UM ESPAÇO DE ESTUDO SOBRE A INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA



Documentos relacionados
GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO DO CURRICULO ANO 2 - APROFUNDAMENTO

A Educação Bilíngüe. » Objetivo do modelo bilíngüe, segundo Skliar:

O ORIENTADOR FRENTE À INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIENCIA NA ESCOLA REGULAR DE ENSINO

OS LIMITES DO ENSINO A DISTÂNCIA. Claudson Santana Almeida

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais/ NÚCLEO DE APOIO À INCLUSÃO DO ALUNO COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Palavras-chave: Deficiência visual; Teorema de Pitágoras; Matemática.

DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO PIBID

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

UTILIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALUNO COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA NO ENSINO REGULAR

CONSIDERAÇÕES SOBRE USO DO SOFTWARE EDUCACIONAL FALANDO SOBRE... HISTÓRIA DO BRASIL EM AULA MINISTRADA EM LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance SUBPROJETO: PEDAGOGIA

A INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS EDUCATIVAS NAS SÉRIES INICIAIS SOB A VISÃO DO PROFESSOR.

Instituto Educacional Santa Catarina. Faculdade Jangada. Atenas Cursos

PRÓ-MATATEMÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

PATRÍCIA NEVES RAPOSO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

A NECESSIDADE DA PESQUISA DO DOCENTE PARA UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA, PRINCIPALMENTE NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E NO TRABALHO COM AUTISTAS

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

INCLUSÃO ESCOLAR: UTOPIA OU REALIDADE? UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

Trabalho em Equipe e Educação Permanente para o SUS: A Experiência do CDG-SUS-MT. Fátima Ticianel CDG-SUS/UFMT/ISC-NDS

PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO VOLTADO AO ENSINO DE FÍSICA E A INCLUSÃO NO ENSINO DE FÍSICA

PRÁTICA PROFISSIONAL INTEGRADA: Uma estratégia de integração curricular

TÍTULO: AUTORES: INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA 1-INTRODUÇÃO (1) (1).

TÍTULO: ALUNOS DE MEDICINA CAPACITAM AGENTES COMUNITÁRIOS NO OBAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

MATRÍCULA: DATA: 15/09/2013

Introdução a EaD: Um guia de estudos

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um

Atendimento Educacional Especializado

Projeto de Gestão Compartilhada para o Programa TV Escola. Projeto Básico

MANUAL DO CURSO SUPERIOR TECNOLOGIA EM GESTÃO COMERCIAL QP EM CONTACT CENTER

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

PÓS-GRADUAÇÃO CAIRU O QUE VOCÊ PRECISA SABER: Por que fazer uma pós-graduação?

PRÁTICA DOCENTE EM TURMA REGULAR E ESPECIAL DE ENSINO: A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE A INCLUSÃO¹

MANUAL DO ALUNO EM DISCIPLINAS NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA: UMA PROPOSTA UTILIZANDO TECNOLOGIAS

O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula

Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 ISBN

Projeto Pedagógico Institucional PPI FESPSP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI

AS NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E A INCLUSÃO

O ENSINO DE QUÍMICA PARA DEFICIENTES VISUAIS: ELABORANDO MATERIAIS INCLUSIVOS EM TERMOQUÍMICA

Proposta de curso de especialização em Educação Física com ênfase em Esporte Educacional e projetos sociais em rede nacional.

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID

A Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo e a formação em Comunicação Suplementar e Alternativa: estratégias e desafios

A Família e sua importância no processo educativo dos alunos especiais

5.1 Nome da iniciativa ou Projeto. Academia Popular da Pessoa idosa. 5.2 Caracterização da Situação Anterior

ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE PARA ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS:EM FOCO A FORMAÇÃO DOCENTE.

Uma análise sobre a produção de conteúdo e a interatividade na TV digital interativa

Projeto em Capacitação ao Atendimento de Educação Especial

POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE ACESSIBILIDADE. - Não seja portador de Preconceito -

II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores

PROBLEMATIZANDO ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES/AS

Deficiência auditiva parcial. Annyelle Santos Franca. Andreza Aparecida Polia. Halessandra de Medeiros. João Pessoa - PB

O USO DE SOFTWARE EDUCATIVO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE CRIANÇA COM SEQUELAS DECORRENTES DE PARALISIA CEREBRAL

ENSINO COLABORATIVO: POSSIBILIDADES PARA INCLUSÃO ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL

ENSINO DE CIÊNCIAS PARA SURDOS UMA INVESTIGAÇÃO COM PROFESSORES E INTÉRPRETES DE LIBRAS.

Resgate histórico do processo de construção da Educação Profissional integrada ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA)

Apoio ao Desenvolvimento da Educação Especial

ACESSIBILIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: EXPERIÊNCIA COM UM ALUNO CEGO DO CURSO DE GEOGRAFIA, A DISTÂNCIA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: BREVE HISTÓRICO DA UFPB VIRTUAL

Especialização em Atendimento Educacional Especializado

em partilhar sentido. [Gutierrez e Prieto, 1994] A EAD pode envolver estudos presenciais, mas para atingir seus objetivos necessita

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

O CIBERESPAÇO NO ENSINO E GEOGRAFIA: A PROBLEMÁTICA DO USO/DESUSO DO GOOGLE EARTH EM ESCOLAS PÚBLICAS DE DIAMANTINA

RECURSOS E TECNOLOGIAS PARA O ENSINO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL

PROJETO DE LEITURA E ESCRITA LEITURA NA PONTA DA LÍNGUA E ESCRITA NA PONTA DO LÁPIS

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E ENSINO DE FÍSICA E AS NOVAS TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Rompendo os muros escolares: ética, cidadania e comunidade 1

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NUMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA: DA TEORIA À PRÁTICA

AS SALAS DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E A PRATICA DOCENTE.

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA

Projeto. Supervisão. Escolar. Adriana Bührer Taques Strassacapa Margarete Zornita

Programa de Pós-Graduação em Educação

Iniciando nossa conversa

Educação a distância: desafios e descobertas

A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS VISUAIS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM DE ALUNOS SURDOS.

NÚCLEO DE APOIO DIDÁTICO E METODOLÓGICO (NADIME)

Palavras-chave: Fisioterapia; Educação Superior; Tecnologias de Informação e Comunicação; Práticas pedagógicas.

Organização Curricular e o ensino do currículo: um processo consensuado

QUALIFICAÇÃO DA ÁREA DE ENSINO E EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA PROFISSIONAIS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Estratégias de e-learning no Ensino Superior

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: OFICINAS DE DIREITOS HUMANOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ESCOLA

USANDO A REDE SOCIAL (FACEBOOK) COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM

II Encontro MPSP/MEC/UNDIME-SP. Material das Palestras

A PRÁTICA DE MONITORIA PARA PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL DE LÍNGUA INGLESA DO PIBID

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID ESPANHOL

TÍTULO: AUTORES: INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA

USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRESENCIAL E A DISTÂNCIA

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO. Secretaria de Educação Especial/ MEC

ESCOLA ESTADUAL GETÚLIO VARGAS ENSINO FUNDAMENTAL PROJETO RÁDIO ESCOLA

O USO DE SOFTWARES EDUCATIVOS: E as suas contribuições no processo de ensino e aprendizagem de uma aluna com Síndrome de Down

ESCOLA, LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL- PIBID: LETRAS - PORTUGUÊS

AIMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA COLABORATIVA ENTRE PROFESSORES QUE ATUAM COM PESSOAS COM AUTISMO.

WALDILÉIA DO SOCORRO CARDOSO PEREIRA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM LOGO: APRENDIZAGEM DE PROGRAMAÇÃO E GEOMETRIA * 1. COSTA, Igor de Oliveira 1, TEIXEIRA JÚNIOR, Waine 2

Larissa Vilela de Rezende Lucas Fré Campos

Quando a finalidade do acesso está relacionado à escola, a atividade de pesquisa se torna a mais frequente em todos os públicos.

Orientações para informação das turmas do Programa Mais Educação/Ensino Médio Inovador

REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES TUTORES PARA O ENSINO DE TEATRO À DISTÂNCIA

Transcrição:

UM ESPAÇO DE ESTUDO SOBRE A INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA Aline Alcalá; Amanda Fernandes Dayrell; Danielle Martins Rezende; Gabriela Camacho; Renata Carmo-Oliveira O processo de inclusão de pessoas com necessidades especiais na sociedade moderna surge no século XIX como resposta a exclusão daqueles que se diferenciavam e que muitas vezes eram mantidos no anonimato (OLIVEIRA; TRIGUEIRO; AQUINO [20--]). No contexto escolar houve a criação de escolas especiais para receber crianças com alguma diferença das demais (deficiência auditiva, deficiência visual, deficiência mental entre outras) que resultaram e reforçaram a separação destas do restante da sociedade (MENDES, 2006). Essa separação pode ser caracterizada como a fase de segregação descrita por Sassaki (1997) que ainda inclui os locais que abrigavam aquelas crianças que eram rejeitadas pelas famílias e entregues a padres e freiras e estes cuidavam delas por caridade. No entanto, com as mudanças sofridas pela sociedade o modelo segregado de Educação Especial passou a ser severamente questionado, desencadeando a busca por alternativas pedagógicas para a inserção de todos os alunos [...] que levou de fato a fase integralista, que [...] visa preparar alunos oriundos das classes e escolas especiais para serem integrados em classes regulares recebendo, na medida de suas necessidades, atendimento paralelo em salas de recursos ou outras modalidades especializadas. (GLAT; FERNANDES, 2005). Estas iniciativas caracterizam a fase da integração (Sassaki,1997) que é a mais recente e que progride adaptando-se para atender aos alunos com necessidades educacionais especiais, e a inclusão dos mesmos no Ensino Regular. Os avanços com iniciativas sociais e governamentais para a inclusão de alunos com necessidades especiais nos espaços educacionais já são evidenciados, no entanto, os profissionais da educação ainda sentem dificuldades em adequar suas aulas para atender todos os seus alunos. Os professores não encontram em sua formação inicial e/ou continuada subsídios que os auxiliem no desenvolvimento de ações didático-pedagógicas adequadas. Muitos não se sentem qualificados para lidar com diferenças individuais significativas visto que no curso de formação aprendem apenas o domínio técnico-científico. Nota-se, portanto, a necessidade de preparar o professor para lidar com as características individuais de cada aluno, qualificando-o para planejamentos e uso de estratégias didáticas que o auxiliem na interação com seus alunos promovendo o desenvolvimento do conhecimento escolar. Almeida (2007, p. 336) ressalta que formar o professor é muito mais que informar e repassar conceitos; é prepará-lo para um outro modo de educar, que altere sua relação com os conteúdos disciplinares e com o educando. Dentro deste contexto nossa proposta foi de oferecer aos professores da educação básica, que atuam em escolas inclusivas, um espaço de discussão sobre práticas inclusivas, de

estudo e elaboração de recursos didáticos que atendam as necessidades de aprendizagem de alunos deficientes visuais. O espaço oferecido foi no Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (LEN/INBIO/UFU). Esta proposta faz parte do projeto A criação de um espaço dialógico onde a parceria entre a universidade e a educação inclusiva acontece cadastrado na Pró-reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis PROEX/UFU. Os objetivos deste trabalho foram de estabelecer um cronograma de estudo e atividades aos professores da educação básica, que subsidiem novas reflexões para uma ressignificação sobre ações inclusivas, que promovam a elaboração de novas práticas didáticas para o processo de ensino e aprendizagem e ainda, que contribuam para a formação docente inicial dos licenciandos do Curso de Ciências Biológicas do INBIO/UFU. Optamos por enfatizar nesta proposta a atenção para com os deficientes visuais visto que a equipe do Projeto já vem desenvolvendo estudos, recursos didáticos e atividades voltadas para este público. Utilizamos dessa experiência adquirida, para ampliar o conhecimento a cerca das adequações dos recursos para o ensino específico a essas pessoas. (CAMACHO, 2011, p.33). Com isso surge a possibilidade de apresentar novas estratégias de ensino, estimulando professores e licenciandos a pensarem a criação de novas práticas didáticas. Em um dos estudos desenvolvidos, Camacho (2011, p.16) ressalta a importância da pesquisa e do planejamento para a confecção de um recurso para o ensino e a necessidade de cuidados e conhecimentos a cerca das adequações dos recursos para que esses possam auxiliar no aprendizado, em especial das pessoas cegas. Nossa primeira ação foi contatar professores do ensino regular das escolas municipais de Uberlândia MG, que possuem em suas salas de aula alunos cegos ou com baixa visão. Após a apresentação de nossa proposta os professores foram convidados a participarem e a elaborarem, com nossa equipe, um cronograma de encontros para seus relatos de experiência, estudo e discussão sobre o tema inclusão e ainda para o planejamento e elaboração de um recurso didático que atendesse os critérios definidos por Cerqueira (apud MANOEL et al., 2006) para a construção de um bom recurso didático inclusive para atender o aluno cego. A constituição do grupo enfrentou sua primeira dificuldade na adequação do horário bem como na disponibilidade dos professores da rede pública municipal para participarem de tais atividades. Mesmo concordando com a necessidade deste momento de estudo e de um local para a troca de experiências, aprendizado e elaboração de novas atividades e recursos para sua ação pedagógica, os professores que assistiram a apresentação da proposta não conseguiram participar. O grupo ficou então constituído por apenas uma professora da rede municipal, uma professora da escola de aplicação básica da UFU, uma professora da rede particular da educação básica, duas bolsistas do projeto, duas professoras da rede municipal que fazem parte do grupo de estudo do LEN e a técnica deste Laboratório. Foram realizados cinco encontros onde os professores assistiram uma palestra sobre nossos trabalhos voltados para o atendimento ao aluno cego ou de baixa visão, estudaram e discutiram alguns artigos sobre os desafios enfrentados pelos professores a cerca da inclusão em sala de aula e planejaram e construíram um recurso didático de um tema de sua escolha. O grupo contou ainda com a participação de duas professoras deficientes visuais, do atendimento educacional especializado da educação básica. Tais professoras possibilitaram ao grupo um avanço nos conhecimentos sobre estes alunos visto que, o relato da realidade enfrentada por elas e o apontamento das dificuldades que seus colegas relatam no dia a dia na

escola nos ajudaram a confrontar o repertório teórico e tais vivências em sala de aula, e ainda, suas opiniões sobre recursos didáticos nos guiaram para uma escolha cautelosa dos materiais. Nossa primeira avaliação sobre o estabelecimento de um espaço dialógico que estabeleça a parceria entre a universidade e a educação inclusiva revela que os poucos debates sobre a educação inclusiva durante a formação inicial e a limitação dos recursos didáticos adaptados, prejudicam a atuação do profissional e o processo de ensino-aprendizagem de alguns educandos. Portanto, constatamos que é preciso que o professor busque suportes, teórico e material, necessários para a concretização efetiva da educação de qualidade do aluno com necessidade educacional especial. Mendes (2004, p. 227) reforça que [...]uma política de formação de professores é um dos pilares para a construção da inclusão escolar, pois a mudança requer um potencial instalado, em termos de recursos humanos, em condições de trabalho para que possa ser posta em prática. Para as bolsistas do projeto, o trabalho que vem sendo desenvolvido mostra, como expressa Silva e Reis (2007, p. 12), que [...] a formação inicial é um importante momento na formação docente, pois é nesse período que o futuro professor tem a possibilidade de se familiarizar com conhecimentos de situações que provavelmente enfrenta ou enfrentará no seu fazer pedagógico. Porém, como enfatiza Rodrigues (2006), o desenvolvimento de competências para a Educação Inclusiva, ainda que possa ter uma fase de sensibilização na formação inicial, só poderá ser plenamente assumido ao longo de uma prática em serviço. Prática esta que deve ser permeada continuamente de reflexão e mudanças. O estudo e a confecção de um recurso inclusivo ofereceram aos professores a possibilidade de rever seus conceitos não só sobre o potencial dos mesmos para a comunicação na sala de aula como também sobre a importância do planejamento e da consideração de critérios de qualidade para a confecção dos recursos. O grupo reviu a necessidade de considerar aspectos como as texturas e formas, com a finalidade de aproximar o objeto à realidade dos estudantes. Durante os encontros, foi preciso reavaliar a própria prática educativa, e repensar os materiais, tornando-os acessível, pois como relata Cerqueira e Ferreira (2000) talvez em nenhuma outra forma de educação, os recursos didáticos assumam tanta importância como na educação especial de pessoa com deficiência visual, levandose em conta que um dos problemas básicos do aluno cego, é a dificuldade de contato com o ambiente físico e a carência de material e mediações adequadas. A falta destes leva a rupturas na formação de conceitos em relação às coisas do mundo e a uma falta de motivação para a aprendizagem. As percepções do grupo avançaram em diversas questões, como por exemplo, o olhar diferenciado sobre a importância do recurso, quando bem aplicado em sala de aula, na concretização da interatividade e socialização dos alunos e a realidade inclusiva que todos os educadores presenciam no momento, através dos próprios relatos de experiência dos professores quanto às suas dificuldades e avanços. Tudo isso nos leva a confirmar que não se pode falar em Educação Inclusiva sem discutir metodologias que sejam motivadoras e facilitadoras da aprendizagem e sem pensar na formação docente. As questões relacionadas a formação de grande parte dos professores e,

mais especificamente, a falta de uma formação fundamentada nos pressupostos da educação inclusiva, é um dos principais desafios que se coloca para a efetiva inclusão escolar de pessoas com necessidades especiais. Neste contexto, apesar de ainda não conseguirmos que os professores da educação básica estabeleçam horários para tais atividades, acreditamos que a Universidade possa ser uma parceira da escola na tentativa de minimizar algumas das questões existentes a cerca da formação de professores. A criação e organização de espaços para trabalhos em grupo, de estudo, discussões e trocas de experiências, estudos bibliográficos e para produção de recursos didáticos podem se configurar como ações efetivas para programas de extensão e formação docente, como apontam Foerste (2005) e Cunha (2008). Aranha (2004) também coloca a importância de se [...] criar espaços e meios que impulsionam a reflexão, o debate, o estudo e a pesquisa, na busca de soluções criativas e a promoção das mudanças desejadas para a educação inclusiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, D. B. et al. Política educacional e formação docente na perspectiva da inclusão. Educação. CE/USFM. Santa Maria (RS), v. 32, n.2, 2007, p. 327-342, Disponível em: http://coralx.ufsm.br/revce/revce/2007/02/a4.htm Acesso em: 05/11/2012. ARANHA, M. S. F. Educação Inclusiva: Transformação Social ou Retórica.In: OMOTE, S. (Org.). Inclusão: intenção e realidade. 1ªed. Marília (SP): FUNDEPE, v., p. 3760, 2004. CAMACHO, G. S. O uso de recursos didático-pedagógicos em Atividade Interativa para deficientes visuais em espaços não-formais de ensino. Monografia de graduação. 2011. Monografia (Graduação) Curso de Ciências Biológicas Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2011. CERQUEIRA, J. B.; FERREIRA, M. A. Os recursos didáticos na educação especial. Rio de Janeiro: Revista Benjamin Constant, 15. ed., abril de 2000. FOERSTE. E. Parceria na formação de professores. São Paulo: Cortez, 2005. GLAT, R.; FERNANDES, E. M. Da educação segregada à educação inclusiva: uma breve reflexão sobre os paradigmas educacionais no contexto da educação especial brasileira. Revista Inclusão, Brasília, v.1, n.1, p.35-39, 2005. MANOEL, V. A.; MÜLBERT, A. L.; BITTERNCOURT D. F. DE; ROESLER, J.; LOCH, M.; WALTRICK, S. A. Recursos Didáticos e tecnológicos da Educação Especial aplicados a EAD. UnisulVirtual Educação Superior a Distância, Santa Catarina, 2006. MENDES, E.G. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 11, n. 33, p. 387-405, set./dez. 2006. MENDES, E. G. Construindo um lócus de pesquisas sobre inclusão escolar. In: MENDES, E. G; ALMEIDA, M. A; WILLIAMS, L. C. Temas em educação especial: avanços recentes. São Carlos: EdUFSCAR, p. 221-230, 2004.

OLIVEIRA, D.; TRIGUEIRO, G. R.; AQUINO, M. S. M. Educação Inclusiva e formação de professores. Disponível em: http://www.unucseh.ueg.br/downloads/producoesacademicas/artigos/educacao_inclusiva_e_f ormacao_de_professores.pdf. Acesso em: 31 de outubro de 2012. SASSAKI, R. K. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997.