Análise do Fluxo Financeiro em Relação ao Financiamento do Capital de Giro de uma Indústria de Embalagens de Plásticos



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Análise do Fluxo Financeiro em Relação ao Financiamento do Capital de Giro de uma Indústria de Embalagens de Plásticos Área: Administração Categoria: PESQUISA Joseane Fátima Graciano UNIOESTE, joseanefg@hotmail.com Geysler Rogis Flor Bertolini UNIOESTE, geysler@unioeste.br Resumo Este estudo buscou analisar o fluxo financeiro em relação ao financiamento do capital de giro de uma indústria e comércio de embalagens de plásticos, com informações referentes ao período de Janeiro a Setembro de 2008. Para o embasamento teórico foram analisados os conceitos de administração financeira, gestão do capital de giro, o fluxo financeiro; foram abordados também ciclo financeiro e seus aspectos sobre a gestão das contas a receber, das contas a pagar e dos estoques. Foi identificado como o capital de giro tem sido financiado; quais as fontes utilizadas e seus custos e foi elaborada uma proposta que otimize o financiamento para o Capital de Giro. Foi elaborada uma análise do fluxo financeiro, na qual a rotina e os controles financeiros foram descritos, e apresentado a forma de financiamento do capital de giro e os custos que a empresa teve no período analisado. Os resultados desta pesquisa apresentaram fatores em que a empresa tem bons resultados como nos prazos de vendas e prazos de compras, e alertou sobre alguns fatores que a empresa precisa rever e elaborar melhorias. Foram apresentadas melhorias para adequar os aspectos relacionados ao capital de giro da empresa em estudo. Palavras-Chave: fluxo de caixa; capital de giro; custos.

Análise do Fluxo Financeiro em Relação ao Financiamento do Capital de Giro de uma Indústria de Embalagens de Plásticos Área: Administração Categoria: PESQUISA Resumo Este estudo buscou analisar o fluxo financeiro em relação ao financiamento do capital de giro de uma indústria e comércio de embalagens de plásticos, com informações referentes ao período de Janeiro a Setembro de 2008. Para o embasamento teórico foram analisados os conceitos de administração financeira, gestão do capital de giro, o fluxo financeiro; foram abordados também ciclo financeiro e seus aspectos sobre a gestão das contas a receber, das contas a pagar e dos estoques. Foi identificado como o capital de giro tem sido financiado; quais as fontes utilizadas e seus custos e foi elaborada uma proposta que otimize o financiamento para o Capital de Giro. Foi elaborada uma análise do fluxo financeiro, na qual a rotina e os controles financeiros foram descritos, e apresentado a forma de financiamento do capital de giro e os custos que a empresa teve no período analisado. Os resultados desta pesquisa apresentaram fatores em que a empresa tem bons resultados como nos prazos de vendas e prazos de compras, e alertou sobre alguns fatores que a empresa precisa rever e elaborar melhorias. Foram apresentadas melhorias para adequar os aspectos relacionados ao capital de giro da empresa em estudo. Palavras-Chave: fluxo de caixa; capital de giro; custos. 1. INTRODUÇÃO Liz (2008) afirma que a gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos administrativos que envolvem o planejamento, a análise e o controle das atividades financeiras da empresa. O objetivo é melhorar os resultados apresentados pela empresa e aumentar o valor do patrimônio por meio da geração de lucro líquido. A autora destaca que uma correta administração financeira permite que se visualize a atual situação da empresa. Registros adequados permitem análises e colaboram com o planejamento para otimizar resultados. A inadequada administração financeira pode causar falta de informações corretas sobre saldo do caixa, valor dos estoques das mercadorias, valor das contas a receber e das contas a pagar, volume das despesas fixas e financeiras, valores de lucro ou prejuízo, preço de venda, custos, despesas, entradas e saídas de caixa, etc. Durante as operações da empresa ocorrem compras, produção e vendas de um bem ou serviço, e estes processos resultam em entradas e saídas e geram encaixes e desencaixes de recursos financeiros. Souza (2007) diz que, entende-se por capital de giro o valor dos recursos envolvidos na movimentação do dia-a-dia da empresa, isto é, no giro. O planejamento financeiro de curto prazo foca-se na administração do capital de giro da empresa. Segundo Gitman (1997) a administração financeira de curto prazo administração dos ativos e passivos circulantes constitui uma das mais importantes atividades dos administradores financeiros e segundo Brigha e Ehrhard (2006), cerca de 60% do tempo de um administrador financeiro típico é dedicado à administração do capital de giro. Perez e Famá (2008) afirmam que a administração do capital de giro na empresa é uma variável estratégica, fundamental para a própria continuidade de suas atividades, pois uma empresa pode conseguir sobreviver alguns exercícios sociais sem lucro, mas efetivamente quebra se não tiver caixa. É a liquidez que garante a continuidade dos negócios, portanto deve manter um planejamento financeiro para controlar e direcionar as políticas da

empresa. Desta forma como avaliar se o planejamento está sendo efetivo e está de acordo com o potencial da empresa em estudo? Este estudo buscou apresentar como o fluxo financeiro pode fornecer informações que auxiliam no gerenciamento do capital de giro, proporcionando verificar a importância do planejamento financeiro. Buscou-se apresentar quais são os pontos fundamentais a serem observados para que haja um controle financeiro dinâmico e eficiente, diminuindo os custos de capital e integrando todas as áreas da empresa. Tem-se como objetivo deste artigo, analisar o fluxo financeiro da uma indústria de embalagens de plásticos da cidade de Cascavel, em relação ao seu financiamento do capital de giro. 2. METODOLOGIA A pesquisa trata-se de um estudo de caso, de caráter exploratório. Buscou-se analisar informações referentes ao fluxo financeiro com ênfase no capital de giro, o corte foi transversal, analisando os dados do período de Janeiro a Setembro de 2008, considerando a evolução dos dados neste período. Os dados foram coletados de fontes secundárias através de análises de planilhas e relatórios utilizados pela empresa. Para as informações mais específicas foram utilizados documentos como demonstrativos financeiros e planilhas utilizadas na empresa e com base nestes arquivos foram realizados os cálculos dos indicadores para avaliar a situação da empresa. Os dados foram tratados e analisados descritivamente, utilizando métodos quantitativos, utilizando gráficos e tabelas para expor as análises. A pesquisa foi realizada em uma Indústria de Embalagens de Plásticos, localizada em Cascavel PR, denominada Plásticos. O estudo foi realizado no departamento financeiro da empresa. A população pesquisada foi composta por 1 diretor financeiro e 1 diretor comercial e 2 funcionários do departamento financeiro, totalizando 4 funcionários. 3. REVISÃO TEÓRICA Brigha e Ehrhardt (2006) afirmam que para a maioria das empresas não é possível atingir o capital de giro zero e uma produção infinitamente eficiente. Um enfoque na minimização dos recebíveis e estoques e, ao mesmo tempo, na maximização do saldo de conta a pagar ajudaria a empresa a reduzir seu investimento em capital de giro e a atingir as economias financeira e produtiva. Na visão de Damodaran (2004) o investimento em capital de giro é importante tanto na análise de projetos quanto na avaliação de empresas, porque afeta os fluxos de caixa. Investimentos em estoque exigem recursos, e duplicatas a receber representam recursos que ainda não foram recebidos sobre vendas já realizadas. Conseqüentemente, qualquer investimento em estoque ou duplicatas a receber representa fluxos de saída de caixa. Aumentos nesses investimentos de período a período criam mais fluxos de saída de caixa, ao passo que decréscimos de período a período são fluxos de entrada de caixa. Reichert (2004) diz que há necessidade de crédito, quando o empresário precisa de capital para investir em melhorias na empresa, como renovar as instalações, incorporar novas tecnologias, processos, adquirir novos equipamentos, imóveis, etc.; assim como quanto a necessidade de capital de giro para suprir as defasagens de caixa da empresa, para suprir as necessidades operacionais de compra de matéria prima, pagamentos de impostos e salários. Segundo Matarazzo (2003) a necessidade de capital de giro é um conjunto de itens de financiamento que podem ser capital próprio e empréstimos bancários de longo ou curto prazo, nunca um ativo. Necessidade de capital de giro é exatamente aquilo que o

financiamento operacional não cobre, e reflete o montante de que a empresa necessita tomar como empréstimo para financiar o se ativo circulante em decorrência das atividades de comprar, produzir e vender. Assaf e Silva (2002) sintetizam que no ciclo financeiro, se houver um período em que a atividade operacional da empresa demande uma necessidade permanente de recursos, de maneira a cobrir a parte dos investimentos operacionais não financiadas pelos respectivos passivos. É exatamente esta demanda líquida de financiamento que se denomina necessidade de capital de giro. Brigha e Ehrhardt (2006) afirmam que todas as empresas devem manter algum caixa para engraxar as engrenagens de suas operações. As empresas continuamente recebem pagamentos em cheque dos clientes e emitem cheques para fornecedores, empregados e assim por diante. Pelo fato de as entradas e saídas não coincidirem perfeitamente, uma empresa precisa manter algum dinheiro em sua conta bancária. Em outras palavras, algum dinheiro em caixa é necessário para conduzir as operações. Isso também vale para a maior parte dos outros ativos circulantes, como estoques e contas a receber, que são necessários para as operações fundamentais. Ceretta et al. (2004) afirma que para suprir necessidades eventuais ou constantes de capital de giro, as empresas podem optar por uma das várias opções oferecidas pelo mercado financeiro. No entanto, é necessário conhecer detalhadamente todas as possibilidades de financiamento oferecidas pelo mercado para que se possa proceder a escolha correta. Fatores como taxa de juros e risco influenciam diretamente na escolha de fontes de financiamento que podem levar tanto a lucros como a prejuízos. Desta maneira, faz-se necessário uma cuidadosa análise acerca desses fatores. Brigha e Ehrhardt (2006) destacam que o capital de giro é constituído de quatro componentes principais: caixa, títulos negociáveis, estoques e contas a receber. As empresas geralmente seguem um ciclo em que compram o estoque, vendem as mercadorias a prazo e, em seguida, cobram as contas a receber. Esse ciclo é denominado ciclo de conversão de caixa. Ressaltando que a política de capital de giro forte é destinada a minimizar o tempo entre os gastos de caixa em materiais e o recebimento de caixa das vendas. Damodaran (2004) afirma que o investimento em capital de giro é importante tanto na análise de projetos quanto na avaliação de empresas, porque afeta os fluxos de caixa. Investimentos em estoque exigem recursos, e duplicatas a receber representam recursos que ainda não foram recebidos sobre vendas já realizadas. Conseqüentemente, qualquer investimento em estoque ou duplicatas a receber representa fluxos de saída de caixa. Aumentos nesses investimentos de período a período criam mais fluxos de saídas de caixa, ao passo que decréscimos de período a período são fluxos de entrada de caixa. 3.1 Fontes de financiamento de capital de giro Groppelli e Nikbakht (1998) afirmam que o financiamento a curto prazo serve para cobrir deficiência de fundos, quando as entradas de caixa falham em cobrir os repentinos aumentos de despesas. A meta é captar fundos temporariamente, em antecipação a futuras entradas de caixa para quitar os compromissos. Gitman (2004) diz que as empresas obtêm empréstimos de curto prazo sem garantias de basicamente duas fontes: bancos e emissão de notas promissórias comerciais. Empréstimos bancários são mais comuns porque estão disponíveis a empresas de todos os tamanhos; as notas promissórias comerciais costumam estar disponíveis somente para as grandes. Além disso, empréstimos internacionais podem ser utilizados para financiar transações internacionais.

Confirmando a teoria de Gitman (2004), foi encontrado no site do Banco Sofisa (2008) é apresentado um exemplo de produto oferecido para empresas na qual é realizada a antecipação de recebíveis e contratos através de títulos descontados. Caracterizado como uma modalidade de crédito onde é realizado o adiantamento aos clientes, por meio do desconto sobre o valor de face do recebível, desconto este que varia de acordo com determinados fatores, dentre os quais prazo de recebimento e qualidade do recebível. Existem ainda as opções de empréstimos de curto ou médio prazo, usualmente garantidos com o fluxo de recebíveis oriundos de contratos específicos onde as cláusulas e condições variam de acordo com as necessidades de cada cliente em particular. Sanvicente (1987) diz que através de uma operação de desconto de títulos, uma empresa obtém de um banco comercial um empréstimo de recurso, cujo prazo é representado pela distância entre o momento em que a empresa recebe o valor efetivo emprestado, e o momento em que, na ausência da operação, deveria ter à sua disposição os fundos envolvidos. No desconto de duplicatas, a empresa envia ao banco os títulos a serem descontados, e a instituição libera o saldo da operação descontado os juros, que pagos imediatamente., o que deve representar certo acréscimo de custo em relação aos níveis nominais, no momento que o cliente paga a duplicata a empresa não recebe nada, pois o recurso pertence ao banco, que já antecipou o pagamento no momento da transação de desconto de títulos. Além desse aspecto, há a questão do desconto por fora, também chamado sintomaticamente de desconto bancário ou comercial. O Banco Sofisa (2008) apresenta no seu site institucional, a opção de trabalhar com Conta Garantida, que envolve a abertura de uma linha de crédito rotativo, garantida por recebíveis e direitos creditórios suficientes que assegurem o pagamento dos montantes sacados. Nas transações com contas garantidas, a empresa tem um limite de títulos que pode remeter a instituição, e a medida que a empresa remete os títulos ao banco é liberado o saldo em conta corrente, e a medida que é liquidado as cobranças de duplicatas a empresa cobre o saldo devedor, devendo no fim do mês cobrir os juros referentes aos saldos utilizados. Os saques nas contas garantidas são efetuados mediante solicitação expressa dos clientes, sempre vinculados à existência de garantias adequadas. Seguindo a mesma linha de financiamento o Banco Safra (2008) também informa em seu site os produtos que oferece aos seus clientes empresariais: Antecipação de recebíveis, empréstimos para capital de giro com ou sem garantia, e conta garantida de recebíveis onde os títulos recebíveis são a garantia da quitação do saldo utilizado pela empresa. Reichert (2004) diz que a antecipação de recebíveis é um empréstimo que possibilita o aumento de capital de giro e acelera o crescimento da empresa. Com essa linha de crédito, pode-se antecipar o fluxo de caixa utilizando, como garantia o que a empresa tem a receber. Após a aprovação do crédito, os valores são liberados diretamente em conta corrente e a cobrança dos recebíveis é feita pelo banco. Groppelli e Nikbakht (1998) apresentam que para o financiamento de curto prazo a empresa pode trabalhar com (1) emissão de Comercial Papers: é um título emitido para captar recursos no qual há a promessa da empresa recomprar este título na data de vencimento pagando o valor contratado, (2) Crédito comercial: é utilizar o poder de negociação no momento de compras para ampliar ao máximo os prazos recebidos pelos fornecedores, (3) Empréstimos de curto prazo com garantias: são baseados na caução de duplicatas a receber ou dos estoques, existindo a opção de trabalhar com empresas de factoring no qual pode-se considerar que a empresa esteja penhorando suas duplicatas. 3.2 Fluxo financeiro na empresa

Para compreender onde se encaixa o fluxo financeiro da empresa é necessário saber quais são os seus componentes, pois este é resultado de alguns ciclos que ocorrem na rotina da empresa, Ramos (2005) explica que os ciclos dividem-se em ciclo econômico, ciclo financeiro e o ciclo operacional que compõe todo o sistema. a) ciclo econômico: é o período em que a mercadoria permanece nas dependências da empresa, desde a compra até a venda da mesma, pode ser considerado como o giro de estoques, o qual mostra qual a velocidade que a empresa gira o seu estoque. Quanto maior for o estoque, mais lento será o seu giro, ocasionando, numa possível insuficiência crônica de caixa, forçando-a a captação sistemática de recursos de terceiros comprometendo a saúde financeira da empresa; b) ciclo financeiro: tem início com o desembolso de numerários para a aquisição da mercadoria que será revendida pela empresa e encerra-se com o recebimento relativo à venda da mesma. Este é o ciclo de caixa. O reflexo do ciclo econômico se dará neste ciclo. Se o giro do estoque é lento, primeiro a empresa pagará para após receber, ocasionando em desembolso desnecessário. Além de compromissos com fornecedores a empresa também deve honrar outros compromissos mensais, que são os custos fixos ou despesas operacionais. São gastos necessários para que a empresa possa operar; c) ciclo operacional: representa os dois ciclos juntos, iniciando-se quando da compra da mercadoria e encerrando-se quando da venda ou do recebimento dos recursos da venda. Segundo Hoji (2001), o ciclo operacional inicia-se junto com o ciclo econômico ou ciclo financeiro, o que ocorrer primeiro, e encerra-se junto com o encerramento do ciclo econômico ou financeiro, o que ocorrer por último. Para Ramos (2005) o ciclo operacional para o administrador financeiro, fornece uma visão comparativa dos prazos de giro de estoque, prazo médio de recebimento e prazo médio de pagamento, além dos custos fixos mensais. O ciclo operacional é composto pelos ciclos econômico e financeiro. Assaf Neto (2003) diz que o ciclo operacional corresponde ao intervalo de tempo compreendido desde a recepção dos materiais de produção (ou das mercadorias para revenda) até a cobrança das vendas correspondentes. Durante esse período são investidos recursos nas operações da empresa sem que ocorram as entradas de caixa de relativas às vendas. Parte deste capital de giro é suprida pelos fornecedores que concederam prazo para pagamento das compras de materiais ou de mercadorias. Utilizando os prazos médios para representar os ciclos operacionais das empresas industriais e das empresas comerciais e das empresas comerciais. Para Silva (2001) que o fluxo de caixa é elaborado através dos fluxos operacionais, que são as entradas e as saídas diretamente associadas à compra e à venda de ativos imobilizados e a participações em outras empresas. As transações de compra resultam em saídas de caixa, ao passo que as transações de venda geram entradas de caixa. Os fluxos de financiamentos resultam de operações de captação de recursos de terceiros e capital próprio. A captação de recursos de terceiros de curto prazo ou longo prazo resulta numa entrada (ou saída) de caixa. Assaf Neto e Silva (1997) afirmam que as demonstrações de fluxos de caixa resumem os movimentos de entrada e saídas de caixa durante o período considerado, e também oferece uma visão dos fluxos de caixa operacionais, de investimento e financiamento da empresa e concilia tais variações dos saldos de caixa e aplicações em títulos negociáveis nesse período. Silva (2001) destaca que a demonstração do fluxo de caixa permite ao administrador financeiro e a outros interessados elaborar uma análise do fluxo de caixa da empresa, na qual deve-se prestar especial atenção tanto nas principais categorias do fluxo de caixa quanto nas entradas e saídas individuais para verificar se aconteceu algo que seja contrário às políticas

financeiras da empresa. As análises pode ser usada para aferir o progresso alcançado em termos de metas projetadas, ou para identificar situações de ineficiência. E é utilizado como ferramenta para prever qual a necessidade de capital da empresa para os próximos períodos, e se é necessário a busca de capital de terceiros, ou alteração de políticas de créditos. 3.3 Ciclo financeiro Silva (1995) apresenta o ciclo financeiro baseado nos três índices de rotação o PMP Prazo Médio de Pagamento, PMR Prazo Médio de Recebimento, e o PME Período Médio de Estocagem. Esses índices são decorrentes das atividades de compra, estocagem e venda de mercadorias. Ciclo financeiro é o período que a empresa leva para que o dinheiro volte ao caixa, isto é, compreende o prazo médio de rotação de estoque, mais o prazo médio de recebimento das vendas, menos o prazo médio de pagamentos das compras. 3.3.1 A administração de contas a receber Sebrae (2004) publica que contas a receber representam créditos que a empresa tem a receber de seus clientes, envolvem política de crédito, que corresponde ao processo compreendendo: a decisão de se conceder o crédito ou não, a que valor e os requisitos exigidos para essa concessão e os prazos de recebimentos oferecidos. Para Groppelli e Nikbakht (1998) as contas a receber são parecidas com empréstimos sem juros para os clientes, porque os vendedores devem pagar despesas de juros à medida que seu capital fica empatado nas contas a receber. A gestão de crédito influencia diretamente os valores a receber e conforme Reichert (2004) diz que o conceito de crédito está ligado à idéia de segurança e de verdade que se pode inferir de alguma pessoa ou de uma empresa. Para Santos (2001) um dos componentes mais expressivos do capital de giro de uma empresa são as contas a receber provenientes de suas vendas a prazo, e dependendo das condições de mercado, a empresa pode conceder a seus clientes prazos de pagamento diferenciados de acordo com o tipo de produto. Para Sanvicente (1987) a administração financeira de contas a receber preocupa-se e interage com a área de marketing, já que a política de crédito compreende diretrizes e procedimentos de seleção de clientes, cobrança e descontos e constitui importante elemento para a consecução dos objetivos de venda. Sebrae (2004) apresenta que um dos fatores que influenciam a gestão das contas a receber é o prazo de recebimento dessas contas. Ele mede o tempo médio de retorno dos recursos utilizados nas vendas a prazo e determina qual o volume a ser investido em contas a receber. A redução de prazo de recebimento deve ser um objetivo constante na administração do caixa da empresa. Essa redução, entretanto, pode depender da política de vendas e algumas ações em outras áreas da empresa e pode gerar caixa mais rapidamente, redução de custos e elevação do custo de oportunidade. Braga (1989) ensina que o Prazo Médio de Recebimento (PMR) envolve as vendas a vista e a prazo quando for utilizado o faturamento total no denominador obtém-se o prazo médio de recebimento das vendas a prazo, inclusive os atrasos ocorridos nas liquidações das duplicatas. As devoluções e os abatimentos devem estar compatibilizados com o critério adotado para o cálculo do PMR (Total ou apenas relativo ás vendas a prazo). Silva (1995) sintetiza que o prazo médio de recebimento das vendas indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber suas vendas. Segundo Gitman (2004) o prazo médio de recebimento, ou idade média das contas a receber, é útil na avaliação das políticas de crédito e cobrança. O autor ensina como calcular o PMR: Prazo Médio de Recebimento = Contas a Receber Vendas diárias médias

Para Silva (1995) do ponto de vista de análise de risco, o prazo médio de recebimento é um índice do tipo quanto maior, pior. Por outro lado, convém analisa-lo juntamente com o prazo de rotação de estoques e de pagamento de compras. Matarazzo (2003) ainda diz que a precisão dos índices de prazos médios está diretamente ligada à uniformidade das vendas e compras. Se as empresas têm vendas e compras aproximadamente uniforme durante o ano, os índices de prazos médios refletirão satisfatoriamente. 3.3.2 A administração de contas a pagar Para Groppelli e Nikbakht (1998) as contas a pagar podem ser vistas como empréstimos dos fornecedores sem juros, devendo ser analisada as opções de descontos para pagamentos à vista onde o desconto recebido deve superar os custos do capital envolvido. De acordo com Reinert e Bertolini (2007) o controle das contas a pagar de serve para avaliar as melhores oportunidades de assumir novos compromissos, de maneira a não centralizar muitos pagamentos em determinadas datas. Este controle possibilita que o empresário fique permanentemente informado sobre vencimento dos compromissos, como estabelecer prioridades de pagamento e o montante dos valores a pagar. Prazo Médio de Pagamento (PMP) das compras de materiais de produção e/ou das mercadorias para revenda, considera em seu cálculo o saldo médio das duplicatas a pagar e o saldo médio do valor das compras, e o valor das compras brutas. (BRAGA, 1989). Para Silva (1995), o prazo médio de pagamento das compras indica quantos dias, em média, a empresa demora a pagar seus fornecedores. Segundo Gitman (2004, p. 48), o prazo médio de pagamento, ou idade média das contas a pagar é obtido pela divisão do valor diário médio das compras pelo saldo de contas a pagar: Prazo Médio de Pagamento = Contas a Pagar Compras diárias médias 3.3.3.A administração e controle de estoques Damodaram (2004) explica que estoque refere-se aos investimentos em matéria-prima, material em processo de produção e produtos acabados mantidos pela empresa em qualquer momento. O estoque normalmente gira com intervalos freqüentes e, assim, pode ser esperado que seja convertido em dinheiro mais rapidamente. A velocidade com a qual o estoque é transformado em dinheiro depende da linha de negócios da empresa. Para Groppelli e Nikbakht (1998) o principal propósito da administração de estoques é determinar e manter o nível de estoque que satisfaça os pedidos dos clientes em quantidades suficientes e a tempo. Entretanto, manter estoques é dispendioso porque imobiliza um dinheiro que não rende juros nem gera renda. A empresa deve analisar os benefícios de manter estoques versus custos ocasionados por estes. Silva (1995) explica que o prazo médio de rotação dos estoques indica quantos dias, em média, os produtos ficam armazenados na empresa antes de serem vendidos. O volume de estoques mantido por uma empresa decorre fundamentalmente de seu nível de vendas e de sua política de estocagem. Há duas formas principais de interpretar os estoques: primeiro, vendo o montante de estoques da empresa como algo que representa certa potencialidade de os mesmos serem transformados em dinheiro e segundo, considerar os estoques como aplicação de recursos no ativo circulante, pois quanto maior for o estoque, maior será a quantidade de recurso aplicado. A forma com que a empresa utiliza para financiar os seus estoques deve ser analisada, pois se houver um estoque elevado mantido à custa de empréstimos bancários tenderá a ser uma situação de risco.

Groppelli e Nikbakht (1998) apresentam métodos que auxiliam na gestão de estoques, o método LEC Lote econômico de compra, que consiste na realização de compras planejadas regularmente a fim de eliminar os custos de pedido e manutenção. Gitman (2004), diz que há diversas técnicas disponíveis para administrar eficazmente o estoque de uma empresa, sendo as mais comuns o Sistema ABC, que consiste em gerenciar os itens que representam maior volume ou custo prioritariamente, Sistema Just-in-time, que tem o objetivo de minimizar os investimentos em estoques, fazendo com que as compras coincidam com a entrega próximo ao momento de produção, e o Sistema MPR, que planeja as necessidades de materiais, determinando quanto e quando estes devem ser encomendados. Silva (1995, p. 230) ensina a fórmula para cálculo do prazo médio de rotação dos estoques: PMRE s = Estoque Médio X Dias do período a ser considerado Custo da Mercadoria Vendida Para Silva (1995) do ponto de vista da análise de risco, prazo médio de rotação de estoques é um índice do tipo quanto maior, pior. Por outro lado, convém analisa-lo também juntamente com os prazos de recebimento e pagamento. O autor destaca que os estoques, assim como qualquer ativo, representam sempre uma aplicação de recursos e deve-se sempre verificar os custos de manter materiais em estoques. 4. ANÁLISE DE DADOS A organização deste estudo de caso atua no mercado de embalagens de plásticos, foi criada em abril de 2004 após a cisão de uma sociedade. Os proprietários têm experiência de mais de 20 anos neste ramo, a empresa está situada na área industrial da cidade de Cascavel- PR, possui sede e equipamentos próprios, conta atualmente com aproximadamente 100 funcionários, dos quais cerca de 20% fazem parte da área administrativa e comercial. A empresa trabalha com a industrialização e comércio de embalagens plásticas para alimentos, produzindo sacolas, bobinas para forração, bobinas picotadas, embalagens para exportação, filmes e sacos contráteis, filmes técnicos lisos e impressos para laticínios, sacos avulsos, sacos de lixo, sacos de fundo redondo. O atendimento abrange o mercado nacional e internacional atendendo em vários segmentos, como supermercados, hospitais, jornais, laticínios, frigoríficos e indústrias de alimentos de diversos setores, obtendo aproximadamente R$ 2,0 milhões de faturamento mensal. 4.1 Ciclo financeiro Assaf Neto (2003) explica que o ciclo financeiro compreende o prazo entre as saídas de caixa (relativas aos pagamentos dos fornecedores) e as entradas de caixa (provenientes dos recebimentos das vendas). Durante este período, a empresa tem de financiar suas operações sem a participação dos fornecedores. Quanto maior for o ciclo financeiro, mais de recursos próprios e de terceiros (exceto de fornecedores) estarão temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e afetando a rentabilidade. Para o cálculo do prazo médio de recebimento foi analisado o volume de vendas, conforme apresentado a seguir.

Gráfico 1 Volume de vendas em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). O Gráfico 1 apresenta a evolução das vendas no período analisado. O saldo de vendas de Janeiro a Setembro/2008 totalizou R$ 18.745.077,14 com uma média de vendas de R$ 2.082.786,35 mensais. Em outros controles verificou-se que o saldo de títulos a receber era R$ 2.483.730,06 em 30/09/2008. Verifica-se no Gráfico 1 que nos meses de Fevereiro, Março e Abril houve queda no volume de faturamento, que conforme descrito pela diretora financeira, esta queda é típica do mercado, decorrente do efeito do período de férias e carnaval. Fato percebido também na análise de vendas diárias a seguir: Gráfico 2 Média diária de vendas em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). Com base no Gráfico 2 verifica-se que a média diária de vendas totaliza R$ 97.297,23. Nos meses de Junho e Julho quando ocorreram vendas superiores a R$ 2 milhões, porém, as médias não superaram cem mil reais, o que pode estar relacionado com uma sazonalidade mensal. Para a análise da qualidade de vendas é necessário verificar qual o prazo a qual estas estão sendo realizadas, segundo Gitman (2004), o prazo médio de recebimento, ou idade média das contas a receber, é útil na avaliação das políticas de crédito e cobrança. O autor ensina como calcular o PMR: Prazo médio de recebimento = Contas a Receber Vendas diárias médias E seguindo esta fórmula chega-se ao seguinte resultado: Saldo de contas a receber = R$ 2.483.730,06 = 25,53 dias vendas diárias médias R$ 97.297,23 Quadro 1 Cálculo do prazo médio de recebimento (PMR) Fonte: Dados da organização (2008). Verifica-se no Quadro 1 que o prazo médio de recebimento das vendas é 25,53 dias, isto significa que entre a data de faturamento e a entrada do recurso no caixa há um intervalo

de aproximadamente 26 dias. Para o cálculo do prazo médio de pagamento foi analisado o volume de compras, conforme apresentado a seguir. Gráfico 3 Volume de compras realizadas em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). Verifica-se no Gráfico 3 que o volume de compras no período totaliza R$ 20.758.016,74 e apresenta uma média mensal de vendas de R$ 2.306.446,30. O saldo de compras de Julho superou os demais meses ultrapassando 59 % a média, devido ao maior investimento em estoques por precaução devido ao aumento do custo da matéria prima principal com alta prevista para o mês seguinte. Conforme analisados em outros controles da empresa em 30/09/2008 o saldo de títulos a pagar era R$ R$ 4.737.697,37. Gráfico 4 Média diária de compras em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). A média diária de compras no período analisado é R$ 107.897,11 e conforme apresentado no Gráfico 4 verifica-se no que nos meses de Janeiro, Fevereiro e Junho apresentou-se uma queda no volume de compras, acompanhando as quedas nos volumes de vendas, estes meses apresentaram a menor média diária. Segundo Gitman (2004), o prazo médio de pagamento, ou idade média das contas a pagar é obtido pela divisão do valor diário médio das compras pelo saldo de contas a pagar: Prazo médio de pagamento = Contas a Pagar Compras diárias médias E seguindo esta fórmula chega-se ao seguinte resultado: Saldo de contas a pagar = R$ 4.737.697,37 = 43,91 dias Compras diárias médias R$ 107.897,11 Quadro 2 Cálculo do prazo médio de pagamento (PMP) Fonte: Dados da organização (2008). Verifica-se pelo cálculo apresentado no Quadro 2 que o prazo médio de pagamento aos fornecedores é 43,91 dias, isto significa que entre a data de compra e a saída do recurso no caixa há um intervalo de aproximadamente 44 dias.

O prazo médio de rotação dos estoques é o período compreendido entre o tempo em que permanece armazenado até o momento da venda. O seu volume depende da política de estocagem e volume de vendas. Quanto maior o volume de vendas mais rápida será a rotação dos estoques e em menos tempo o ativo será recuperado. Pelas suas quantidades vendidas podemos identificar, tendo como base dois períodos consecutivos no mínimo e utilizando os cálculos de análise, quantas vezes os estoques se renovaram. Silva (1995) ensina a fórmula para cálculo do prazo médio de rotação dos estoques: PMRE s = Estoque Médio X Dias do período a ser considerado Custo da Mercadoria Vendida Não foi possível elaborar o cálculo deste índice porque a empresa não possui as informações sobre os estoques no período analisado, fato que impossibilitou elaborar uma análise sobre entradas e saídas de estoque, assim como calcular o estoque médio. A empresa também não tem apurado qual o custo da mercadoria vendida, há um controle sobre o custo da matéria prima utilizada na produção, porém não existe uma apuração sobre o custo da mercadoria produzida e pronta para venda. Foram fornecidas informações sobre os saldos de estoques na data 30/09/2008 e o custo da matéria prima utilizada em setembro/2008, estas não serão apresentadas por não servirem para análises neste tema. Na elaboração do cálculo da duração do ciclo financeiro, foi realizada pela soma do PMR + PMP = 25,53 + 43,91 = 69,44 dias, não foi possível incluir neste cálculo o PME Prazo médio de estocagem, devido à falta de informações para elaboração deste índice. Com um ciclo financeiro de 69 dias, verificou-se que o prazo médio de recebimento representa 37 % do ciclo, contrastando com a participação do prazo médio de pagamento de 67%. Porém, faz-se necessário analisar os fluxos de caixa, a fim de analisar como estão sendo efetivados estes prazos. 4.2 Entradas de Caixa Para analisar como qual a influência do ciclo financeiro no fluxo de caixa foram analisadas as entradas de caixa conforme apresentado no Gráfico 5 a seguir. Gráfico 5 Volume de entrada de Caixa em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). Verifica-se no Gráfico 5 que as entradas de caixa com exceção do mês de fevereiro superam dois milhões de reais, com destaque para o mês de julho, no qual houve uma entrada de R$ 500.000,00 para financiamento de capital de giro. A seguir o Gráfico 6 apresenta as médias diárias das entradas de caixa.

Gráfico 6 Médias Diárias de entradas de caixa em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). O Gráfico 6 mostra que a menor média diária de entradas de caixa ocorreu no mês de Fevereiro/2008, seguido por um aumento contínuo nas entradas de caixa até o mês de julho, com uma pequena queda nos meses subseqüentes. A média diária de entradas de caixa nos períodos analisados é de R$ 111.127,93. A seguir é apresentado no Gráfico 7 como se compõe as entradas de caixa do período analisado. Gráfico 7 Entradas de caixa de Janeiro a Setembro em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). Observou-se no Gráfico 7 que as entradas de caixa da empresa são provenientes de operações para o financiamento do capital de giro, ou seja, para suprir a sua necessidade de capital, e tem como base operações de desconto de títulos e remessa de títulos para contas garantidas, representando 71% das entradas de caixa. Como a empresa tem utilizado as duplicatas a receber como fonte de financiamento de seu capital de giro será considerada para análise como operações de antecipação de recebíveis. A operação apresentada no gráfico como Capital de Giro refere-se a uma operação específica, no valor de R$ 500.000,00 realizada em julho de 2008, e não tem garantia de títulos. O Gráfico 7 mostra ainda que a participação das liquidações simples é 29% das entradas de caixa. A Tabela 1 a seguir apresenta uma síntese das operações utilizadas pela empresa no período analisado, totalizando as operações mensalmente. Mês Descontos de Conta Garantida / Liquidações Duplicatas Outros Simples Janeiro 1.718.495,60 0 394.769,69 Fevereiro 1.141.088,89 0 519.847,55 Março 1.147.917,45 300.000,00 608.911,36 Abril 1.176.368,81 342.701,37 734.264,18 Maio 1.134.915,08 546.500,00 646.657,22 Junho 1.173.699,64 582.520,00 749.592,75 Julho 844.112,23 1.439.837,00 702.201,83 Agosto 1.145.848,88 692.400,00 765.208,00 Setembro 800.360,28 761.750,09 1.007.602,26 Total 10.282.806,86 4.665.708,46 6.129.054,84

Tabela 1 Demonstrativo das Entradas de Caixa em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). Observa na Tabela 1 que a opção mais utilizada pela empresa é o desconto de duplicatas. Verifica-se que a opção de remessa de títulos para conta garantida começou a ser usada em março, destacando-se por apresentar um custo inferior e por apresentar a vantagem de ter a cobrança dos encargos e impostos realizados mensalmente e não por operação como acontece nas operações de desconto. Um outro fator que fortaleceu esta nova opção foi a elevação de 0,38% da Alíquota de IOF Imposto sobre Operações Financeiras em janeiro de 2008, a cobrança deste em contas garantidas tem o cálculo baseado no saldo utilizado diariamente, desprezando os prazos dos títulos em garantia, característica invertida no cálculo para os títulos descontados onde os prazos são fatores determinantes na cobrança esta alíquota. A Tabela 2 exibe o resumo mensal das operações de antecipação de títulos. Mês Desconto de Títulos Contas Garantidas Liquidações Simples Janeiro 78.113,44 0,00 17.944,08 Fevereiro 60.057,31 0,00 27.360,40 Março 57.395,87 15.000,00 30.445,57 Abril 56.065,90 17.135,07 36.236,08 Maio 56.745,75 27.325,00 32.332,86 Junho 54.613,22 25.676,00 37.092,91 Julho 36.700,53 62.601,61 30.530,51 Agosto 54.564,23 32.971,43 36.438,48 Setembro 36.380,01 34.625,00 45.800,10 Tabela 2 Resumo mensal das entradas em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). Verifica-se na Tabela 2 que o volume de desconto de títulos apresentou queda contínua a medida que o volume de entradas de caixa por meio de liquidação de cobrança simples apresentou aumento contínuo. O Gráfico 8 a seguir apresenta as médias das operações diárias. Gráfico 8 Média diária das entradas de caixa em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). Verifica-se que de acordo com o Gráfico 8 que 71% das entradas de caixa são provenientes de operações para captação de recursos, e apenas 29% são decorrentes de liquidações de cobranças simples. A seguir é demonstrado os saldos mensais das operações de Desconto de Títulos e Remessas para Contas Garantidas: Mês Valor Janeiro 1.718.495,60 Fevereiro 1.141.088,89 Março 1.447.917,45 Abril 1.519.070,18 Maio 1.681.415,08 Junho 1.756.219,64 Julho 1.783.949,23 Agosto 1.838.248,88

Setembro 1.562.110,37 Total 14.448.515,32 Tabela 3 Volume Mensal de Títulos Negociados em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). Em análise conjunta da Tabela 3 com o Gráfico 9, é possível verificar a evolução dos negociações de títulos em milhões de Reais, sendo o menor volume de operações apresentado em fevereiro seguido por uma aumento gradual até o mês de agosto. Um fato a ser destacado é que em julho houve o segundo maior volume de negociações, mesmo com a entrada de R$ 500.000,00 de uma operação de empréstimo para capital de giro. Milhões (R$) 2,00 1,80 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 1,718 1,141 1,448 1,519 1,681 1,756 1,784 1,838 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 1,562 Gráfico 9 Evolução de negociações de títulos em milhões de Reais. Fonte: Dados da organização (2008). O Gráfico 9 apresenta a evolução no período das negociações de títulos, tendo em vista o volume de operações para a captação de recursos para honrar os compromissos diários, tornase necessária apurar os custos decorridos destas operações, conforme a Tabela 4. Descrição JAN. FEV. MAR. ABR. MAI. JUN. JUL. AGO. SET. Total IOF 1.001,74 387,21 4.209,47 6.191,92 6.247,57 7.076,71 13.628,56 6.732,86 6.648,70 52.124,74 Desp. De 1.122,54 1.331,90 1.894,12 2.084,84 3.123,20 2.447,83 2.839,34 2.443,88 2.982,04 20.269,69 Cobranç. Juros C/C 6.049,58 8.363,52 8.128,83 8.479,53 12.860,77 23.839,10 15.852,44 4.873,64 2.762,98 91.210,39 e C/G Juros Desc. 41.957,11 28.631,39 33.037,93 26.369,02 26.827,00 24.993,16 20.871,28 41.252,41 30.396,15 274.335,45 títulos Total 50.130,97 38.714,02 47.270,35 43.125,31 49.058,54 58.356,80 53.191,62 55.302,79 42.789,87 437.940,27 Tabela 4 Despesas Financeiras em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). A Tabela 4 mostra que no período analisado a empresa já desembolsou o valor total de R$ 437.940,27, como custo para financiar a falta de capital em caixa. a) IOF refere-se a todas as operações utilizadas na obtenção de recursos totalizando R$ 52.124,74; b) despesas de cobranças foram consideradas por que, se houvesse a possibilidade de recebimento a vista pelas vendas estes custos não existiriam, totalizaram R$ 20.269,69; c) juros pagos por utilizar os limites de conta corrente e das contas garantidas, pois isto decorre da falta de fundos para manter as contas bancárias com saldos positivos ou nulos, totalizaram R$ 91.210,39 d) os juros decorrentes das operações de desconto de títulos, pois este é a operação mais utilizada pela empresa e representa maior participação nas despesas financeiras, totalizando R$ 274.335,45. A seguir é apresentado um resumo das despesas nas captações de recursos.

Gráfico 10 Despesas financeiras em operações mensais. Fonte: Dados da organização (2008). Verifica-se no Gráfico 11 que as despesas a média mensal das despesas decorrentes das operações para captação de recursos é R$ 48.660,03, o mês de Fevereiro é o mês que apresentou a menor despesa e Junho foi o mês que apresentou a maior despesa na capitação de recursos. Após levantados as despesas do período, torna-se necessário avaliar qual é a representatividade deste custo perante ao volume de títulos negociados, ou seja em relação às entradas de caixa. A Tabela 5 apresenta a seguir qual é a participação das despesas financeiras em relação às entradas de caixa, tendo o menor índice no mês de setembro e o maior índice em fevereiro. Mês Total Despesas % Janeiro 1.718.495,60 50.130,97 2,92% Fevereiro 1.141.088,89 38.714,02 3,39% Março 1.447.917,45 47.270,35 3,26% Abril 1.519.070,18 43.125,31 2,84% Maio 1.681.415,08 49.058,54 2,92% Junho 1.756.219,64 58.356,80 3,32% Julho 1.783.949,23 53.191,62 2,98% Agosto 1.838.248,88 55.302,79 3,01% Setembro 1.562.110,37 42.789,87 2,74% Total 14.448.515,32 437.940,27 3,03% Média 1.605.390,59 48.660,03 3,04% Tabela 5 Despesas de negociações de títulos X entradas de caixa. Fonte: Dados da organização (2008). Conforme apresentado na Tabela 5, as despesas em negociações de títulos em relação às entradas de caixa é em média 3,04%. Embora este percentual de custo seja baixo, deve-se considerar que este refere-se a parte dos lucros que estão sendo perdidas, pois isto mostra que a empresa tem comprometido parte de seus rendimentos para financiar o seu capital de giro, o que pode ser considerado como um lucro perdido. Diante desse fato é questionável como está a lucratividade da empresa e qual o controle sobre os fatores que afetam a rentabilidade da organização. Com o objetivo de melhorar o financiamento do capital de giro utilizado na empresa verificou-se a possibilidade de oferecer aos clientes o percentual de despesas como desconto para pagamento à vista. A Tabela 6 a seguir apresenta uma simulação de como seria o resultado para a empresa com base nas operações negociadas com títulos a receber, considerando que todos os clientes aceitassem o desconto de 3,04% para pagamento à vista: Mês Saldo das Operações Recebimento à vista Janeiro 1.718.495,60 1.666.253,33 Fevereiro 1.141.088,89 1.106.399,79 Março 1.447.917,45 1.403.900,76

Abril 1.519.070,18 1.472.890,45 Maio 1.681.415,08 1.630.300,06 Junho 1.756.219,64 1.702.830,56 Julho 1.783.949,23 1.729.717,17 Agosto 1.838.248,88 1.782.366,11 Setembro 1.562.110,37 1.514.622,21 Total 14.448.515,32 14.009.280,45 Tabela 6 Cálculo de entradas de caixa com desconto em Reais. Fonte: Dados da organização (2008). Com os dados apresentados na Tabela 6, pode-se calcular a diferença no valor R$ 439.234,87 entre o recebimento à vista e o valor das despesas de R$ 437.940,27, o que inviabiliza este percentual de desconto. A seguir é apresentado qual seria o resultado para a empresa com base nas vendas realizadas no período, utilizando o valor médio de desconto para pagamento á vista e considerando que todos os clientes aceitassem esta proposta: Mês Saldo de vendas Recebimento à Vista Janeiro 2.234.380,48 2.166.455,31 Fevereiro 1.479.474,41 1.434.498,39 Março 1.967.713,29 1.907.894,81 Abril 1.956.571,68 1.897.091,90 Maio 2.128.987,08 2.064.265,87 Junho 2.058.763,46 1.996.177,05 Julho 2.261.219,45 2.192.478,38 Agosto 2.241.991,51 2.173.834,97 Setembro 2.415.975,78 2.342.530,12 Total 18.745.077,14 18.175.226,79 Diferença 569.850,35 Tabela 7 Entradas de caixa decorrentes de pagamento á vista. Fonte: Dados da organização (2008). A Tabela 7 mostra que a diferença no valor R$ 569.850,35 torna se interessante se comparável com o montante de títulos negociados, pois o saldo de títulos não negociados foi de R$ 4.296.561,82 representaria uma entrada á vista de R$ 4.165.946,34. Está opção poderia ser utilizada em períodos que apresentaram as maiores despesas para financiamento do capital de giro historicamente. Para Groppelli e Nikbakht (1998) a opção de desconto a vista é uma oferta aceitável se o seu benefício exceder o custo do empréstimo. Se o benefício do desconto à vista for menor do que o custo do empréstimo, o cliente escolherá usar as contas a pagar e liquidar a fatura em data posterior. Seguindo a abordagem do fluxo de caixa é necessária uma analise sobre as saídas de caixa. 4.2 Saídas de Caixa É apresentado a seguir o resumo de fluxo de caixa da empresa. O Gráfico 11 a seguir, mostra o fluxo de caixa no período. Gráfico 11 Comparativo entre entradas e saídas de caixa em Reais. Fonte: Dados da organização (2008).

Foi apurada a diferença de R$ 26.856,23 no saldo de entradas e saídas de caixa, sendo Julho apresentou-se uma entrada de R$ 145.544,69 maior que os pagamentos, e Agosto apresentou uma saída R$ 304.599,26 a mais do que as entradas de caixa. Um fato importante a ser destacado neste resumo apresentado Gráfico 11 é que dos nove meses analisados cinco apresentaram valores de saídas superiores ás entradas de caixa. Como o volume de saídas de caixa é decorrente dos pagamentos a serem realizados, e estes são resultados das compras realizadas, foi elaborado um comparativo entre vendas e compras, apresentado a seguir: Gráfico 12 Comparativo entre vendas e compras realizadas. Fonte: Dados da organização (2008). Neste período analisado foram realizados vendas no valor R$ 18.745.077,14 e o saldo de compras é R$ 20.750.016,74. Fica evidente que ocorreram mais compras do que vendas neste período, apresentando um saldo de R$ 2.012.939,60 de compras superior ao saldo de vendas. Este fato que sugere que não está sendo monitorado as atividades conjuntamente, fato prejudicial ao ciclo financeiro à medida que este fato resultará em algum momento em uma necessidade de desembolso de recursos que não existirão, pois as vendas não ocorreram ou não acompanharam as necessidades da empresa. Neste contexto faz-se um estudo para averiguar a razão deste descompasso, a fim de apurar se é o departamento comercial que não está evoluindo nas vendas ou se é o departamento de compras que está imobilizando recursos em estoques em demasia. A Tabela 8 mostra que esta tendência está presente diariamente na rotina da empresa, percebida no comparativo das médias diárias de vendas e compras que será apresentada a seguir. Mês Média diária de vendas Média diária de compras Diferenças nas médias (vendas compras) Janeiro 106.399,07 96.628,65 9.770,42 Fevereiro 77.867,07 91.882,31-14.015,24 Março 93.700,63 110.615,56-16.914,93 Abril 93.170,08 118.222,49-25.052,41 Maio 101.380,34 102.863,49-1.483,15 Junho 98.036,36 84.381,77 13.654,59 Julho 93.395,72 152.944,48-59.548,76 Agosto 101.908,71 105.370,94-3.462,23 Setembro 109.817,08 108.164,33 1.652,75 Média diária de 2008 97.297,23 107.897,11-10.599,88 Tabela 8 - Comparativo das médias diárias de vendas e compras. Fonte: Dados da organização (2008). O comparativo presente na Tabela 8, evidência que está ocorrendo um descompasso significativo nas compras e nas vendas, o que sugere que a empresa poderá ter a sua liquidez prejudicada, pois as vendas se apresentaram menores que as compras (com um prazo de recebimento menor), as quais já estão sendo utilizadas para financiar as necessidades de caixa atual, questiona-se como será suprida esta necessidade de caixa quando os títulos a pagar superarem a capacidade que a empresa tem para levantar recursos. Embora tenha ocorrido um descompasso entre o volume de vendas e compras, existe um equilíbrio nas médias diárias de entradas e saídas de caixa, conforme apresentado na Tabela 9.

Mês Entradas Saídas Janeiro 96.057,51 94.299,03 Fevereiro 87.417,71 87.593,92 Março 102.841,44 104.642,30 Abril 109.437,05 95.172,81 Maio 116.403,62 115.783,50 Junho 117.382,13 116.851,94 Julho 129.832,65 123.504,62 Agosto 123.974,14 138.478,86 Setembro 116.805,12 119.436,31 Média Diária 111.127,93 110.640,37 Diferença 487,56 Tabela 9 - Médias diárias mensais de Entradas e Saídas de Caixa. Fonte: Dados da organização (2008). A Tabela 9 apresenta que a diferença entre as médias de entradas e saídas de caixa diárias é de R$ 487,56, demonstrando que há um equilíbrio entre as entradas e saídas de caixa, este fato não deve ser relacionado com o descompasso entre o volume de vendas e compras, visto que estas médias mostram apenas o que ocorreu no fluxo de caixa passado. Conforme explicado por Silva (1995) o ciclo financeiro é o período que a empresa leva para que o dinheiro volte ao caixa, isto é, compreende o prazo médio de rotação de estoque, mais o prazo médio de recebimento das vendas, menos o prazo médio de pagamentos das compras. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando o fluxo financeiro da empresa constatou um equilíbrio entre as entradas e saídas de caixa, provavelmente decorrente da política de crédito da empresa que apresentou um prazo médio de recebimento de 25,53 dias, contrastando com o prazo médio de pagamento de 43,91 dias. Comparando um prazo com outro pode-se, constatar que o prazo de pagamento a fornecedores médio é satisfatório pois é 42% maior que o prazo de recebimento dos clientes. Foi apresentado que embora a empresa trabalha com um ciclo financeiro de aproximadamente 69 dias, e embora tenha trabalhado com bons prazos, tem ocorrido um descompasso entre o volume de compras e vendas, assim como no volume de pagamentos e recebimentos, o que evidencia a necessidade de um planejamento financeiro para controlar esta diferença, pois se esta tendência for mantida provavelmente a lucratividade da empresa seja prejudicada. Sugere-se neste caso um estudo mais aprofundado sobre a natureza das compras e sobre a evolução das vendas a fim de analisar qual o motivo deste descompasso, sugerindo inicialmente que seja elaborada uma política de redução de custos e melhor controle da produção e dos estoques. Verificou-se também que o custo para financiar a necessidade de capital de giro da empresa é baixo representando apenas 3,04% do volume de vendas. E, este percentual pode ser oferecido como desconto para clientes em casos de compras a vista, como forma de melhorar o financiamento de capital de giro, o que poderá representar uma boa opção para aumentar o saldo de caixa. Sugere-se previamente a elaboração de uma política de crédito mais arrojada, possibilitando este diferencial a alguns clientes potenciais que compram um volume maior, já que esta taxa pode ser considerada pouco significativa para clientes que compram baixos volumes. Entretanto, é necessário um estudo mais aprofundado para formalizar esta nova opção, que poderia ser utilizada também em determinados períodos do ano, como forma de não ser uma estratégia fixa, e sim um diferencial utilizado para suprir as necessidades de caixa e diminuir os custos financeiros.

Sugere-se a empresa a elaboração de um controle apurado do estoque, pois como ficou evidenciado tem ocorrido uma alta nas compras e não foi possível elaborar uma análise sobre os estoques devido à falta de controles. É interessante destacar que há necessidade de um controle que mostre as flutuações no nível de estoque de materiais ao longo do tempo, podendo ser criado um fluxo de estoques, para que seja apurado se está ocorrendo uma imobilização de materiais, fato que engessa recursos da organização e prejudica o desenvolvimento das operações. Para fortalecer o seu capital de giro, a empresa pode solicitar ao proprietário um investimento, utilizando a integralização de capital, ou buscar novas linhas de financiamento específicas, pois neste ano a empresa utilizou apenas uma operação específica para este fim. Sugere-se a que organização busque ou desenvolva um sistema de informações que consolide os controles paralelos, pois verificou-se um grande número de planilhas no departamento financeiro, e a falta de alguns controles no departamento de compras e estoques. Este trabalho evidenciou que o departamento financeiro possui um excelente controle sobre a sua rotina financeira, pois as informações estão sempre acessíveis e atualizadas, foi verificado que o departamento financeiro tem priorizado o processo de nível operacional do setor, trabalhando com foco na rotina do departamento. Sugere-se então que seja elaborado um planejamento financeiro para que a equipe passe atuar no nível tático planejando a rotina futura, deixando de atuar hoje para planejar o que será realizado amanhã, exercendo controle sobre os fatores que afetam o ciclo financeiro; e que a diretoria da empresa elabore um planejamento estratégico para o departamento financeiro, no qual sejam estabelecidos objetivos e metas para que todos os departamentos contribuam para a diminuição de custos e para o crescimento da empresa. REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 1ª Edição. São Paulo: Atlas, 2003. ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do capital de giro. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1997. ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tiburcio. Administração do capital de giro. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2002. BANCO SAFRA. Antecipação de recebíveis. 2008. Disponível em: http://www.safraempresas.com.br/emprestimos/capital.htm. Acesso em: 01 nov. 2008. BANCO SOFISA. Financiamento de capital de giro. 2008. Disponível em: http://www.sofisa.com.br/emp_fincapgiro.php. Acesso em 27 out. 2008. BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. 1.ed. São Paulo: Atlas, 1989. BRIGHA, F. Eugene; EHRHARDT, C. Michael; Administração financeira Teoria e Prática. 1.ed.São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. CERETTA, Paulo Sergio; DENARDIN, Ana Paula G.; ANDRADE, Carmem Lúcia; SCHERER, Iliana Schröder. Capital de giro: fontes de financiamento às micro, pequenas e médias empresas. Artigo publicado e apresentado no VII SEMEAD - Seminários em Administração USP. São Paulo - SP em 10/08/2004. Disponível em: http://www.ead.fea.usp.br Acesso em: 27 out. 2008.