Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-Reitoria Curso de Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar Unidade 1 Introdução
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- Isabel Castro Franca
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1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-Reitoria Curso de Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar Unidade 1 Introdução Em Introdução, veremos os conceitos gerais referentes à violência, sua definição e tipologia. Em seguida, analisaremos o impacto da violência na saúde, o motivo pelo qual tornou se uma questão de saúde pública e seus custos. Estudaremos também a família e sua relação com a equipe da Atenção Domiciliar como elemento fundamental no cuidado do dependente e veremos como a deficiência torna o indivíduo mais vulnerável à violência. Por fim, estudaremos as estratégias de prevenção e proteção da Equipe de AD, com foco na notificação e na importância do trabalho intersetorial.
2 Sumário Introdução 1. Lição 1- Conceitos Gerais Conceito de violência Tipologia (tipos e natureza) Outras definições Lição 2 O Impacto da violência na saúde Por que a violência é uma questão de saúde Pública? Custos da violência Lição 3 Família Abordagem familiar Atenção Domiciliar X Família Lição 4 Dependência X Vulnerabilidade Mecanismos de prevenção Lição 5 Estratégias Notificação Notificação x denúncia Fluxo de Comunicação A importância do trabalho intersetorial na condução adequada nas situações de violência Rede de Proteção Modelo de Rede de Proteção Lição 6 Atribuições do Profissional da Atenção Domiciliar Resiliência Síntese
3 4 INTRODUÇÃO Nesta unidade, falaremos sobre conceitos gerais no que diz respeito à violência na Atenção Domiciliar. Veja, na história a seguir, a reunião de uma equipe de Atenção Domiciliar
4 Lição 1- Conceitos Gerais 4
5 1.1 Conceito de violência Afinal, o que é violência? A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a violência como o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. (KRUG et al., 2002, p.5) De acordo com Minayo e Souza (1998), a violência é representada por ações humanas que ocasionam danos físicos, emocionais, morais e espirituais. A violência é uma construção social, pois é um fenômeno biopsicossocial relativo aos processos históricos e a vida em sociedade. E considerá la como fenômeno social importa em compreender sua perspectiva cultural, política, social e econômica. 1.2 Tipologias (tipos e natureza) Existem diversos tipos de violência. Para analisarmos essa classificação, utilizaremos a tipologia adotada pelo Ministério da Saúde bem como outras categorias apontadas por pesquisadores da área. Observe o gráfico a seguir e passe o mouse nos locais indicados com a lupa para conhecer os tipos de violência, abordados pelo Ministério da Saúde. 5
6 1.3 Outras Definições Existem outras definições apontadas por autores como Minayo (1994 e 2004). São elas: Abandono Desamparo do indivíduo por uma pessoa responsável por seu cuidado ou com custódia legal. Abuso econômico Apropriação indevida de bens ou dinheiro afetando a saúde emocional e a sobrevivência da família. Autonegligência "Conduta da pessoa idosa que ameaça sua saúde e segurança pela recusa ou fracasso de prover a si própria os cuidados adequados." Violência institucional Maneira privilegiada de reprodução das relações assimétricas de poder, de domínio, de menosprezo e de discriminação." Violência estrutural Ocorre pela desigualdade social. É naturalizada nas manifestações de pobreza, de miséria e de discriminação. 6
7 Lição 2 O Impacto da violência na saúde 7
8 2.1. Por que a violência é uma questão de saúde pública? Apesar de não ser específica da área da saúde, a violência é reconhecida como um problema de saúde pública porque é nesse campo em que se exterioriza de forma mais evidente, ultrapassando o âmbito da justiça e da polícia. Os diversos dados epidemiológicos comprovam essa natureza social e cultural da violência, especialmente no contexto social brasileiro. Segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o custo total com violências foi de 90 bilhões de reais em 2004, ou seja, 5% do PIB brasileiro Custos da Violência As consequências da violência como danos, lesões e traumas têm altos custos para o indivíduo e família tais como perda de vida, prejuízos econômicos ou de produtividade bem como para o sistema de saúde, que possui gastos maiores com emergência, assistência e reabilitação. BRICEÑO-LEÓN (2002) estima que cerca de 3,3% do PIB brasileiro foram gastos com custos diretos da violência, aumentando para 10,5% quando se consideram os custos indiretos e transferências de recursos. Observe esses dados na figura a seguir: 8
9 Lição 3- Família Você sabe em que local é maior o índice de violência? Observe os gráficos, a seguir, e reflita sobre: o local onde ocorre a maior parte das situações de violência; a faixa etária e o sexo das vítimas que sofrem violência. Ao entrar no domicílio as equipes se confrontam com a violência, mesmo não relacionada diretamente ao paciente, mas ao núcleo familiar em que ele está inserido. 9
10 3.1 Abordagem Familiar A atenção domiciliar, por ser realizada na residência do paciente, expõe as equipes à realidade social na qual a família está inserida. Por isso, é importante que os profissionais estejam aptos a identificar e atuar mesmo que o paciente em questão não seja a vítima da violência. Outra questão consiste na tomada de decisão sobre quem assume os cuidados do paciente. De fato, esta decisão segue a dinâmica de cada família. Por exemplo, existem diversas situações em que a família não consegue assumir os cuidados sozinha, gerando um contexto potencial de descuido e abandono. A intervenção e o tratamento do problema a longo prazo, em geral, são tarefas das equipes de Atenção Domiciliar e da Rede de Serviço Social. 3.2 Atenção Familiar X Família A equipe de Atenção Domiciliar deve cuidar da família. Segundo o Ministério da Saúde, isso implica em: conceber a família em seu espaço social, privado e doméstico; respeitar o movimento e a complexidade das relações familiares; ter atitudes de respeito e valorização das características peculiares daquele convívio humano; preservar os laços afetivos das pessoas e fortalecer a autoestima; construir ambientes mais saudáveis para a pessoa em tratamento envolve, além da tecnologia médica, o reconhecimento das potencialidades terapêuticas presentes nas relações familiares. 10
11 Lição 4 Dependência X Vulnerabilidade Um tópico que merece destaque é a violência contra as pessoas com deficiência, pois: apresentam maior vulnerabilidade, ou sejam, são as que mais sofrem violência; sofrem os mesmos tipos de violência que as demais pessoas sem deficiência; possuem menor probabilidade de obter ajuda da polícia, proteção jurídica ou cuidados preventivos. Além disso, esta prática está associada a fatores sociais, culturais e econômicos da coletividade que vê a deficiência como algo negativo Mecanismos de prevenção O poder público deve buscar a implantação de mecanismos de prevenção e enfrentamento da violência contra a pessoa com deficiência tais como: ampliar os canais de denúncia; incluir a pessoa com deficiência na rede de ensino; estabelecer planos de enfrentamento à violência contra a pessoa com deficiência nos âmbitos estadual municipal e distrital; criar e fortalecer os conselhos de direitos estaduais, municipais e distrital; implantar a notificação de violências contra a pessoa com deficiência no SUS; divulgar os direitos das pessoas com deficiência; construir centros integrados de prestação de serviços às vítimas de violência, com apoio psicológico e social. 11
12 Lição 5 Estratégias A partir de agora, veremos como um profissional de AD deve proceder diante dessa situação. Para isso, apontaremos, brevemente, as estratégias de proteção e prevenção, que são: a notificação; o trabalho intersetorial com as demais redes de apoio Notificação Em 2009, o Ministério da Saúde implantou no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), a notificação da violência doméstica, sexual e outros tipos. Contudo, ainda percebe-se a subnotificação dos casos de violência pelo sistema de notificação de óbito e de internação. Por exemplo, em relação à morbidade hospitalar, as consequências de agressões e traumas são pouco computadas porque não incluem os casos atendidos nas emergências, prontos-socorros e as internações atendidas em unidades não conveniadas pelo SUS Notificação x denúncia Ao contrário da denúncia, a notificação não pretende identificar o agressor ou acusá-lo, mas acolher a vítima e sua família, promovendo as ações de proteção além de coletar dados para melhorar o sistema de acolhimento e de combate à violência, ampliando suas políticas públicas Fluxo de Comunicação A ficha de notificação, devidamente preenchida pela equipe de AD, segue um fluxo de comunicação, conforme representado a seguir: 12
13 5.2 A importância do trabalho intersetorial na condução adequada nas situações de violência A situação de violência requer a intervenção de uma política intersetorial. As instituições, os organismos e os serviços que compõem a rede de proteção e defesa de direitos estão definidas pelos marcos legais. No entanto, o fortalecimento e a efetivação de suas ações é um processo dinâmico que se constrói por meio do diálogo e do dinamismo dos agentes envolvidos com a questão Rede de Proteção O que é a rede de proteção social? De acordo com a Política Nacional de Assistência Social, a inserção na Seguridade Social, da qual fazem parte a saúde, a previdência e a assistência social, aponta também para seu caráter de política de proteção social articulada a outras políticas do campo social, voltadas para a garantia de direitos e de condições dignas de vida. A proteção social deve garantir as seguintes seguranças: sobrevivência (de rendimento e de autonomia); acolhida; convívio ou vivência familiar. 13
14 5.3.1 Modelo de Rede de Proteção Na seção anterior, propusemos que você, com sua equipe, identificasse seus parceiros os órgãos e as instituições que promovem a proteção social e a garantia dos direitos dos cidadãos e construísse o mapa da rede de sua localidade. Agora, observe um modelo de rede de proteção que atende aos diversos grupos crianças, adolescentes, homens e mulheres adultos, população LGBT e idosos: 14
15 Lição 6 Atribuições do Profissional da Atenção Domiciliar Como devemos agir diante das situações de violência? Resiliência Você reconhece a importância de fortalecer a resiliência das vítimas da violência? 15
16 Síntese Chegamos ao final da Introdução à Violência em Atenção Domiciliar e até agora vimos: O conceito de violência e sua tipologia. O impacto da violência na saúde. A família como principal ambiente vulnerável à violência. A relação entre a equipe de AD e a família. A violência contra a pessoa com dependência. A notificação como instrumento de prevenção e proteção. A importância do trabalho intersetorial. Propomos agora que você reflita sobre como transpor esses conhecimentos teóricos para sua atividade individual e sua ação integrada aos profissionais que compõem a equipe de AD. Em seguida, que tal exercitar seus conhecimentos com a realização de alguns exercícios? 16
17 Atividade 17
18 Créditos Autorais O conteúdo do Módulo Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar foi concebido pelas Professoras Autoras: 18
19 Créditos Institucionais Presidência da República Ministério da Saúde Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges) Secretaria Executiva UNA-SUS Universidade do Estado do Rio de Janeiro Reitor Ricardo Vieiralves de Castro Vice-Reitor Paulo Roberto Volpato Dias Sub-Reitora de Graduação Lená Medeiros de Menezes Sub-Reitora de Pós-graduação e Pesquisa Monica da Costa Pereira Lavalle Heilbron Sub-Reitoria de Extensão e Cultura Regina Lúcia Monteiro Henriques 19
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