O figado na insuficiência cardíaca congestiva



Documentos relacionados
Cirrose hepática Curso de semiologia em Clínica Médica

Fígado e Vesícula Biliar: Vascularização e Inervação. Orientador: Prof. Ms. Claúdio Teixeira Acadêmica: Letícia Lemos

TREINAMENTO CLÍNICO EM MANEJO DA DENGUE Vigilância Epidemiológica Secretaria Municipal de Saúde Volta Redonda

Patologia por imagem Abdome. ProfºClaudio Souza

Em que situações se deve realizar um eco- doppler arterial dos membros inferiores.

EXAME CLÍNICO PARA INVESTIGAÇÃO DE UMA DOENÇA CARDIOVASCULAR

Protocolo de Encaminhamentos de Referência e Contra-referência dos Ambulatórios de Gastrenterologia.

Síndrome Hepatopulmonar

FÍGADO. Veia cava inferior. Lobo direito. Lobo esquerdo. Ligamento (separa o lobo direito do esquerdo) Vesícula biliar

Índice Remissivo do Volume

Imagem da Semana: Radiografia de tórax

Pancreatite aguda e crônica. Ms. Roberpaulo Anacleto

Prof. Dr. Jorge Eduardo F. Matias Cirurgia do Aparelho Digestivo Departamento de Cirurgia UFPR - HC

Aspectos anatomoclínicos da esclerose hepatoportal em crianças

Histórico Diagnóstico Indicações Tratamento cirúrgico Resultados e Complicações

PROVA ESPECÍFICA Cargo 51

Drogas Utilizadas em Terapia Intensiva. Prof. Fernando Ramos Gonçalves -Msc

Oferecemos uma ampla gama de tratamentos entre os que podemos destacar:

Diagnóstico por Imagem do Fígado

CARDIOPATIAS CONGÉNITAS CIA

Curso Nacional de Reciclagem em Cardiologia da Região Sul. Cardiomiopatia Hipertrófica e Restritiva. Dr. Jamil Mattar Valente

CONSULTA EM GASTROENTEROLOGIA CÓDIGO SIA/SUS:

HIPÓTESES: PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA EM CIRRÓTICO DESCOMPENSADO ENTEROINFECÇÃO (GASTROENTEROCOLITE)

Diário Oficial Estado de São Paulo

As Complicações das Varizes

CURSO NACIONAL DE RECICLAGEM EM CARDIOLOGIA DA REGIÃO SUL

DISTÚRBIOS DA CIRCULAÇÃO

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC)

Dissecção Aguda da Aorta

Cardiologia - Global Consolidado 1 / 9

AULA 11: CRISE HIPERTENSIVA

Universidade Federal do Ceara Programa de Educação Tutorial - PET Medicina UFC. Edema. Bárbara Ximenes Braz. barbaraxbraz@hotmail.

Raniê Ralph Pneumo. 18 de Setembro de Professora Ana Casati. Trombo-embolismo pulmonar (TEP)

SETOR DE ABDOME - JOURNAL CLUB. Leonardo S. Carvalho

Kadcyla (trastuzumabe entansina) Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. Pó liofilizado para solução injetável 100 mg / 160 mg

PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS MÉDICO ANGIOLOGISTA

Fat in the liver: diagnosis and characterization

PROFISSIONAL(IS) SOLICITANTE(S) Clínico Geral; Clínica Médica; Pediatra; Ginecologista; Geriatra.

XV Reunião Clínico - Radiológica Dr. RosalinoDalasen.

APRESENTAÇÃO DE ARTIGO MARCELO TELES R3

TOMOGRAFIA E RESSONÂNCIA CARDIOVASCULAR. Renato Sanchez Antonio Santa Casa RP

AVALIAÇÃ ÇÃO ECOCARDIOGRAFICA DA FUNÇÃ. José Flávio Sette de Souza

UTILIZAÇÃO DA MEIA ELÁSTICA NO TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

- Miocardiopatias. - Arritmias. - Hipervolemia. Não cardiogênicas. - Endotoxemia; - Infecção Pulmonar; - Broncoaspiração; - Anafilaxia; - Etc..

Actilyse alteplase. APRESENTAÇÕES Pó liofilizado injetável frasco-ampola com 10 mg + diluente, ou 20 mg + diluente, ou 50 mg + diluente

RESIDÊNCIA MÉDICA 2014 PROVA OBJETIVA

1ª REUNIÃO DE CASOS.

A. Patologias vasculares B. Choque C. Hemostasia. 2 Letícia C. L. Moura

Estágio de Doppler Clínica Universitária de Imagiologia Hospitais da Universidade de Coimbra

Revalidação de Diploma Médico Graduado no Exterior 2013 P A D R Ã O D E R E S P O S T A S

Raniê Ralph Semiologia 2

Avaliação ultra-sonográfica da paciente no climatério

TEP - Evolução. Após episódio de TEP agudo, em 85 a 90% dos casos ocorre. trombólise espontânea ou farmacológica e recanalização do vaso

Trombólise farmacomecânica na TVP: Quando e como

Justificativa Depende dos exames escolhidos. Residência Médica Seleção 2014 Prova Clínica Médica Expectativa de Respostas. Caso Clínico 1 (2 pontos)

Anvisa RDC 96. Declaração de potencial conflito de interesse

PROPOSTA DE UM INFORMATIVO SOBRE OS MALEFÍCIOS DO ALCOOLISMO NA FASE DA CIRROSE HEPÁTICA

A hipertensão arterial é comum?

IX Curso Nacional de Doenças Pulmonares Intersticiais. Tuberculose. Sumário. Patogenia da TB

Uso do Dímero D na Exclusão Diagnóstica de Trombose Venosa Profunda e de Tromboembolismo Pulmonar

ÇÃO O DE EXAMES LABORATORIAIS

PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PREVENIR É PRECISO MANUAL DE ORIENTAÇÕES AOS SERVIDORES VIGIAS DA PREFEITURA DE MONTES CLAROS

HAP diagnóstico e avaliação clínica II Curso de Circulação Pulmonar SBPT

Autópsia-Carcinoma de Reto

DOENÇA HEPÁTICA ABORDAGEM PERICIAL ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA

GRUPO 05 QUESTÃO 01. Nos casos de meningite, associados a derivações liquoricas, o esquema antibiótico a ser usado é:

37: , jul./dec Capítulo VII HIPERTENSÃO PORTAL PORTAL HYPERTENSION. Ana L. Candolo Martinelli

Patologia do testículo e vias espermáticas

Tratamento da Insuficiência Cardíaca. Profª Rosângela de Oliveira Alves

PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE: COMO ACOMPANHAR E QUANDO INTERROMPER COM SEGURANÇA? Eliane Alves. Serviço do Prof. Marcelo Zugaib

CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM ENFERMAGEM CIRÚRGICA MÓDULO III Profª Mônica I. Wingert 301E COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS

Ivan da Costa Barros Pedro Gemal

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA

Tamponamento Cardíacodefinição. Pericárdio. Pericárdio. Pericárdio. Pericárdio 6/1/2014 TAMPONAMENTO CARDÍACO- COMO DIAGNOSTICAR E TRATAR

Doenças do Sistema Circulatório

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA. Prof. Fernando Ramos Gonçalves-Msc

ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO DAS DOENÇAS CORONÁRIA E CAROTÍDEA CONCOMITANTE

PROGRAMA TEÓRICO E PRÁTICO PARA ESTÁGIO EM CARDIOLOGIA 2014 Credenciado e reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia

AVALIAÇÃO DO REFLUXO EM VEIAS SUPERFICIAIS NA CLÍNICA DA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA DOS MEMBROS INFERIORES

30/07/2013. Exame Clínico. - P 96 PA 150X70 IMC 29 Sat O2 91% (de difícil avaliação por conta da esclerodactilia) FR 20

Aplicações das Técnicas de Radiodiagnóstico em Patologias do Tórax Tr. André Luiz S. de Jesus

Liga Acadêmica de Transplante e Insuficiência Cardíaca do HUUPD LATIC

Trombose venosa profunda Resumo de diretriz NHG M86 (janeiro 2008)

Cardiopatia na ß-Talassemia

a. CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS DE AVALIAÇÃO Objetivos do tratamento pré-hospitalar da síndrome coronariana aguda

Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica

Indux (citrato de clomifeno) EMS Sigma Pharma Ltda. comprimido 50 mg

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

Curso de Atualização Clínica para CD da Estratégia Saúde da Família. Urgências Pulpares. Fábio de Almeida Gomes Universidade de Fortaleza

INFORMAÇÃO IMPORTANTE PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE A UTILIZAÇÃO SEGURA E ADEQUADA DE BRINAVESS

Secretaria Municipal de Saúde. Atualização - Dengue. Situação epidemiológica e manejo clínico

[175] a. CONSIDERAÇÕES GERAIS DE AVALIAÇÃO. Parte III P R O T O C O L O S D E D O E N Ç A S I N F E C C I O S A S

PADRONIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS EM RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA E CIRURGIA ENDOVASCULAR

TC de pelve deixa um pouco a desejar. Permite ver líquido livre e massas. US e RM são superiores para estruturas anexiais da pelve.

Critérios de Diagnóstico de Estenose Pulmonar

ANTONIO JAVIER SALÁN MARCOS GASTROENTEROLOGISTA - CIRURGIÃO MÉDICO DO TRABALHO PERITO ASSISTENTE

MARCADORES CARDÍACOS

Abdome Agudo Inflamatório. Peritonites

Doença arterial periférica Resumo de diretriz NHG M13 (segunda revisão, fevereiro 2014)

Transcrição:

O figado na insuficiência cardíaca congestiva Prof. Henrique Sergio Moraes Coelho VI WIAH - 2012

Hepatopatia congestiva Conceito Manifestações hepáticas devido à congestão passiva como consequência de insuficiência cardíaca direita aguda ou crônica.

Hepatopatia congestiva Causas comuns de doença cardiaca ICC por doença valvular Infarto VD Cardiomiopatia (idiopática,isquêmica,metabólica,tóxica,infiltrativa) Pericardite constritiva Cor pulmonale Hipertensão portopulmonar

Manifestações clínicas Pode ser assintomática (formas leves) 70-80% Manifestações da doença cardíaca ou pulmonar Hepatomegalia congestiva dolorosa pulsátil Ascite (pode ter proteína >2.5g%) Icterícia colestática Esplenomegalia é incomum Varizes no esôfago é bastante raro

Alterações laboratoriais Bilirubinas raramente estáo muito elevadas. Na maior parte das vezes <3 mg%, é o achado mais frequente(70%). Correlaciona-se com o grau de elevação da pressão atrial Transaminases pouco elevadas (até 3x N) mas podem estar muito elevadas em casos agudos ou quando ocorre hepatite isquemica por baixo débito. Fosfatase Alcalina aumenta discretamente(exceção nas doenças infiltrativas do fígado ). A Gama GT pode aumentar mais que 3x os valores normais. Albumina, PT, Ammonia

Metodos diagnosticos na hepatopatia congestiva

Hepatopatia congestiva Pericardite constrictiva Figure 12. Passive hepatic congestion due tochronic constrictive pericarditis in a 75-year-old woman. (a) Axial unenhanced CT image shows thickened, calcified pericardium (arrow) and a pacemaker wire (arrowhead). (b, c) Axial contrastenhanced CT images obtained during the portal venous phase (c at a lower level than b) show heterogeneous parenchymal enhancement with dilatation and poor opacification of the hepatic veins and IVC because of impairment of the venous return.

Congestão hepática passiva, devido à insuficiência cardíaca congestiva em uma mulher com 57 anos. (a) fase inicial arterial mostra aumento retrógrado de veias hepáticas dilatadas. (b) fase venosa portal que mostra um demorado enchimento das veias hepáticas (seta) por causa da deficiência drenagem venosa devido à pressão venosa central elevada com realce heterogêneo do parênquima hepático.

Liver appearance and biopsy Nutmeg liver Red from sinusoidal congestion and bleeding in necrotic regions; surrounded by yellow parenchyma from normal/fatty tissue Sinusoidal engorgement and hemorrhagic necrosis in perivenular areas Cholestasis with bile thrombi Cardiac fibrosis a bridging fibrosis, can regress histologically and clinically

Doenças hepaticas que podem levar à ICC.Miocardite aguda secundária á hepatite viral Cor pulmonale associado à esquistossomose Hipertensão portopulmonar Miocardiopatia alcoólica Hemocromatose hereditária Glicogenose tipos II,III,IV Sarcoidose Telangiectasia hemorragica hereditária

Telangiectasia Hemorrágica Hereditária Três shunts principais ocorrem Artéria hepática veia porta hipertensão porta Artéria hepática veias hepáticas insuficiência cardíaca de alto débito Veia porta veia hepática encefalopatia

Telangiectasia Hemorrágica Hereditária Três shunts principais ocorrem: Artéria hepática veia porta hipertensão porta Artéria hepática veias hepáticas insuficiência cardíaca de alto débito Veia porta veia hepática encefalopatia Outras conseqüências das má formações vasculares Hiperplasia nodular regenerativa Hiperplasia nodular focal (100x mais freqüente) Isquemia dos ductos biliares colestase/colangite ( Ianora, 2004; Buscarini, 2006 )

Figure 7. Hereditary hemorrhagic telangiectasia (Osler-Weber-Rendu syndrome). Schematic shows dilated hepatic veins and arteries with direct intraparenchymal communication through tortuous vascular channels.

Hemocromatose genética

Hipertensão Porta Pulmonar Conceito: É o desenvolvimento de hipertensão arterial pulmonar, em pacientes com hipertensão porta causada por obstrução vascular do fluxo sangüíneo, devido à proliferação anormal do endotélio e musculatura lisa dos vasos, bem como trombose in situ, ou vasoconstricção acentuada. (Rodriguez-Roisin, 2004; Blendis, 2003; Krowka, 2005)

Hipertensão Porta Pulmonar Avalição Clínica A maioria dos pacientes é assintomático até fases avançadas (PMAP > 40mmHg) Sintomas usuais: astenia, fadiga, dispnéia com exercício, dor precordial e síncope. Exame físico pode revelar sinais de hipertensão pulmonar e de IVD, tais como: P2 elevada, ictus de VD, distensão dos vasos do pescoço, hepatomegalia, ascite e edema MIS Sintomas e sinais podem confundir com aqueles encontrados na cirrose hepática, deste modo, pesquisa sistemática utilizando ecocardiograma com doppler deve ser realizado.

Hipertensão Porta Pulmonar Critérios Diagnósticos a) Hipertensão porta b) Alterações hemodinâmicas: Aumento da pressão média da artéria pulmonar (PMAP > 25 mmhg) Resistência vascular pulmonar aumentada (>240 dyne/sec/cm -5 ) Pressão de oclusão da artéria pulmonar normal (POAP) (< 15mmHg) RVP = (PMAP POAP) x 80 DC

Hipertensão Porta Pulmonar Avaliação do paciente com suspeita de HPOP Rx tórax alargamento da artéria pulmonar, cardiomegalia ECG desvio do eixo para a direita, BRD, inversão da onta T,? Ecocardiograma com Doppler medida da PSVD Se PSVD > 50 mmhg cateterismo Se PSVD > 30 mmhg repetir ECO após 6 meses Cateterismo cardíaco análise das pressões e cavidades (medida PSAP, POAP, RVP e DC)* Dosagem BNP (brain natriuretic peptide) aumenta em fase avançada * Se HP presente no cateterismo, fazer teste com vasodilatador.

Prognóstico A mortalidade é geralmente devido à doença cardíaca.a doença hepática raramente contribui A cirrose cardíaca - raramente desenvolvem sangramento de varizes ou HCC