A TEORIA DA BUROCRACIA

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Transcrição:

A TEORIA DA BUROCRACIA Uma das primeiras aplicações do termo Burocracia data do século XVIII, onde o termo era carregado de forte conotação negativa, designando aspectos de poder dos funcionários de uma administração estatal aos quais eram atribuídas funções especializadas, sob uma monarquia absoluta. Burocracia, em geral, é um sistema de controle social baseado na racionalidade (adequação dos meios para se alcançar os fins) tendo em vista a eficiência na obtenção dos resultados esperados. A Teoria Burocrática foi formalizada por Max Weber (sociólogo alemão, no qual veremos logo), emprestando a administração uma conceituação lógica e formal para dirigir um sistema social, ou seja, a empresa. Segundo ele, a Burocracia é o único modo de organizar eficientemente um grande número de pessoas, e, assim, expande-se inevitavelmente com o crescimento econômico e político. A Teoria da Burocracia vem da premissa de que a burocracia é a organização eficiente por excelência. Para conseguir eficiência, a burocracia explica nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas.

ORIGEM A burocracia teve a sua origem nas mudanças religiosas verificadas após o Renascimento. O sistema de produção, eminentemente racional e capitalista originou de um novo conjunto de normas sociais morais, denominada de "ética protestante". Weber verificou que o capitalismo e a ciência moderna constituem três formas de racionalidade que surgiram a partir dessas mudanças religiosas ocorridas inicialmente nos países protestantes (Inglaterra e Holanda). Em seu livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber defendia a importância do papel da política na vida social, sendo esta realizada através de uma burocracia eficiente e controlada pela democracia, condição que justifica a origem de um sistema legal voltado para o capitalismo. Ele define o espírito do capitalismo como as ideias e hábitos que favorecem, de forma ética, a procura racional de ganho econômico.

MAX WEBER E A TEORIA DA BUROCRACIA Max Weber, sociólogo alemão, é considerado o fundador da Teoria da Burocracia. Para Weber, burocracia significa o tipo de organização onde a racionalidade e eficiência atinge o seu grau mais elevado. Weber enumerou algumas características de uma organização ideal do ponto de vista da burocracia: 1. Formalização: todas as atividades de uma organização devem estar definidas por escrito (rotinas e procedimentos) e a organização deve operar de acordo com um conjunto de leis ou regras (regulamentos, regimento interno, estatutos, etc.). 2. Divisão do Trabalho: cada empregado tem um cargo com um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades oficiais e delimitados. 3. Princípio da Hierarquia: Cada empregado recebe ordens que guiam suas ações. Cada função mais baixa está sob controle e supervisão da mais alta. Cada funcionário tem apenas um único chefe. Daí forma-se a estrutura piramidal da burocracia. 4. Impessoalidade: o funcionário ideal desempenha com imparcialidade no relacionamento com outros ocupantes de cargos. A burocracia enfatiza os cargos e não as pessoas que os ocupam, pois as pessoas entram e saem da organização, mas os cargos permanecem para garantir a continuidade e perpetuação. 5. Competência Técnica: a seleção e a promoção dos empregados são baseadas na competência técnica e qualificação profissional dos candidatos, sem preferências pessoais. Daí a utilização de testes e concursos para preenchimento de cargos ou promoções. 6. Profissionalização do funcionário: os funcionários da burocracia são profissionais pois são especialistas em face da divisão do trabalho; são assalariados de acordo com suas funções ou posição hierárquica; seus cargos constituem a sua principal atividade dentro da organização; são nomeados pelo seu superior imediato; seus mandatos são por tempo indeterminado e seguem carreiras dentro da organização.

A Teoria da Burocracia concebida por Max Weber é imediatamente posterior às teorias Clássica e das Relações Humanas. Ela teve como ponto forte de origem a necessidade de uma abordagem generalista e integrada das organizações, fator praticamente não considerado pelas teorias anteriores. De um lado, a Teoria Clássica, com suas suposições extremamente negativas em relação à natureza humana, pregava uma administração centralizadora, total e exclusivamente responsável pela organização e uso dos recursos da empresa, padronizando as atividades e controlando-as através da persuasão, coação, punições e recompensas marginais. De outro, a Teoria das Relações Humanas considerava o homem como sendo o maior patrimônio das organizações, sendo motivado a produzir por sua própria natureza, pregando a descentralização e a delegação, a auto avaliação e a administração participativa. Weber, baseado em princípios protestantes, foi quem primeiro definiu a Burocracia não como um sistema social, mas como um tipo de poder suficiente para a funcionalidade eficaz das estruturas organizacionais, sejam estas pertencentes ao Governo ou de domínio econômico privado. A característica principal da Burocracia reside na racionalidade do ponto de vista das atividades desempenhadas na organização. A Teoria Clássica já abordava certa racionalidade, porém esta se manifestava apenas na mecanização dos processos e não na mecanização das atividades dos indivíduos. Na Burocracia a liderança se dá tipicamente a ponte de regras impessoais, escritas e através de uma estrutura hierárquica; o poder é legítimo e depende exclusivamente do grau de especialidade e competência técnica de quem o detém.

ELEMENTOS DA TEORIA BUROCRÁTICA AUTORIDADE; PODER; HIERARQUIA; DISCIPLINA; ORDEM e; CONTROLE. CARACTERÍSTICAS DA TEORIA DA BUROCRACIA Weber concebeu a teoria da Burocracia como algo que tornasse a organização eficiente e eficaz, garantindo com ela: rapidez; racionalidade; homogeneidade de interpretação das normas; redução dos atritos, discriminações e subjetividades internos; padronização da liderança (decisões iguais em situações iguais) e, mais importante, o alcance dos objetivos. A Burocracia, em síntese, busca amenizar as consequências das influências externas à organização e harmonizar a especialização dos seus colaboradores e o controle das suas atividades de modo a se atingir os objetivos organizacionais através da competência e eficiência, sem considerações pessoais.

Sendo assim, são características da burocracia: CARÁTER LEGAL DAS NORMAS E REGULAMENTOS: A organização é baseada em uma espécie de legislação própria que define antecipadamente como a organização burocrática deverá funcionar. Essas normas e regulamentos são previamente estabelecidos por escrito. CARÁTER FORMAL DAS COMUNICAÇÕES: Todas as ações e procedimentos são feitos para proporcionar comprovação e documentos adequados. CARÁTER RACIONAL E DIVISÃO DO TRABALHO: A divisão do trabalho atende a uma racionalidade, isto é, ela é adequada aos objetivos a serem atingidos: a eficiência da organização. Há uma divisão sistemática do trabalho, do direito e do poder, estabelecendo as atribuições de cada participante, os meios de obrigatoriedade e as condições necessárias. IMPESSOALIDADE NAS RELAÇÕES: A distribuição de atividades é feita em termos de cargos e funções e não de pessoas envolvidas, daí o caráter impessoal da burocracia. HIERARQUIA DA AUTORIDADE: Fixa a chefia nos diversos escalões de autoridade. A hierarquia é a ordem e subordinação, a graduação de autoridade correspondente ás diversas categorias de participantes, funcionários, classes, etc.

ROTINAS E PROCEDIMENTOS PADRONIZADOS: A disciplina no trabalho e o desempenho no cargo são assegurados por um conjunto de regras e normas que tentam ajudar completamente o funcionário às exigências do cargo e as da organização (a máxima produtividade). TÉCNICA E MERITOCRATA: A burocracia é uma organização da qual a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competência técnica e não em preferências pessoais. A admissão, transferência e a promoção dos funcionários são baseadas em critérios válidos para toda a organização, levando em consideração a competência, mérito, e a capacidade. ESPECULAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO: O administrador não é necessariamente o dono do negócio ou um grande acionista da organização, mas um profissional especializado na administração. Esta separação entre os rendimentos e os bens privados e os públicos é a característica específica da burocracia. PROFISSIONALIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO (SEPARAÇÃO PATRIMONIAL) E DOS PARTICIPANTES: Cada funcionário da burocracia é um profissional, pois são especialistas, assalariados, ocupantes de um cargo, são nomeados superiores hierárquicos, seguem carreira dentro da organização, não possuem propriedade dos meios de produção e administração e, por fim, são fiéis ao cargo e se identificam com os objetivos da empresa.

VANTAGENS DA TEORIA DA BUROCRACIA Previsibilidade do funcionamento; Univocidade de interpretação; Padronização de rotinas e procedimentos; Redução de conflitos; Subordinação natural aos mais antigos; Confiabilidade nas regras do negócio; Hierarquia formalizada Precisão na definição de cargos e operações.

DESVANTAGENS E DISFUNÇÕES DA TEORIA DA BUROCRACIA Se para Weber a burocracia constitui a forma de organização eficiente por excelência, apresentando como principais vantagens a racionalidade, a precisão, a univocidade de interpretação, uniformidade de rotinas e procedimentos, constância e continuidade, entre outras; outros autores importantes, de outra parte, identifica consequências imprevistas ou disfunções que conduzem à ineficiência da organização burocrática. Tais anomalias de funcionamento da estrutura burocrática decorrem, segundo eles, da interação do elemento humano com o modelo burocrático preestabelecido. Sabemos que a burocracia, para Weber, é uma organização cujas consequências desejadas se resumem na previsibilidade do seu funcionamento no sentido de obter a maior eficiência da organização. Para outros autores, na burocracia existem consequências previstas e imprevistas, que recebeu o nome de Disfunções da burocracia, ou seja, anomalias e imperfeições no funcionamento da burocracia.

As disfunções da Burocracia são as seguintes: 1. INTERNACIONALIZAÇÃO DAS REGRAS E EXAGERO APEGO AOS REGULAMENTOS As normas e regulamentos passam a se transformar de meios para objetivos. O funcionário adquire "viseiras" e esquece que a flexibilidade é uma das principais características de qualquer atividade racional. 2. EXCESSO DE FORMALISMO E DE PAPELÓRIO A necessidade de documentar e de formalizar todas as comunicações dentro da burocracia a fim de que tudo possa ser devidamente testemunhado por escrito. O papelório constitui uma das mais gritantes disfunções da burocracia. 3. RESISTÊNCIA A MUDANÇAS O funcionário da burocracia esta acostumado em seguir regras, ou seja, conforme rotinas, com isso, sentem-se seguros e tranquilos. Quando apresenta mudança eles se preocupam, resistindo à mudança. 4. DESPERSONALIZAÇÃO DO REGULAMENTO As pessoas passam a possuir caráter impessoal, pois começam a olhar os colegas como membros da organização. Os colegas passam a se comunicar com os cargos ou registros ou em qualquer forma imposta pela empresa.

5. CATEGORIZAÇÃO COMO BASE DO PROCESSO DECISORIAL A burocracia se assenta em uma rígida hierarquização da autoridade, ou seja, na burocracia quem toma as decisões são as pessoas que estão no mais alto nível da hierarquia, mesmo que não saiba do assunto ele é o único com poder de decisão. 6. SUPERCONFORMIDADE ÀS ROTINAS E PROCEDIMENTOS A burocracia baseia-se em rotinas e procedimentos, na burocracia as rotinas e procedimentos se tornam absolutas e sagradas para os funcionários. Os funcionários passam a trabalhar em função das regras e procedimentos da organização e não mais para os objetivos organizacionais, com isso, perde a flexibilidade, iniciativa, criatividade e renovação. 7. EXIBIÇÃO DE SINAIS DE AUTORIDADE Como a burocracia enfatiza a hierarquia, tem como sistema identificar aos olhos quais as pessoas que possuem mais poder, como por exemplo, as mesmas salas, os uniformes. 8. DIFICULDADE NO ATENDIMENTO A CLIENTES E CONFLITOS COM O PÚBLICO Os funcionários trabalham voltados ao interior da organização e isso leva a conflitos com os clientes. Os clientes necessitam de atendimentos personalizados, mas na burocracia os funcionários atendem os clientes num padrão, fazendo com que os clientes fiquem insatisfeitos com os serviços, o que trará grandes prejuízos.

OS GRAUS DA BUROCRATIZAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES Alvin Gouldner, sociólogo e filósofo, realizou uma pesquisa que lhe permitiu concluir que não há um único tipo ou modelo de burocracia, mas uma enorme variedade de graus diferentes de burocratização. Durante longos anos, a empresa fora administrada de maneira muito informal, com intervalos de almoço amplos, horários de entrada e saída bem folgados, permissão para os empregados para utilizarem material da companhia para uso próprio, política de não demitir ninguém e de somente admitir novos funcionários considerando laços de famílias, de amizade e residência da comunidade semi-rural em que se situava a empresa. Antes de 1948, o padrão de atitudes do pessoal para com a fábrica era favorável e positivo. Os operários consideravam as normas disciplinares da fábrica como "lenientes", suaves e orientadas para os objetivos da produção e internalizavam o seu papel por um conjunto de normas técnicas. O padrão de comportamento dos operários se caracterizava por um sistema de julgamentos, atitudes e sentimentos positivos que predispunham a uma reação favorável dos operários à fábrica e a uma confiança nos seus superiores.

Em 1948 assumiu um novo gerente (Peele), que veio alterar substancialmente essa situação. Ele era bastante apoiado pelos executivos do escritório central, chegando a pressioná-lo sob este aspecto. O controle do gerente sobre os supervisores tornou cerrado o controle sobre os operários. Estes passaram a modificar substancialmente as suas atitudes para com a organização. A supervisão fechada desenvolvida por Peele passou a encerrar a administração dentro de um círculo vicioso: 1. O supervisor exercer uma supervisão cerrada e sob pressão sobre o operário; 2. O supervisor passa a receber o operário como uma pessoa não motivada para o trabalho; 3. O supervisor passa a vigiar e a controlar com mais pressão o operário para obter dele maior rendimento; 4. Esse cerco e essa pressão despertam o rancor ou a apatia no operário; 5. O supervisor passa a perceber mais intensidade o operário como uma pessoa não motivada para o trabalho. Em relação à conclusão, a hipótese central de Gouldner é de que a supervisão cerrada deteriora as relações entre superior e subordinado e viola as normas informais do grupo. Por outro lado, a excessiva formulação de regras burocráticas funciona como um símbolo de desconfiança nas pessoas e nas suas intenções.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Sem a organização burocrática, a produção capitalista nunca teria sido realizada. Por outro lado, a base econômica capitalista é essencial para o desenvolvimento da administração burocrática. Portanto, a palavra "burocracia" tem, no nosso dia-a-dia, um sentido pejorativo. Chamamos de burocracia o exagero de normas e regulamentos, a ineficiência administrativa, o desperdício de recursos. No entanto, para a sociologia, esse termo tem um sentido especial. Desde que passou a ser usado por Max Weber, designa um modelo específico de organização administrativa. A divisão e distribuição de funções, a seleção de pessoal especializado, os regulamentos e a disciplina hierárquica são fatores que fazem da burocracia o método mais eficiente de administração moderna, tanto na esfera privada, quanto na administração pública. O leigo, em geral, costuma criticar o aparelho burocrático, devido à sua rigidez administrativa, inadequação das normas e grande quantidade de regulamentos. Estes aspectos produzem resultados contrários aos esperados, como, por exemplo, a lentidão dos processos. Sim, de fato a crescente racionalidade do sistema burocrático tende a gerar efeitos negativos, que podem diminuir drasticamente a eficiência de uma organização ou sociedade. Em contrapartida, sem a burocracia não teríamos condição suficiente de se viver em uma sociedade civilizada.