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Transcrição:

APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUTÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA. TAXA DE LICENÇA E LOCALIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. É possível o exercício do poder de polícia municipal efetivado sobre o estabelecimento e funcionamento de atividades de qualquer natureza, prática que não se confunde com o poder de polícia exercido sobre a atividade da advocacia, que compete à OAB. Precedentes. Inocorrência de violação à regra constitucional da anterioridade. Lei municipal que determina a exação vigente à época dos fatos geradores. NEGADO PROVIMENTO AO APELO. APELAÇÃO CÍVEL PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE CACHOEIRINHA SILVIO LUIZ AVILA DA SILVA MUNICIPIO DE CACHOEIRINHA APELANTE APELADO A CÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. IRINEU MARIANI (PRESIDENTE) E DES. JORGE MARASCHIN DOS SANTOS. Porto Alegre, 25 de junho de 2008. 1

DES. CARLOS ROBERTO LOFEGO CANÍBAL, Relator. R E L ATÓRIO DES. CARLOS ROBERTO LOFEGO CANÍBAL (RELATOR) Trata-se de apelação interposta por SILVIO LUIZ AVILA DA SILVA em face da sentença que, nos autos da ação anulatória de crédito tributária ajuizada contra o MUNICÍPIO DE CACHOEIRINHA, julgou improcedentes os pedidos, por entender que é devido o ISS e a taxa de fiscalização e vistoria do estabelecimento, não havendo ofensa ao princípio da anterioridade. Inconformado, apela o autor. Alega que a taxa é indevida, na medida que não pode ser cobrada anualmente, mas tão-só no momento da concessão do alvará. Diz que houve violação ao princípio da anterioridade. Pede o provimento. Município. Devidamente intimado (fl. 287), não houve resposta pelo Opinou o órgão do Ministério Público pelo desprovimento. É o relatório. V O TOS DES. CARLOS ROBERTO LOFEGO CANÍBAL (RELATOR) Dispensado do preparo (AJG), conheço do recurso por próprio e tempestivo. Nenhum reparo à sentença. Inicialmente é necessário esclarecer que não se submete o advogado ao poder de polícia municipal, subordinando-se sua atividade às normas da lei 8906/94, estatuto da advocacia, sendo, pois, a Ordem dos Advogados do Brasil competente para 2

o exercício do poder de polícia sobre a atividade exercida pelo autor da ação. Tal matéria já foi apreciada inúmeras vezes pelo Superior Tribunal de Justiça, tendo sido considerada ilegítima a cobrança, pelo Município, da taxa de localização e permanência de escritório de advocacia. 2. Orientação traçada pelos Tribunais Superiores. 3. O advogado é indispensável à administração da Justiça e sua atividade só se subordina às normas éticas e estatutárias instituídas por lei específica. (...) (STJ, 2ª turma, RESP 191279 julgado em 04/05/2000). Ocorre que havia, deveras, um certo equívoco na interpretação da referida taxa, não só pelo autor da ação, mas também, data maxima venia, pelo Tribunal Superior no precedente supra referido. Aliás, é por isso que a Corte Superior modificou sua jurisprudência, como se observa: Afigura-se legítima a cobrança pelo município de taxa de fiscalização, localização e funcionamento de escritórios de advocacia. (STJ, 2ª turma, RESP 431391 julgado em 01/06/2006) Muitas vezes se parte da equivocada premissa que a atividade exercida pela municipalidade, qual seja, o poder de polícia, ocorra sobre o exercício da advocacia, quando, na verdade, o poder de polícia municipal é efetivado sobre o estabelecimento e funcionamento de atividades de qualquer natureza. Não é, pois, fiscalização sobre a advocacia em si, que, diga-se de passagem, é indispensável à administração da justiça (art. 133 da CF), mas sim sobre o estabelecimento, vale dizer, sobre o escritório. Partindo desta premissa, observa-se que a exigência da referida taxa é legítima, como muito bem observado na lição de Hely Lopes Meirelles (IN Direito Municipal Brasileiro. 6ª ed., 3ª tiragem, São Paulo: Malheiros, 1993, p. 370/371) compete ao Município a polícia administrativa das atividades urbanas em geral, para a ordenação da vida da cidade. Esse 3

policiamento se estende a todas as atividades e estabelecimentos urbanos, desde a sua localização até a instalação e funcionamento, não para o controle do exercício profissional e do rendimento econômico, alheios à alçada municipal, mas para a verificação a segurança e da higiene do recinto, bem como da própria localização do empreendimento (escritório, consultório, banco, casa comercial, indústria etc.) em relação aos usos permitidos ns normas de zoneamento da cidade Corte: Tal matéria já foi apreciada pelo 1º colendo Grupo Cível desta TRIBUTARIO. TAXA DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. EMBARGOS INFRINGENTES. Não se pode confundir fiscalização do exercício da advocacia com fiscalização do estabelecimento em que a advocacia é exercida. A primeira compete a respectiva entidade de classe, enquanto a segunda compete ao município. Nesse sentido, é devida a taxa de licença para localização, que ocorre uma única vez, na concessão inicial, quando a municipalidade tem o dever de aferir as condições do estabelecimento e ver se se trata de empreendimento consentâneo com as posturas locais. Embargos desacolhidos. (6FLS.) (EMBARGOS INFRINGENTES Nº 70001980663, PRIMEIRO GRUPO DE CÂMARAS CÍVEIS, DO RS, RELATOR: ARNO WERLANG, JULGADO EM 05/10/2001) Daí porque inexiste sustentação a tese do apelante. Por fim, quanto à suposta violação à anterioridade, vale salientar que já existia lei vigente no momento dos fatos geradores, a saber, a Lei 1674/97 do Município de Cachoeirinha, no seu art. 132, determinava a incidência da taxa de licença e para localização ou exercício de atividade, texto tal reprisado na nova lei (2140/02). Assim, não pode o apelante alegar violação à anterioridade. Primeiro porque, como bem destacou o parecer do órgão do Ministério 4

Público, não foi comprovada que os lançamentos (que, aliás, nem foram juntados aos autos) foram baseados em lei anterior. E, segundo, já existia lei vigente à época, o que faz crer que os lançamentos foram assim devidamente procedidos. Por essas razões, a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos, que agrego ao presente como razões de decisão, é um imperativo categórico que se impõe. ISSO POSTO, nego provimento. É o voto DES. JORGE MARASCHIN DOS SANTOS (REVISOR) - De acordo. DES. IRINEU MARIANI (PRESIDENTE) - De acordo. DES. IRINEU MARIANI - Presidente - Apelação Cível nº 70023762412, Comarca de Cachoeirinha: "À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO." Julgador(a) de 1º Grau: HILBERT MAXIMILIANO AKIHITO OBARA 5