TRIAGEM DE OSTEOPOROSE E OSTEOPENIA EM PACIENTES DO SEXO FEMININO, ACIMA DE 45 ANOS E QUE JÁ ENTRARAM NA MENOPAUSA PAULINO, Matheus Veloso 1 ; TAVEIRA, Roberto Brasil Rabelo 2 ; SILVA, Ana Paula Nascimento da 3 ; SA, Tais Figueiredo de 4 ; MORAES, Frederico Barra de. 5 1 Faculdade de Medicina UFG - matheusveloso04@hotmail.com 2 Faculdade de Medicina UFG- betu.brasil@gmail.com 3 Faculdade de Medicina UFG- anapaulans-go@hotmail.com 4 Faculdade de Medicina UFG- fgrd.tais@gmail.com 5 Faculdade de Medicina UFG- Docente e orientador- frederico_barra@yahoo.com.br Palavras chave: Epidemiologia, Prevalência, Osteoporose, envelhecimento. Justificativa/ Base Teórica Recentemente, a osteoporose tem sido reconhecida como um dos grandes problemas de saúde pública do mundo, em razão de sua alta morbi-mortalidade relacionada às fraturas. No Brasil, estima-se que 10 milhões de pessoas tenham osteoporose e 2,4 milhões sofram fraturas anualmente e, destes, 200 mil morrem em decorrência delas. A osteoporose é caracterizada pela diminuição da massa óssea e uma destruição microarquitetural do osso, que ocorrem em razão de um desbalanço entre as atividades de reabsorção e reconstrução do tecido ósseo, onde a atividade osteoclástica (reabsortiva) supera a osteoblástica (síntese), levando, finalmente, à diminuição da massa óssea, que caracteriza a doença. Sabe-se que o pico de massa óssea é atingido por volta dos 35 anos em homens e mulheres e que a perda dela é inerente ao processo de envelhecimento, entretanto, na osteoporose, a massa óssea cai abaixo dos níveis de fratura, principalmente em ossos como os da coluna, do quadril, antebraço, ombro, pé e o fêmur. Isso faz dos idosos um grupo de risco para a osteoporose, em especial as mulheres, devido às alterações hormonais oriundas da menopausa, que eliminam o efeito protetor do estrógeno, acelerando a descalcificação dos ossos, aumentando a porosidade dos mesmos. Além da idade avançada (mais de 45 anos) e do sexo feminino, ajudam a compor o grupo de risco a raça branca e asiática (negros têm maior pico de massa óssea, estando menos propensos à osteoporose) e os filhos de pais portadores de osteoporose (caráter hereditário). Resumo revisado pelo Coordenador da Ação de Extensão e Cultura código FM-227: Frederico Barra de Moraes
Para se prevenir a redução de massa óssea, deve-se chegar a um equilíbrio entre ingestão e absorção de cálcio e suas perdas. Todavia, alguns hábitos adotados contribuem para o fim desse equilíbrio, predispondo a osteoporose. Dentre eles estão: o consumo regular de álcool e o tabagismo (que aceleram a menopausa em mulheres), a alta ingestão de cafeína de qualquer fonte (café, coca-cola, chá, etc.), que acelera a perda de cálcio pela urina, e alimentação pobre em cálcio e vitamina D. No entanto, o hábito que mais contribui para a instalação da osteoporose é o sedentarismo. A ausência completa de exercícios físicos leva à perda maior e mais importante de cálcio e osso, uma vez que a atividade física promove o fortalecimento muscular, aumento da massa óssea ou mesmo a redução de sua perda, levando o indivíduo a tolerar melhor seu esforço e ter mais equilíbrio, diminuindo o risco de quedas e fraturas (frequentes na osteoporose). Os métodos de diagnóstico por medidas de massa óssea são os mais utilizados para se detectar a osteoporose. Dentre esses se realiza a Ultrassonometria Óssea (USO), que pode ser realizada no calcâneo, patela ou dedos das mãos e fornece uma avaliação indireta do risco de fratura no fêmur e/ou coluna; e a Densitometria de dupla emissão com fontes de raios X (DEXA), que permite avaliação direta da coluna, região proximal do fêmur e terço distal do rádio, áreas mais frequentemente acometidas pela osteoporose. Objetivos Prevenção e diagnóstico precoce de osteopenia e osteoporose em mulheres com idade superior a 45 anos. Em casos positivos instalar a terapêutica apropriada. Informar às mulheres de idade avançada (superior a 45 anos) sobre sua predisposição a desenvolverem a doença, e como preveni-la, passando-lhes dicas de uma dieta apropriada, voltada para a suplementação do cálcio e restrição de alimentos desencadeantes de sua depleção, como a cafeína. Orientá-las para a prática regular de atividade física, visto que o sedentarismo é o principal fator que leva a osteoporose. Colher e analisar os dados epidemiológicos da região de Trindade GO, de modo que, posteriormente, políticas preventivas mais eficientes e específicas contra a osteoporose sejam elaboradas e ratificadas. Metodologia
A equipe de triagem foi composta por uma enfermeira, responsável pelo exame de ultrassonometria do calcâneo; um técnico em exames radiológicos, incumbido de realizar a densitometria óssea nas pacientes; um médico para supervisionar a campanha contra a osteoporose, emitir os laudos da densitometria e prestar atendimento às pacientes com osteopenia ou osteoporose e um voluntário para anotar os dados dos atendimentos e auxiliar os demais profissionais. A triagem foi feita em pacientes do sexo feminino com idade superior a 45 anos no Hospital de Trindade, sendo a ultrassonometria do calcâneo o exame ultilizado. Os resultados positivos para osteopenia ou osteoporose foram encaminhados para o exame mais minucioso e preciso de densitometria óssea. Após a realização do exame os pacientes tiveram uma consulta agendada com um especialista. Na consulta, aos pacientes que tiveram a osteoporose confirmada foi prescrito cálcio, vitamina D e o medicamento Raloxifeno. Àqueles cujo diagnóstico foi apenas osteopenia, prescreveu-se apenas o tratamento com cálcio e vitamina D. Já os pacientes que apresentaram-se sem osteopenia ou osteoporose à ultrassonometria foram apenas orientados quanto à doença e a sua prevenção, sendo então liberados sem o agendamento de consulta. Folhetos informativos a respeito da osteoporose e dos cuidados que devem ser tomados para evita-la ou atenuar o agravamento da mesma foram entregues a todos os pacientes que participaram da campanha. Após o fim da campanha, foi feito o apuramento dos dados: quantas mulheres foram atendidas, e destas, quantas foram diagnosticadas com osteopenia ou osteoporose ou apresentaram a taxa de ultrassonometria normal. A partir da descrição dos dados estes foram devidamente analisados. Resultados e Discussão Fizeram parte do estudo 200 pacientes do sexo feminino com idade superior a 45 anos e que já passaram pela menopausa. Eles foram atendidos no Hospital de Trindade, em Trindade-GO, em campanha de osteoporose. Todos fizeram a ultrassonometria de calcâneo, sendo que destes 200 pacientes, 150 tiveram o exame normal e 50 tiveram os exames com alterações compatíveis com osteopenia ou osteoporose e por isso foram triadas para fazer o exame de densitometria óssea. Das 50 mulheres que fizeram a densitometria óssea, 20 tiveram o diagnóstico
confirmado de osteoporose e 30 foram identificadas apenas com osteopenia. Foram agendadas consultas para todas as pacientes que fizeram a densitometria, com posterior acompanhamento médico e tratamento. Neste estudo com 200 pacientes, 75% tiveram a osteometria de calcâneo normal e foram apenas orientadas sobre como evitar a perda óssea através de alimentação adequada, prática regular de atividade física e mudança de hábitos de vida. Porém 25% tiveram a osteometria alterada e foram triadas para densitometria óssea para melhor especificidade diagnóstica. Das pacientes que fizeram a densitometria óssea, 40% tiveram o diagnóstico confirmado de osteoporose e 60% tiveram o diagnóstico de osteopenia. Todas as mulheres que apresentaram osteopenia ou osteoporose foram encaminhadas para acompanhamento médico e tratamento a depender da necessidade de cada caso. Sabe-se que o sexo feminino e a menopausa são os fatores de risco para a osteoporose, o que se confirmou neste estudo, onde os achados de osteoporose se encontravam mais presentes nas faixas-etárias maiores. Outros fatores de risco como tabagismo, sedentarismo e alimentação pobre em cálcio não foram analisados neste estudo. A incidência de osteoporose nesse grupo de 200 pacientes foi de 10 %, o que pode ser considerado um alerta para a população, haja vista que são altos os riscos que a osteoporose traz para fraturas. Tais fraturas muitas vezes são incapacitantes e prejudicam muito a qualidade de vida destes pacientes, sobretudo nas idosas. Este trabalho além de proporcionar o diagnóstico das pacientes com osteoporose, também foi útil no sentido de identificar a osteopenia, que seria um estágio inicial, pré-osteoporose, e, portanto, mais facilmente revertida, seja através de orientação das pacientes quanto a mudança de hábitos de vida, seja com suplementação de cálcio ou medicação. Conclusões A incidência de osteoporose neste grupo de risco se mostrou relativamente pequena (10%) quando comparada com outros estudos realizados. Contudo devemos levar em conta que os critérios de enquadramento à osteoporose se distinguem bastante e que não há estudos recentes na literatura focando este grupo de risco.
Campanhas com o intuito de identificar mulheres epidemiologicamente em risco de desenvolverem osteoporose são de suma importância para reduzir agravos da doença e reduzir gastos da saúde. Uma identificação precoce de estados de osteopenia e osteoporose possibilitaria uma intervenção numa fase mais efetiva, quando a doença não provocou seus maiores danos, como as fraturas, e teria uma resposta terapêutica melhor que aquela observada quando a fratura já está instalada. Quando a atenção primária de saúde não consegue ser efetiva ou quando há inevitabilidade da doença em alguns casos, a atenção secundária de saúde se mostra fundamental com o diagnóstico rápido da doença. Dessa maneira, é possível evitar a progressão da osteopenia para osteoporose, ou mesmo um agravo da osteoporose. Portanto, avaliamos como importantíssimas ações como a relatada. Referências Bibliográficas 1. RAMALHO, Ana Claudia; LAZARETTI-CASTRO, Marise. Fisiopatologia da osteoporose involutiva. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 43, n. 6, Dec. 1999. 2. SOUZA, Márcio Passini Gonçalves de. Diagnóstico e tratamento da osteoporose. Rev. bras. ortop., São Paulo, v. 45, n. 3, Jun. 2010 3. ZANETTE, Eliane et al. Avaliação do diagnóstico densitométrico de osteoporose/osteopenia conforme o sítio ósseo. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 47, n. 1, Feb. 2003. 4. FRAZAO, Paulo; NAVEIRA, Miguel. Fatores associados à baixa densidade mineral óssea em mulheres brancas. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n. 5, Oct. 2007.