou o apoio de organismos como Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Esta crise provocou corte nos gastos públicos, bem como nas políticas restritivas que atingiram o crédito no setor privado; foi reduzida a intervenção estatal em toda a economia, na década de 1990, e a economia brasileira se abriu ao processo de globalização, restringindo as importações, reduzindo as tarifas alfandegárias e perdendo o poder de comercialização dos produtos. Inicia-se um novo tempo para o espaço rural brasileiro, quando o Estado deixa de repassar às empresas rurais os recursos públicos a juros baixos, que acostumadas com as facilidades de crédito existentes até então, passaram a adotar práticas gerenciais mais modernas. O Estado, ao fazer transformações na sua base produtiva organizacional, passa então a redirecionar o planejamento dos recursos alocados no campo, com as mudanças surgidas a partir da constituição de 1988 e o fim do Estado autoritário vigente até 1989. Desta forma o controle da biodiversidade, dos recursos ambientais e energéticos de ponta passam a substituir a agricultura de exportação e a agricultura voltada para o Complexo Agroindustrial, que imperavam entre os anos 60 e 80. O que nos resta dizer, é que a dimensão espacial do Rural precisa ser revista a partir das novas configurações sociais, produtivas e tecnológicas do mundo contemporâneo. (SILVA, 2007, p. 33). Assim, o estudioso do espaço rural no Brasil, não pode esquecer o caráter humano das suas atividades nas áreas periféricas emergentes (SILVA, 2007, p. 33), buscando alternativas possíveis para a inclusão dos agricultores familiares. Mais do que isto, hoje o espaço rural no Brasil é o reflexo da demanda de uma sociedade que se moderniza tanto na tecnologia usada como na sua infraestrutura, além de absorver novos papéis que são consequências de mudanças na visão das relações campo e cidade. Apesar das transformações sociais, econômicas, culturais e espaciais resultantes do desenvolvimento do fenômeno urbano, o rural não deixará de existir, está tão somente tendo seu significado alterado. 36

Desafios do Espaço Rural Aula 5 CONCLUSÃO Concluímos esta aula citando um trecho do trabalho de Silva (2007), que sintetiza o que falamos até agora sobre os desabafos do Espaço Rural. O Espaço Rural, finalmente, não é o mesmo de ontem e não será o mesmo de amanhã (Galvão,1996), e a sua transformação constante através de um planejamento multidisciplinar, consciente, democrático e autônomo deve ser estimulado para um real entendimento de suas facetas enquanto espaço da humanidade, da biodiversidade, da economia, do trabalho, da política, do direito, da qualidade de vida, do lazer, da cultura, enfim da própria vida, que se multiplica e se estende espacialmente e se expressa em toda a sua complexidade no cotidiano da sociedade desse início de século. (SILVA, 2007, p. 36) RESUMO Vimos nesta aula os desafios do espaço rural brasileiro, quando a geografia procura respostas para novos fatos da realidade que foram assimilados pelo espaço geográfico. O que assistimos hoje são mudanças no uso do território, enquanto palco onde acontecem as expressões humanas, ou seja, decisões políticas, surgimento de novas atividades econômicas e de novas relações sociais, responsáveis pelas transformações dos diversos ambientes humanos. Outra linha de pensamento, também muito usada na sociedade atual e consequentemente pela geografia rural é a procura de um conceito de desenvolvimento socioespacial que minimize a importância dada ao crescimento econômico e ao planejamento autoritário. Necessitam os geógrafos na atualidade, de respostas para as necessidades sociais reproduzidas no espaço e pelo espaço, e para isso formando parcerias com outras ciências afins, para juntas estudarem as necessidades do campo. ATIVIDADES Analise resumidamente os desafios do espaço rural brasileiro comparando-os com aqueles enfrentados no seu município ou estado. A atividade pedida será plenamente desenvolvida após uma releitura minuciosa do texto/ aula. Para um melhor desempenho desta atividade, sugerimos a leitura da bibliografia apresentada. 37

Geografia Rural AUTOAVALIAÇÃO Quando terminar a leitura do texto, lembre-se de marcar seu nível de compreensão do mesmo. Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) PRÓXIMA AULA O tema a ser abordado na próxima aula é o êxodo rural. Um tema interessante, que trará para vocês subsídios para as aulas seguintes. REFERÊNCIAS CORRÊA, R. L. Espaço: um conceito-chave na geografia. CASTRO, IE. et al. Geografia: Conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand, 1996.v. 1 p. 15-47. GALVÃO, M. C. C. As múltiplas facetas do espaço agrário no Brasil. In: O ensino de geografia de 1º e 2º graus frente às transformações glebais. 1º. Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro IGEO/UFRJ, 1996, p. 101-116. GARCIA RAMON, Mª D. Desrrolo y tendencias actuales de la geografia rural (1980-1990). Uma perspectiva internacional y uma agenda para el futuro. In: Colóquio de geografia rural. VI Madrid, 1992. P. 72-98. SILVA, Augusto C. Pinheiro da. Concepções e abordagens socioespaciais sobre o rural: alguns referenciais analíticos para a gestão de territórios. Terra Plural, Ponta Grossa, 1(1): 23-38, jan-jul, 2007 38