Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa. Os objetivos dessa unidade são:
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- Ágatha Estrada Lage
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1 Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa Módulo Unidade 01 Tópico 01 Avaliação Global da Pessoa Idosa na Atenção Básica A identificação de Risco Introdução Os objetivos dessa unidade são: Identificar o idoso robusto, o em risco de fragilidade e o frágil; Reconhecer o papel da Atenção Básica no cuidado ao idoso. Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 1
2 É relevante entender que o idoso é um paciente com características peculiares, que necessita de uma abordagem diferenciada e tratamento específicos, quando este procura o serviço de saúde. Portanto, torna -se necessário aplicar uma avaliação correta da pessoa idosa, a fim de não haver desperdício de tempo nem de recursos, ambos escassos nos dias atuais. A área da Geriatria teve um grande avanço de seu conhecimento a partir dos anos 70, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a dar maior enfoque ao envelhecimento da população mundial. Dados da OMS mostram uma previsão da quantidade de idosos nos próximos anos: Dados da OMS mostram que, no ano 2000, havia 600 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais no mundo, número que deverá dobrar até 2025 e atingir 2 bilhões em Dos segmentos etários da população mundial, o dos idosos é aquele que mais cresce e, dentro deste, o grupo dos mais idosos, ou seja, pessoal de 80 anos ou mais, é o que mais aumenta: dos atuais 69 milhões de pessoas de 80 anos ou mais no mundo, passaremos para cerca de 377 milhões em Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 2
3 Ainda de acordo com os dados da OMS, a proporção de crianças (até 14 anos) cairá de 30% para 20% da população mundial de 2000 a 2050, ao passo que a população de idosos deverá subir de 10% para 21% no mesmo período. Por isso, para uma equipe de saúde, ter conhecimentos acerca da Geriatria e da Gerontologia é de importância fundamental, uma vez que nunca foi tão provável que profissionais da área da saúde precisassem atender um paciente idoso. Define-se saúde como uma medida da capacidade de realização de aspirações e da satisfação das necessidades e não simplesmente como a ausência de doenças. A maioria dos idosos é portadora de doenças ou disfunções orgânicas que, na maioria das vezes, não estão associadas a limitação das atividades ou a restrição da participação social (MORAES, 2009). Assim, mesmo com doenças, o idoso pode continuar desempenhando os papéis sociais. O foco da saúde está estritamente relacionado a funcionalidade global do indivíduo, definida como a capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo. A pessoa é considerada saudável quando é capaz de realizar suas atividades sozinha, de forma independente e autônoma, mesmo que tenha doenças (MORAES, 2009). Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 3
4 Normalmente, o que leva a pessoa idosa a procurar a Unidade de Saúde é um sintoma mais facilmente reconhecível, que pode não refletir, de forma clara ou direta, a saúde do mesmo. Há que se reconhecer a situação de vida do idoso, para elaborar uma estratégia de investigação e referenciar o mesmo ao atendimento especializado. Tal reconhecimento ocorrerá após uma avaliação funcional muito bem orquestrada pela equipe multiprofissional. Para que essa avaliação venha a acontecer, os profissionais da área da saúde que atuam na atenção básica precisam estar capacitados para aplicar ferramentas simples e objetivas que englobem os principais aspectos da funcionalidade da pessoa idosa. A própria portaria que institui a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (disponível no material complementar) considera que o conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica (BRASIL, 2006). Envelhecimento É heterogêneo. Alguns indivíduos podem envelhecer se mantendo robustos, mas a medida que o tempo passa a probabilidade de desenvolver fragilidade aumenta. Se dispuséssemos os idosos de acordo com um "espectro de saúde", teríamos em um extremo os indivíduos robustos e em outro os frágeis. É um processo multidimensional. Para entendê-lo, é importante refletirmos sobre os diferentes fatores que estão interrelacionados e que necessitam ser avaliados para identificarmos a que idoso estamos nos referindo. Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 4
5 Assim, podemos definir os processos de envelhecimento abaixo: Senescência, envelhecimento primário ou eugeria: Processo natural de envelhecimento; conjunto de alterações previsíveis determinadas por este processo. Implica em perda de reserva funcional sem acarretar insuficiência, mesmo em idades muito avançadas. Senilidade, envelhecimento secundário ou patogeria: Alterações ou processos alheios ao envelhecimento fisiológico e determinados por doenças e maus hábitos de vida, como sedentarismo ou tabagismo. Estes agravos, associados à diminuição da reserva funcional esperada, poderão levar a situações de insuficiência de órgãos ou funções, bem como à incapacidade para as atividades de vida diária, dependência e perda de autonomia. O declínio funcional é a principal manifestação de vulnerabilidade e é o foco de intervenção da geriátrica e da gerontológica, independente da idade do paciente. O termo fragilidade é utilizado para descrever o idoso com maior risco de incapacidades, institucionalização, hospitalização e morte. Todavia, o conceito de fragilidade ainda é bastante controverso (LACAS; ROCKWOOD, 2012). Fried (2001) definiu algumas exigências para o diagnóstico de síndrome de fragilidade, baseadas na presença de três ou mais dos seguintes critérios (MORAES, 2012): Esse fenótipo da fragilidade ou frailty está presente em cerca de 10% dos idosos e é maior com o aumento da idade, sexo feminino, baixo nível socioeconômico, presença de comorbidades, particularmente, o diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, respiratórias e osteoarticulares. Nessa classificação, há uma excessiva valorização da mobilidade, subestimando -se a importância de outras determinantes da funcionalidade global (cognição, humor e comunicação), além de outros indicadores de mau prognóstico, como a presença de polipatologia, polifarmácia, internação hospitalar recente, idade avançada e risco psicosociofamiliar elevado (insuficiência familiar) (MORAES, 2012). Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 5
6 Tópico 02 Grade de Fragilidade Analise a seguinte ilustração que expressa as nuances a serem observadas na avaliação da pessoa idosa e que nos ajudam a classificar sua situação. A Vulnerabilidade representa a dificuldade em fazer frente, lidar, resistir e recuperar se de um impacto, perda ou dano. É o contrário de resiliência. Tanto a vulnerabilidade quanto a resiliência são determinadas pelas condições biológicas, ambientais, sociais, econômicas, políticas, culturais e institucionais. É uma condição multidimensional, dinâmica podendo se manifestar em diferentes gradientes. Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 6
7 A seguir veja as limitações do declínio funcional. Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 7
8 Veja a Classificação Clínico-Funcional do Idoso Frágil Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 8
9 Tópico 03 Funcionalidade e suas dimensões Funcionalidade é um termo genérico para a interação entre um indivíduo com uma determinada condição de saúde com os seus fatores contextuais (ambientais e pessoais). Está relativamente ligada as condições físicas, emocionais e psicológicas e sofre influências dos meios sociais e esternos a que o sujeito está inserido. É sempre possível reduzir o processo ou modificar os efeitos funcionais adaptando o meio ou ajudando o individuo a se adaptar às suas limitações. A autonomia e a independência estão intimamente relacionadas ao funcionamento integrado e harmonioso dos seguintes sistemas funcionais principais: cognição, humor, mobilidade e comunicação (MORAES, 2013). Veja a seguir o detalhamento das dimensões da funcionalidade: Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 9
10 A avaliação geriátrica é o ponto inicial para uma abordagem completa da saúde do idoso. A partir da avaliação global, é possível fazer diagnósticos das doenças, mapear os riscos de saúde e planejar condutas Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 10
11 Tópico 04 Papel da Atenção Básica Agora que você já sabe identificar um idoso em situação de risco, qual o papel da atenção básica na rede de atenção ao idoso, e como este deve ser acolhido nas unidades de saúde e no atendimento domiciliar? A Atenção Básica é a porta de entrada para o sistema e para a rede de atenção à saúde do idoso. É necessário utilizarmos instrumentos de avaliação de risco que permitam a identificação dos idosos que necessitam de uma avaliação mais estruturada. Para essa identificação utiliza-se o instrumento PRISMA 7 (disponível no material complementar). Esse instrumento se constitui de perguntas que devem ser feitas ao idoso e que irão identificar se é necessária uma melhor avaliação, com outros instrumentos. Abaixo segue três formulários de PRISMA 7 da avaliação de risco de 3 idosos. Reflita sobre as avaliações de risco apresentadas e o que você proporia para cada um deles. Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 11
12 Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 12
13 Tópico 05 Concluindo Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 13
14 Tópico 06 Atividades Atividade I Atividade II De acordo com o que foi estudado, associe os seguintes conceitos: (1) Avaliação Funcional (2) Avaliação Multidimensional (3) Conceito de Saúde ( )Traduz-se pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica. ( ) Identifica a situação de risco do idoso e auxilia na elaboração de estratégias de investigação e de referenciamento para atendimento especializado ( ) É um processo global e amplo que envolve o idoso e a família, e que tem como principal objetivo a definição do diagnóstico multidimensional e do plano terapêutico (MORAES, 2012). Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 14
15 Atividade III Antônia, 67 anos, hipertensa e dislipidêmica, é acompanhado no Posto de Saúde da sua região. Sempre comparece as consultas de rotina e mantém as comorbidades bem controladas, referindo uso regular de suas medicações (sabe o nome das medicações que usa, assim como dose e horários). Encontra-se sem queixas no momento. Paciente ficou viúva já quatro anos, referindo melhora do quadro depressivo apresentado no primeiro ano do ocorrido. Mora sozinha e realiza suas atividades diárias (como cozinhar e ir ao supermercado. Refere que seus filhos e netos a visitam frequentemente e se considera uma pessoa feliz. Sobre o caso clínico acima, responda: 01. Com relação aos conceitos relativos ao Gradiente de Fragilidade, Antônia é um exemplo de idoso: a) Robusto b) Em risco de fragilização c) Frágil 02. Como profissional da saúde, através do preenchimento do Prisma 7 (clique aqui para abrir), você encaminharia essa paciente para uma melhor avaliação com o especialista? a) Sim b) Não Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 15
16 Atividade IV Geraldo, 89 anos, hipertenso, diabético, com quadro demencial, é acompanhado no Posto de Saúde da sua região. Refere que não compareceu a ultima consulta marcada, pois está acamado, devido a uma fratura do fêmur (sofreu uma queda da própria altura ao escorregar com o andador), sendo este o motivo da família ter solicitado uma visita domiciliar. A filha do paciente informa, após o internamento, contrataram um profissional para cuidar do paciente, pois devido ao fato do paciente estar acamado ficou difícil manter os cuidados necessários. Geraldo depende de ajuda para realizar funções básicas, como tomar banho e trocar de roupa. Apresenta-se desorientado no espaço e tem um discurso incoerente. Sobre o caso clínico acima, responda: 01. Com relação aos conceitos relativos ao Gradiente de Fragilidade, Geraldo é um exemplo de idoso: a) Robusto b) Em risco de fragilização c) Frágil 02. Como profissional da saúde, através da utilização do Prisma 7, você encaminharia esse paciente para uma melhor avaliação com o especialista? a) Sim b) Não Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 16
17 Atividade V Anastácio, 70 anos, diabético, cardiopata (insuficiência cardíaca congestiva - ICC), é acompanhado no Posto de Saúde da região. É considerado pela família como um idoso teimoso, pois não toma suas medicações regularmente, já que não acha necessário. Há três meses precisou ficar internado no hospital cardiológico para tratar uma ICC descompensada pela não aderência ao tratamento. Evoluiu com um quadro de sarcopenia, devido ao tempo que ficou acamado, necessitando do auxílio de uma bengala para se locomover e apresentando lentificação da marcha. Apresenta-se lúcido e orientado. Sobre o caso clínico acima, responda: 01. Com relação aos conceitos relativos ao Gradiente de Fragilidade, Anastácio é um exemplo de idoso: a) Robusto b) Em risco de fragilização c) Frágil 02. Como profissional da saúde, através da utilização do Prisma 7, você encaminharia esse paciente para uma melhor avaliação com o especialista? a) Sim b) Não Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 17
18 Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa 18
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