PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Unidade IV 1 OUTROS TIPOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 1.1 Inteligência artificial A inteligência artificial é um campo da ciência e da tecnologia baseado em disciplinas como informática, biologia, psicologia, linguística, matemática e engenharia. Sua finalidade é desenvolver computadores com capacidade de simulação do pensamento, além de visão, audição, fala, sentimento e movimento. 1.2 Sistemas especialistas O sistema especialista é um sistema de informação baseado na inteligência artificial e no repositório de conhecimento de uma área de aplicação específica e complexa, de forma que venha a atuar como um consultor especialista para os usuários finais (ver tabela ). Tabela Principais categorias de sistemas especialistas e exemplos Categorias de aplicações de sistemas especialistas Gerenciamento de decisões: sistemas que avaliam as situações ou analisam alternativas e recomendações com base em critérios definidos durante o processo de contratação: análise de carteira de empréstimo; avaliação de desempenho de funcionários; emissão de apólice de seguros; projeções demográficas. 33
Unidade IV Diagnóstico/solução de problema - sistemas que deduzem as causas básicas a partir de sintomas e históricos relatados: calibragem de equipamentos; operações de central de atendimento; depuração de software; diagnóstico médico. Projeto/configuração - sistemas que auxiliam a configurar equipamentos seguindo as especificações existentes: instalação de opcionais no computador; estudo de viabilidade de produção; redes de comunicação; plano ideal de montagem. Seleção/classificação - sistemas que ajudam os usuários a escolher produtos ou processos, muitas vezes, entre diversas e complexas alternativas: escolha de material; identificação de conta fraudulenta; classificação de informações; identificação de suspeitos. Monitoramento/controle - sistemas que monitoram e controlam procedimentos ou processos: controle de máquinas (incluindo robótica); controle de estoque; monitoramento de produção; testes químicos. Fonte: O Brien; Marakas, 07. Os sistemas especialistas oferecem respostas a perguntas de áreas problemáticas bem específicas, a partir de inferências, assim como faz o ser humano, utilizando o conhecimento contido em um repositório específico. Esses sistemas também são capazes de explicar aos usuários o processo de raciocínio e as conclusões. 1.3 Robótica Os dispositivos de saída de robótica movem-se fisicamente em resposta a sinais do computador. Normalmente, um dispositivo de robótica interpreta uma saída em código digital do computador como um sinal para ligar, desligar, acelerar ou desacelerar o motor. Nas montadoras, o uso dos robôs na linha de montagem dos veículos é um fato comum. Também não são novidades as missões 34
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO espaciais tripuladas por robôs. Já o uso dos robôs ultrapassou uma barreira tecnológica e científica importante. Atualmente, eles têm sido usados com sucesso em cirurgias em que o médico está a mais de quatrocentos quilômetros de distância. 1.4 Automação 1 Automação é o uso da TI no melhoramento de processos de forma que ações antes realizadas por elementos humanos sejam executadas por sistemas a um custo muito menor e com qualidade superior. De fato, há situações do cotidiano das empresas nas quais o ser humano é totalmente substituível por um sistema computadorizado. Contudo, pressões sindicais e sociais impedem que as empresas partam para processos de automação extrema, com eliminação intensa de mão de obra. Apesar disso, existem oportunidades em todas as empresas nas quais a TI pode atuar de forma benéfica para os negócios, promovendo ações de automação que venham a gerar resultados importantes. 1. Sistemas colaborativos Os sistemas de colaboração administram informações corporativas que facilitam a comunicação, a coordenação e o trabalho conjunto entre membros da equipe e grupos de trabalho. 2 O intenso uso da TI nas empresas, em especial o uso da Internet, disponibiliza ferramentas de apoio à colaboração. Assim, o objetivo dos sistemas colaborativos é facilitar o trabalho. Para isso, utiliza os seguintes recursos: comunicação: compartilhamento de informações entre as pessoas envolvidas nas mesmas atividades; 3
Unidade IV coordenação: coordenação dos esforços individuais e utilização dos recursos entre as pessoas; colaboração: trabalho conjunto para a execução de projetos. 1 A colaboração pode ocorrer em diversas áreas. Seguem dois exemplos: projeto conjunto de um produto: uma empresa pode trabalhar com seus fornecedores no sentido de melhorar um produto ou no desenvolvimento de um produto novo; sincronização: uma empresa pode trabalhar com seus fornecedores para que, conjuntamente, possam prover a necessidade de suprimento. O cliente pode deixar de manter um estoque em suas dependências para que o fornecedor assuma essa responsabilidade e entregue somente o necessário para cada etapa, mantendo a produção em andamento. 16 CONCEITOS DE CICLO DE DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS 16.1 Principais fases O ciclo de vida do desenvolvimento de sistemas (Systems Development Life Cycle SDLC) compreende as etapas de concepção, criação e implementação de um sistema de informação. Abaixo seguem os seis estágios: levantamento de dados: consiste principalmente na coleta de dados sobre a necessidade e a oportunidade dos usuários finais com relação ao novo sistema; 2 análise de alternativa: concepção de duas ou mais alternativas para o projeto. Encerra-se quando se define qual caminho adotar; 36
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO projeto: é a especificação detalhada do sistema proposto; desenvolvimento: compreende a criação do ambiente para o desenvolvimento do aplicativo, a escrita do código e os testes; implementação: desativa o sistema antigo e ativa o sistema novo, desde que todos os testes já tenham sido realizados com sucesso; manutenção: engloba a correção de erros, as manutenções evolutivas e a administração do uso do sistema. Levantamento de necessidades Manutenção Análise de alternativas Implementação Projeto Desenvolvimento Figura 11 Ciclo de vida do desenvolvimento de sistemas 1 16.2 Técnicas O desenvolvimento de um sistema deve seguir uma metodologia para construir a documentação desse novo projeto, o que envolve a definição de critérios dos documentos, ferramentas, relatórios e anotações. A metodologia Rational Unified Process (RUP) tornou-se padrão de mercado e vale a pena considerar o seu uso em um novo desenvolvimento. 37
Unidade IV 1 2 O projeto deve ser bem administrado. Para isso, é importante que as tarefas estejam bem divididas e que as etapas de entrega sejam curtas, para que as primeiras etapas reincidam rapidamente. É importante utilizar uma ferramenta para gerenciamento do desenrolar do projeto. Nesse caso, o Microsoft Project é uma boa opção a ser considerada. Além disso, é importante que o aplicativo já apresente uma cara previamente definida, preferencialmente respeitando alguns padrões da empresa à qual ele se destina como, por exemplo, o uso das cores da empresa nas telas. Dessa forma, é importante que inicialmente se desenvolva o template reunindo as melhores práticas para customização dos processos. As empresas possuem padrões de gestão de qualidade total. Portanto, é fundamental observar que, costumeiramente, haverá a necessidade de implementar padrões de qualidade nos novos projetos. O Capability Maturity Model (CMM) também tornouse um padrão de mercado e pode ser seguido para os futuros projetos de desenvolvimento de aplicações. Após essas etapas, parte-se para o desenvolvimento da modelagem do aplicativo, que é baseada nas reuniões com os usuários e, ao final deste processo valida-se a modelagem junto aos mesmos, com o objetivo de verificar se todos os aspectos preestabelecidos foram contemplados. Terminado o processo de modelagem, parte-se para a implementação, ou seja, o desenvolvimento do código. Durante o desenvolvimento do código, surge a prototipagem, que é um modelo-teste da aplicação a ser desenvolvida para novamente ser validado com os usuários. 30 Finalizada a implementação do código, parte-se para a etapa de testes e implantação, para que o usuário passe a utilizar o sistema. 38
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 16.3 Papéis de responsabilidades 16.3.1 Chief Information Officer (CIO) O Chief Information Officer (CIO) responde pela gestão da informação na organização e pela disponibilidade desta quando necessário. O CIO também pode ser chamado de gerente, diretor ou vice-presidente de processamento de dados, informática ou TI. O CIO reporta-se normalmente ao presidente, às vezes ao diretor administrativo e, em outras, ao diretor financeiro. O CIO deve ter vivência técnica e uma excelente bagagem corporativa, de forma que facilmente possa identificar situações nas organizações, que podem ser beneficiadas com o uso eficiente da TI. 16.3.2 Gerente de projeto Dirige os projetos específicos e assegura que as etapas serão atendidas; monitora o andamento do projeto para que este não se desvie do escopo; acompanha as entregas garantindo que os prazos e os recursos financeiros sejam cumpridos. 16.3.3 Analista de sistemas 1 É o profissional responsável pelo levantamento de dados junto aos usuários. Acompanha todas as fases do sistema, mas não se envolve em programação. Este profissional desenvolverá o modelo do aplicativo. Eventualmente, pode assumir a gestão do projeto. 16.3.4 Programador É uma posição essencialmente técnica; associada à produção de código segundo as especificações realizadas pelo analista de sistemas. 39
Unidade IV 16.3. Database Administrator (DBA) O Database Administrator (DBA) ou administrador do banco dados é o profissional que responde por criar as estruturas do banco de dados e por gerenciar a sua performance, para mantêlo sempre com um desempenho adequado. 17 SISTEMAS ENTERPRISE RESOURCE PLANNING (ERP) 1 2 O Enterprise Resource Planning (ERP), também conhecido como sistema integrado de gestão, é um sistema corporativo composto por vários módulos integrados e que tem como objetivo gerenciar a maior parte dos processos básicos das organizações. O ERP oferece à empresa uma visão integrada em tempo real de seus principais processos empresariais, como de produção, processamento de requisição e controle de estoque, unidos pelo software de aplicação ERP e um banco de dados único, mantido por um sistema de gerenciamento de banco de dados. Benefícios e desafios do sistema ERP: qualidade e eficácia: o ERP cria uma estrutura de integração e aprimoramento dos processos internos de uma companhia, melhorando significativamente a qualidade e a eficácia do serviço de atendimento ao cliente, da produção e da distribuição; redução de custos: em comparação com os sistemas legados não integrados, substituídos pelos novos sistemas ERP, muitas empresas conseguem reduzir consideravelmente os custos de processamento de transações, de pessoal de suporte de hardware, software e TI; 40
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO apoio à tomada de decisão: o ERP disponibiliza rapidamente informações interfuncionais vitais aos gerentes sobre desempenho, para facilitar e agilizar a tomada de decisão nos processos de toda a empresa; 1 2 agilidade empresarial: na implementação dos sistemas ERP, muitas das antigas divisões departamentais e funcionais, ou silos de processos empresariais e de sistemas e fontes de informação, são subdivididas. Essa subdivisão produz estruturas organizacionais, responsabilidades gerenciais e funções de trabalho mais flexíveis e, consequentemente, organizações e mão de obra mais ágeis e adaptáveis e mais qualificadas para captar novas oportunidades empresariais. Os ERP s são aplicativos complexos, pois envolvem a implantação de um sistema que deverá atender boa parte dos processos da empresa, os quais devem estar detalhadamente inventariados para que a customização do ERP seja adequada. São inúmeros os casos de fracassos em implantações de ERP porque não se observou a questão dos processos, e partindo-se diretamente para a implantação da ferramenta apoiada apenas em reuniões com usuários, sem pelo menos ter sido realizado um levantamento das operações e principais processos da empresa. Como consequência, o que costuma ocorrer é o esgotamento do saldo de horas inicialmente contratado para a consultoria realizar o levantamento de informações junto aos usuários, customizando o aplicativo. 30 Esse fato causa desgaste interno e com a empresa responsável pela implantação. A tendência é que tais questões se agravem e acabem em uma destas duas situações: a paralisação do projeto ou a implantação de um sistema que não estará totalmente integrado aos processos da organização. 41
Unidade IV 1 18 SISTEMA CENTRALIZADO E DISTRIBUÍDO 18.1 Conceitos Os sistemas centralizados são aqueles que concentram processamento e dados em uma estrutura local. Um único programa recebe entrada de dados de muitos usuários e lhes envia os respectivos retornos. No caso dos sistemas distribuídos, em que o uso mais intenso se dá pela Internet, este sistema está muito mais envolvido com a comunicação que com a computação. Segundo Tanenbaum (03), o sistema centralizado possui um acoplamento fraco, porque cada um dos nodos da rede pode ter tipos de processador, memória e sistema operacional distintos. Mesmo assim, o acoplamento fraco traz vantagem e desvantagem. A vantagem é que os computadores podem ser utilizados por uma grande variedade de aplicações. A desvantagem está na programação difícil, já que não existe um padrão de equipamento nem de sistema operacional. Além disso, em uma plataforma distribuída, distribuem-se processamento e dados. Assim, os elementos da rede possuem capacidade local de processamento e acessam dados localizados nos servidores regionais, que estão mais próximos do seu ponto de acesso. Base comum para aplicações Aplicação Aplicação Aplicação Aplicação Middleware Middleware Middleware Middleware Windows Linux Solaris Mac OS Pentium Pentium SPARC Macintosh Rede/internet Figura 12 Posicionamento do middleware em um sistema distribuído Fonte: Tanenbaum (03). 42
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Para que os sistemas distribuídos atuem com perfeição e se consiga, de fato, executar aplicações nas estações, deve haver um middleware instalado (ver figura 12). O middleware é um software que faz o papel de uma interface e traduz os padrões dos softwares acessados pela Internet para cada tipo de sistema operacional. No caso dos sistemas distribuídos baseados na Internet, o papel do middleware é realizado pelo navegador web. Glossário 1 FLOPS (Floating Point Operations Per Second ou operações de ponto flutuante por segundo): quanto mais rápido um computador conseguir realizar cálculos, maior será o desempenho deste equipamento. A medida inicia em cerca de 00 FLOPS e, por enquanto, vai até pouco mais de um trilhão de FLOPS. TI (Tecnologia da Informação): representa o uso das diversas tecnologias de informática, envolvendo computadores, servidores, ativos de rede, softwares e sistemas, focados no uso eficiente para as empresas, de forma que estas se beneficiem estrategicamente no mercado a partir do uso das informações geradas e captadas no ambiente. Referências bibliográficas DEITEL, Harvey M.; DEITEL, Paul J.; CHOFFNES, David. R. Sistemas operacionais. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 0. ELMASRI, Ramez; NAVATHE, Shamkant. Sistemas de banco de dados. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 0. GORDON, Steven R.; GORDON, Judith R. Sistemas de informação: uma abordagem gerencial. Rio de Janeiro: LTC, 06. 43
Unidade IV INTEL. Moore s Law. Disponível em: <http://www.intel.com/ technology/mooreslaw/index. htm>. Acesso em: 08 jan. 09. LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane P. Sistemas de informações gerenciais. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 07. LUCAS, Henry C. Tecnologia da informação: tomada de decisão estratégica para administradores. Rio de Janeiro: LTC, 06. O BRIEN, James A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da Internet. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 06. O BRIEN, James A.; MARAKAS, George M. Administração de sistemas de informação. 13. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 07. TANENBAUM, Andrew. S. Sistemas operacionais modernos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 03. 44