Inclusão Digital Uma Maneira Eficiente De Inclusão Social Fábio Manoel Caliari Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) São Bento do Sul SC Brasil Departamento de Sistemas de Informação caliari@sbs.udesc.br Abstract: This article was prepared with the aim of describing some educational activities focused on digital inclusion. We use interactive lessons with Free Software. The result was to obtain a lower rate of illiteracy, digital real inclusion, providing opportunities for participants to experience the tools of information technology, inserting them into the digital knowledge age. Keywords: Digital Inclusion, Free Software, Computerized room. Resumo: Este artigo foi elaborado com o objetivo de descrever algumas atividades pedagógicas voltada à inclusão digital. Utiliza-se aulas interativas com Software Livre. O resultado foi a obtenção de um índice menor de analfabetismo digital, uma verdadeira inclusão, oportunizando aos participantes vivenciar as ferramentas da informática, inserindo-os na era do conhecimento digital. Palavras Chave: Inclusão Digital, Software Livre, Sala Informatizada. 1. Introdução As novas Tecnologias de Informação e Comunicação(TICs) estão mudando nossa forma de pensar, agir, relacionar-se, aprender e ensinar. É uma realidade que chegou e não há como voltar atrás. Neste sentido, torna-se cada vez mais imperioso dominar o uso destas tecnologias, tanto para nossa vida pessoal, como para nossas atividades profissionais. O MEC, através do PROINFO, tem investido na implantação de laboratórios de informática pelas escolas públicas de nosso país, dando oportunidade de inclusão digital a muitos de nossos jovens. Porém, o que vemos hoje é que estes espaços de aprendizagem ainda não são utilizados em sua forma plena, necessitando ser melhor entendido e vinculado a uma nova forma de educar, utilizando a interação com a tecnologia na formação acadêmica de nossos alunos, visto que elas estão presentes em nosso dia-a-dia e vieram para ficar. A proposta deste artigo é apresentar algumas atividades didáticas utilizando Software Livre. Em um projeto social que visa à inclusão digital de jovens carentes no planalto norte catarinense. Concorda-se com De Luca (2004), no aspecto que a inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia.
O artigo está organizado da seguinte forma: na seção 2, apresentam-se um referencial teórico, em seguida, na seção 3, é apresentada a metodologia utilizada. A seção 4 apresenta uma descrição das aulas interativas com aplicativos do BrOffice. A seção 5 apresenta uma discussão sobre as atividades. Ao final, na seção 6, são apresentados as conclusões e os trabalhos futuros. 2. Referencial teórico Esta ação social busca desenvolver a inclusão digital, junto à sociedade. Somente colocar um computador na mão das pessoas ou vendê lo a um preço menor não é, definitivamente, inclusão digital. É preciso ensiná las a utilizá lo em benefício próprio e coletivo. Segundo nos propõe Elzirik (2006), para que possamos construir, nesta sociedade do conhecimento, uma verdadeira inclusão digital, ela deve ser realmente capaz de levar as pessoas a utilizarem a tecnologia como um instrumento de transformação social, em busca de melhoria de suas vidas. A utilização da informática em todos os segmentos sociais é uma realidade que não pode ser ignorada uma vez que, conforme argumenta Delors (1998), As sociedades atuais são todas, pouco ou muito, sociedades da informação, nas quais o desenvolvimento das tecnologias pode criar um ambiente cultural e educativo suscetível de diversificar as fontes do conhecimento e do saber. Quanto à inclusão digital, o conceito denotado pela expressão é: Para De Luca (2004), a inclusão digital deve favorecer a apropriação da tecnologia de forma consciente, que torne o indivíduo capaz de decidir quando, como e para que utilizá-la. 3. Metodologia da Atividade O público alvo das atividades informatizadas são jovens carentes da comunidade entre 12 e 18 anos. A necessidade em transmitir para eles o conhecimento se dá pelo fato das tecnologias da informação estarem cada vez mais presentes. Assim surge uma forma de preparar estes jovens para o mercado de trabalho. Este projeto consiste em aulas de informática e existe desde o segundo semestre de 2008. Divididos em 8 turmas durante este semestre iniciaram 100 alunos e 85 concluíram o curso. No primeiro semestre de 2009, 105 alunos divididos em 8 turmas deram inicio ao curso e 78 concluíram. Cada turma possui uma carga horária de 36 horas divididas em Sistema Operacional Linux, BROffice Writer, Calc, Impress além do uso da Internet com o browser Firefox. A figura 1 mostra os jovens durante o curso.
Figura 01: Laboratório de Informática com alguns dos alunos do projeto. 4. Descrição da ação No decorrer das aulas, foram utilizados vários programas do BrOffice, a seguir descreve-se algumas das atividades desenvolvidas para contribuir com o conhecimento técnico e humano dos participantes. 4.1. Editando textos com Writer Através do Writer foi desenvolvido em sala de aula, uma atividade, para que os alunos pudessem pesquisar na Internet, utilizando o browser Firefox. O tema proposto foi criar uma Ficha Técnica de Objetos Antigos, assim, pesquisaram na Internet e criaram seu trabalho, apresentando aos demais colegas. 4.3 Manipulando planilhas eletrônicas com Calc Foi elaborada a atividade utilizando o BrOffice Calc em que os alunos puderam usar a imaginação, fazendo uma Viajem de quinze dias ao Caribe. Detalhando as despesas que cada um teria, aproximadamente, supondo os valores de cada despesa. Para calcular o semi-total e total geral, utilizaram as funções e soma das células. A figura 2 mostra um exemplo de atividade realizada durantes às aulas.
Figura 02: Modelo da atividade utilizando o BrOffice Calc. 4.4 Trabalhando com BrOffice Impress Utilizando o Impress, esta atividade abordou o tema Minha visão do amanhã, trazendo um debate nas apresentações, pois as opiniões divergiam umas das outras. Enquanto alguns visualizavam apenas violência, guerras e fome, outros viam um futuro envolvido em um mundo tecnológico, em que a qualidade de vida das pessoas aumenta, trazendo desenvolvimento educacional a populações carentes. A figura 3 mostra um exemplo de atividade realizada durante as aulas. Figura 03: Modelo de atividade do BrOffice Impress.
5. Discussões Embora se reconheça que a produção de atividades educacionais de qualidade com softwares devem ser uma ação multidisciplinar, na medida em que muitas competências estão envolvidas neste processo. Foi possível observar que, devidamente orientados e motivados, este pode ser apropriado por professores e utilizado com êxito na construção de pequenas aplicações destinadas a situações/problemas corriqueiros em suas salas de aula, não sendo necessários grandes investimentos de tempo ou recursos financeiros. No que tange a necessidade de intervir com propostas de interdisciplinariedade, o curso aqui referido objetiva motivar jovens da comunidade a baixar o índice de pessoas sem acesso ou contato com computadores. Oportunizando à população acesso a conhecimentos na área de Tecnologia de Informação. Este projeto colabora com a ampliação do nível de conhecimento dos participantes através da inclusão digital, com o fito de poderem fazer valer desse conhecimento em situações do dia-a-dia em que o uso da informática seja uma necessidade em suas vidas e, futuramente, empregos. O treinamento de jovens carentes, por exemplo, é uma das alternativas viáveis desde que seja levada a sério, com instrutores, equipamentos funcionando e diretrizes claras. Com diretrizes sérias, o aluno não apenas aprende o que deve aprender na sala tecnológica, mas também há troca de conhecimento teórico e prático com relação a sua vida com os demais colegas ao fazer os exercícios propostos. A longo prazo, é notória a inclusão social que ações assim podem gerar. Se alguns pequenos cidadãos brasileiros não forem incluídos digitalmente adquirindo um conhecimento mínimo para utilizar tais serviços, muito em breve, será observado algum tipo de impedimento que refletirá em algumas empresas brasileiras na competição do mundo globalizado, retardando assim o crescimento econômico de nosso país, já que os jovens de hoje é que administrarão o país amanhã. 6. Conclusões Com o entusiasmo dos participantes ao conhecer a informática de uma maneira diferente, percebe-se que esta forma de aplicar prática aliada à teoria deve se continuar, pois se mostrou eficaz e produtiva. Os exercícios foram desenvolvidos conforme Almeida et.al (2005) onde afirma que não basta disponibilizar os meios; é importante mostrar às pessoas como as tecnologias podem contribuir para suas tarefas e atividades, trazendo conhecimento e novas oportunidades. Em termos concretos, incluir digitalmente não é apenas alfabetizar a pessoa em informática, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores. O acesso a informática não é uma exclusividade da elite. Há vários caminhos de melhorar o cenário atual de exclusão, com relações custo/benefício razoáveis. A próxima etapa destas atividades será uma pesquisa com os participantes que já finalizaram o curso com objetivo de verificar se esta atividade foi importante para conseguir uma colocação no mercado de trabalho.
Por fim, reafirmar que projetos de extensão como estes não custam caro, são de efeito quase imediato e os retornos humanos, éticos e sociais são enormes, tanto para o professor como para quem participa. Referências ALMEIDA, L.B; PAULA, L.G.; CARELLI, F.C.; OSÓRIO, T.L.G e GENESTRA, M. O retrato da exclusão digital na sociedade brasileira. Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação. Journal of Information Systems and Technology Management. Vol. 2, No. 1, 2005, pp. 55-67. ISSN online: 1807-1775 DE LUCA, C. O que é inclusão digital?. In: CRUZ, R. O que as empresas podem fazer pela inclusão digital. São Paulo: Instituto Ethos, 2004. DELORS, J. Educação um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez; Brasília: MEC; UNESCO, 1998. EIZIRIK, M. F. Inclusão digital: tecendo redes afetivas/cognitivas. Rio de Janeiro: DP&A, 2005, p. 45-60.